imagePKBViver é jogo, é risco.

Quem joga pode ganhar ou perder.

O começo da sabedoria consiste em aceitarmos que perder também faz parte do jogo.

Quando isso acontece, ganhamos alguma coisa de extremamente precioso: Ganhamos nossa possibilidade de ganhar.

Se não sei perder, não ganho nada, e terei sempre as mãos vazias.

Quem não sabe perder, acumula ferrugem nos olhos e se torna cego – cego de rancor.

Quando a gente chega a aceitar, com verdadeira e profunda humildade, as regras do jogo existencial, viver se torna mais do que bom – se torna fascinante.

Viver bem é consumir-se, é queimar os carvões do tempo que nos constitui.

Somos feitos de tempo, e isso significa:

Somos passagem, movimento sem trégua, finitude.

A quota de eternidade que nos cabe está encravada no tempo.

É preciso garimpá-la, com incessante coragem, para que o gosto do seu ouro possa fulgir em lábio.

Se assim acontece, somos alegres e bons, a nossa vida tem sentido.

De Hélio Pelegrino para Clarice Lispector
no livro “De Corpo Inteiro”

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