Vicente Ourique de Carvalho
Vicente Ourique de Carvalho, foi em vida,
tio da Zelinda por parte de mãe
e um dos maiores amigos do Arsenio.
Esteve presente em momentos importantes e até mesmo decisivos na vida dos dois.
Uma alma sensível, foi pintor, fotógrafo e poeta.
Um profundo conhecedor e divulgador do cristianismo prático. Aquele que vai as ruas estender as mãos aos carentes, lavar feridas, estimular os caídos.
Dedicou sua vida à caridade e ao socorro de quem quer que necessitasse de sua ajuda.
Pai extremado, marido amoroso, amigo presente.
Todos os dias, com chuva, sol ou calor, depois de cumprir religiosamente suas
tarefas de funcionário do Correio, ele encontrava sempre tempo para ir ler e fazer
companhia a doentes e inválidos, cuidar de idosos, realizar campanhas sociais,
angariar fundos para obras beneficentes e quando chegava em casa, exausto, seu
sorriso e sua paz interior iluminavam a casa.
Exemplo de paciência, humildade (no sentido de ausência absoluta de
prepotência), dedicação ao próximo e às suas causas, amor fraterno e
principalmente, de como ser porta-voz da esperança. Seus lábios lembravam uma
floricultura, pois só exalavam suaves perfumes de beleza e equilíbrio.
Dono de um humor único, era muito difícil ficar junto dele sem rir. Tinha o
dom nato de alterar ambientes e modificar situações. Nunca julgava ninguém e de
todos a via apenas a melhor parte, ou como dizem, o melhor lado
.
Quando morreu, um grande jornal de São Paulo publicou em editorial o
seguinte texto a seu respeito:
“Numa época em que o egoísmo e volúpia até pelos valores materiais
parecem levar de roldão, como. uma avalanche, a grande maioria dos
homens, não poderíamos nos omitir, quando a Penha e porque não dizer
a Terra, assiste á morte de um homem exemplar.
“Como a freira de Calcutá que recebeu recentemente o Prêmio Nobel,
belo trabalho caridoso e diuturno junto aos mais carentes, ele também,
anonimamente praticava a caridade no sentido mais puro da palavra.
“Além do trabalho comunitário e desprendido, nunca querendo cargos,
nas várias entidades que ajudou, como a Socovige e a Ação Comunitária
Penhense, quando foi o grande baluarte da Campanha de 20 mil
assinaturas para a construção da Casa de Cultura da Penha, e
paradoxalmente, não foi sequer convidado para a solenidade de
inauguração, fato de que apenas os amigos reclamaram, pois ele, sempre
humilde, jamais postulou qualquer honraria.
“O empenho e dedicação que tinha durante anos seguidos com os
velhinhos do Abrigo de Velhos “DR. Bezerra de Menezes”, cercando a
todos com carinho, fez com que fosse até comovente a despedida que
eles lhe prestaram na urna mortuária.
“Muito dedicou de sua vida ao trabalho nos Correios, pai paciente e
dedicado, certamente com o tempo ficaremos sabendo de outras obras
pois sempre seguia o preceito bíblico de que “não saiba a sua mão
esquerda do que a direita faz”.
“Nas madrugadas de inverno, quando o frio chega a tirar a vida de
muitos indigentes, ele saia às ruas levando cobertores e café, para
amainar a rigidez da temperatura.
“Enquanto a saúde física o permitiu, pois há algum tempo perdera parte
da visão, dedicava-se ainda à arte, pintando quadros e retratos.
“Não deixou certamente bens materiais, mas legou não só aos seus mas a
todos nós, a exemplo bondade, humildade e simplicidade que só os
verdadeiros missionários possuem.
“Feliz será o mundo, quando homens dessas qualidades deixarem de ser
a exceção, mas a vida de VICENTE OURIQUE DE CARVALHO e de
outros como ele, anônimos, dá-nos a certeza de que são motivados por
uma força estranha aos comuns dos mortais, a força da fé no PAI
CELESTIAL.”
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