Wilhelm Richard Wagner
(Leipzig, 22 de maio 1813 –  Veneza, 13 de fevereiro de 1883)

Compositor, maestro, poeta alemão 
e teórico musical…

Richard Wagner nasceu em Leipzig em 22 de maio do ano de 1813.Seu pai, era um modesto funcionário que morreu seis meses despois de seu nascimento. 

Em agosto de 1814, a sua mãe casou-se com o ator Ludwig Geyer, já  foi especulado que ele poderia ser o pai biológico de Wagner.

Foi Geyer que incutiu nele a paixão pelo teatro e pelas as artes.

Aos 15 anos Wagner descobriu a música e decidiu dedicar-se a esta arte, por isso entrou para a universidade de sua cidade natal, em 1831. Entre os compositores que mais o influenciaram, ele mesmo destacava Ludwig van Beethoven. Em 1832, Wagner começou a composição da sua primeira ópera, “Die Hochzeit” (O casamento), mas abandonou a ideia, devido ao descontentamento da sua irmã com o argumento da mesma. A primeira ópera completa, Feen Die (The Fairies), foi concluída em 1833 mas só seria divulgada após a sua morte, em 1884. Durante estes primeiros anos de sua carreira, ele foi nomeado diretor musical da ópera Würzburg e Magdeburgo. Então escreveu “A Proibição de Amar” (Das Liebesverbot ), ópera inspirada por uma peça de William Shakespeare (Medida por Medida). Ele apresentou esta obra em 1836, mas foi recebida com pouco entusiasmo. 

Nesse mesmo ano, Wagner casa-se  com a atriz Minna Planer. 
 

 

Minna Planer

O casal mudou-se para Koenigsberg e, em seguida, para Riga, onde Wagner detém o cargo de diretor musical. 

Após algumas semanas, Minna deixa-o para seguir um outro homem. Pouco tempo depois ela voltou, mas a relação nunca se recompôs e assim dolorosamente permaneceu por três décadas. 

Atolados em dívidas, os cônjuges deixam Riga  furtivamente em 1839. Partem para Londres e na rota são vítimas de uma tempestade que inspira Wagner “The Flying Dutchman” (Der Fliegende Hollander). 

Os Wagner vivem um período em Paris, onde Richard ganha sua vida reorquestando as óperas de outros compositores. 

Em 1840, Wagner termina sua ópera “Rienzi” e volta à Alemanha dois anos mais tarde onde a estreou em Dresden, ocasião em que teve sucesso considerável. 
 

 

Apresentação da ópera Rienzi

Ficam em Dresden durante seis anos. É neste período que Wagner coloca no palco “The Flying Dutchman” e “Tannhäuser”. 

A estadia em Dresden termina por causa do envolvimento de Wagner com os anarquistas . 

No estado alemão independente destes tempos, um movimento nacionalista está começando a tomar espaço, exigindo a liberdade e a unificação nacional da Alemanha.  Wagner chega assim a ter contato Mikhail Bakunin. 
 

 

Bakunin

Em 1849 estoura uma revolução que foi reprimida pelo rei Frederick II, com o apoio da Prússia.  Wagner é forçado a fugir, primeiro para Paris e, em seguida, para Zurique. 

Os próximos doze anos Wagner passa no exílio. 

Havendo terminado Lohengrin antes insurreição de Dresden, pede ao seu amigo Franz Liszt que esta ópera seja representada na sua ausência. Com efeito, em agosto de 1850, Liszt rege a estreia em Weimar. 

No entanto, Wagner estava numa situação muito precária, marginalizado do mundo musical alemão, sem renda e com pouca esperança de poder apresentar os seus trabalhos. Sua esposa, Minna, que recentemente tinha visto a sua última ópera, começou a entrar, lentamente, em uma depressão profunda. Para piorar tudo, surgem em Wagner os sintomas de erisipela, situação que aumentou ainda mais a dificuldade do seu trabalho. 

O jovem rei, que admira as obras de Wagner desde a infância, convidou o compositor para ir a Munique, paga as suas dívidas enormes e apoia o desenvolvimento de sua nova ópera. 

Corria nos bastidores da corte que o rei Ludwig II, conhecido por sua tendência homossexual, tinha um desejo reprimido por Wagner. 
 

 

Wagner e o Rei Ludwig II

Apesar das dificuldades, a apresentação de “Tristão e Isolde” em 10 de junho de 1865 é um sucesso esmagador. 

Em abril de 1865, Cosima, filha de Franz Liszt Guido casou-se com Hans von Bülow (pianista e dirigente de orquestra, aluno de Liszt e amigo personal de Wagner) e dá à luz uma filha de Wagner. Amantes explícitos, marido conformado e sociedade escandalizada.

 

Cosima Wagner
Cosima Wagner

 

Este escândalo aumentou a pressão sobre o rei para expulsar Wagner da cidade. Luis II chega mesmo a pensar em abdicar e seguir Wagner no exílio, mas o músico consegue convence-lo a ficar. 

