ddtmSe observarmos atentamente a humanidade contemporânea encontraremos três grupos.

Aqueles que desejam viver suas vidas, que lutam para realizar o que trazem em seus sonhos, um grupo pequeno este.

Outro grupo que vive para dominar, que deseja dominar, escravizar, usar outros para que realizem seus planos mesquinhos.

E uma vasta massa inconsciente que de uma forma ou outra vive para servir o mundo que aí está, que espera um “dia” dar certo, ganhar espaço para se realizar de fato, mas que passa a maior arte da vida “na luta pela sobrevivência”.

O que vai na cabeça de um general quando ordena que uma bomba atômica seja jogada em Nagasaki? Quando mata milhares para garantir o domínio de poucos? Não mais existia qualquer dúvida do poder destruidor, das vidas perdidas, mas isso tudo não tem importância. O valor da vida não existe para certas pessoas. Genocídio é uma palavra vazia para muitos senhores da guerra.

Vidas, que coisa mais sem sentido para a mente destes que se julgam donos do mundo. A minha, a sua vida, a vida das pessoas que amamos, que importância tem para estes homens?

A camada de ozônio está sendo destruída. É uma ameaça real, sensível, urgente. O que se fez de concreto?

As mudanças climáticas são um fato. Destruição sistemática dos recursos naturais, matas, mananciais, sistematicamente destruídos.

A emissão de gases poluentes precisa diminuir.

É um fato o degelo polar, fenômenos climáticos como “El Niño” e “Lá Niña”.
Fatos .

Temos as provas , as evidências . Não é isto que a ” inteligentsia” dominante diz ser o necessário para agir? Mostrar fatos, provas.

E frente a evidente degradação ambiental que vivemos o que está sendo feito? Pouco, muito pouco, oficialmente nada abrangente, tudo de real vem de O.N.Gs.

Os papéis da Eco 92, os acordos firmados em tantos encontros tem sido cumpridos?

Não!

Outro fato.

O mito da ciência mostra sua falácia. Fatos, evidências, não são suficientes para que os pretensos donos do mundo tomem atitudes. Não são suficientes para que acordemos de nossa letárgica cumplicidade e cobremos uma postura realista para garantir vida digna aos nossos filhos e netos.

Como xamã sinto não apenas a questão do futuro da espécie humana, medito também sobre o futuro de tantas espécies animais e vegetais que estão comprometidas, estamos extinguindo espécies em uma velocidade muito grande, a ciência oficial só agora começa a atentar que fazemos parte de um complexo sistema, como a hipótese Gaia, que ainda está iniciando o seu apelo.

Como qualquer senhor feudal ou rei absolutista os que se acham donos do poder fazem o que querem. E nossas crianças sofrem por isso. Os que amamos sofrem por isso.

Que culpa tem as crianças da loucura dos adultos que envelheceram, mantendo a mentalidade de adolescentes desequilibrados, em luta de afirmação e conquista de território? Ainda com suas gangues tentando provar que são os melhores.

As desculpas que usam não convencem a ninguém, mas parece que as desculpas não são dadas por uma tentativa deles em se explicar.

Não!

Me parece que são fornecidas para que a grande maioria as use justificando a preguiça de agir, a falta de coragem de mudar.

Aqui está o mundo, a beira do caos.

Não estou sendo pessimista, basta olhar em volta.

A sociedade que você vive?

Cheia de violência, tantos desequilíbrios nas pessoas, famílias. Alcoolismo, tabagismo e outras drogas são só pontas de
iceberg. Armas nucleares, milhares delas, armas químicas, guerra biológica onde doenças são criadas, muitas vezes antes que se tenha qualquer cura para elas.

A Inquisição realmente acabou?

Formas mais sutis de tortura e fogueira tem sido usadas, formas mais dissimuladas. Substituíram os grilhões dos escravos por ideologias de pecado e medo. Ensinam que este mundo é de dor e sofrimento e que a felicidade nos espera sempre lá, depois da morte. Mas só para os que seguiram a cartilha dos donos do poder. 

