imageT2GTeoria que identifica o cinturão de asteroides como lendário planeta Phaeton, o semeador da humanidade.

Astrônomos soviéticos suspeitavam que o anel de asteroides que orbita ao redor do Sol, entre Marte e Júpiter, fosse formado pelos restos de um planeta desaparecido. A descoberta de certos meteoritos no deserto de Karakum levou os à conclusão de que Phaeton  como foi batizado   não apenas existiu, mas desintegrou se devido a explosões termo-nucleares talvez produzidas por uma civilização avançada. A ciência soviética está assim prestes a confirmar a trágica história de um dos heróis favoritos dos quadrinhos ocidentais: Super homem e Kripton, seu planeta de origem.

Certo dia, em janeiro de 1975, um estudante de geologia encontrou no deserto de Karakum, a nordeste de Ashkhabad, pequenos pedaços de vidro que brilhavam nas areias amarelas. Verde escuros e do tamanho de uma noz, pareceram lhe estranhos. Pensou que poderiam ser vestígios de alguma antiga civilização. Há pouco, uma cidade de quatro mil anos fora descoberta neste deserto, a leste do Mar Cáspio. Apanhou algumas amostras e, de volta ao acampamento, mostrou as ao líder da expedição   o geólogo soviético Pavel Florensky.

“Quando vi as, meu coração deu um salto”, disse Florensky. “Reconheci as, eram tectitas   minúsculos meteoritos   nunca antes encontradas na União Soviética. ”  Ele as enviou a Moscou para serem analisadas, e em poucos dias viu sua opinião ser confirmada. As tectitas continham diversos metais. Um deles, o berilo, transformara se em silício ao ser exposto a altas temperaturas, quando da entrada na atmosfera terrestre. O imenso calor as transformara em vidro.

A descoberta foi considerada de inestimável importância para os cientistas soviéticos que há muito tentavam resolver o “mistério do planeta desaparecido”. Há anos eles consideravam que este planeta   quase uma duplicata da Terra – orbitou  ao redor do Sol, nas imediações de Marte, antes que uma violenta explosão o destruísse. O acadêmico Sergei Orloff batizou o de Phaeron. 

A maior parte da teoria da explosão fundamentava se em tectitas encontradas na Austrália, Filipinas e Checoslováquia. Os cientistas consideravam que apenas um enorme explosão seria capaz de produzi-las e arremessá-las à Terra. Porém, se elas tivessem vindo numa única nuvem cósmica, deveriam ser encontradas também ao sul da Rússia. Como até então nada fora localizado nestes lugares, pensavam que houvera a formação de diversas nuvens, causadas por mais de uma explosão.

Em Moscou, soubemos que os cientistas soviéticos, encorajados pela descoberta, haviam reaberto as investigações sobre o planeta perdido e seu destino. Desejamos saber mais e   surpresos   conseguimos permissão para conversar com o professor Yevgeny Krinov, chefe do Comité Soviético sobre Meteoritos. Este comitê funciona como uma filial da Academia Soviética de Ciência, e seu objetivo é a pesquisa dos corpos cósmicos que às vezes caem sobre a Terra. Fomos informados que Krinov não costuma dar entrevistas, mas que faria uma exceção em nosso caso devido ao interesse provocado pelo achado.

Falamos ainda com o doutor Genady Vdovikin, geólogo de reputação internacional e assistente de Krinov; com Felix Zigel, professor de cosmologia do Instituto de Aviação de Moscou, cujo trabalho é conhecido em quase todo o mundo, e Aleksandr Kazantsev, historiador e autor de uma dúzia de livros sobre explorações espaciais, que apresentam um fascinante cenário sobre a destruição de um planeta habitado em razão de um holocausto nuclear.