Wagner mudou-se para os arredores de Lucerna. Em 1867 termina o seu (Die Meistersinger von Nürnberg) os cantores líricos de Professores Nuremberg. 

Três anos depois, casado e divorciado  Wagner oferece a Cosima “Idilio de Siegfried” por ocasião do seu aniversário.  O casal tem outros dois filhos: Eva e Siegfried (mais Isolde, a filha do relacionamento extraconjugal). 

Durante vários anos, o filósofo Friedrich Wilhelm Nietzsche foi um amigo próximo de Wagner, embora esta relação tenha terminado em inimizade. 
 

Wagner gastou mais de vinte e cinco anos da sua vida na composição da mais ambiciosa de suas obras: o ciclo de quatro óperas,  que é conhecido como “O Anel de Nibelungo”. 
 

 

Em 1848, Wagner escreveu um texto intitulado “O Mito nibelungo”, a partir de diversas fontes de origem medieval. O texto, que combina diversas sagas e lendas em uma única linha narrativa, pode ser considerado o precedente claro do trabalhado do ciclo do Anel. 

Como de costume, Wagner escreveu integralmente o libreto completo  das óperas, começando com o primeiro livro a que chamou: “A Morte de Siegfried” (Siegfrieds Tod) e acabou por tornar-se mais tarde no “Crepúsculo dos Deuses”. Percebendo ele precisava de uma ópera prévia, escreveu o libreto “O jovem Siegfried” (em seguida chamado, Siegfried) que terminou em 1851, ano em que ele decidiu que deveria concluir o ciclo todo, que deveria estar representado em quatro noites consecutivas: Das Rheingold, The Valquiria, Siegfried, A morte de Siegfried. 

A composição foi bastante trabalhosa no período entre 1852 e 1857, mas após o segundo ato de Siegfried, Wagner interrompeu a composição do ciclo  algumas vezes, ocasiões em que ele escreveu Tristão e Isolde, Os professores e cantores de Nuremberg. 
 

 

Em 1869 retornou para a composição de Siegfried, que termina em outubro, com o Crepúsculo dos Deuses. 

O ciclo completo não foi representado, até ao Verão de 1876, mas não sem muito esforço, desde a construção do teatro de acordo com as condições exigidas pelo professor. 
 

Depois de anos de esforço e com a ajuda financeira do seu benfeitor Louis II (apesar de tudo),Wagner consegue finalmente inaugurar em 1876 seu personalíssimo Festival de Bayreuth na cidade homônima.  Para isso foi construido um teatro como o Bayreuther Festspielhaus, que ainda hoje apresenta  suas obras, ano após ano, (exceto no intervalo causado pelas duas guerras mundiais). 

Em 1877, Wagner iniciou a sua última ópera, Parsifal. Demorou quatro anos para compor, durante o qual também escreveu uma série de ensaios sobre arte e religião. 

Parsifal extréia em janeiro de 1882. Neste momento, Wagner está gravemente doente. 

A família Wagner viajou para Veneza no inverno. 

Em 13 de fevereiro de 1883, Wagner morreu de ataque cardíaco. 

Seu corpo foi repatriado e enterrado no jardim de Wahnfried, a sua vivenda em Bayreuth.  

filipeta

            “Wagner – Um gênio impulsionador da Raça Humana”

 

            Todos os gênios são impulsionadores da Raça Humana. Quer 
            disso tenham consciência ou não e, também, quer sejam apenas 
            introspectivos (passivos) ou se tornem ativos, neste caso 
            partilhando com o coletivo a objetividade do seu gênio, eles 
            são, de fato, os corcéis de ouro que correm velozes pelos céus e 
            puxam o pesado carro da humanidade. Levam-na a horizontes 
            inexplorados, estimulam a sua sensibilidade e novos motivos de 
            interesse – são, pois, os irmãos mais velhos desta nossa Espécie 
            que, segundo aparenta, atravessa ainda a adolescência. 
            É certo (e hoje reconhecido pelas novas ciências afeitas ao 
            campo da Psicologia) que o ‘Inconsciente Coletivo’ registra, 
            colige e depois disponibiliza (qual banco de dados) todos os 
            avanços – mentais e psicológicos – operados por todas e cada 
            uma das suas unidades constituintes (as individualidades).
            No curso da História, crescemos na interpretação de uma 
            vastíssima gama de códigos singulares emanantes na Natureza 
            (esclarecemos que, para nós, é uma premissa que ‘Natureza’ tem 
            sempre a acepção de ‘Inteligência Universal’ ou, por outras 
            palavras, a ‘Divindade Manifestada’). A humanidade sempre 
            contou com grandes precursores nos mais diversos domínios. 
            Designadamente no que respeita às Artes, homens e mulheres 
            verdadeiramente dotados captam significados expressos na 
            forma de ondas tenuíssimas e etéreas, ocultas para a maioria de 
            nós; cabe-lhes, então, a tarefa de plasmar (ou densificar) a 
            beleza e a estética – ou seja, a intrínseca essência desses 
            significados – fazendo-as corresponder em padrões ou em modos 
            (mais) acessíveis para nós, para o nosso plano de apreensão. E 
            eis, pois, as ‘obras primas’ – os mais excelsos motores de 
            inspiração ao serviço do mundo, capazes de ajudar a elevar as 
            consciências a patamares superiores de sensibilidade. Os 
            intérpretes que as materializam são expoentes na pintura, na 
            escultura, na arquitetura, na poesia, na música e, até, na 
            engenharia, nas matemáticas, na astronomia, na medicina… – 
            ramos considerados ‘das Ciências’ que, porém, não se podem 
            dissociar da Arte. Talvez seja mesmo verdade que a Arte é a 
            mãe de todas as Ciências!…. 

