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por: Débora Cristina Haddad

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         O universo é uma onda acústica em movimento constante. A Terra em sua órbita, transmite um som que é um Lá.  Cada célula em movimento, faz ruído.  Por mais discreto que seja, estará em ação, portanto estará fazendo som.  O que é o som? O som é a sensação auditiva que temos quando um objeto vibra. Vários sentimentos como agressividade, delicadeza, tristeza podem ser transmitidos através do som. Uma vibração que muitas vezes toca fundo no consciente e inconsciente da pessoa exercendo grande influência no cotidiano.

          Vibrações podem ser sentidas de acordo com a sensibilidade individual de cada ser vivo. Qualquer tipo de som pode ser considerado um tipo de comunicação, que será pessoalmente interpretada pelo receptor. Sons são sensações produzidas no ouvido pelas vibrações de corpos elásticos.  Cada um tem necessidades diferentes, conscientes e inconscientes.  Consequentemente, absorverão a mensagem que tem significado particular.  Dificilmente alguém nota que todas sensações e percepções são baseadas em vibrações de ondas emitidas a cada instante.

          Mensagens são transmitidas ao cérebro a toda hora por efeito do som:
vozes, músicas, ruídos, qualquer tipo de onda acústica.  A psicóloga  Zelinda Orlandi, de 46 anos, acredita que a fala é o maior tipo de comunicação através do som.  Ela diz:  “O som da fala quando absorvido pelo consciente, fica gravado como imagem.  Como se fosse uma visualização perceptiva dele mesmo.  No inconsciente a gravação da mensagem é através da persuasão subliminar, uma coisa quase imperceptível.” 

         Na verdade os ouvidos não ouvem música, mas sim sons que significam algo. “As pessoas muitas vezes não prestam atenção na mensagem da música, é algo que está sendo narrado para o emocional, sem a razão.  Alguns sons podem ser absorvidos inconscientemente pelo cérebro, exercendo grande influência em atitudes do cotidiano.”  A decodificação entre a mensagem e o receptor se iguala. Zelinda afirma:  “O som pode influenciar em tudo dando códigos de conduta a cada instante.”

          Rosemeire Silva é professora de canto há oito anos e acredita na importância da tonalidade.  “O tom de voz determina como a pessoa vai receber a mensagem, doce, melancólica ou agressiva.  O que vai definir é a  intensidade da voz, a força e a velocidade da corda vocal”. A professora diz também que o ambiente em que a pessoa vive vai definir a tonalidade de sua voz. “A pessoa ouve a fala porque assimila as vibrações.  A consequência disso é engraçada; em geral, famílias sempre têm a mesma tonalidade de voz. Isso pode mudar em determinadas situações da vida, estado de espírito, ansiedade, e pode até causar danos físicos às cordas vocais.” Rosemeire acredita que a música propriamente dita, atinge o libido da pessoa.  É um conjunto de acordes musicais, voz e intensa vibração. 

        A música ouvida ao acordar pode definir como vai ser o dia da pessoa que à ouviu. O guitarrista e repórter especial da rádio Jovem Pan, Claudio Julio Tognolli, 36 anos, diz; “quem tá no rush gosta de ouvir os chamados “giros”, com informações do trânsito. O cara se sente aliviado não com música, mas com dicas caóticas de como ele supostamente pode sair do caos, embora ele saiba que nunca vai sair. O ouvinte gosta da iminência de uma revelação, que jamais se completará.” O repórter afirma que na Rádio, a forma fala mais que o conteúdo. “Se você fizer uma locução narrando um fato, ele se tornará mais atraente quando um partícipe dá a sua declaração.” A mensagem será expressada dependendo da tonalidade da voz e da intensidade das cordas vocais. 
 

