O símbolos de uma odisseia

image94AVamos  interpretar uma das mais antigas lendas que foram dadas aos homens pelas hierarquias divinas. Por meio dessas histórias conseguiram guiar-nos ao longo dos caminhos do progresso.

Só por este modo a humanidade conseguiu absorver, subconscientemente, os ideais pelos quais, em vidas futuras, iria lutar.

Nos tempos antigos, o amor assumia formas brutais. A esposa era raptada pelo homem. Apropriava-se dela como despojo de guerra.

Só a pretendia pela posse do corpo feminino, transformando-a numa escrava: o seu senhor apenas a apreciava na medida em que lhe proporcionasse prazer. Nenhuma oportunidade lhe era concedida para que pudesse dar livre expressão às mais elevada qualidades da sua natureza.

Caso estas condições não fossem modificadas, impedir-se-ia o progresso da espécie humana. “Casa de pais, escola de filhos”: as uniões selvagens geram seres selvagens.

Para evitar que assim fosse, foi preciso elevar a qualidade do amor. Tannhauser representa um sério esforço nessa direcção.

A lenda de Tannhauser também é conhecida por “Torneio dos Trovadores” Os trovadores da Europa foram, na verdade, os educadores da Idade Média. Cavaleiros andantes dotados para o canto e para a dicção, percorriam montes e vales. Eram sempre bem-vindos e honrados nas cortes e nos castelos.

Tiveram uma poderosa influencia na formação das idéias e dos ideais desse tempo. Isso pode-se avaliar pelo torneio de canto que teve lugar no castelo de Wartbug, em que o problema central era o seguinte: “A mulher tem, ou não, direito sobre o seu corpo e a liberdade de se proteger dos abusos licenciosos do seu próprio esposo?” Deve ser considerada como uma companheira bem amada, ou como escrava reduzida à submissão à imposições do seu marido?

Como é de esperar, em todos os tempos há sempre quem defenda, com intransigência, os antigos costumes e se manifeste contra as modificações. Foi assim que os campeões das duas correntes ocuparam os seus lugares neste concurso da canção, no castelo de Wartburgo.

É um problema que se mantém actual. Ainda não foi resolvido pela maior parte da humanidade. O princípio enunciado é o seguinte: “não se pode melhorar um povo se não se elevar o seu conceito de amor”. Este conceito assume uma particular importância para aqueles que aspiram a uma vida superior. Mesmo parecendo evidente, nem mesmo é aceite por cada um dos que se dizem animados por grandes idéias! Com o decorrer dos tempos, todos acabarão por compreender que a humanidade será incapaz de qualquer progresso se não considerar que os direitos da mulher em pé de igualdade com o dos homens.

Isto tem a sua razão de ser na própria lei do renascimento. Segundo ela, o espírito renasce, alternadamente, em corpos de ambos os sexos. Esta alternância permite que um opressor, por exemplo, renasça, em seguida, como oprimido.

Quem aceitar a realidade das vidas sucessivas, através das quais o espírito, desde a impotência até à omnipotência, devia também ser evidente o erro de um tratamento diferente para um ou outro sexo.

Está amplamente provado que, longe de ser inferior ao homem, a mulher dispõe de qualidades que, pelo menos o igualam. E pode ser até superior ao homem no desempenho de certas tarefas mentais. Todavia, este pormenor não é claramente representado no drama em estudo. 

.Diz-nos a lenda que Tannhauser — que é o símbolo da alma em determinado estágio de desenvolvimento — teve uma desilusão de amor causado pelo facto de Elisabete ser demasiado pura e demasiado jovem para que ele se lhe pudesse declarar e possuir. Devorado por apaixonados desejos, atrai sobre si reações da mesma natureza.

Os nossos desejos são como diapasões, que vibram em uníssono ao som da mesma nota. Os apaixonados pensamentos de Tannhauser conduziram-no ao lugar a que se chama “Montanha de Vênus”.

A história descreve a maneira como ele descobre a montanha e como aí fica, seduzido pelos encontros da amável anfitriã, enleado nas doces cadeias da paixão. Note-se que este conto, como acontece por exemplo com “Um Sonho de Uma Noite de Verão”, Shakespeare, não é totalmente fruto da imaginação.

No ar, na água e no fogo, existem seres espirituais que o homem pode contactar se forem reunidas determinadas condições. Isso não é tão fácil de acontecer na atmosfera elétrica do continente americano como na Europa — particularmente no Norte, onde se mantém um comportamento místico que, de algum modo, favorece a visão daqueles seres elementais.

A deusa da beleza, Vênus, é uma dessas entidades etéreas. Alimenta-se das vibrações provocadas pelos desejos de natureza inferior, cuja satisfação provoca um grande dispêndio de energia sexual.

Os espíritos obsessores que pretendem a esta classe, excessivamente perigosa, podem-se apoderar dos “médiuns”.

Agem como um parceiro sexual espiritual, incitando-os aos excessos, à degradação moral. Podem sugerir uma ação benéfica para o espírito e levam as suas vítimas a um perigoso enfraquecimento. Paracelso referiu-se-lhes com os nomes “incubi” e “succubi”.

O primeiro ato de Tannhauser revela-nos uma cena de desregrada licenciosidade, na gruta de Vênus. Tannhauser está ajoelhado perante a deusa que, languidamente, repousa sobre um leito.

Tannhauser desperta de um sonho em que se via de regresso à Terra. Revela-o a Vênus, que lhe responde com as seguintes palavras:

Ah, que oiço eu! Que tolo lamento! Cansa-te o meu carinho?

