Lafayette Ronald Hubbard
(13 de março de 1911 – 1985)
Ronald Hubbard, nasceu no dia 13 de março de 1911, na cidade de Tilden, no Estado de Nebraska, nos Estados Unidos.
Muito cedo tornou-se um dos autores mais lidos da “Idade do Ouro da Ficção Científica”.
Durante toda a sua vida publicou 133 romances, criou roteiros para filmes e escreveu inúmeros contos.
Passou os primeiros anos de sua vida na fazenda de seu avô, pois seu pai, como embaixador americano, era obrigado a se deslocar constantemente pelo mundo.
Aos dez anos foi morar com seu pai em Washington, quando tornou-se amigo íntimo do filho do então Presidente da República.
Foi a morte muito prematura deste amigo que despertou o seu interesse pelas pesquisas mentais.
Dos 14 aos 19 anos, a função diplomática de seu pai, levou a família a mudar-se para o Oriente. Neste período ele pode conhecer o Norte de China e a Índia e assim teve a oportunidade de estudar a sua cultura religiosa e esotérica. Com a morte de seu avô, retornou à América onde formou-se em matemática e engenharia (foi membro do primeiro grupo que fez o curso hoje conhecido como física nuclear). Obteve ainda o grau de Doutor em Filosofia pela Universidade de Sequoia.
Seu profundo interesse pela mente e pelo homem tornou-se ainda maior quando pesquisou tribos de índios selvagens da América Central. Visitou muitas culturas, tornando-se, inclusive, irmão de sangue dos índios “Pés Pretos”.
Quando adveio a guerra de 1940, foi convocado pela marinha. Durante um combate, sofreu violento acidente que o obrigou a voltar para a pátria cego e aleijado. Foi então considerado incapaz pelo governo americano. Porém, através de suas pesquisas e descobertas no mundo da mente e do espírito, restabeleceu-se tão espetacularmente que foi recalcificado pela marinha, em 1949, para total atividade em combate. Mas, consciente da tragédia humana que é a guerra, renunciou a seu posto para não colaborar em projetos de pesquisa governamentais.
Aproveita então o seu tempo, dinheiro e conhecimento para formular a sua tese original sobre a mente do homem e assim, em 1950, publica o livro: “Dianética: A Ciência Moderna da Saúde Mental”. Dianética quer dizer através do pensamento ou da mente. Ela explica e demonstra o funcionamento da mente humana, desvelando seus segredos mais íntimos. Com suas técnicas, consegue resultados maravilhosos de cura, tanto psíquica como orgânica.
Ron, como ele era chamado pelos amigos e discípulos, prosseguiu em suas pesquisas, que o levaram a trabalhar diretamente com o “espírito” humano, obtendo, desta forma, resultados muito mais positivos.
Deu a esta nova ciência o nome de Cientologia, baseado no termo latino “scio”, que quer dizer: conhecer no sentido mais amplo da palavra. Conseguiu, com seu novo método, mudar o comportamento e a inteligência das pessoas, ajudando-as a se conhecerem de uma forma mais intensa e profunda.
L. Ron Hubbard foi uma pessoa especial, que trabalhou sua vida inteira buscando melhorar as condições de vida de seus irmãos em humanidade.
Obs.: O Imagick considera de imenso valor a pesquisa efetuada por L. Ron Hubbard e a qualidade especial do trabalho da Cientologia e da Dianética. Porém, não aplica no Instituto nenhum de seus métodos terapêuticos, que somente podem ser efetuados por pessoas devidamente credenciadas.
A Igreja Cientológica
A história de Lafayette Ronald Hubbard (1911-1986) e da igreja que ele fundou – a Church of Scientology, ou Igreja da Cientologia – é uma das mais insólitas dos últimos tempos. E, até certo ponto, também podemos dizer que está entre as mais bem sucedidas tentativas de se criar um culto com características únicas, diferente de outras seitas ou igrejas evangélicas que se espalharam pelos Estados Unidos e outros países (inclusive o Brasil).
