Antes do nascimento de Jesus, havia basicamente três seitas no judaísmo: os Saduceus, os Fariseus e os Essênios. Entre estes três grupos talvez os Essênios são os que estão mais envoltos em mistérios, quanto a sua vida e suas atividades. Há três escritores da antiguidade que tem relatado sobre eles: Flavius Josephus, Plinius e Philon de Alexandria. A comunidade já estava ativa no tempo de Jonatan Makkabeus (160-142 aC) e seu desaparecimento coincide aproximadamente com a destruição de Jerusalém (70 dC).
Os Essênios
O desligamento dos essênios da principal corrente do judaísmo foi devido a atos de príncipes macabeus, o já citado Jonatan e também o sacerdote Simeon (142-134 aC).
Como estes eram também governantes, ditavam obrigações a todos, trazendo assim a antipatia geral, inclusive havendo perseguições por parte destes usurpadores. Desta forma muitos se negaram a compartilhar com eles. Conseqüentemente os essênios, mais exatamente seus líderes, os professores da verdade, foram perseguidos pelo grão sacerdote perverso e seus homens e se tornaram os profetas do apocalipse. A retirada dos essênios rumo ao deserto não foi somente simbólica, mas também fisicamente eles tiveram intenção de se afastar da corrupção em curso.
Flavius Josephus presta contas detalhadamente desta comunidade diferenciada e incomparável a qualquer outra. Fala de seu modo de vida, seus costumes e suas normas. Analisando estes detalhes relatados, conclui-se que são totalmente consoantes com a igreja do cristianismo primitivo. Segundo diversos historiadores – a história do cristianismo é na realidade a história dos essênios. Seus ensinamentos secretos tornam-se evidentes a partir de João Batista e mais adiante do surgimento de Jesus.
A origem dos Essênios é pouco definida, até mesmo de seu nome é duvidoso. Alguns relacionam seu nome a Enoch e o consideram o antecessor dos essênios. Segundo outros, o nome essênio se origina da palavra Ezrael. Eles eram os escolhidos, que Moisés levou à frente de Deus, antes de subir no monte Sinai, para receber os mandamentos de Deus, através de Moisés, a seu povo. Se a própria origem deste nome leva a tantas descobertas, é bem possível que a comunidade já existia desde tempos mais remotos, com diversos nomes.
Foi divulgada também a notícia de que os essênios eram uma pequena comunidade isolada nas proximidades do Mar Morto, só que isto não é verdade. Flavius descreve que em todas cidades eles tinham casas, através de toda palestina. Nestas casas ou pousadas, eles eram acolhidos em suas peregrinações, ganhando toda assistência e alimentação. Plinius lembra também de uma comunidade dos essênios que viviam as margens do Mar Morto, que era a comunidade de Qumram, mas também havia os essênios que viviam na Síria e no Egito. Os irmãos do Egito eram chamados de Therapeutas, os curadores. Segundo Edgar Cayce, famoso vidente, Maria, José, João Batista e o próprio Jesus eram essênios. Cayce descreveu precisamente onde e como viviam os essênios, que eles estavam espalhados pela Palestina e que o messias viria da comunidade deles. Isto tudo aconteceu onze anos antes de serem descobertos os manuscritos do Mar Morto.
Santo Agostinho concordava com Eusébio (265 dC), em que os Therapeutas do Egito eram cristãos, e que eram predecessores do cristianismo. Algumas escrituras sagradas do cristianismo se originam deles, ou seja, dos essênios.
O centro dos Therapeutas era na Alexandria, que também detém a maior biblioteca da antiguidade. Lá eles aprenderam a sabedoria da cura e conheceram a filosofia. Conforme Philon cita: Eles eram curadores, ascetas e filósofos, ao mesmo tempo. Sua visão da vida era a seguinte: “Não juntem riquezas na terra, mas sim no céu, onde nem as traças a podem roer e nem a ferrugem poderá destruir”.
Como alguém poderia ser um membro deles? Aqueles que queriam se ligar a eles, faziam uma promessa de fidelidade à comunidade e a seus princípios. O não cumprimento da promessa significava castigo e exclusão da comunidade. O noviço passava por um período de um ano de experiência, enquanto era observado cuidadosamente, até seguir para o próximo passo. Se nos dois anos seguintes passar em todas as provas, era considerado como membro efetivo da comunidade. A irmandade era dividida em quatro grupos: As crianças eram o primeiro, os noviços formavam o segundo e o terceiro. O quarto grupo eram os membros com plenos direitos. Segundo Josephus, eles levavam uma vida humilde, pois pensavam que os excessos e falta de medida eram prejudiciais tanto para o corpo quanto para a alma. Todos eram homens livres, não tinham empregados, nem muito menos escravos. Alguns viviam em família, outros celibatários. Na vida deles, os anjos tinham papel fundamental. As suas potencialidades extraordinárias e muitas vezes invejadas por seus conterrâneos, eram possíveis devido a uma intensa ligação que mantinham com os anjos. A relação e evolução deles floresciam tanto no plano espiritual como no material, graças a sua intensiva ligação com os anjos. Havia doze anjos que tinham um papel fundamental na vida deles. A integração destas doze forças era o caminho para a perfeição.
Havia seis Anjos da Mãe Terra:
Anjo da Vida
Anjo da Alegria
Anjo do Sol
Anjo da Água
Anjo da Terra
Anjo do Ar
Havia também os seis Anjos do Pai do Céu:
Anjo da Eternidade
Anjo da Criatividade(Trabalho)
Anjo do Amor
Anjo da Sabedoria
Anjo da Harmonia
Anjo da Força(Poder)
Nas manhãs dos seis dias da semana meditavam com cada um dos Anjos da Mãe Terra. Cada noite, por sua vez, com cada um dos Anjos do Pai do Céu. Na sexta à noite meditavam com o próprio Pai do Céu e no sábado de manhã com a Mãe Terra. Fazia parte também do rito diário também, feito sempre ao meio dia, uma cerimônia de paz.
Paz com o Corpo
Paz com o Reino do Céu
Paz com o Reino da Terra
Paz com o Universo
Paz com a Humanidade
Paz com a Família
Paz com a Alma
Uma curiosidade com relação a sua forma de pensar e sua fé é que reuniam princípios do judaísmo associados a diversas outras crenças. Acreditavam em um só Deus, na circuncisão e honravam rigorosamente o Sabbath. Mas da mesma forma, suas idéias tinham uma forte influência Persa, Pitagórica, Budista e Helenística. Eram capazes de sintetizar crença de diversas religiões e assim qualificar mais ainda sua forma de ser.
Em seus ensinamentos, havia princípios esotéricos e exotéricos, equilibradamente. Entre os ensinamentos mais fechados estavam: A Árvore da Vida, Unificação e os Sete Aspectos da Paz. Já os ensinamentos externos diziam respeito a Gênese segundo a Essênia, As Leis do Profeta Moisés, e o Sermão da Montanha. Dedicavam muito tempo a estudos dos manuscritos primitivos dos Caldeus, Persas, Egípcios, principalmente sobre cura e astronomia, entre outros temas. Todos os conhecimentos adquiridos eram utilizados em seus ensinamentos e ema favor da cura dos homens.
Acreditavam no Pai do Céu e na Mãe Terra e nos Anjos. Também acreditavam na Providência Divina, segundo a qual nada acontece ao acaso, qualquer que seja o acontecimento, pois nos desenvolvemos através deles.
“Seja feita a Tua vontade e não a minha, meu Senhor”.