Instrumentos de poder miraculoso que se insinua na vida até das pessoas mais sépticas.
Em meio ao desenvolvimento tecnológico, à racionalidade e mesmo ao estresse diário, o homem ainda guarda resquícios de épocas em que os talismãs e os rituais exerciam poder sobre suas mentes. Vemos ainda hoje rituais e o uso de certos objetos para se atingir objetivos específicos ou genéricos. Em datas importantes como o ano novo, se faz oferendas a Iemanjá, pula-se com o pé direito no ano que se inicia, se usa branco ou as cores do ano que está entrando, acende-se velas e muito mais, na tentativa de trazer para si a sorte, o dinheiro, a felicidade etc. Mesmo com tantos avanços científicos ainda encontramos sapinhos da sorte e folhas de louro dentro das carteiras para atrair o dinheiro, arruda para o mau olhado, dentre inúmeros outros objetos considerados “mágicos”.
Também encontramos hoje pessoas que dizem não acreditarem em talismãs ou em misticismo, porém, de alguma maneira, sentem necessidade de rituais, seja de casamento, objetos de sorte e principalmente de crenças, acreditar em algo; este ponto é tão forte em nós que podemos dizer que a crença também é uma função biológica do ser humano e mesmo um cientista que se diz céptico crê na ciência.
O racionalismo que acreditamos ter conquistado com o tempo tende a “cair por terra”. O teste do Q.I. (quociente de inteligência) está sendo mudado, ou complementado, pelo teste do Q.E. (quociente emocional). Cada vez mais a sensibilidade e as emoções contam inclusive para arranjar um emprego. Ao lidarmos com pessoas, seja colegas de trabalho seja clientes, as emoções sempre estão presentes. Como diz Dr. Jung somos formados de pensamento (razão), sentimento (emoções), sensação e intuição. Para o nosso equilíbrio todos devem se fazer presentes em nossas vidas.
É necessário que busquemos este lado oculto de nossa psique. Sem nos tornarmos crédulos, vacas de presépio ou ovelhinhas de pastores e líderes carismáticos que usam “seu” poder (carisma) para manipular os fiéis. Na verdade usam o nosso poder interno e psíquico como se fosse o seu próprio ou o poder de um anjo, santo, deus ou algo semelhante. Já outras pessoas são totalmente cépticas, rígidas, sem abertura para o novo, para o desconhecido ou o inacreditável em nós. Por isso é importante estudar o tema dos Talismãs Mágicos.
Os Talismãs:
De onde vem o poder dos talismãs? Podemos começar compreendendo o significado da palavra talismã. Ela vem do árabe “telsan” que significa “figura mágica”. Há fortes probabilidades de ter vindo dos caldeus e persas, que transmitiram estes conhecimentos aos egípcios que, por sua vez, usavam diversos tipos de talismãs. Os gregos usavam a palavra “telesma” – para talismã – que quer dizer “cerimonia religiosa”. Usavam ainda “telein”: consagrar, preencher, ou “telos”: resultado e completar um ciclo.
Buscando em outras fontes encontramos no American Heritage Dictionary para a palavra talismã: “objeto marcado por símbolos mágicos, o qual se acreditava conferir poder e proteção”. No Novo Dicionário Aurélio o seu significado é: “objeto de forma e dimensões variadas, ao qual se atribuem poderes extraordinários de magia ativa, possibilitando a realização de aspirações ou desejos. É sinônimo de amuleto e fetiche”. No Dicionário Do Inexplicado acha-se para a palavra talismã a seguinte designação: “possui virtude de comunicar sorte ou um poder sobrenatural a quem o leva. Pode ter diversas formas e ser confeccionado dos materiais mais estranhos.”
O uso de talismãs vem de épocas remotas e de regiões diversas. Negros africanos, vikings, toltecas, incas, maias, astecas, egípcios, hebreus e muitos outros povos os usavam. Podemos dizer que todos os povos tinham uma ligação com o sagrado, o inominável e expressavam ou faziam esta ligação através de algo concreto como máscaras, tótens, inscrições, representações de plantas, de animais etc. Tudo o que é usado desta forma pode ser considerado como talismã.
A Ciência:
Sendo obrigado, ao longo dos tempos, a desenvolver-se intelectualmente, na luta pela sobrevivência da espécie, o homem aparentemente perdeu grande parte das capacidades intuitivas e `paranormais’. Deste modo, estas capacidades passaram a existir em nós apenas de maneira latente. Assim os pequenos rituais diários, amuletos e talismãs que usamos de modo discreto, parecem querer resgatar, de forma inconsciente, estas capacidades escondidas.
Como isto funciona?
