image47NÉ uma paranoia que vem contagiando o planeta. Mas são tantas as ilustres personalidades a acreditar numa conspiração em cada esquina que fica a dúvida: será que não há nelas uma porção de verdade?

Uma sociedade secreta controla os destinos do mundo? Há seres extraterrestres vivendo entre nós? O assassinato da princesa Diana foi obra da CIA? O sequestro de Patrícia Abravanel, filha de Sílvio Santos, não passou de uma farsa?
 

 

.
Sempre que episódios de vulto são revestidos de uma ponta de mistério, surgem, paralelamente, as chamadas teorias conspiratórias – a suposição de que alguém ou alguma associação planejou uma ação perversa, com interesses escusos, e sumiu com as provas de seu envolvimento nela.

Mas a questão é: de onde vêm essas teorias? São puras fantasias, alucinações coletivas, maquinações infantis?
Cary Cooper, professor de Psicologia da Universidade do Instituto Manchester de Ciência e Tecnologia, acredita que elas procedem de uma mente confusa.

“No passado foram identificadas várias conspirações e é natural que todos os dias nasçam centenas de outras de maior ou menor importância. Qualquer pessoa pode lançar uma teoria que se baseia em fatos que nem ela própria conhece”, ele explica.
 

 

.
Robert Todd Carroll, editor do Dicionário Cético, vai mais além e diz que aceitar as ‘achices’ dos teóricos é o mesmo que preencher uma ficha para a internação num hospício.

De características marxistas e por vezes nacionalistas, as supostas tramas têm-se difundido em milhares de páginas da Web e em grupos de discussão como o “alt.conspiracy”. Segredo é a sua palavra-chave. Dinheiro e ambições políticas são os combustíveis que as movem. Seu denominador comum é a da justificativa pela negativa: as fontes oficiais dizem que não, portanto tal hipótese deve ser verdadeira.

Não importa quem são seus executores mas quem as planeja – e estes deteriam mais da metade da fortuna do planeta ou ocupariam cargos estratégicos em governos de países como os Estados Unidos e Inglaterra. Pelo menos é com base nessas proposições que os ‘experts’ as apresentam ao público. A questão é polêmica.

Segundo Jonathan Vankin, jornalista e estudioso do assunto, as pessoas estão cada vez mais isoladas umas das outras, mergulhadas nas telas dos computadores, nos apelos maliciosos das emissoras de televisão, prisioneiras dos vidros das janelas e dos pára-brisas dos automóveis.

“Somos nutridos pelos frutos da sociedade moderna – vivemos alienados. A verdade está mesmo lá fora, como insinuam os episódios do Arquivo-X”, ele sustenta.
 

 

.
Vankin é visto como um dos gurus das teorias conspiratórias, ao lado de David Icke, Myron Fagan, Ken Adachi, Jim Keith, Milton William Cooper, Anthony Sutton e Robert Gaylon Ross.

David Icke é um escritor controvertido. Ele jura que é contatado regularmente por lagartos alienígenas, que lhe contam coisas como os segredos que existem no calendário gregoriano.

Bem exótico era Jim Keith. Autor de nove livros conspiracionistas, ele dizia que podia ver além das aparências – uma cena de sexo explícito, embutida em desenhos de Walt Disney, por exemplo. Keith morreu em 7 de setembro de 1999, durante uma cirurgia na perna, que foi queimada, quando ele participava de um festival, cujo objetivo era atravessar paredes de fogo.

Ken Adachi tem um site voltado à dissecação da Nova Ordem Mundial, uma sociedade secreta que, segundo ele – e muitos TCPs –, dirige os rumos do nosso planeta e será a responsável pelo Apocalipse.

 

 

  Na mesma linha de pensamento desponta Myron Fagan. Nascido em 1888, era dramaturgo, diretor, produtor, editor e relações públicas de Charles Hughes, candidato republicano à presidência dos Estados Unidos, em 1916. Ao longo de sua vida, ele afirmou ter em mãos documentos secretos que o levaram a escrever Red Rainbow (Arco-íris Vermelho) e Thieves Paradise (Paraíso dos Ladrões).

O primeiro conta que Franklin Delano Roosevelt planejava entregar os Balcãs, a Europa Oriental e Berlim, ao soviético Josef Stalin. Paraíso dos Ladrões fala que o mesmo Roosevelt imaginava a futura Nações Unidas como uma frente comunista para a criação de um governo internacional. Até sua morte, Fagan revelou planos diabólicos para quase todos os eventos históricos.
 

 

.
Milton William Cooper, ex-membro da Equipe de Instrução da Inteligência da Frota do Pacífico, escreveu The Secret Government: a Covenant with Death – The Origin, Identity, and Purpose of MJ-12 (O Governo Secreto: um Pacto com a Morte – A Origem, Identidade e Propósito do MJ-12).
 

 

.
Ele afirma ter obtido suas informações sobre a presença entre nós de seres extraterrestres, diretamente do Majestic, documento top secret do governo de Washington, que detalharia acordos esdrúxulos entre os Estados Unidos e alienígenas. Apesar de Cooper ter morrido em um tiroteio, em 2000, mantém-se um site, o williamcooper.net, em que ele fala de seu amor por sua família e de seus temores pelo sorte da humanidade.

Um livro celebrizou Anthony Sutton: America´s Secret Establishment (O governo Secreto da América). Educado na Universidade de Londres, Sutton não era bem um TCP. Mas um estudioso das sociedades secretas. Foi ele quem trouxe a público os segredos da Skull & Bones, irmandade fechadíssima, nascida na Universidade de Yale, no estado de Connecticut, a qual pertencem famosos políticos, a exemplo dos Bush – pai e filho.
 

 

.
Já Robert Gaylon Ross é proprietário da Ross International Enterprises (RIE), empresa, na sua cabeça, credenciada a fazer tudo o que seja “legal, ético e moral, em qualquer parte do mundo.” Ross editou um manuscrito chamado Who´s Who of the Elite (Quem é Quem na Elite), em que descreve possíveis conluios por trás de entidades como os Bilderbergers, Conselho das Relações Estrangeiras e Comissão Trilateral.
É tudo isso uma paranóia sem fim?
 

 

 

Pesquisa, feita em 1997 pela Ohio University e pelo Scripps-Howard News Service, teve surpreendentes conclusões: 51% dos entrevistados acreditavam que agentes federais mataram John Kennedy; mais de um terço declarou que a Marinha americana, propositalmente ou não, derrubou o avião da TWA que fazia o vôo 800; a maioria acreditava ser possível que a CIA tivesse, intencionalmente, permitido a traficantes vender cocaína a crianças negras, moradoras das grandes cidades; muitos opinaram que os ricos e poderosos, sigilosamente, é que comandavam a vida do país.

Os resultados das enquetes dão aos TCPs, pelo menos, o benefício da dúvida: será que não existe uma pequena porção de verdade embutida em suas concepções? O economista e ex-membro da Escola Superior de Guerra, Armindo Augusto Abreu, em seu Dossiê Conspiração, diz que jornalistas, políticos e intelectuais respeitáveis vêm estudando a matéria com seriedade. E chegaram à conclusão de que há algo de podre pairando sobre os quatro cantos do mundo. Seja qual for seu veredicto, caro leitor, como falam os versos do compositor Geraldo Vandré, em Disparada, “prepare seu coração, para as coisas que vou contar”.

imageCIE

filipeta

.

SejaProspero