O professor Krinov estava doente quando chegamos a Moscou, mas as autoridades permitiram nos fazer a entrevista em sua casa. Encontramo-nos em seu escritório, uma espaçosa sala com vistas para um pátio interno. As paredes eram repletas de livros, mas não faltava uma televisão, este ente onipresente tanto na Rússia como no mundo ocidental. “A descoberta de Florensky causou tanto interesse”, disse, “porque as tectitas descobertas eram asteroides fragmentos que orbitam a quatrocentos milhões de quilômetros do Sol. O anel de asteróides localiza se entre Marte e Júpiter, a uma distância equivalente a quase três vezes a da Terra ao Sol. De acordo com uma teoria nunca confirmada, mas também nunca negada, estes asteroides têm uma órbita que, segundo uma teoria conhecida como a “Lei de Bode”, pertence a um planeta que deveria estar lá” .

Phaeton parecia com a Terra

Johann Bode foi um astrônomo alemão que, em 1772, desenvolveu uma teoria sobre a relação matemática que governa as distâncias relativas que separam o Sol de nossos planetas. Elas encaixam se num modelo, uma progressão numérica obtida pela duplicação de cada número, exceto os dois primeiros. Por exemplo: 0, 3, 6, 12, 24, 48, 96, 192, 384. A cada número Bode agregava mais quatro e, desta maneira, obteve a seguinte série: 4, 7, 10, 16, 28, 52, 100, 196, 388. Os astrônomos da época espantaram se com a exatidão da progressão. Estes números combinavam com as distâncias relativas entre os planetas conhecidos e o Sol: Mercúrio no 4, Vênus no 7, Terra no 10, Marte no 16, Júpiter no 52 e Saturno no 100. Mas três pontos estavam vazios: 28, 196 e 388.

Johann Elert Bode

A teoria ainda era discutida quando, 1781, descobriu se Urano. Sua distância relativa do Sol,   191,8 ,  era por demais próxima ao número 196 para ser considerada uma simples coincidência. Em 1846, com a descoberta de Netuno, esta lei sofreu um revés: ele fica a uma distância de 300,7 do Sol. Não há número correspondente a este na escala de Bode. Mas, quando em 1930 foi descoberto Plutão, novamente a Lei de Bode veio à tona: a distância relativa deste planeta ao Sol, 394, é demasiado perto do número 388 para ser ignorada. Isto reforçou ainda mais a teoria de que o anel de asteroides que orbita a uma distância relativa de 28   a do planeta desaparecido   é composto por fragratos deste planeta, espalhados como estão pelos ventos cósmicos.

“Temos razão para acreditar”, falou Krinov, “que em algum tempo da história o planeta desintegrou se após uma explosão que arremessou alguns de seus fragmentos para além do sistema solar. O que sobrou   aproximadamente quatro mil e quinhentos pedaços, que vão desde 1,4 a 700 quilômetros de diâmetro   permaneceu na órbita original. Os asteroides neste anel de lixo espacial continuam a fragmentar se devido a forças exercidas pelos planetas. Ao serem lançados ao espaço, muitos deles são atraídos pela força gravitacional terrestre e desintegram se, não apenas quando entram em nossa atmosfera mas também devido ao forte impacto com o solo. A composição deles costuma ser de ferro e rocha, mas há os que são formados por substâncias mais concretas que intrigam os pesquisadores. Alguns cientistas dizem ter descoberto hidrófilos unicelulares (algas) petrificados e até mesmo traços de vida animal, da espécie trilobita, em muitos deles.”

Aleksandr Zavaritsky, um dos membros do Comitê de Meteoritos, pesquisou os. Seus trabalhos tiveram tal impacto que ele foi nomeado para a Academia de Ciências. Trabalhou com Krinov até 1963, data de sua morte, e era considerado um dos maiores peritos no assunto. “Aleksandr dedicou os últimos anos de sua vida à reconstrução teórica do planeta desaparecido”, disse Krinov, “utilizava meteoritos encontrados na Terra como ponto de partida e alicerce para sua teoria. Concluiu que o planeta desaparecido era maior que Marte e tinha uma hidrosfera e uma biosfera. Certo de que muitos dos meteoritos encontrados pertenceram a ele, reconstruiu o camada por camada, terminando por inferir que seu núcleo era de ferro, encerrado numa fina película de silicato de ferro, coberta por uma faixa mais ampla de peridotite, envolvida por uma subcrosta de lava basáltica e, finalmente, uma pequena crosta antes da capa externa”. 