 

Enquanto deturpavam o ser humano, aprenderam que dominar deve ser feito de forma dissimulada. Dominar levando a crer num deus lá fora, um sucedâneo para o pai psicológico. Quando criança a maioria de nós tem sempre um adulto por perto. Assim, frente a qualquer perigo ou desconforto, basta gritar ou chorar para sermos atendidos e na maioria das vezes o perigo e o desconforto sanados.
Quando crescemos esta “proteção” revela suas limitações. Fica um vazio aí, que as religiões estão prontas a suprir com a presença de uma pai celestial, a resolver nossos problemas. Entretanto a experiência diária mostra que nem toda oração é atendida, que a “justiça cósmica” não é tão simplista assim.
E para explicar isso surgem as doutrinas de pecado, culpa, enfim um sem número de doutrinas que alegam ser a divindade vingativa, julgadora e rancorosa, que recompensa aqueles que seguem certas regras e pune os que as desobedecem, por vezes até a ” 7ª geração” .
As religiões moralistas determinam que só os que seguem as regras por elas impostas, sempre atribuídas a revelação transcendente, alcançam as graças de seu deus .

Mas quando vemos acidentes acontecendo com crentes praticantes, em momento de oração, ou com católicos que voltam cantando, “cheios do Espírito Santo” as justificativas de “teste de Deus” e dos “misteriosos caminhos da vontade divina” são as únicas alternativas para os perplexos seguidores.

Onde está o pai celestial?

Pai, figura para a maioria perdida nessa sociedade que embrutece o homem, confunde autoritarismo despótico com a sabedoria de um líder e assim tem machos inseguros prontos a espalhar a dor e a agressão que trazem em si.
Machucados, isolados em containers perceptivos passamos a vida, exilados do sentir, num racionalismo estéril, cínicos, embrutecidos..

Pode parecer pessimismo, mas pensem um pouco a realidade do mundo. 

A habilidade humana de se auto enganar é a melhor arma desta misteriosa coalizão entre alienígenas e humanos sequiosos de poder.

E neste estranho estado está o mundo. No meio de uma guerra da qual pouco sabemos, entre povos muito mais antigos que nós .

Para escravizar deve-se isolar o escravo de seu contexto cultural. Desorientado ele é facilmente convertido. Convertido ele se torna um seguidor. E um seguidor é sempre menos que um humano, pois um humano pleno e maduro é alguém que tem autonomia moral e intelectual, isto é, toma suas decisões com base em seu próprio julgamento.

Quando falamos na revalorização do paganismo temos que ter muito cuidado. Assim como a questão da volta da Deusa.
A Deusa não é apenas um Deus travestido. É outra abordagem da realidade. Orgânica, ecológica, integrada.
O paganismo não pode ser trazido de volta baseado apenas nos seus segmentos decadentes. São outros paradigmas , totalmente distintos dos atuais.
Tão pouco pode ser uma adaptação fantasiosa e descontextualizada. Paganismo é um amplo movimento de recuperação da
confiança do ser humano em si mesmo, de sua libertação dos deuses únicos que as religiões estabelecidas, em luta pelo poder estabeleceram.

Um único deus no céu para justificar um único poder na Terra. O dos conquistadores.

Paganismo é nos assumirmos como seres limitados , mas desejosos de crescer. É amadurecer em busca da responsabilidade que de fato temos em tomas nossas próprias decisões que não podem mais ficar nas mãos desses pretensos representantes de divindades feitas a imagem e semelhança do que pior há na humanidade.

É a recuperação da autonomia moral e intelectual de cada ser, para que não sirvamos mais aos pretensos e auto intitulados intermediários da Divindade em nosso meio. É recuperar a consciência de que somos Deuses e Deusas e nos esquecemos disso.

