“Todo ato de criação é, antes de tudo, um ato de destruição.”

                                                                        Picasso

 

   toc2 Se construir padrões fosse a única coisa necessária para criar novas idéias, todos nós seríamos gênios criadores. O pensamento criativo não é só construtivo, – é destrutivo também. Como já foi dito por mim em outras ocasiões, o pensamento criativo inclui brincar com o que se sabe – e isso pode significar o rompimento de um padrão para a criação de um outro, mais novo. Portanto, uma estratégia eficaz do pensamento criativo consiste em bancar o revolucionário e desafiar as normas. Quer um bom exemplo?

    No inverno de 333 a. C., o general macedônio Alexandre e seu exército chegam à cidade asiática de Górdio para se aquartelar. Durante sua estada, Alexandre ouve falar da lenda sobre o famoso nó da cidade, o “nó górdio”. Uma profecia diz que aquele que desatasse o nó, estranhamente complicado, se tornaria rei da Ásia.

    Esta história intriga Alexandre, que pede para ser levado até onde estava o nó, pois queria desatá-lo. Ele o estuda por alguns instantes, mas, após infrutíferas tentativas de achar a ponta da corda, não vê saída. “Como poderei desatar o nó?”, pergunta.

    Então, ele tem uma ideia: “Basta estabelecer minhas próprias regras sobre como desatar nós”. Ato contínuo, Alexandre puxa da espada e corta o nó ao meio. A Ásia lhe estava destinada.

    Copérnico quebrou a regra de que a Terra se encontra no centro do Universo.
 

    Napoleão rompeu as normas sobre a forma adequada de se fazer uma campanha militar.
    Beethoven desobedeceu as leis que indicavam como uma sinfonia devia ser composta.
    Picasso rompeu a regra de que um selim serve para a pessoa se sentar enquanto pedala, andando de bicicleta.

    Pense: quase todos os avanços na arte, na ciência, na tecnologia, nos negócios, em marketing, na culinária, na medicina, na agricultura e no desenho industrial aconteceram quando alguém questionou as normas e tentou uma outra abordagem.  
 

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(In: Um “Toc” na Cuca, Roger Von Oech, Livraria Cultura Editora, São Paulo, 1995.)
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