O planeta desaparecido, segundo Zavaritsky, tinha características semelhantes ás da Terra   oceanos, montanhas, e era envolvido por uma atmosfera. Havia vida nele, insistia. Como sua órbita além de Marte ainda situava se dentro do que é conhecido como “anel da vida”, é possível que estivesse certo. “Se aceitarmos a teoria de Phaeton”, continuou Krinov, “devemos considerar que a vida existiu lá muito antes que na Terra. Sabemos que, com o decorrer do tempo,  o   anel da vida   zona temperada onde a vida é possível   caminha para mais perto do Sol. Assim como a Terra, Phaeton esteve próximo á região central deste anel e teve condições de sustentar vida”.
 

Vieram de Phaeton os deuses astronautas?

Ele parou para dar maior ênfase às suas palavras. Obviamente, o que desejava dizer é que Zavaritsky não apenas acreditou na existência de vida em Phaeton, como também que seus humanoides, bastante semelhantes ao homem, iniciaram sua civilização muito antes da nossa. Se esta dedução estiver certa, a civilização deste planeta era muito mais avançada que a nossa quando ele explodiu.

“Infelizmente, antes que conseguisse uma prova irrefutável da existência e destruição deste planeta, o professor Zavaritsky morreu. Suas descobertas, em grande parte, morreram com ele. Investigamos seus papéis mas não encontramos nada. Sua morte foi uma perda imensa, pois pensamos que sua teoria era viável e poderia ter servido de base para pesquisas futuras”. Sacudiu a cabeça e continuou: “não sabemos ao certo, mas talvez ao morrer ele já tivesse uma resposta. Qual a causa da destruição? O que ocorreu? Pensamos que tudo isto não se tenha passado há mais de um milhão de anos. Todos concordam que a maior probabilidade é que as respostas sejam encontradas nos meteoritos. Será que esta última descoberta nos permitirá resolver o enigma”‘

“Gostariam de respostas mais positivas? “, perguntou nos. “Então conversem com o professor Zigel. Ele pode falar de outros aspectos”.

Na tarde seguinte encontramo-nos com Zigel, no apartamento de AÌeksandr Kazantsev. O motivo da reunião no apartamento de Aleksandr é simples: os dois são amigos, estão juntos na mesma pesquisa e têm as mesmas idéias. Krinov duvida, eles não. Acreditam na existência de Phaeton, em sua desintegração, e mais: pensam que o que lá ocorreu é um aviso doloroso e atemorizante para a Terra. 

Felix Zigel

“A vida e a morte de Phaeron explicam muito do que está escrito nestes livros”, falou Kazantsev, e mostrou inúmeros livros, a maioria em russo. Eram traduções de obras antigas, a maioria delas sobre lendas, mitologia e paleontologia. “Mas não perderemos nosso tempo com eles”, continuou, “homens como Erich von Daniken já escreveram o suficiente sobre visitantes de outros mundos e o que, aparentemente, deixaram para a meditação das gerações futuras. O que esqueceram se desconsiderar é que muitos destes visitantes vieram de Phaeton. Estou certo disto. E mais: não vieram aqui porque tivessem vontade. Vieram apenas quando não tinham mais para onde ir, pois por explorações anteriores sabiam que a Terra era um lugar primitivo e desagradável, ainda num estágio inicial de desenvolvimento”.

Zigel não queria que gravássemos a conversa e não gostava que tomássemos nota do que diziam. Parecia surpreso quando perguntou se não sabíamos decorar. “Sabemos”, foi nossa resposta, e então procuramos reproduzir suas palavras da melhor maneira possível.

“Phaeton desintegrou se devido a uma série de explosões produzidas em sua crosta. Se fossem de origem vulcânica, teriam se originado em seu interior e os fragmentos seriam lançados em todas as direções, terminando por ficarem numa órbita elíptica ao redor do sol.”

“Existe, ainda, uma outra possibilidade: colisão no espaço. Apesar de muito improváveis, colisões capazes de destruir um planeta como a Terra são possíveis. O que importa, entretanto, é que uma colisão de frente ou mesmo num determinado ângulo teria arremessado os fragmentos a uma órbita oblonga, ainda mais longínqua que a causada por erupções vulcânicas. Por outro lado, se o planeta rompeu se pelo lodo externo, através da crosta, os fragmentos permaneceriam numa órbita quase circular”.