            O verdadeiro artista esculpe, a pulso, as pedras palpitantes dos 
            Céus – diáfanas mas ofuscantes, mudas mas exuberantes. Elas 
            falam somente aos que venceram as mais duras provas. 
            Alcandorando-se em certezas de realidade onde apenas se 
            aparenta o vazio, eles sobem e conquistam arduamente cada 
            átimo de talha suada pela substância divina. 
            Ser artista implica saber experimentar intensamente a dor. Para 
            muitos, o toque da Glória é feito das lágrimas de um deus sem 
            nome. Na verdade, a Natureza está em permanente dor de parto. 
            Está em contínuo ato de criação. É a comunhão vívida com ela, 
            é a identificação com a sua dor gritante que faz de um homem 
            um verdadeiro criador e um visionário (no sentido superior). Um 
            tal homem é capaz de gerir, de guiar ou de influenciar os 
            destinos dos outros homens, conduzindo-os para lugares, no 
            tempo e no espaço, de mais luz, de maior júbilo, de mais e de 
            maior plenitude.
 
 

 

           O Infinito é uma promessa 

            Hoje tentaremos penetrar – um pouco – no universo 
            Wagneriano. Não é que um tal expoente humano tenha sido o 
            autor de algum universo; mas foi, sim, um visitante, de gênio, 
            num recanto do Universo que a todos nos era desconhecido. Ele 
            teve a aptidão e o mérito – a sensitividade – de se poder elevar a 
            alturas insondáveis de beleza e de esplendor, porquanto soube e 
            pôde descer (interiorizar-se) e penetrar as profundidades mais 
            recônditas do Ser. É, com efeito, necessário uma invulgar e 
            intensa capacidade de concentração e subtilidade 
            (aparentemente, antônimos), a ponto de nos tornarmos ínfimos – 
            tão ínfimos que podemos esgueirar-nos e passar pela estreita 
            porta que se abre ao Infinito. E só lá se encontra a Luz sonora e 
            musical, os sons e as cores de cambiantes pródigos e 
            ininterruptos – enfim, os contadores de segredos inaudíveis mas 
            pujantes de sentido, de luz e de cor…
            Richard Wagner era um sofredor. Necessariamente, como todos 
            os gênios, um sofredor atacado por múltiplas espécies de 
            monstros, guardiões do desconhecido. 
            E é isso que explica a ocorrência paradoxal e frequente da 
            combinação de um espírito de genialidade com facetas tortuosas, 
            por vezes (inclusive) bem sombrias. O temperamento de Wagner 
            era imprevisível; o seu sentido de ética, perturbador; o seu 
            ímpeto para a contemplação do Belo, inexcedível; depois – e 
            face a essa contemplação que a alma humana não pode 
            empreender sem (por vezes) crestar – era um arrebatador arauto, 
            um impulsionador para a Conquista e para a Epopéia humanas. 
            É certo que, amiúde, os grandes e heróicos inovadores 
            confundem as coisas, a significação grandiosa e amplíssima dos 
            arquétipos que visionam, e reduzem o mito da heroicidade a um 
            vulgar e mesquinho ‘cantão’ humano. É a senha dos 
            nacionalismos: a perversão – infantil – dos Ideais. Num outro 
            Plano (longínquo) de existência, os Ideais são entidades 
            viventes; mas só os conseguimos pressentir e lobrigar refletidos 
            e distorcidos em múltiplos espelhos. Por isso, o perpétuo e 
            digníssimo Ideal de aperfeiçoamento de tudo o que é vivente no 
            Universo, freqüentemente (no Reino Humano), é transposto e 
            delimitado nas estreitas esquadrias de uma herança temporal e 
            cultural de um povo – de uma mera fração da humanidade e 
            não, como deveria acontecer, da Espécie-Humana-Como-Um-Todo.
            Apesar disso, o que a Wagner foi dado contemplar, não está 
            ainda ao alcance da maioria de nós e, certamente, muito mérito 
            ombreava para tais Portas se lhe abrirem. Ele espelhou e 
            projetou o sonho da Grandeza e Enobrecimento humanos na 
            saga de um Povo ou de uma Raça – os tectônicos. Pela imensa e 
            transbordante beleza e carga simbólica de um todo maior, é 
            nosso mister (de todos, herdeiros da sua obra) desejar que o(s) 
            mito(s) que exaltou e enalteceu nas suas extraordinárias 
            composições se converta(m) num símbolo de Universalidade. E 
            aí, sim, residirá perenemente a sua força, o seu valor e, em 
            última análise, o seu superior e transcendente propósito, de que 
            ele foi intérprete, quiçá sem o compreender. A sua obra é e será 
            uma fonte inesgotável de inspiração para o que de mais belo, 
            mais verdadeiro, mais sábio e mais justo a humanidade tem por 
            missão assumir e incorporar. 
 

