acorn_ant2[1]Conto I TRÊS MODOS DE PRATICAR
 

Há três modos de os aspirantes praticarem a espiritualidade: como os pássaros, como os macacos e como as formigas.

O pássaro, quando encontra um fruto maduro, bica-o e quase sempre ele se desprende da árvore e cai no chão. Pouco aproveita. Assim também são as pessoas que ingressam numa verdade com intensidade e pressa e acabam arruinando os resultados.

Os macacos tomam o fruto na boca e começam a pular inquietamente de galho em galho. Nessa distração, muitas vezes acabam derrubando o fruto, antes de o poderem degustar. Similarmente, muitos aspirantes tomam a verdade mas se deixam envolver pelos cambiantes eventos da vida e acabam perdendo de vista seu propósito espiritual. Não o meditam e nem praticam o suficiente para alcançar resultados.

A formiga avança, suave e decididamente até o grão de comida eleva-o a seu formigueiro, onde o desfruta comodamente. Esta é a forma de melhor alcançar resultados, usufruindo gozosamente a verdade

(Evangelho de Ramahrishna)

Podemos acrescentar que a formiga, ao levar o alimento ao formigueiro, é como a pessoa que leva a verdade ao íntimo, para alimentar sua Rainha, a Essência, num verdadeiro crescimento espiritual. 

 

 

Conto II

UMA LENDA DA CRIAÇÃO

 

Quando Deus creou o mundo, formou o céu e a terra e pôs aqui um casal de seres humanos dotados de inteligência, mas de coração vazio.

Formou depois o sol e a luz. E da união destes, a chuva. Deu-lhes a ordem: em tempos iguais brilhe o sol, durante o dia; e a lua de noite. O sol vitalize e aqueça a terra; a chuva a regue e fertilize. Agora vou esconder-me por muito tempo e, para que os humanos me anseiem e busquem, vou mandar-lhes o amor.

O Senhor se foi e o amor chegou clamando:

– Onde está Deus, meu Pai? Grande é o meu anseio d’Ele!

Os elementos responderam:

– O Senhor se foi, mas deixou-lhe morada no coração do homem e da mulher.

E assim o amor habitou no coração humano e, desde então, todos os nascidos daquele casal têm um anseio ardente e contínuo de Deus!

(Adapt. de uma lenda do Uganda)

O equilíbrio, tal como foi estabelecido por Deus em seu universo, deve ser restabelecido pelo homem em seu mundo psicológico, sob orientação do amor, para que ele reencontre Deus em si.

Tal é a síntese do mistério inscrito na fachada do antigo templo de Delfos: “Homem, conhece a ti mesmo” e “Nada em Demasia”.

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