De acordo com recentes pesquisas científicas sobre o cérebro, o “sistema límbico” – sede de nossas emoções – é responsável por nossa capacidade de memorizar. O alcance dos resultados desejados encontra-se na nossa capacidade de acessá-lo. O “sistema límbico” é estimulado por cheiros, imagens, música, símbolos, cores, ritmos, etc.
A música nos remete a diversos momentos vividos, um cheiro também traz recordações de fases passadas da vida. Tudo isso, Luiz Machado – professor da UERJ – chama “emotização”. Um momento forte em que nossas emoções foram mais intensas. Experimente lembrar algo de sua infância. Certamente você só lembrará de eventos que de alguma forma provocaram algum tipo de emoção, independente de terem sido emoções boas ou ruins. A música, o cheiro e os símbolos remetem a sentimentos e influenciam o ambiente, de forma a torná-lo mais ou menos agradável.
Ao chegarmos a uma casa arrumada, cheirando a incenso, nos sentimos de maneira especifica. Se o ambiente muda, e agora existem símbolos gráficos ou música, este sentimento se torna outro. Muitas vezes não estamos atentos a estes sentimentos e emoções; eles passam a fazer parte de nós e, quanto mais elementos “emotizantes” – ritualísticos – mais forte será nossa emoção. Uma simples batida de tambor já é o suficiente para muitas pessoas entrarem em transe, seja num ritual, seja no carnaval.
{Em 1952 Paul Mclean introduziu a expressão “sistema límbico”, baseado na expressão “lobo límbico” criado por Broca em 1878. O adjetivo límbico vem do latim !imbus, “orla”, “bordo” e é usado por se localizar numa região fronteiriça ao neocortex (ou córtex novo), e para contrastar com “paleocortex” (do grego paleios, “antigo”). Já em 1694 o anatomista Thomas Willis havia descrito esta área do cérebro dando o nome de – “Iimbos”. “Sistema” vem do grego synhistanai, “combinar” (de syn, “com” e histanai, “ser causa de ficar”): indica um conjunto de elementos interagindo para atingir determinados resultados. Chega-se á conclusão de que é o sistema do hipotálamo/hipófise que desempenha o papel de coordenador da preservação da espécie. Hipófise (do grego hvpofhysis – hipo “em baixo” e physen, nascer, crescer).}
Os aromas, os símbolos, as cores, os ritmos, segundo as ciências mais modernas, envolvem nosso lado racional e abrem caminho para o lado intuitivo. Eles ajudam na potencialização das forças internas inerentes a cada ser humano. Neste momento começamos a perceber a função de um talismã.
Lembremos então que o significado da palavra talismã é cerimônia religiosa, que por sua vez significa uma forma de culto, em que há adoração ou homenagem a uma divindade que, dependendo da interpretação pode ser um conteúdo psíquico, um personagem mítico, uma projeção simbólica, etc. Culto é sinônimo de ritual. No Dicionário Crítico De Análise Junyuiana, o funcionamento do ritual é descrito como um continente psíquico para a transformação. Jung acreditava que o homem exprimia suas condições psicológicas mais importantes e fundamentais no ritual e que, se não fossem providenciados rituais apropriados, as pessoas espontânea e inconscientemente inventariam rituais para salvaguardar a estabilidade da personalidade quando da transição de uma condição psicológica para outra. Contudo, o ritual em si não efetua a transformação.
No ritual é feita a ligação do ‘divino’ com o indivíduo, através de elementos emotizantes como cores, aromas, símbolos. Preencher é outro significado para talismã, e naturalmente só estaremos preenchidos se conseguirmos usar igualmente todas as nossas capacidades latentes; quando usarmos os dois hemisférios cerebrais e, segundo a psicologia Jungiana, quando o Self (unidade da personalidade com o todo, que abarca o consciente e o inconsciente) se harmonizar de maneira consciente com as partes do ser, completaremos um ciclo.
Outra relação com a palavra talismã é resultado. Só entrando em contato e desenvolvendo as possibilidades sugeridas pelo talismã teremos o resultado esperado. Consagrar, ou seja, tornar sagrado o que está dentro. Assim, o ritual faz do talismã um poderoso catalisador de nossas próprias energias e potencialidades. Finalmente nos tornamos a própria figura mágica, pois a verdadeira magia não está em acreditar cegamente e sim na compreensão profunda do processo. A integração é a verdadeira mágica que se encontra ao alcance de todos que se esforçarem no caminho. Compreender que o poder está em nós e na nossa capacidade de executar o ritual, na possibilidade de acessar as emoções, comunicando-nos com o sistema límbico para a conquista de objetivos.