“Qualquer astrônomo dirá que o anel de asteroides tem uma órbita circular, quase idêntica á da Terra e dos demais planetas de nosso sistema solar. Ou seja, ele é nada mais que a órbita do planeta desaparecido! A causa da destruição foi uma força na superfície, aplicada lateralmente.”
 

Origem do fim: talvez uma guerra nuclear

As tectitas encontradas no deserto de Karakum são um excelente indício da validade desta teoria, segundo Zigel, pois lembram a lava vítrea observada após explosões nucleares realizadas na superfície da Terra.

Recentemente, descobriram se tectitas depois que o forno termonuclear soviético Tokomak 10 foi aceso – na época ele era o maior do mundo, mas ainda num estágio experimental. As temperaturas que produziram as tectitas terrestres eram superiores a cem milhões de graus. Quando foram comparadas com as vindas do espaço, não restou dúvida de que também estas eram de origem termonuclear.

“Esta é uma prova importante para nós, desde que nossos oponentes dizem que as tectitas são um subproduto dos meteoritos que penetram em nossa atmosfera e chegam à Terra com uma velocidade tão grande que, no impacto, geram tais temperaturas. Sabemos que a temperatura gerada por um impacto jamais foi superior a duzentos mil graus centígrados”.

Fez uma pausa e continuou: “Procuramos fabricar tectitas artificialmente, usando esta temperatura. As que conseguimos eram totalmente diferentes das outras. É bastante provável a hipótese da explosão termonuclear. Nada mais poderia ter causado efeitos tão desastrosos. Se isto for certo, também o será o que vem depois. Primeiro: uma explosão termonuclear. Segundo: uma reação em cadeia que envolveu outras fontes de forças termo-nucleares. Terceiro: explosão oceânica e consequente ruptura da crosta”.

A possibilidade de os oceanos explodirem há muito deixou de ser fantasia dos escritores de ficção científica. Os cientistas atômicos admitem que a uma temperatura de centenas de milhões de graus a água transforma se num combustível semelhante ao que dá potência á bomba de hidrogênio. Zigel continuou: “Deduzimos que, com a crosta destruída, o planeta continuou a desintegrar se até que, finalmente, restaram apenas fragmentos”.

“Conclusões: a reação em cadeia em Phaeton não foi natural, mas sim deflagrada. Uma vez iniciada, escapou aos controles. Esta força era de origem homem humanoide. Não há outra explicação. Os homens da espécie que habitava este planeta pertenciam a uma civilização avançada e causaram sua própria destruição, talvez, numa guerra termonuclear. Apesar de não excluirmos a possibilidade de um acidente, achamos que a origem foi tecnológica”.

Imaginávamos Zigel numa palestra científica. Falava sem consultar apontamentos e era claro e preciso, escolhia cada palavra. Debruçou se sobre a cadeira e prosseguiu: “Quando nossos astronautas forem a Marte ou além dele, poderão investigar o anel de asteroides, numa tentativa de descobrir sinais de vida inteligente no planeta extinto. Ceres, Palas e Vesta, os maiores asteroides, com diâmetros de 300 a 700 quilômetros, podem servir de base para investigações mais profundas. Para a arqueologia espacial, os asteroides menores   pedaços da crosta do planeta têm maior importância. Algum dia os astronautas   os seus e os nossos   irão até lá e saberão o que procurar. Voltarão com as primeiras descobertas sobre esta civilização desaparecida. Então, o estudo do planeta Phaeton será levado a sério em todo o mundo”.
 

Conheceram a Terra habitada por dinossauros

“Logicamente, ainda temos muito que caminhar. Até lá, teremos de satisfazer nos com os fragmentos que caíram na Terra: os meteoritos de ferro que segundo o professor Zavaritsky formavam o núcleo de Phaeton, os meteoritos de rochas da crosta, os de rocha e ferro da capa, os de pedra calcária, pedra porre e outras substâncias que incluem ligas de cobre, chumbo e zinco da superfície. Não são o suficiente para determinar a existência e a extinção de uma civilização avançada, mas são o bastante para provar a existência de alguma forma de vida”.

