criNo inicio era o verbo… e o verbo era deus…
E o verbo estava com deus,
E já não eram sós , ambos conjugavam-se entre si,
Discutiam quem seria a primeira e a segunda pessoa,
Quem era verbo… quem era deus,
A ação e a interpretação… quem era a parte e quem era o todo.
Deus (o pai, o filho e o espírito santo),
Era também o verbo (regular e irregular)
E todos questionavam-se sobre quem seria o sujeito
E quem seria o predicado,
Quem se conjugaria no pretérito e quem renunciaria
A forma “mais que perfeita”!

Deus era o verbo e o verbo era deus,
Conjugavam-se de maneira irregular… explicitando suas diferenças,
Reconhecendo os fragmentos e os complementos
Buscavam a medida certa
E assim… reconheceram-se uno…
Eu deus, tu deus, ele deus, nós deus, vós deus… eles deus
Somos dotados deste curioso poder,
Mudamos nosso significado, nosso signo,
Nosso comportamento e nossos conceitos
(que por sua vez chegam ate nós depois de se modificarem
Muitas e outras vezes!)
Temos uma ferramenta e tanto nas mãos, e nos pés…
Temos acorrentados nossos motivos de sobra pra relaxarmos
E acomodarmos com a vida que levamos agora…

O teatro mágico é o teatro do nosso interior…
A história que contamos todos os dias
E ainda não nos demos conta…
As escolhas que fazemos em busca dos melhores atos,
Dos melhores sabores,
Das melhores melodias e dos melhores personagens
Que nos compõem,
As peças que encenamos e aquelas que nos encerram…
… nosso roteiro imaginário é a maneira improvisada
De viver a vida…
De sobreviver o dia, de ressaltar os tombos e relançar as idéias,
O teatro nosso de cada dia…

Fernando Anitelli