Pitágoras de Samos
(580 a. C., Samos, Ionia – 500 a. C, Metapontum, Lucania)
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É muito pouco o que realmente se conhece sobre sua vida.
Sabe-se que Pitagoras nasceu em Samos, uma ilha grega situada no Mar Egeo.
Nesta época ela era governada pelo temível, e não menos famoso, tirano Polícrates.
O Número é a lei do Universo.
A Unidade é a lei de Deus.
Pitágoras
Introdução à vida de Pitágoras
Vivemos todos imersos num mar de vibrações.
O mouse ou a folha de papel que agora você segura em suas mãos, aparentemente está imóvel, inerte, estática… Porém, em suas entranhas vibram freneticamente, miríades de elétrons, numa agitação perpétua, maravilhosa e brutal. Átomos pulsam e se interagem segundo rígidas leis da física, de tal maneira que dão a ilusão da forma, da cor e da estabilidade deste material que você tem agora diante de seus olhos. Neste preciso instante, entre seus dedos está todo um universo… vivo.
Vibrações fazem parte e são a própria estrutura da vida e das formas neste mundo físico. Assim, estamos sujeitos às suas leis, silenciosas e eternas, enquanto habitantes deste planeta.
As vibrações manifestam-se em frequências e estas podem ser expressas por números.
Desde os mais remotos tempos, os homens vem desenvolvendo suas aptidões para poderem compreender os números. Contudo, houve um instante mágico na história, em que a consciência humana vislumbrou a força e o poder contido nos números. Então os milagres, que estavam circunscritos ao poder Júnico dos deuses, começaram a se tonar possíveis também para os homens. Coisas que, outrora, eram completamente impraticáveis, puderam tomar forma e se manter, pois estavam apoiadas na perfeição matemática. Impérios poderosos se estenderam sobre a face perplexa da terra. Os primeiros grandes sábios Iveneravam os números e, baseados neles, erguiam verdadeiras religiões. Compreendiam profundamente as suas características qualitativas, que estão muito além das cifras.
Infelizmente, os homens hoje perderam totalmente o sentido para a qualidade numérica e consideram os números apenas na sua periferia quantitativa.
Existe um ritmo matemático que marca a passagem de grandes mestres e avataras pela Terra. Em épocas determinadas, um grupo deles encarna simultaneamente em vários pontos do globo, trazendo a mesma mensagem aos humanos, apenas em roupagens diferentes. Assim foi no Sexto Século A.C., onde tivemos na China Lao-Tsé. As margens do Rio Ganges, em pleno coração da India, ensinava Xáquia Múni, considerado o último Buda. Na Itália, Numa Pompilio, segundo rei de Roma, organizou a religião, introduziu os Deuses Sabinos e criou o calendário sagrado.
Ainda neste mesmo século, acontecimentos terríveis tiveram lugar: O Templo de Salomão é destruído e os judeus são levados em cativeiro; os persas invadem o poderoso império egípcio e também conquistam a lendária Babilônia. O mundo sofre em seus mais profundos alicerces, surpreendentes e radicais transformações materiais e, principalmente, espirituais.
Foi exatamente neste tempo de mudanças que nasceu na Cidade de Samos, na Grécia, um ser possuidor de um espírito indócil e inquiridor. Possuía uma insaciável sede de saber. Tornou-se discípulo de Anaximandro, com quem apreendeu as possibilidades de investigar e compreender o universo. Insatisfeito com os limites do conhecimento que tinha ao seu alcance imediato, percorreu todo o mundo antigo, desde o misterioso Egito, até os mais distantes confins da Ásia e da África, passando inclusive pela Babilônia, absorvendo avidamente todos os ensinamentos possíveis. Tudo a ele interessava: política, costumes, religião ou esoterismo. Adquiriu toda sabedoria dos arcanos da antiga magia do oriente, compreendeu e participou das mais secretas iniciações egípcias e, dos judeus cativos, recebeu a tradição oculta da Cabala.
Retornou à Grécia, onde baseado na profusão de conhecimentos adquiridos, formulou a sua filosofia que apoiava-se em dois princípios fundamentais: na imortalidade da alma e na crença de que a salvação dos homens estava na descoberta das relações numéricas responsáveis pela harmonia do cosmo.
Como seus discípulos tornaram-se participantes ativos da política regional, terminaram provocando a revolta conhecida como dos “Crotonenses”. Desta maneira, foi obrigado a abandonar a cidade de Crotona, para refugiar-se no Metaponto. Fundou então uma espécie de associação onde transmitia, a adeptos rigorosamente selecionados, ensinamentos que eram guardados no mais absoluto segredo.