 

 

            O processo de criar 

            A música é aquela, entre as Artes, que mais abrangente e 
            atuantemente comunica com as massas, mesmo as mais 
            heterogêneas. Não é necessário cultura ou erudição para se ser 
            tocado pela música. Até os animais – e até as próprias plantas – 
            parecem influenciar-se positivamente com a sua manifestação.
            Poucos são os depoimentos dos grandes, dos autênticos mestres 
            nos domínios das Artes, no que respeita ao processo da sua 
            “inspiração criadora”. Quanto a Wagner, contamos com alguma 
            (preciosa mas esparsa) matéria, oriunda muito particularmente 
            dos testemunhos da sua segunda esposa, Cósima, coligidos numa 
            espécie de diário 2 entre os anos de 1869 e 1883. Houve de 
            decorrer um século para que este trabalho inestimável fosse 
            reabilitado e reestruturado em 5 volumes, pelas edições 
            canadenses Gallimard. 
            Datam da época da sua redação os acontecimentos mais 
            determinantes que, por fim, viriam a viabilizar o êxito da obra de 
            Wagner, bem como a sua promoção e divulgação ao mundo 
            artístico vigente e a sua projeção ao futuro: uma, o súbito e 
            inesperado devotamento do monarca Luís II, ao tempo um 
            jovem de dezenove anos que, tomado de verdadeiro êxtase e 
            admiração pela sua obra, lhe rendeu todos os tributos e 
            honrarias, e pôs à disposição todos os meios de proteção 
            financeira e artística. Por outro lado, o apoio incondicional, 
            afetivo e psicológico, que lhe votou Cósima e que durou até ao 
            final dos seus dias. Cósima era filha do grande compositor Liszt 
            que, também ele, fora um fiel amigo e cultor do gênio de Wagner 
            (tristemente, não encontrando neste o reconhecimento e a 
            retribuição da lealdade que seriam devidos). Era também a 
            esposa de Hans von Bülow, excelente pianista e chefe de 
            orquestra, protegido de Liszt e, enfim, discípulo e outro 
            admirador incondicional de Wagner e que manteve a sua 
            hombridade e atitude benévola para com ele, mesmo após o 
            doloroso desenlace com Cósima. 

            O período mais significante e frutuoso da vida de Wagner 
            decorreu ao lado da segunda esposa – o seu ar vital e o amor 
            tardio mas plenamente vivido – numa esplendorosa mansão em 
            Triebschen, nas margens do lago de Lucerna. 
 

 

 

            O seu berço e a sua evolução

            Em Maio de 1813 nascia Wagner em Leipzig, cidade alemã com 
            raízes históricas curiosa e repetidamente associadas à Arte. Na 
            mais tenra infância manifestava um caráter já perfeitamente 
            direcionado e uma curiosidade vigorosa mas seletiva. Muito 
            cedo se começou a interessar pela tragédia grega, pela mitologia 
            e pela filosofia e, com treze anos apenas, traduziu os doze 
            primeiros cantos da “Odisseia”. Lia Shakespeare e conhecia de 
            cor a ópera “Der Freischütz”, de Weber (a quem dedicou 
            genuíno afeto e rendeu vívida homenagem até ao final dos seus 
            dias). Na mesma idade, crescentemente empolgado pelos legados 
            de Sófocles, Schiller e Göethe, arroja-se na sua primeira criação: 
            um drama no qual os quarenta e dois personagens sofrem uma 
            morte trágica, o que, para dar seqüência à obra, obrigou o 
            pequeno sonhador a fazê-los reaparecer como fantasmas. Logo 
            depois, concebe um outro drama, em verso, “Leubal e 
            Adelaide”. 
            Aos quinze anos, é levado pela primeira vez ao Gewandhaus, 
            onde ouve as sinfonias de Beethoven. Absolutamente rendido, 
            decide-se de imediato pelo empreendimento da composição: 
            inicia-se com uma sonata, um quatuor e uma ária, e segue com o 
            plano de uma ópera e esboça uma pastoral (esta, inspirada num 
            trecho de Göethe e na Sinfonia Pastoral de Beethoven). 

