Situações de agressividade e de maldade acontecem com todos nós. Alguns internalizam tal agressividade, outros já a descontam no mundo. Qual é o seu caso? É comum ouvir as pessoas reclamando da educação que tiveram. De fato, sabemos o quão negativo pode ser o nosso passado, a ponto de nos fazer muito mal. Contudo, enquanto estivermos vivos, é possível deixar o passado virar passado.
A infância refere-se apenas a um pequeno período de nossa vida e, quando crescemos, devemos questionar nossas verdades que recebemos do mundo, para termos uma vida melhor. Criamos boa parte do nosso sofrimento. É verdade. E acabar com ele depende que sejamos responsáveis por aquilo que pensamos e sentimos.
A grande virada, de deixada do seu passado, se caso for agressivo, é diminuir a sua importância. O que realmente importa não é a infância ou a forma como te trataram – nem mesma família e a religião devem ocupar um lugar tão primordial da forma como consideramos hoje. São questões secundárias e a mudança acontece quando nós mesmos, em nossa singularidade, nos colocamos como importância suprema.
Fazer isso não significa ser egoísta ou arrogante, pelo contrário, tal atitude traduz o reconhecimento do bem-estar individual para o bem-estar social. Devemos estar atentos à forma como reagimos às situações, ou seja, como respondemos às circunstâncias, pois isso é fundamental para não nos sentirmos vítimas de tudo.
Se, de alguma forma, vivemos em um mundo considerado atrasado, pelos aspectos éticos, então mudá-lo deve partir da tomada da responsabilidade individual. Se continuarmos culpando nosso governo ou os outros pela própria desgraça, ela nunca terá um fim. Assim, o que realmente importa é o que você faz hoje, no presente, com você mesmo e com aquilo que te fizeram. Você irá repetir todo o mal que fizeram com você? Irá continuar agindo como um oprimido ou escravo?
Tratar a si mesmo com amor é a verdadeira humildade, pois uma das piores condenações que podemos cometer é contra nós mesmos. Portanto, quebre o ciclo e não seja uma cópia das atitudes dos outros.
SARTRE, Jean-Paul – O ser e o nada – Ensaio de fenomenologia ontológica.