Na Escola Pitagórica podia ingressar qualquer pessoa… Até mesmo mulheres!.. Nessa época e durante muito tempo, mesmo entre a maioria dos povos, as mulheres não eram admitidas em nenhuma espécie de escola.
(Fofoca: Conta-se que Pitágoras casou-se com uma das alunas).
O símbolo da Escola de Pitágoras e por meio da qual se reconheciam entre si os membros, era o pentágono estrelado, que eles chamavam pentalfa (cinco alfas).
Se deve a Pitágoras o caráter essencialmente dedutivo da Geometria e o encadeamento lógico de suas proposições, qualidades que se conservam até os nossos dias.
A base de sua filosofia foi a ciência dos números, atribuiu-lhes propriedades físicas e qualitativas. Por exemplo: o número cinco era o símbolo de cor; a pirâmide, o do fogo; um sólido simbolizava a tetrada, quer dizer, os quatro elementos essenciais: terra, ar, água e fogo.
Pitágoras sabia que as estrelas e os planetas, como corpos vibratórios, emitiam sons, a que chamou de “Música das Esferas”. Relacionou às razões numéricas e geométricas todos os fenômenos naturais, a harmonia musical e as qualidades tonais.
Foi ele quem desenvolveu e nos legou os ensinamentos que tornam hoje possível o estudo e a prática da numerologia, revelando a significação mística dos números e advertindo que os dígitos do 1 ao 9 representam todos os princípios universais no plano cósmico e, num plano menor, representam as características e faculdades a que estão sujeitos os indivíduos, inclusive nos acontecimentos de suas vidas.
A função da numerologia pitagórica é dar às pessoas a possibilidade de se conhecerem melhor, de saberem as razões dos vários acontecimentos de suas vidas e quais as possibilidade de alcançarem o tão almejado sucesso nesta existência. Descortina para o ser humano novos horizontes, mais amplos e arejados, mostrando a ele as suas reais potencialidades e quais os caminhos mais suaves para realizar o seu plano maior.
Nietzsche dizia que a música é o exercício oculto de aritmética, do espírito que não sabe calcular e que, os pitagóricos, diziam o mesmo a respeito do universo, mas sem poder dizer “quem” fez o cálculo.
Texto de Arsenio Hypollito Junior
OS VERSOS DE OURO DE PITÁGORAS
Este talvez seja o mais importante documento da tradição pitagórica.
Breve e único é um caminho prático para a sabedoria divina.
Ele expressa em poucas palavras, e com uma clareza definitiva, o compromisso de vida dos pitagóricos de todos os tempos.
Os Versos de Ouro são tão atuais hoje como eram na Grécia antiga há 2.500 anos atrás.
Na complexa transição de hoje para uma civilização global, eles apontam e sinalizam impecavelmente o caminho da regeneração de cada indivíduo, base para o renascimento coletivo da sabedoria nos próximos anos e décadas.
Os Versos de Ouro, a partir do texto de Hierocles de Alexandria, com base na versão em língua inglesa feita por N. Rowe em 1707, e adotada hoje pela maior parte dos estudiosos da tradição pitagórica. Leve-se em conta, outras versões importantes dos Versos, entre elas a de Fabre d’Olivet (século 19). A seguir, portanto, um texto imortal que se pode ler, reler e meditar ao longo do tempo. É um mapa, um guia e um tratado completo sobre a vida dos sábios.