            Datam de 1832 as sete composições para o “Fausto” de Göethe, 
            não tendo Wagner completado ainda vinte anos. Logo após, 
            escreve o poema e o primeiro número da música para uma 
            ópera, intitulada “As Bodas”. 

            De certa maneira, a idade dos vinte anos é um marco para o 
            jovem Richard. Com a sua precocidade e o já incontroverso 
            valor, com uma natureza arrebatada mas extremamente 
            envolvente, cativou a Direção do Teatro de Würzburg e 
            tornou-se ensaiador-chefe dos solistas e dos coros. Naquela 
            cidade escreveu a sua primeira ópera romântica, denominada 
            “As Fadas”, e, no ano seguinte, uma outra, “A Proibição de 
            Amar”, ópera que a censura de então fez mudar o nome, ficando 
            “A Noviça de Palermo”. 
 

 

 

               A música fertilizada pela poesia: 
          uma tônica determinante na sua obra

            Nessa época, assiste a uma extraordinária interpretação da 
            cantora Schröeder-Devrient, em “Fidélio”, com quem teve a 
            oportunidade de privar de perto: foi ela quem lhe transmitiu 
            noções indeléveis e fundamentais sobre a mística da conjunção 
            entre a Poesia e a Música, e que o iniciou na mais íntima e subtil 
            auscultação da sensibilidade artística de Beethoven. Todo o 
            potencial artístico de Wagner acordou, então, da sua latência… 
            Ainda nesse ano, é estreada a sua “Sinfonia em dó maior”.
            O próximo passo é a outorga do cargo de regente da Orquestra 
            do Teatro de Magdeburgo. É então que conhece a atriz Minna 
            Planer, de quem se enamora, com ela vindo a casar em 1836. 
            Seria uma união desolada, cujos primeiros tempos, vividos na 
            maior precariedade, se revelam uma desilusão. Minna, muito 
            jovem, cede à corte de um rico negociante e abandona o lar, 
            levando consigo Natália, a filha do casal. A crise parece 
            reversível e ambos se empenham na reconciliação; mas a 
            instabilidade manter-se-á, o bom entendimento e a vida em 
            comum não sendo duráveis, principalmente devido aos 
            sucessivos motivos de suspeita da volubilidade de Minna e aos 
            conseqüentes e exacerbados ciúmes de Richard. 
            Porém, no trabalho, Wagner prossegue incansável, lutador e 
            cheio de energia. Lê “Rienzi”, de Lord Lytton, e toma-se de 
            entusiasmo, voando em sonhos de execução para este novo 
            drama em que mergulha, inspirado. Consuma dois dos atos de 
            “Rienzi” e projeta abalançar-se para Paris e Londres. Nesta 
            fase, é de novo visitado por Minna, de quem se apieda – 
            perdoando-lhe as infidelidades –, e decidem-se a avançar para a 
            sonhada aventura pela Europa. Sem alicerces nem recursos 
            financeiros seguros, no auge da sua juventude algo 
            inconseqüente, partem para Londres, embarcando num veleiro. 
            E quis o fado que uma enorme tempestade desviasse o navio 
            mais para norte arrostando-o e fazendo-o ancorar nas costas 
            norueguesas. Nos dias dessa atribulação, ouviu Wagner, dos 
            marinheiros, uma lenda nórdica, cantada, que constituirá a 
            semente do que mais tarde será “O Navio Fantasma”. 

            Segue-se um período de grande aridez e muitas privações, no 
            qual Richard e Minna chegam a conhecer a fome. “Rienzi” está 
            ultimado; no entanto, todas as portas se fecham e a descrença ou 
            a indiferença são uma constante. No Inverno de 1839/1840, a 
            duras penas, Wagner termina uma grande Abertura de Concerto 
            sobre “Fausto”, que apenas 15 anos mais tarde virá a público. 

            Sem grande alento nem esperanças de ali encontrarem melhores 
            dias, regressam à Alemanha em 1842. Um volte-face parece 
            agora acenar: em Dresden, “Rienzi” é montado e levado à cena, 
            obtendo um extraordinário sucesso. Igualmente em Dresden, 
            seguiu-se “O Navio Fantasma”, quase com idêntico sucesso. O 
            casamento com Minna, esse, prossegue fictício, ambos alargando 
            as distâncias que os separam. 