A vida de L. Ron Hubbard é apresentada pela igreja de forma quase heróica no que tange às suas realizações e precocidade de seus feitos e estudos. Diz-se que ele começou a ler e escrever bastante cedo, por influência da mãe, saltando direto para Shakespeare e os filósofos gregos, além de ter estudado psicologia freudiana aos 12 anos.
Assim como havia concluído que a cultura oriental não possuía respostas para a situação humana, Hubbard entendeu que o Ocidente também não tinha qualquer idéia a esse respeito e resolveu abandonar os estudos formais. A base de seu trabalho surgiria em 1938, com o trabalho que chamou de Excalibur, onde expõe a noção de que “toda vida está tentando sobreviver, e a vida é composta de duas coisas: o universo material e o Fator X. Esse Fator X é algo que evidentemente pode organizar e mobilizar o universo material”.
Depois de servir na guerra, foi internado num hospital por ferimentos sofridos em 1945. Lá, deu seqüência às suas experiências, desenvolvendo uma técnica para desbloquear a mente de pacientes que não respondiam a tratamento com testosterona, o que lhe deu a certeza de que a mente comandava o físico. Já em 1949, escreveu The Original Thesis, que mais tarde ficou conhecido como The Dynamics of Life, contendo os princípios que estava utilizando naquele tratamento. Esse é o fundamento da dianética, que mais tarde se desenvolveria na cientologia. Também nessa época ampliou sua briga com a Psicologia e a Psiquiatria, uma vez que seu manuscrito foi entregue a American Medical Association e a American Psychiatric Association, que o recusaram. Em 1950 ele publicou `Dianética: A Ciência Moderna da Saúde Mental’ (Dianetics: The Modern Science of Mental Health), livro que se tornou best-seller em todo o mundo.
Hubbard é apresentado pelos seguidores da cientologia como filósofo, escritor, educador, artista, explorador, piloto, fotógrafo, horticulturista, entre outras coisas. O que se sabe ao certo é que os livros que escreveu e publicou ajudaram-no a se sustentar enquanto realizava suas pesquisas. Os seguidores chegam a afirmar que Hubbard foi um dos principais escritores de ficção científica, um dos responsáveis pela era dourada do gênero, o que é rechaçado pelos críticos e historiadores de ficção científica, que sempre consideraram suas obras abaixo da média.
Basicamente, a cientologia afirma que o homem é um ser espiritual e imortal, que sua experiência se estende bem além de seu período de vida na Terra, e que suas capacidades são ilimitadas, apesar de na atualidade não estarem totalmente despertas. Nossas capacidades são limitadas pelos bloqueios que incidentes traumáticos criam na mente – que Hubbard chamou de engramas. Quando esses engramas são eliminados, o indivíduo se torna clear, limpo, capaz de exercer suas capacidades com potencial máximo. Esse desbloqueio é realizado pelo processo chamado audição (auditing), pelo qual todos os membros da igreja passam inevitavelmente. A sessão é realizada na presença de um auditor, que apenas escuta o que a pessoa tem a falar sobre algum evento passado – diferente de uma sessão de psicanálise justamente pelo fato do auditor não poder se manifestar ou emitir qualquer opinião ou juízo. A cientologia acredita que a pessoa pode melhorar sua vida apenas quando consegue encontrar suas próprias respostas.
Faz parte do processo o chamado e-meter, ou eletropsicômetro, que os auditores usam para ajudar a isolar áreas problemáticas que, ao serem trazidas à luz, podem ser examinadas pelo indivíduo que se submete à sessão sem a influência subjetiva do auditor.
E-meter |
A Oposição
Acredita-se que a ideia original de Hubbard era apenas a de escrever os livros sobre o assunto, de modo que as pessoas pudessem se beneficiar dos conhecimentos aos quais ele havia chegado. Porém muitas pessoas começaram a procurá-lo para pedir esclarecimentos e maiores detalhes, de modo que ele começou a dar palestras e cursos, e a organização evoluiu até se transformar numa igreja.