OS VERSOS DE OURO DE PITÁGORAS
01. Honra em primeiro lugar os deuses imortais, como manda a lei.
02. A seguir, reverencia o juramento que fizeste.
03. Depois os heróis ilustres, cheios de bondade e luz.
04. Homenageia, então, os espíritos terrestres e manifesta por eles o devido respeito.
05. Honra em seguida a teus pais, e a todos os membros da tua família.
06. Entre os outros, escolhe como amigo o mais sábio e virtuoso.
07. Aproveita seus discursos suaves, e aprende com os atos dele que são úteis e virtuosos.
08. Mas não afasta teu amigo por um pequeno erro.
09. Porque o poder é limitado pela necessidade.
10. Leva bem a sério o seguinte: Deves enfrentar e vencer as paixões.
11. Primeiro a gula, depois a preguiça, a luxúria, e a raiva.
12. Não faz junto com outros, nem sozinho, o que te dá vergonha.
13. E, sobretudo, respeita a ti mesmo.
14. Pratica a justiça com teus atos e com tuas palavras.
15. E estabelece o hábito de nunca agir impensadamente.
16. Mas lembra sempre um fato, o de que a morte virá a todos.
17. E que as coisas boas do mundo são incertas, e assim como podem ser conquistadas, podem ser perdidas.
18. Suporta com paciência e sem murmúrio a tua parte, seja qual for.
19. Dos sofrimentos que o destino determinado pelos deuses lança sobre os seres humanos.
20. Mas esforça-te por aliviar a tua dor no que for possível.
21. E lembra que o destino não manda muitas desgraças aos bons.
22. O que as pessoas pensam e dizem varia muito; agora é algo bom, em seguida é algo mau.
23. Portanto, não aceita cegamente o que ouves, nem o rejeita de modo precipitado.
24. Mas se forem ditas falsidades, retrocede suavemente e arma-te de paciência.
25. Cumpre fielmente, em todas as ocasiões, o que te digo agora.
26. Não deixa que ninguém, com palavras ou atos,
27. Te leve a fazer ou dizer o que não é melhor para ti.
28. Pensa e delibera antes de agir, para que não cometas ações tolas.
29. Porque é próprio de um homem miserável agir e falar impensadamente.
30. Mas faze aquilo que não te trará aflições mais tarde, e que não te causará arrependimento.
31. Não faze nada que sejas incapaz de entender.
32. Porém, aprende o que for necessário saber; deste modo, tua vida será feliz.
33. Não esquece de modo algum a saúde do corpo.
34. Mas dá a ele alimento com moderação, o exercício necessário e também repouso à tua mente.
35. O que quero dizer com a palavra moderação é que os extremos devem ser evitados.
36. Acostuma-te a uma vida decente e pura, sem luxúria.
37. Evita todas as coisas que causarão inveja.
38. E não comete exageros. Vive como alguém que sabe o que é honrado e decente.
39. Não age movido pela cobiça ou avareza. É excelente usar a justa medida em todas estas coisas.
40. Faze apenas as coisas que não podem ferir-te, e decide antes de fazê-las.
41. Ao deitares, nunca deixe que o sono se aproxime dos teus olhos cansados,
42. Enquanto não revisares com a tua consciência mais elevada todas as tuas ações do dia.
43. Pergunta: “Em que errei? Em que agi corretamente? Que dever deixei de cumprir?”
44. Recrimina-te pelos teus erros, alegra-te pelos acertos.
45. Pratica integralmente todas estas recomendações. Medita bem nelas. Tu deves amá-las de todo o coração.
46. São elas que te colocarão no caminho da Virtude Divina.
47. Eu o juro por aquele que transmitiu às nossas almas o Quaternário Sagrado.
48. Aquela fonte da natureza cuja evolução é eterna.
49. Nunca começa uma tarefa antes de pedir a bênção e a ajuda dos Deuses.
50. Quando fizeres de tudo isso um hábito,
51. Conhecerás a natureza dos deuses imortais e dos homens,
52. Verás até que ponto vai a diversidade entre os seres, e aquilo que os contém, e os mantém em unidade.
53. Verás então, de acordo com a Justiça, que a substância do Universo é a mesma em todas as coisas.
54. Deste modo não desejarás o que não deves desejar, e nada neste mundo será desconhecido de ti.
55. Perceberás também que os homens lançam sobre si mesmos suas próprias desgraças, voluntariamente e por sua livre escolha.
56. Como são infelizes! Não veem, nem compreendem que o bem deles está ao seu lado.
57. Poucos sabem como libertar-se dos seus sofrimentos.
58. Este é o peso do destino que cega a humanidade.
59. Os seres humanos andam em círculos, para lá e para cá, com sofrimentos intermináveis,
60. Porque são acompanhados por uma companheira sombria, a desunião fatal entre eles, que os lança para cima e para baixo sem que percebam.
61. Trata, discretamente, de nunca despertar desarmonia, mas foge dela!
62. Oh Deus nosso Pai, livra a todos eles de sofrimentos tão grandes.
63. Mostrando a cada um o Espírito que é seu guia.
64. Porém, tu não deves ter medo, porque os homens pertencem a uma raça divina.
65. E a natureza sagrada tudo revelará e mostrará a eles.
66. Se ela comunicar a ti os teus segredos, colocarás em prática com facilidade todas as coisas que te recomendo.
67. E ao curar a tua alma a libertarás de todos estes males e sofrimentos.
68. Mas evita as comidas pouco recomendáveis para a purificação e a libertação da alma.
69. Avalia bem todas as coisas,
70. Buscando sempre guiar-te pela compreensão divina que tudo deveria orientar.
71. Assim, quando abandonares teu corpo físico e te elevares no éter.
72. Serás imortal e divino, terás a plenitude e não mais morrerás.