            Em 1845, Wagner dá as últimas pinceladas em “Tannhäuser” 3, 
            cujo projeto fora esboçado, anos antes, em Paris. Contudo, e 
            para sua grande surpresa, esta não cativa o gosto do público, que 
            aplaudira as suas outras duas realizações. As pessoas não 
            estavam preparadas pela aquela linguagem musical inovadora e 
            exótica. Inabalável e fiel a si próprio, decide prosseguir com a 
            linha que traçara e, pacientemente, educar o auditório. Trabalha 
            agora, com afinco, em “Lohengrin”, começado algum tempo 
            antes, praticamente em simultâneo com a “Tannhäuser”. Mas 
            esta voltará a receber a incompreensão e a resistência do público 
            e da crítica. Aos olhos e aos ouvidos destes, Wagner surge como 
            um pedante, um alucinado prestidigitador, um político 
            revolucionário e perigoso ou, ainda, um traidor das mais nobres e 
            conceituadas tradições. Para acicatar ainda mais a animosidade 
            da opinião que se generalizava, e no meio da agitação política de 
            então, na qual a Alemanha havia grassado, Wagner tornara-se 
            ainda mais notadamente um ativista político acalorado e 
            incômodo. 

            É atacado por todos os lados, a sua vida privada sendo exposta 
            “a nu e a cru” em parangonas difamatórias que empolavam e, 
            por vezes, inventavam “os seus vícios”, “as suas dívidas”, “as 
            suas extravagâncias”, “os seus luxos”. Assim, foi forçado a 
            empreender a fuga, escolhendo a Suíça como refúgio. 

            Nos anos que se seguiram, contou com o apoio de um abastado 
            casal de sobrenome Laussot. Com efeito, o Sr. Laussot 
            propusera-se atribuir-lhe uma pensão que lhe permitiria 
            prosseguir, sem maiores aflições, a entrega à sua arte 
            incomparável. Depressa, contudo, Wagner se envolveu 
            amorosamente com a senhora Laussot, relação essa (e o tão 
            necessitado abono) que teve os seus dias contados, ao ser 
            descoberta pelo seu mecenas. 

            O exílio durou cerca de doze anos e, nessa fase da sua vida, o 
            músico conheceu a instabilidade amorosa, contando-se muitos os 
            casos das suas relações ocasionais ou outras menos fortuitas. 
            Pode dizer-se que esse não foi um tempo de que se pudesse 
            orgulhar. Completamente desequilibrado emocionalmente – 
            perante as muitas dificuldades e a incompreensão generalizada 
            sobre a sua peculiar natureza e as suas idiossincrasias –, 
            deixou-se afundar e tomar por uma espécie de arrogância 
            fleumática e de azedume por tudo e com todos. Nesse período 
            obscuro, armava-se com dardos de ironia, que cultivava ao 
            extremo. 

            Nestas deambulações, estabelece relações com um outro casal 
            possuidor de considerável fortuna, que lhe abre generosamente 
            as suas bolsas. São eles Otto e Matilde Wesendonk. A sua 
            admiração e afeição por Wagner eram completas e, para 
            promover a comodidade necessária ao prosseguimento do seu 
            talentoso trabalho, não olharam a meios. Inclusive, adquiriram 
            um chalé num terreno contíguo ao da sua própria propriedade, 
            para que nele residisse Wagner. E o inevitável uma vez mais 
            aconteceu: desta feita, o amor por Matilde não era uma simples 
            atração banal, como tantas outras que lhe precederam. Matilde 
            parece ter sido, com efeito, o grande, grande amor da sua 
            existência – malogradamente, destinado a uma vida fugaz. O 
            desenlace e a dor propagada aos três protagonistas desta triste 
            história foram ruinosos, demolidores. 
 

 

 

              Uma visão mística e grandiosa do mundo 

            “O Ouro do Reno”, “A Valquíria” e os dois primeiros atos de 
            “Siegfried” 4 vêm a ser concebidos sensivelmente na mesma 
            época de “Tristão e Isolda” e “Os Mestres Cantores”. Agora, em 
            1869, ele encontra-se no estreito e alucinante passadiço que 
            separa a composição do 2º e do 3º atos de “Siegfried”. Uma 
            enorme e fervilhante tensão dele se apodera.. “O Anel dos 
            Nibelungos” 5 (3º dos atos) e todo o “Crepúsculo dos Deuses” 
            estão em fase iminente de criação.
            Nesta etapa de grande elevação e arroubo, e de enorme pujança 
            criativa, Wagner extraía a seiva do mito cada vez com maior e 
            mais lúcida consciência, fazendo-a corresponder em acordes – 
            ora maviosos ora vibrantes e empolgantes –, que incitam e 
            transportavam as gentes ao Fogo da Procura… E o maior dos 
            símbolos, na sua obra vivificado, é sem dúvida o símbolo do 
            Graal – espécie de leitmotiv das esferas subjetivas (ou 
            esotéricas), que congrega todo o Mistério da existência humana 
            e, bem-assim, da sua gloriosa finalidade. O convite para a 
            “Demanda do Graal” é a mensagem empolgante que a todos nos 
            lega.
            Com efeito, percutindo através de todas as memórias de todos os 
            antepassados – memórias imperecíveis que em nós vivem 
            latentes, aí encontrando continuidade –, a Música Celestial 6 (de 
            que apenas muito poucos puderam trazer e materializar alguns 
            fragmentos) é o motor subliminar e invisível que nos transmite o 
            incentivo para a Conquista e para o Progresso espirituais. Como 
            dissemos no início deste apontamento, Wagner foi, 
            indubitavelmente, um desses privilegiados artífices-anunciadores 
            que ajudam a acordar em nós essas memórias adormecidas, 
            fazendo palpitar as nossas almas. 
            Wagner amadurecia mais e mais. O seu gênio criativo, tão 
            expressivo na concepção de óperas que fundou sobre mitos 
            como o “Parsifal”, o “Anel dos Nibelungos” ou o “Tannhäuser”, 
            marca uma etapa totalmente nova na história da Música. Uma 
            obra carregada de fulgor e de simbolismo, arrebatadora e 
            palpitante até às lágrimas, eis o seu legado vitorioso. A 
            personalidade de Wagner, contudo, é extremamente difícil – 
            evasiva e fugidia até, diríamos nós – de descrever. Tinha, como 
            observamos, demasiadas complexidades e algumas incômodas 
            fricções e incompatibilidades com o mundo externo e profano – 
            a capa das coisas (a seu ver) – mas era dotado de um veemente e 
            intenso amor pela Humanidade: de uma forma abstrata, e 
            incompreensível para muitos psicólogos analistas convencionais, 
            que decerto a negariam “por inexistente”; porém, de modo 
            nenhum menos autêntica; ao contrário, o que ele amava 
            verdadeiramente era o ser real que subjuga a todos os homens de 
            carne. Por isso, os Ideais… e por isso a imperiosidade, tão 
            genuinamente assumida e tão incrivelmente missionária, de 
            inflamar os corações, tendo por instrumento a sublimidade da 
            sua arte. 
 