Recentemente começaram a surgir inúmeros ataques contra a cientologia e os seus supostos métodos de ação, com várias declarações e acusações tenebrosas de ex-membros da igreja. Os sites contra a Igreja da Cientologia se multiplicaram na internet, chegando a centenas, e matérias consideradas importantes foram publicadas em jornais como o Boston Herald, escrita por Joseph Mania em 1988, no La Repubblica, da Itália, e na Time Magazine, escrita por Richard Behar em 1991. Behar e Mania citam como um dos maiores problemas a cobrança de altas somas pelos serviços prestados, com os membros da igreja tendo de pagar para subir na organização, em alguns casos com os valores chegando a milhões de dólares.
Mais que isso, Lúcia indica que o IRS, o rigoroso sistema de imposto de renda dos EUA, realizou uma investigação profunda nas contas da igreja, ao longo de anos, e não foi encontrada qualquer irregularidade. O IRS certificou que a cientologia é uma religião e uma organização sem fins lucrativos.
Alguns sites também apresentam supostas denúncias de maus tratos a crianças, que não receberiam educação e alimentação adequadas. Um dos casos mais contundentes se deu em 1995, com a morte de Lisa McPherson, de 36 anos. As informações dão conta de que ela desejava deixar a igreja, mas foi retida contra a vontade por 17 dias. A análise do médico legista atesta que ela morreu devido a um coágulo causado por desidratação, provavelmente por não ter bebido água em seus últimos 10 dias de vida. A alegação da igreja é que ela morreu por embolia pulmonar. A consternação da família foi tamanha que fundaram a ONG Lisa McPherson Trust, com o objetivo de receber e divulgar críticas e relatos contra a cientologia.
Na Justiça
São cada vez mais comuns as notícias de processos que ex-adeptos movem contra a igreja na tentativa de reaver o dinheiro que eles acabaram dando à organização, geralmente a partir de promessas não cumpridas – inclusive de melhorias físicas e curas fantásticas – ou por aquilo que os “detratores da seita” consideram como uma verdadeira lavagem cerebral.
Muito comentado foi o caso da italiana Maria Pia Gardini, que atingiu os níveis mais altos da organização, chegando a OT8 (Operating Thetan) e Auditora de Classe 9; contudo abandonou a igreja e, no início de 2001, entrou na justiça para recuperar 1,5 milhão de dólares que, segundo ela, lhe haviam sido tomados. Diz-se que chegou a pedir ajuda a Jeb Bush, irmão do presidente dos EUA, e ao FBI. Ela já teria conseguido recuperar 500 mil dólares e ainda tenta resgatar o restante. Pensando sobre os problemas pelos quais estava passando, ela resolveu tornar suas declarações públicas, divulgando-as na internet. Ela declara que entrou na cientologia em 1985 porque sua filha estava fazendo um programa para abandonar as drogas, um dos muitos que a igreja possui. Conforme explica, os pedidos de dinheiro eram constantes, e chegaram a exigir 500 mil dólares para devolverem o seu passaporte. Propuseram administrar sua herança e, quando ela se recusou, foi trancada num quarto e esbofeteada até que assinasse mais um cheque.
A Igreja da Cientologia nega veementemente todas essas acusações; todavia, o volume de denúncias cresce continuamente e, às vezes, partem de pessoas supostamente insuspeitas, como é o caso de Hana Entringham Whitfield, que esteve na organização de 1965 a 1984 e chegou a ser a vice de L. Ron Hubbard. De acordo com o seu relato, também disponível na internet, os últimos 10 anos de sua estadia foram traumáticos (física, emocional e mentalmente). Ela fez parte do início do chamado Projeto do Mar – mais tarde Organização do Mar (Sea Org) -, que Hubbard teria elaborado para “fugir da lei e governar seu império sem interferências”. Whitfield conta que, somente muitos anos depois de se afastar da cientologia, percebeu que a audição é uma espécie de armadilha, com seus procedimentos utilizando técnicas para induzir estados de hipnose cada vez mais profundos. O resultado é que a pessoa se torna dependente do processo, vivendo apenas para a próxima sessão.