Sua explicação encantava nos, mas era tarde e a noite aproximava se. Nosso anfitrião ofereceu nos uma garrafa de conhaque da Geórgia e uma caixa de chocolates de Riga. Então, disse nos: “Saudemos Phaeton. Façamos votos para que o mistério logo termine”. Zigel deu um sorriso acanhado, levantou seu copo e, polidamente, tomou um gole.

Combinamos voltar no dia seguinte para ouvirmos o que Kazantsev tinha a dizer nos. Zigel avisou: “Preparem se!” Voltamos não apenas no dia seguinte, como ainda mais duas vezes. A cada visita Kazantsev falava de coisas mais fascinantes   não somente sobre os habitantes de Phaeton, mas também sobre como estariam ligados a este planeta alguns fenômenos não explicados de nossa história: os lugares e os fragmentos descobertos por nossos arqueólogos e a descrição de supostas guerras atômicas contidas em antigos manuscritos ocidentais e orientais. Kazantsev pensa que Phaeton foi inteiramente destruído. Não houve sobreviventes na face deste planeta que, simplesmente, partiu se. Na época da explosão a civilização desapareceu, mas deixou alguns de seus membros que viajaram pelo espaço.

“Como falamos de uma civilização com altos conhecimentos termo-nucleares supomos que também suas explorações espaciais estivessem mais adiantadas que as nossas. Suas espaçonaves podiam navegar pelo sistema solar e concentravam suas investigações no anel da vida, ou seja na temperada onde estão Vênus, Marte e a Terra. Acredito que soubessem que estes três planetas eram os apropriados para uma vida como a Phaeton”.

“Tendo certeza que estes astronautas presenciaram a destruição de seu planeta. Não tinham para onde voltar e, pelo menos alguns devem ter conseguido chegar à Terra. O resto pereceu. Isto pode explicar as antigas lendas de deuses que chegaram em carros de fogo que foram preservadas e transmitidas por historiadores da antiguidade, entre eles Plutarco. Daniken, que me visitou antes de publicar Eram os Deuses os Astronautas disse ter descoberto indícios de visitas extraterrestres em diversas partes do mundo dos Andes à Ilha de Páscoa e até à China.”

Kazantsev pensa que as setecentas e dezesseis chapas de pedra descobertas pelos chineses na fronteira sino-tibetana foram abandonadas por uma tribo cujos ancestrais eram extraterrestre. De acordo com um arqueólogo chinês, que diz ter decifrado parte das mensagens nelas inscritas, a tribo extinguiu se. Eram humanoides e não conseguiram adaptar se ao ambiente terrestre. “Apesar de parecer fantástico” – disse Kazantsev, – “não devemos desprezar esta hipótese. As naves espaciais de Phaeton podem ter aterrissado naquele local. Tinham ferramentas e armas e podemos concluir que algumas pousaram intactas. Após o pouso, não havia como retornar. Eles podem ter estabelecido uma colônia de habitantes das cavernas, conscientes de que esta era a única possibilidade de sobrevivência.”

“A questão principal é a seguinte: seria seu equipamento adequado para o estabelecimento de uma colônia numa época em que a Terra ainda era habitada por enormes monstros, anteriores a nossa existência? Como sobreviveriam? Se Zavaritsky estava certo, as condições de Phaeton na ocasião da destruição eram semelhantes ás da Terra de hoje: o ar, a água e a gravidade eram parecidos. Tinham, portanto, condições de originarem um homo sapiens como nós. Não eram homenzinhos verdes com três olhos, e muito menos gigantes. Sua estatura não pode ter sido mais que duas vezes a nossa. Afinal, nós mesmos somos um terço maiores que nossos antepassados de dois mil anos atrás. Saberiam defender se? Imaginamos que de uma maneira ou de outra tenham no conseguido. Entretanto, algumas gerações mais tarde, pereceram”.