 

 

           O seu estranho caráter 

            Wagner crescera devorado pelos sonhos de grandeza e de beleza 
            que contemplava (visionava) extasiado mas que se esfumavam 
            cá em baixo, incongruentes, neste mundo sórdido, surdo, cego e 
            sulcado de fealdade.
            Na juventude, o seu sentido estético desenvolvia-se a par e passo 
            com a sua natureza e o seu caráter ainda pouco estruturados. 
            Um tal sentido (quase autônomo), impunha-se-lhe com 
            exigências tumultuosas. Muitas são as descrições do seu 
            temperamento como “caprichoso”, por vezes “algo tirânico”: 
            contudo, para ele, na vida real, cada elemento e cada atributo 
            tinham o seu lugar e deviam estar presentes como peças vivas, 
            em seu redor. Deles, e do cenário do seu conjunto, sentia 
            necessidade irresistível, especialmente em determinados 
            momentos. A harmonia manifestava-se de muitas maneiras… e o 
            conforto, o bem estar, e até uma certa opulência e bizarria não 
            eram coisas “desprezíveis”. De fato, a descrição decorativa de 
            alguns dos seus “habitats” dificilmente poderia ser alvo de justos 
            ou adequados comentários: as suas salas-de-estar fervilhavam no 
            meio de rendas e de paredes forradas de tecidos faustosos, 
            brilhantes e com um colorido… de estarrecer quaisquer outras 
            sensibilidades que não a sua: escarlates, combinados com rosas 
            fucshia ou amarelos… Noutros recantos e alas, cetins brancos, 
            ricamente festonados, recobrindo os tetos, combinando com 
            sedas multicores nos imensos e belamente estofados cadeirões; 
            nas janelas, tules brancos, singularmente apanhados em 
            “mirabolantes” cachos… 
            Indubitavelmente, o mundo em que vogava era muito diferente e 
            estava em total desconformidade com este – muito mais 
            duro e opaco, e o único conhecido, sentido e palmilhado pela 
            maioria. Deste modo, ciente do abismo que o separava da 
            mediocridade vigente, da exígua sensibilidade que o rodeava, 
            aos olhos de muitos aparecia como demasiado exigente, seguro 
            de si, caprichoso e egocêntrico. Mas Richard, quase 
            singelamemte, considerava que a Arte que vivia em si e de que 
            era servidor era uma Dona – uma Dona celeste – a que ninguém 
            teria o direito de se escusar a servir. Por isso, se era certo que ele 
            não capitulava perante as suas devastadoras exigências – as 
            noites em claro, a entrega febril, por vezes quase mortal, a que 
            esta o expunha (quando lhe concedia em deixar entrever para lá 
            dos rendilhados e ondulantes recortes das suas “sete vestes”… 
            ou quando consentia em lhe deixar soerguer alguns dos místicos 
            véus com que se encobria…) –, então, também os seus amigos 
            que, através dele (sem dano e sem consumição pessoal), 
            beneficiavam da visão daquele divino perfume, tinham por dever 
            pagar algum tributo. A instabilidade adveniente de um pequeno 
            desconforto físico ou emocional eram suficientes para lhe 
            dificultar, sofridamente, a titânica tarefa da concentração 
            criativa. Sôfrego e impulsivo, desorganizado nos equilíbrios da 
            sua vida mundana mas desconcertantemente cativante, Wagner 
            era senhor de uma natureza magnetizadora. Deste modo, com a 
            naturalidade das suas irresistíveis características, permitia-se 
            pedir – e, por vezes, exigir, sem rodeios – empréstimos 
            financeiros avultados que nunca vinha a cobrir. 
 