Agindo assim seu organismo e “todo o universo” passa o trabalhar para a realização do objetivo desejado. Precisamos de rituais e objetos externos para motivar processos internos. O talismã não deve ser usado como muleta, e sim como um potencializador. Ele é como um ponto de apoio de sua própria capacidade. A própria felicidade, o desenvolvimento pessoal, a saúde, não podem ser comprados, mas sim conquistados dentro de nós. Estamos iniciando um retorno à nossa verdadeira força, aquela que está e sempre esteve em nós mesmos. Certamente o talismã é um “poderoso” facilitador para a conquista destes objetivos. É como se nós tivéssemos que exteriorizar ou identificar fora o que está dentro, e depois pudéssemos novamente internalizá-lo como nosso, sem que percamos o nosso centro e sem que atribuamos poder ao que está fora de nós.
Talismãs Como Instrumentos de Meditação
O talismã pode e deve ser usado como instrumento de meditação, para ajudar-nos a buscar energias internas, equilíbrio e autoconhecimento.
Devemos lembrar que o que almejamos já existe dentro de nós, primeiro idealiza-se e depois concretiza-se (Platão).
Por outro lado o que realmente almejamos? O que realmente queremos? Será dinheiro, posses, amor, auto-conhecimento, felicidade ou bem aventurança? O talismã, como um potencializador das energias e um ponto de contato entre o mundo interior e exterior, se usado numa meditação, desenvolve nossa capacidade para experiências subjetivas, que não trazem dinheiro mas conhecimento de si, estabilidade, ligação com o “Absoluto”. E ainda daremos espaço em nossas vidas ao inusitado, à intuição e ao descobrimento das energias que fluem no universo e em nós.
Amuletos Mágicos:
Os amuletos rúnicos remontam a épocas muito antigas. Poucas informações nos chegaram, porque os vikings não usavam a escrita para compilar seu conhecimento, mas passavam–no através de contos, poesias. Muitos destes conhecimentos
mais tarde se transformaram na “bíblia nórdica”, que é chamada de “Eddas”, e que
foi escrita depois que os povos germânicos já estavam em contato com outras culturas e civilizações.
O que se sabe sobre os talismãs rúnicos é que foram usados para diversos fins como a cura, sorte, dinheiro, casamento etc. A eles eram atribuídos poderes mágicos. E só quem tinha o privilégio de conhecê-los poderia usufruir deste poder “sobre-humano”. Os talismãs rúnicos não devem ser usados para simpatia, ou seja, para atrair coisas, pessoas e situações específicas. Isto torna-os perigosos, pois podemos almejar algo que pareça felicidade para nós e que ao final seja a própria infelicidade. O importante é a consciência e a reflexão. Mais do que isso, a meditação, estado em que eliminaremos o racional temporariamente e contataremos o símbolo. Um ambiente sossegado, de preferência com música e incenso, facilita o contato interno meditativo. Observar formas sem criar juízo sobre o que se está vendo. Assim podem surgir imagens, sons, frases. Muitas vezes um sonho pode ser revelador após uma meditação rúnica.
Nossas energias devem ser aliadas às energias do universo e então nos tornamos responsáveis por cada coisa que acontece, além da sensação de participar de maneira misteriosa do mundo, pois somos conduzidos pelo Poder maior em nós. O universo se transforma em algo muito maior e mais fascinante quando sondamos seus mistérios com o nosso inteiro ser.
Por isto torna-se necessário ter bases seguras para lidar com o poder dos talismãs rúnicos; além do que sua criatividade e sua intuição tendem a desenvolver-se a partir deste trabalho.
É importante buscarmos a intuição e os poderes ocultos em nós para que estas forças sábias escolham o talismã temporário ou eterno que estará conosco em todos os momentos impulsionando nosso desenvolvimento
Todos os caracteres rúnicos expressam uma energia intrínseca que podemos utilizar. Uma energia que faz parte do inconsciente coletivo da humanidade. As lendas e histórias nos dizem que foram concebidos por deuses. Há vários milênios pessoas entram em contato com esse conhecimento. Infelizmente, determinadas pessoas não tiveram ética e usaram-no de maneira inescrupulosa. Este é o caso de Hitler e seus camaradas que se utilizaram da suástica (talismã rúnico) e da Sigel dupla (caracter rúnico) nos emblemas do nazismo. Isso proporcionou à Alemanha muitas vitórias em batalhas e um poder incrível. Justamente porque o poder dos talismãs vem de um lugar secreto do inconsciente. Mas Hitler não conseguiu atingir a reflexão interna necessária para continuar recebendo o poder rúnico. Ou melhor, perdeu contato consigo mesmo e buscou o poder fora. Desta forma acabou perdendo o poder e a guerra.