Lucia Winther destaca que não são tantas as pessoas que falam contra a cientologia, especialmente se levarmos em consideração as milhões de pessoas que têm contato com a igreja e os ensinamentos. Só levando em consideração o livro Dianética, são 19 milhões de cópias vendidas. Em milhões de pessoas que entraram em contato com a dianética e a cientologia, a porcentagem das que não estavam satisfeitas e resolveram entrar com um processo é mínima. “E essa história de devolver o dinheiro”, explica Winther, “é uma regra das organizações no mundo inteiro. Não precisa entrar na justiça. Se uma pessoa chegasse aqui e, por exemplo, fizesse um curso de comunicação, que custa 100 reais, e ela não ficasse satisfeita e pedisse o dinheiro de volta, nós temos de entregar. É uma regra internacional. E não há uma perseguição da cientologia contra essas pessoas. Existe, sim, a justiça, uma vez que todo o mundo tem esse direito. Se falassem mal de sua revista ou de você e não fosse verdade, você precisa tomar uma providência.
E essa providência é a justiça, através de advogados.
Quando ocorre uma coisa desse tipo, que não é verdadeira e vai denegrir a imagem da cientologia, existem os processos normais”.
melhorando a humanidade, e existem pessoas que não querem isso. “Eu conheço a cientologia desde 1989.”
“Sou da Organização do Mar, então eu posso dizer como é. Não há nada que force a pessoa a fazer algo. Eu entrei porque quis, e você ganha uma responsabilidade de ajudar o planeta, uma responsabilidade um pouco maior. Minha vida estava excelente nos EUA, eu não precisava ter voltado, mas continuo nesse trabalho porque vejo as pessoas mudarem. E até hoje, no Brasil, não tivemos quaisquer problemas com leis”.
Ela também anuncia que hoje a cientologia está muito bem vista nos EUA e em outros países, como a Itália – onde foi reconhecida como religião – e que essas acusações já são antigas. De fato, houve uma época, especialmente nos anos 60 e início dos 70, em que uma série de decisões judiciais proibiu a cientologia de atuar em alguns países; entretanto, Winther mostra documentos legais que comprovam decisões favoráveis à igreja em alguns desses países.
Talvez esse choque entre a cientologia e outros grupos venha do fato de que se trata de uma religião diferenciada. “Ela é diferente do que as pessoas esperam”, explica Lucia Winther, “que uma religião deva ter dogma, uma fé cega. A cientologia não tem isso. Não tem de acreditar em nada. O próprio Hubbard disse que as pessoas não têm que considerar verdadeiro o que ele escreveu. Você tem de pensar sobre isso e ver se é verdadeiro para você. Se você considera que é um ser espiritual, talvez buscar essa origem seja a idéia de algumas pessoas. Mas não é dogma, tanto que pessoas de outras religiões participam da mesma forma. Não é preciso acreditar em vidas passadas ou que se é um ser espiritual. Se a pessoa achar que é só corpo, ela também pode fazer os cursos. Não precisa acreditar que funciona para que funcione. Tem é que fazer da forma correta”.
As brigas e diferenças de opinião entre igrejas e os mais variados tipos de cultos religiosos é uma constante no planeta, de modo que sempre fica difícil avaliar até que ponto um ou outro posicionamento está com a verdade. Parece bem claro que nem todos os ataques à Igreja da Cientologia são bem fundamentados, e a mudança de postura de vários países é uma indicação nesse sentido. No entanto, é difícil simplesmente deixar de lado os problemas levantados por veículos como a Time Magazine e outros. Talvez, a postura mais correta seja a que Lucia Winther destacou: é preciso conhecer para poder falar; e quem não gostar pode simplesmente desistir.