 

 

           Ecos do paraíso dos deuses… 

            Algures, Cósima anotou no seu diário: “Richard diz-me que no 
            momento de criar, a dificuldade não lhe vem da escassez das 
            idéias mas, sim, da necessidade de se conter, de se limitar: 
            demasiadas coisas, em simultâneo, lhe acorrem ao espírito. O 
            nervosismo e a inquietude advêm do fato de as dever 
            selecionar e ordenar”.
            É curiosa e plena de significado esta confidência. Na verdade, o 
            espírito “criador” contempla e assiste a uma realidade “a um só 
            tempo” – tão vasta e abrangente, que não é possível expô-la e 
            delimitá-la seqüencialmente (pelo menos, sem a desvirtuar ou 
            corromper). No mundo temporal, somos compelidos a comunicar 
            de “forma linear”, o que constitui uma distorção da realidade (ou 
            seja, a comunicação linear e seqüencial não pode expressar o 
            que transcende esta nossa dimensão meramente 
            “tridimensional”, este nosso “espaço comprimido”…). Ainda 
            assim, o reflexo possível do que Wagner contempla nas Alturas e 
            que, a duras penas, converte numa obra humana, é 
            suficientemente cheio, belo e impatante para tomar de êxtase as 
            nossas ainda rudes e roufenhas fibras nervosas. 
            Escrevia Wagner: “… ei-la, a minha atmosfera está prestes a 
            materializar-se. (…) Trabalho de maneira perfeitamente febril… 
            passo por algo semelhante a estertores; todo o meu corpo se 
            convulsiona…” E, noutra ocasião: “eu nada posso criar na 
            tranqüilidade”. Particularmente, durante a fase da composição 
            do segundo a todo “Crepúsculo dos Deuses”, Wagner e Cósima 
            corriam uma espantosa sucessão de noites sem pegar no sono. 
            De fato, é possível imaginar que uma tal música não lhes 
            poderia dar tréguas e que um estado constante de exaltação era 
            o seu próprio alimento e algo semelhante ao “sonambolismo” se 
            substituía ao descanso. É, sem dúvida, uma realidade que em 
            todo o ato de criação se faz necessária uma intensa e 
            continuada tensão… Confidenciava ele, ainda: “o que eu posso 
            achar de singular na minha arte, por exemplo, é que considero 
            cada detalhe como um todo e que eu não determino que isto ou 
            aquilo se vai seguir, ou que é necessário fazer assim ou de outro 
            modo, introduzir tal ou qual modulação… Eu penso 
            simplesmente: ‘… o resto se encontrará a si próprio’. Se assim 
            não fora, eu estaria perdido. E, entretanto, eu sei que obedeço ao 
            traçado de um plano ‘inconsciente’…” 
 

 

 

           A imortalização do talento 
          e da originalidade de Wagner

            Em 1872, Richard e Cósima mudam-se para Bayreuth, onde, em 
            estrita homenagem cultural a Wagner, se projecta a construção 
            megalômana do Teatro Festspielhaus. Com a sua edificação e 
            com o seu esplendor, sonharam, em conjunto, durante longos 
            anos, Wagner e o seu protetor soberano, Luís II. O Teatro das 
            Festas – o templo da arte alemã – foi, efetivamente, construído 
            para eternizar a glória do mestre. Em 13 de Agosto de 1876 
            abriu as suas suntuosas portas para a representação, em 
            estréia, de “Anel dos Nibelungos”. Na Terra, foi um 
            acontecimento de magia…
            A sua sustentação econômica, contudo, implicava uma 
            exorbitância longe da viabilidade executiva das mais bem 
            intencionadas e recheadas bolsas. Apesar da congregação de 
            subscritores e da sempre fiel generosidade do rei, o faustoso 
            teatro teve de suspender as suas atividades. Wagner pôde 
            unicamente vê-lo funcionar duas vezes: na inauguração, com a 
            Tetralogia, e seis anos depois, com a representação de “Parsifal” 
            – obra-prima cuja excepcional, exultante concepção o tinha 
            absorvido por completo nesse interregno. O herói, Parsifal, é o 
            protótipo de eleição divina, que, mercê das suas virtudes 
            conquistadas, adquire o direito (reservado a todos os homens 
            puros e, como ele, sublimados) à visão e obtenção do Graal, 
            ocultado e interdito aos profanos no tabernáculo de Montsalvat. 
            A partitura de orquestra é soberba. “Parsifal” é o pináculo da 
            sua Arte!!!

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Isabel Nunes Governo
Vice-Presidente do Centro Lusitano de Unificação Cultural

 

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