“Sem que ninguém lhe tenha dito, o índio sabe muitas coisas.
“O índio lê com seus olhos tristes o que escrevem as estrelas que passam voando, o que está escondido nas águas mortas das profundas grutas, o que está gravado sobre o úmido pó dos prados.
“O ouvido do índio escuta o que dizem os sábios pássaros quando se apaga o sol, e ouve falar às árvores no silêncio da. noite, e às pedras douradas pela luz do amanhecer.
“Ninguém o ensinou a ver, nem a ouvir, nem a entender estas coisas misteriosas e grandes, porém, ele sabe. Sabe e não diz nada.
“O índio fala somente com as sombras. Quando o índio dorme, está falando com aqueles que o escutam e está escutando aqueles que lhe falam. Quando acorda sabe mais que antes e cala mais ainda.
“O índio do Mayab sabe que antes que ele, muito antes, outros homens povoaram sua terra e a fizeram bela e poderosa. Eram homens santos, cheios de Sabedoria. Cada um deles havia conhecido os deuses. Não vieram de rumo nenhum, nem da terra, nem do mar. Aqui foram, porque aqui os fêz Aquele cujo nome se diz suspirando.
“A primeira de todas as cidades foi Itzmal, a dos templos que não tinham deuses lavrados em ouro, nem em pedra, nem em barro, porque nesses dias o coração dos homens estava limpo de iniqüidade, e eles viam os deuses dentro de si próprios e em seu redor e não lhes era necessário representá-los com imagens”.
Esta descrição psicológica feita por um filho do Mayab, retrata os “animais sem cauda” (assim eram chamados pelos espanhóis), que outrora pisaram nossas terras. A cultura Maia, que se desenvolveu com toda plenitude nos atuais estados mexicanos de Chiapas, Tabasco, Yucatán e Território de Quintana Roo, à República de Guatemala e à parte de Honduras que se limita com este último país, tem uma origem incerta, porém, estudiosos como Morley atribuem?lhe um estabelecimento nos inícios da era cristã. Todavia, antes desta época em que principia sua história, devem ter passado vários séculos de experiência no campo do conhecimento arquitetônico e astronômico, que manifestaram tão brilhantemente nesses remotos tempos. O estado prévio ao sedentário foi constituído por anos de migrações que deram uma rica bagagem de vivências e um profundo respeito pela terra e suas potencialidades. Isto, que há 10 anos não passava de teoria, hoje, em virtude dos resultados de trabalhos feitos com Carbono 14, é uma irrevogável realidade, tendo?se comprovado que o homem americano chegou (não se sabe de onde), há 10.400 anos e aportou ao mesmo tempo nos três continentes.
Não podemos duvidar que foram eminentemente agrícolas, dedicando?se ao cultivo de milho, cacau e algodão; no entanto, os trabalhos do campo estavam vinculados às cerimônias religiosas, o que corrobora, uma vez mais, a ingerência do sentimento místico e devoto em todos os atos da vida deste povo.
As festas de semeadura do milho ? planta sagrada entre os quichés ? eram precedidas de vários dias de rigoroso jejum e tanto as conversas como o relacionamento entre os membros do clã eram restringidos ao mínimo imprescindível.
O batismo, a confissão, a comunhão, o matrimônio, eram ritos zelosamente cumpridos pelos sacerdotes que constituíam uma casta hereditária, mas, para poder exercer suas funções, eram submetidos a duríssimas provas e a esforços quase sobre-humanos.
No “Chilam Balam”, o livro sacro dos Malas, está o relato das demonstrações a que deviam sujeitar?se os aspirantes ao sacerdócio; uma delas era a chamada “casa escura”, onde o neófito tinha que passar três dias e três noites com um galho de pinho aceso e um cigarro que não podiam apagar?se em todo o transcurso do tempo; deitar?se, ainda que sobre as pedras úmidas e sem abrigo, era considerado um ato de fraqueza; nestes dias e noites deviam rezar continuamente.