Esqueceste-te assim tão depressa o passado de sofrimento
E dos gozos que encontraste neste lugar?
De pé, trovador! Toma a tua harpa.
Vamos. Canta o amor e como ele te inspirou a conquista da sua própria deusa.
Canta o amor e tudo o que ele te deu.

Possuído de renovado ardor, Tannhauser empunha a harpa. Canta:

Louvo-te, ó deusa! Que sempre te acompanhe a aura gloriosa.
E eternamente te entoem mil cânticos benditos.
Cada minuto de doce prazer que da tua bondade flui,
Acorda a minha harpa e faz desabrochar as pétalas da vida e do amor.

Os meus sentidos têm sede e o meu coração implora
a delicada alegria da afeição e o contentamento do prazer.
Entrega-te a mim, que eu possa embeber-me
na tua felicidade, amor que apenas pode ser
Medido por um deus
Sou mortal, somente. Um amor divino,
demasiadamente perfeito, não pode caber no meu.
Pode um deus amar sem pausa, incessantemente,
Porém nós, mortais, obedecemos ao vai-e-vem da vida,
Temos necessidade da nossa fatia de sofrimento,
Tanto quanto da nossa quota-parte de prazer.
Constantemente estamos em mutação:
Se a felicidade for excessiva, resvalarei para o sofrimento.
Assim, Heine, minha amada — não posso ficar aqui!

Quando a humanidade emergiu da Atlântida e se surgiram as condições atmosféricas que caracterizam a Época Ariana, reluziu no céu, pela primeira vez, o arco-íris, o signo da Nova Era.

Nessa época, dizia-se que, enquanto o arco-íris brilhasse nas nuvens, não cessaria o correr das estações: dia e noite, verão e inverno, fluxo e refluxo.

Todos os ciclos alternantes de Natureza se cumpririam sem interrupção. Até na própria música reconhecemos também que a harmonia não se pode prolongar indefinidamente. É que a melodia seja realçada pela dissonância.

O mesmo acontece com o sofrimento e a dor, com a alegria e com a felicidade,etc. Não podemos estar num estado de espírito sem abandonar outro, do mesmo modo que é impossível habitar o Céu e, ao mesmo tempo, acumular experiências que só na Terra podemos obter.

É impelido por esta necessidade íntima do vai-e-vem do pêndulo, que oscila da alegria ao desgosto, que Tannhauser acaba por abandonar a gruta de Vênus. Vai mergulhar, novamente, no esforço e na luta que o mundo lhe oferece. Deste modo, obterá experiências novas, riqueza que apenas a dor (que decorre da luta pela vida) pode dar. E acabará por esquecer prazeres que nenhum enriquecimento podem dar ao espírito.

Uma das características dos poderes inferiores consiste em procurar influenciar constantemente o espírito para o desviar do caminho certo. É por isso que Vênus — que no drama de Tannhauser, representa esses poderes — tenta dissuadir o trovador nos seguintes termos:

A tua alma depressa mergulhará no pó, humilhada;
O teu orgulho será espezinhado pela adversidade.
Então, com o espírito feito em farrapos, com o ardor
Que, agora, em ti vejo brilhar, esvaziado e nu,
Desejarás, de novo, o amparo e a felicidade segura dos meus braços.

Tannhauser, porém, está firme na decisão que tomou. O desejo é tão forte que nada o pode deter. Se bem que ainda se encontre sob a influência do encanto de Vênus, não deixa de exclamar, ardentemente:

Por muito que viva, sempre a minha harpa te celebrará.
Em nenhum tema menos belo se inspirará o meu canto
A tua graça e a tua beleza são como frescos ribeiros.
E a tua entoada e doce voz alimenta o desejo do amor.
Do fogo com que incendiaste o meu coração
Levantar-se-á, para sempre, uma ardente chama
Que apenas para ti arderá. Com amargura infinda,
Separar-me-ei de ti mas cantarei, eternamente
a tua imperecível recordação.
Devo partir, no entanto, Aspiro à vida terrena.
Ficar aqui, significaria aceitar a escravidão
e eu tenho sede da liberdade, ainda que por ela
deva morrer.
Eis pois, aqui, rainha, a razão profunda
que me leva a buscar, longe de ti, a vida!

Foi assim que Tannhauser deixou Vênus e se dirigiu para Wartburgo. No castelo estavam numerosos trovadores. Tinham sido convidados pelo senhor de Wartburgo para o recrear. Em troca, concedia-lhes assinalável proteção, ao mesmo tempo que os obsequiavam com ofertas.

Tannhauser teve um primeiro encontro com um grupo de trovadores logo à chegada ao castelo. Eram antigos amigos. Surpresos por o verem de novo, perguntaram-lhe de onde vinha. Tannhauser, responde evasivamente.

Sabia haver um sentimento generalizado de reprovação de todo o contacto com os elementos da natureza inferior. Foram os seus amigos que o informaram do concurso de trovadores do castelo de Wartburgo. E convidaram-no a participar.

Tannhauser ficou a saber que o principal tema do debate era o amor, e que o prêmio seria entregue ao vencedor por Elisabete, a encantadora filha do senhor de Wartburgo. Era a mesma que, outrora, lhe tinha incendiado a alma.

Tinha sido ela, efetivamente, a causa da sua ida à gruta de Vênus. Tannhauser pensa, então, que o ardor que (ainda) o consome será suficiente para fazer ceder a jovem ao seu desejo.

Ignora, no entanto, que ao fazer semelhante sementeira preparara para o futuro uma seara de dor, como aquela que já colhera na gruta de Vênus. É esta a inevitável consequência que recolhemos sempre que agimos em contravenção com as leis do progresso.

filipeta

 

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