Isto não significa que todas as pessoas que usarem talismãs rúnicos acabem sucumbindo e perdendo suas forças; o talismã é para ser usado de acordo com suas necessidades reais e não para obter as coisas de maneira egoísta. Devemos aprender com Hitler a não repetir seus erros e a usar as runas para o auto-conhecimento e o desenvolvimento pessoal. Assim os talismãs podem ser usados como um dinamizador de energias psíquicas internas.
Confecção de Talismãs:
A confecção, aquisição e consagração do talismã faz parte do ritual. É interessante que, se possível, a confecção do talismã seja feita pela pessoa que o usará; para que seja “forjado” de sua própria energia. Sua confecção merece uma atitude de respeito. Além disso, vale se perguntar de maneira sincera qual foi o impulso interno que o levou a comprar ou a confeccioná-lo. Esta pergunta é importante. Seu uso será como uma iniciação, onde serão despertados processos internos referentes àquela energia. Portanto, a escolha do talismã deve partir de dentro da própria pessoa. Desta maneira o talismã ganha uma função especial em nossa psique, a de catalisador energético.
A inscrição acima são as duas partes de um talismã de Britsum, achado em 1906 e datado de 550 d.C. É esculpido em madeira e pode-se ler em suas inscrições: “Sempre carregue esta estaca! Há poder nela…” A última parte danificou-se e não pode ser lida.
Podemos desenhar, pintar quadros, confeccionar objetos, fazer esculturas de papelão, argila, durepox etc. Usando de criatividade descobrimos inúmeras maneiras de confeccionar talismãs. Quem tiver conhecimento da criação de bijuterias pode facilmente fazer adornos e anéis de prata. Estes podem ser usados como peças decorativas do lar, como adornos ou enfeites pessoais, dentre outros.
São encontradas inscrições rúnicas decorando muitos utensílios, como armas, broches, caixas, pentes, estatuetas etc.
Contam as lendas que os anéis rúnicos poderiam fazer o mago ficar invisível, protegê-lo contra o mal ou fazê-lo voar como um pássaro. Foram descobertos inúmeros anéis rúnicos nesses últimos anos. A criação de adornos é muito útil, não só porque estaremos usando o talismã para potencializar nossas próprias energias, como também porque não criam nenhum tipo de má interpretação por parte de pessoas que não crêem em magia.
Este amuleto (figura acima) foi encontrado na Alemanha e, de acordo com Karl Hauck, simboliza o “hálito mágico”, o poder da palavra pertencente ao deus Odin.
Os talismãs eram largamente difundidos e usados, para se conseguir conhecimento e auto-conhecimento, para se conseguir proteção de algum deus especifico ou dos deuses em geral. Com estes exemplos, sugiro que se medite e busque a imagem ou inscrição que mais se coadune com seu ser e suas buscas internas, a fim de que o talismã possa potencializar todas as suas capacidades latentes.
Estes são exemplos de talismãs rúnicos; existem muitos outros, e existem ainda os que podem surgir do seu próprio inconsciente, ou durante uma meditação, um sonho, etc. Mas lembrem-se que um talismã só se torna talismã quando ele se materializa dentro de um ritual que busca a auto-transformação e o desenvolvimento interno.
Anita Rink
Anita Rink é Artista Plástica, Artcterapeuta,
Educadora e pesquisadora da Mitologia Nórdica.
Pintora, nasceu em Niterói a 04 de junho de 1967.
Estudante de Psicologia na Faculdade Maria Thereza, Niterói,
realizou cursos no Liceu de Artes e Ofícios, no Rio de Janeiro (1994),
e estudou pintura com Roberto Paragó (1992),
Celmo Rodrigues (1993) e Ana Canella (1987).
Realizou também curso de Pintura (Óleo e Aquarela)
na Scuola Machiavelli em Florença, Itália(1998).
Recebeu prêmios na Exposição Mundial de Filatelia e Artes Mundiais
da Associação Brasileira de Desenho, Rio de Janeiro.
Leciona pintura no ateliê Criarte e no ateliê Rink, Niterói.
Realizou exposições individuais no Niterói Palace (1990),
no Espaço Cultural da Companhia de Eletricidade do Rio de Janeiro – CERJ (1993)
e no Espaço Cultural Aquafish (1996), entre outros.
Entre as exposições coletivas das quais participou,
destacam-se: VI Salão Brasileiro de Arte, em São Paulo (1990),
Sala José Cândido de Carvalho, da Fundação de Artes de Niterói – FAN (1993),
VI Evento Cultural de Artes em Niterói (1994) e Biblioteca Municipal de Niterói (1997).
Possui obras em coleções particulares em Niterói, Alemanha e Portugal
Pantáculos são figuras que produzem energias capazes de alterar situações, proteger ambientes, inspirar mentes, atrair um amor…
Aprenda aqui como construí-los. Aqui está a arte de criar gráficos que tem o poder de mudar a sua vida.