É recuperar a consciência da presença da vida em todos as suas faces. Ecologicamente conscientes de que fazemos parte da teia da vida, que somos parte desta trama e que podemos simbioticamente interagir, mas não somos os donos do mundo.

Que tudo que fizermos ao mundo estaremos fazendo a nós mesmos. Quando nos multiplicamos desordenadamente destruindo os outros sistemas de vida do mundo o câncer se ampliou. Destruímos as defesas do mundo, como sua camada de ozônio e agora temos a SIDA.

Por quanto tempo ignoraremos as evidências?

E por quanto tempo ficaremos presos a cultos de dor, de culpa e de medo que pregam um deus pseudopatriarcal, externo ao mundo , moralista, que manda seu filho, único lavar com seu sangue os “pecados ” de todos? 

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Recuperar o elo do paganismo é recuperar uma outra abordagem da realidade, responsável, que não precisa do sangue alheio para existir, orgânica, viva.

E neste momento temos que tomar um grande cuidado. Ou nos tornaremos outro movimento New Age, que nada tem de novo, apenas uma reedição de fantasias, que afastam ainda mais o ser da questão fundamental:

Recuperar a consciência de si mesmo.

Basta de trocar velhos medos por novos medos, velhas farsas por novas farsas. Temos que ter coragem e estarmos plenos de nós mesmos para essa verdadeira jornada iniciática que nos é proposta. Como na antiga lenda Navajo estamos em busca das armas e da magia para nos libertarmos desses monstros fundamentalistas que ameaçam nosso mundo.

A invasão do mundo por estes grupos sequiosos de poder começou há muito. A invasão destas terras vem por 500 anos sendo realizada e agora enquanto estas palavras são lidas povos nativos ainda estão sendo destruídos, em corpo por fazendeiros, madeireiros e mineradores ou em alma, por padres e pastores.

Até quando seremos útil massa de manobra, coniventes em nossa covardia silenciosa? É uma batalha e nada menos que a própria sobrevivência não só da humanidade, mas de toda a vida sobre a terra está em jogo. Basta prestar atenção nos fatos e compreenderemos que estamos num momento de decisão.

Quando perguntaram ao Doutor Carlos Castañeda qual seria a mais forte razão para a publicação de suas obras ele colocou que ao lado do fato de desejar fechar com chave de ouro sua linhagem ele reconhecia que a única forma de realmente salvar esse mundo hoje está na magia. Partilho totalmente deste parecer do novo Nagual e considero que o retorno do paganismo é de fato o caminho.

Mas é importante compreender que o paganismo nada tem de convertor, não somos sacerdotes sequiosos de poder e por isso impondo com armas nossas idéias. Estamos em busca dos que são como nós, reencontro é nossa trilha.

Estamos apenas propondo um retorno à vida.

Você já viu uma enchente perto de um rio?
A água sobe muito e cobre tudo em volta.

Então quando vem a estiagem e o sol evapora a água pequenas lagoas surgem. Nessas lagoas muitos peixes ficam, agora isolados do rio. Se ali ficarem, mais cedo ou mais tarde a água vai secar e eles morrerão.

Podemos criar um canal que coloque a lagoa isolada em contato de novo com o rio e assim, os peixes, que quiserem, poderão nadar novamente para o fluxo principal. É deste fluxo principal da vida que fomos apartados com estas crenças impostas.

O retorno do paganismo que falamos é esse canal , que pode nos auxiliar a voltar ao fluxo principal da vida. A liberdade de ir rio afora, ou mesmo nadar contra a correnteza, voltando as nascentes para, quem sabe, renascermos de nós mesmos. Com todos os riscos e com toda a beleza de estar vivo de fato.

Sem imposições, sem medo ou culpa.

Livres, plenos, como a vida é.

Pagãos enfim.
 

  

Nuvem que passa
filipeta
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magtribal
edkoko03