        A diferença entre pessoas através da música é clara. Muitos têm necessidade de dançar, enquanto outros apenas ouvem música para relaxar e fugir da realidade. Segundo Tognolli, a Jovem Pan toca adrenalina o tempo todo; “Seu público é jovem e atrabiliário, colérico. Sabemos que até os 24 anos de idade a progesterona e a testosterona ainda são lançados massivamente nos corpos pós adolescentes, portanto uma música mais colérica e esplênica se coaduna com o massivo bombeamento de energia que essas pessoas sentem no corpo, mas que poucas conseguem racionalizar.” 

          Ao contrário da rádio, que cria a idéia de dinâmica e eficácia na prestação de serviços e cria um ambiente de segurança ao ouvinte, os mantras são caminhos para a plenitude espiritual.  A efervescência sonora da rádio é emitida por um ciclo de vibrações que dão impacto no consciente.  Os mantras emitem um único ritmo com uma única vibração e elevam a consciência à inconsciência.  Mantras são sons que ao serem ouvidos, atravessam os canais do corpo como luzes de energia com potência vibratória distinta e purificam o corpo. O professor de Yôga, André De Rose, 34, é adepto da prática de Yôga há 17 anos. “O Yôga através dos mantras é uma técnica de meditação que faz a mente sintonizar com determinado campo de onda. Pelo ritmo, a música força você à abrir a cabeça para ficar receptiva e o cérebro é manipulado.” 

        Os mantras são um tipo de comunicação individual do ser com a vibração da Terra. Onde vários corpos em vários lugares do universo estão em sintonia através do mesmo som, muitas vezes o Om. Segundo André, artifícios vocais são usados para transmitir a comunicação não verbal através de sensações, alterações fisiológicas como frio e calor. A resposta é um estímulo. Algumas pessoas que têm o canal perceptivo mais aberto, atingem o estado de nirvana e entram em transe devido a freqüência do ritmo. “O Kirtan, é um mantra melódico com várias palavras usadas para focalizar a mesma freqüência e atingir o ponto de consciência desejado. A partir daí pode-se iniciar conceitos, desinibir-se, e entrar em contato com a sua própria natureza.” 

         Alguns buscam o equilíbrio com a Yôga, entretanto, a natureza do paulistano é um tanto turbulenta, portanto este adquiriu  uma habilidade mental enérgica e necessita de um maior estímulo.  A música eletrônica foi uma saída aleatória para a alienação e  devaneio do pensamento acelerado que a cidade grande gera.  Alguns músicos encontraram a harmonia entre os mantras e as músicas eletrônicas.  Os ingleses Ed Simons e Tom Rowlands, do The Chemical Brothers, conseguiram mesclar o som eletrônico e os mantras indianos com harmonia.  No CD Surrender,  a banda conciliou os batimentos melódicos coerentemente na música “ Dream On”. 

       Muitos jovens da atualidade que são considerados “modernos”, são adeptos deste tipo de música.   Músicas eletrônicas com mantras em sua melodia exercem um grande domínio sob seus ouvintes, dando-lhes poder para entrar em transe. 

       O habitat também vai definir o som que será absorvido pelo cérebro.  Barulho de automóveis, aviões, buzinas, construções, são ruídos que atormentam o fluxo do pensamento. No governo de Jânio Quadros, a Prefeitura criou a Consur, Comissão de Sons Urbanos, para ver o quanto os sons e ruídos da cidade deixavam ou não as pessoas neuróticas.  Todas essas vibrações irão determinar o estado de espírito e influenciar em certas atitudes, a curto e a longo prazo. 

      O som é uma forma de expressão que pode mudar o clima de um ambiente, causar extrema agressividade ou alegria. A maior parte das tribos contam com grande influência do som ao tomarem atitudes para seguirem seus ideais e filosofias. Isso torna tudo que acreditamos que seja sólido, uma ilusão. Pois o corpo vive de emoções que provocam sentimentos de prazer e de dor. Tudo ao nosso redor emite vibrações que atingem nossos ouvidos.  Sem essas vibrações, não vivemos. 
 


 

Débora Cristina Haddadi
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