Duas grandes obras constituem as fontes de pesquisa destes homens eminentemente religiosos e naturalistas; uma, a já citada; a outra, o “Popol-Vuh”, “Livro do Conselho”, “Livro dos Príncipes”, ou “Livro Nacional dos Quichés”. Esta última é a composição das milenárias tradições dos maias-quichés, a qual é desconhecida e cujo presente não compreendemos. A primeira tradução ao espanhol data do século XVIII e esteve a cargo do Padre Francisco Ximenes, missionário dominicano radicado em Chichicastenango a partir de 1701. O documento, como diz o próprio autor do Popol-Vuh, não é mais que a reprodução de um escrito muito velho que liam os Reis. Nele estão gravadas as inquietações espirituais sobre a Criação do Universo, a existência de um Ser Supremo e Onipotente, as relações entre este Ser e o homem, a missão do homem na sociedade, os princípios ético/políticos desse grupo, etc…
“Este é o discurso de como tudo estava em calma, em silêncio, tudo imóvel, calado, e vazia a extensão do Céu”. Nesta quietude só a presença de Hurakán ou Coração do Céu (Deus) rodeado das Aguas (símbolo da vida) e suas hipóstases: Tzakol (Criador), Bitol (Formador), Tepeu (o Rei, o Soberano), Gucumatz (serpente coberta de penas verdes, de quetzal), Alom e Cajolom (Deusa Mãe e Deus Pai que engendram os filhos). A primeira expressão divina está integrada por sete elementos cósmicos, e desta surgiu, por decisão dos próprios deuses, a primeira plasmação arquetípica na Terra, que é o trinômio formado por Caculhá-Hurakán, Chipi-Caculhá e Raxa-Caculhá, que são o Ato do Coração do Céu, os instrumentos da palavra de Deus. Aqui temos um fato importante que é a Tríade Primordial, presente em todas as religiões até hoje conhecidas (Bramânica: Brahma, Vishnu e Shiva; Egípcia: Osíris, Ísis e Hórus; Budista Mahayánica: Amithaba, Acalokitezvara, Mahastarnaprata; Zoroastriana: Mitra, Hariman e Ormuz; Cristã: Pai, Filho e Espírito Santo).
A Obra estava no seu inicio e, após a formação da Terra, os deuses começaram a povoá-la de seres animados, pássaros, montes e montanhas, animais, etc., porém, não ficaram satisfeitos com essa condição de vida que não podia render-lhes culto nem homenagem. Ante o fracasso da Primeira Idade, criaram uma Segunda, na qual as carnes dos novos seres eram de barro úmido (como na antiga concepção hebraica). Estas criaturas, assim estruturadas, tampouco serviam, pois careciam de consistência, e se desfaziam em contato com as águas; sabiam falar mas não sentiam.
Destruíram os homens de barro e tentaram uma nova criação: os bonecos de pau tiveram filhos; todavia não tinham alma nem entendimento, não se lembravam de seu Criador, caminha vam sem rumo…” Um grande dilúvio causou a extinção desses “bonecos” da Terceira Era, e os deuses sentiram-se contrariados uma vez mais; ninguém sabia cantar-lhes, ninguém lhes prodigava Amor… “A escuridão tomou posse da Terra, o espetáculo era triste e sombrio; de repente uma luz confusa no horizonte… é Vucub-Caquix, semideus poderoso de riquezas, metais preciosos e pedras resplandecentes, que diz: “Agora serei o grande sobre os seres fabricados. Eu sou o Sol, a claridade, a Lua”.
Sua vaidade era tão desmedida que não percebeu que já existiam o Sol, a Lua e outras manifestações estelares que esperavam o amanhecer para tornarem-se evidentes. Duas jovens divindades, Hunahpu e Ixbalanqué assistiram a esta cena de soberba e vanglória, e seus puros corações não aceitaram tamanha injustiça; o destino de Vucub-Caquix era a morte, porque, se não, os futuros homens o tomariam como exemplo e “não deverão envaidecer-se pelo poder nem pelas riquezas”.
Aqui surge a Quarta Geração, onde as guerras e lutas internas acabam por exterminar a raça dos deuses inferiores que estavam na Terra, passando a ocupar seus devidos lugares no Céu, como estrelas.
Um novo ensaio é feito. Surgem do milho os homens sem pai e sem mãe, por puro prodígio de Hurakán. “Grande era sua Sabedoria, viam todos os objetos, visíveis e invisíveis”. (5). Agradeceram a Deus por estas coisas, e Deus ficou feliz.
Desta maneira nasceu a história do povo quiché.
Lia Liskin
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