Ele falava com autoridade, mostrando que não especulava. Gastou anos pesquisando esta teoria. “Ainda não temos indícios da época em que ocorreu a destruição. Acreditamos que tenha sido entre quinhentos mil a um milhão de anos. Este período coincide com o aparecimento do homem de Neanderthal, não muito antes de surgir o criativo Cro Magnnn. Aceitando que os descendentes de Phaeton tenham vivido no mínimo há quinhentos mil anos, pode se pensar que construíram uma ponte entre o homem primitivo e o pensante, talvez para ajudá-lo, educá-lo, deixando o com histórias de deuses vindos do céu em carros de fogo e lendas de guerras atômicas   não na Terra, mas em Phaeton. Assim, apesar do desaparecimento dos descendentes dos extraterrestres, as lendas continuaram vivas.”
 

Estatuetas de Honshu: uma prova a mais

“Se isto ocorreu  e creio que sim, os pedaços do quebra cabeças encaixam se nos lugares certos. De repente, as pinturas primitivas nas rochas perto de Fergana, no Usbequistâo soviético, que mostram figuras com típicas vestimentas espaciais, começam a fazer sentido tanto quanto as estatuetas de barro dos deuses astronautas de Honshu, que datam do período em que o Japão era habitado pelo ainos, povo da era paleolítica   e foram encontradas em suas sepulturas. Assemelham se a formas humanas vestidas de astronautas   com capacete, roupas e sapatos espaciais. O capacete, com os óculos protetores, esta preso ao traje espacial de uma forma semelhante à usada nos dias de hoje.”

“Existem botões nas mangas e a parte “fêmea” deles encontra se abaixo dos ombros e atrás do capacete. Há, ainda, uma caixa de equipamentos com tomadas   talvez para linhas de comunicação e vida. Ao invés de luvas, usam mangas muito compridas que terminam em aparelhos semelhantes a nossos manipuladores eletrônicos atuais, que são operados por dentro da manga. Só puderam ser comparados, até agora, com astronautas. Obviamente, estas vestimentas se desgastariam no decorrer de uma viagem de muitos anos luz, se pertencessem a planetas de outros sistemas solares. Mas são as que usaríamos se fôssemos explorar Marte. Assim, só podem ter vindo de Phaeton!”

Há quinze anos, quando ainda pensávamos em astronautas vindos de qualquer parte do universo, Kazantsev escreveu uma monografia sobre as figuras de Honshu. Quando foi impressa no Japão, ele recebeu uma caixa com cinco exemplares. Dentro dela, também estava uma das figurinhas. O recado de um arqueólogo japonês dizia que não havia ninguém mais qualificado para ficar com elas. Mais tarde, recebeu outras quatro.

Antes de deixarmos Moscou, visitamos Kazantsev pela última vez, atendendo a um convite especial. Ele levou-nos a um santuário particular   uma sala onde ainda não havíamos penetrado. Lá estavam as cinco figuras de Honshu. Eram quase idênticas, e variavam de cinco a quinze centímetros de altura. Disse que tinham cerca de oito mil e quinhentos anos, segundo testes com Carbono 14. Sem dúvida, eram autênticas. Pouco depois, surgiu o professor Zigel, que viera desejar nos bon voyage.

Perguntamos se concordava com Kazantsev que as estatuetas representavam astronautas vindos do espaço, relembrados pelos homos sapiens, responsáveis pela transmissão de sua história em forma de lenda de uma geração para outra até a época em que o homem, ao alcançar o estágio em que desenvolveu suas faculdades artísticas, pôde preservar as lendas em imagens de barro, pedra e bronze.

“Sim”, respondeu sem hesitar. “Estas estatuetas parecem confirmar a tese de Zavaritsky de que a vida em Phaeton era semelhante à terrestre, dentro de nossos limites de calor, água, densidade do ar e conteúdo de oxigênio. Em razão disto, este tipo de vida produziria humanoides semelhantes à forma humana. Ou melhor, como parecem ter vindo primeiro, pode se dizer que o homem tomou sua forma. Mas, de qualquer maneira, o importante é que a humanidade se cuide, para que não terminemos como eles.”

imageP84Henry Gris e William Dick
são editores veteranos do National Enquirer,
um dos semanários de maior tiragem dos Estados Unidos.Artigo publicado na
Revista Planeta -Número 83
Agosto de 1979

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