image5PQPelo: Professor Doutor Sylvio Panizza

No Brasil, a fitoterapia é uma prática consagrada pelo uso popular. Existe algum risco de efeitos colaterais nos tradicionais chazinhos da vovó?

Panizza:   Não existe não, porque você sempre utiliza água para fazer o chá e, todas as vezes que você utiliza água, não há tantos efeitos colaterais como quando usa solventes orgânicos, caso do álcool. A água não retira as substâncias tóxicas e, além disso, ninguém vai tomar um ou dois litros de chá.

O senhor se aposentou como professor da USP, mas continua ministrando um curso para a terceira idade, no setor de biociência da universidade, Que tipo de curso é esse?

Panizza:   A terceira idade já não tem aquela energia que a primeira idade tem, mas seus integrantes sabem o que querem. A terceira idade é o conhecimento e eles vão à universidade para aumentar mais esse conhecimento. Você sabe tudo? Não. Ninguém sabe. Você está sempre aprendendo, sempre se renovando. A terceira idade sabe muito: é a avó, é a tia… então, o professor aprende e ensina com eles. Nosso curso é principalmente sobre o emprego de vegetais na leitura do chá.

Como é que o senhor vê a situação da fitoterapia na universidade? Existe verba para a pesquisa nessa área?

Panizza:   Quando se trata de verba de pesquisa, a coisa é muito difícil, porque no Brasil o indivíduo que tem dinheiro não quer saber de investir em pesquisa. Onde é que ele vai investir? Armamento, bolsa… Não é isto? Você pode chegar a um empresário brasileiro e falar: olha, você não quer dedicar 1% do seu faturamento para a pesquisa? Ele não dá. O empresário brasileiro não tem essa vontade. Estamos tentando mudar essa mentalidade. Este professor é muito afeto à pesquisa básica, mas também precisamos fazer pesquisa aplicada; não adianta fazer 25 trabalhos   como este professor publicou   e no final tudo isso não servir para nada, Agora nós estamos fazendo a pesquisa básica com a pesquisa aplicada, porque assim você pode aproveitá-la melhor.

Mas hoje, ao que parece, vendo que produtos naturais dão retorno financeiro, muitas empresas estão começando a fazer esse tipo de aplicação…

Panizza:   De fato, o empresário brasileiro está se voltando para isso. Por que não? Agora, este professor só pesquisa vegetais brasileiros, Eu sou contra a introdução de vegetais que vem de fora, porque o nosso país tem um potencial muito grande. O que é que está faltando? Maior desenvolvimento, maiores pesquisas, assim por diante.
Nós dependemos de alguns vegetais que vêm de fora, mas o Brasil, pela sua biodiversidade, tem clima para tudo; cada vegetal tem seu lugar preferido, não adianta você querer introduzir um vegetal africano em Campos do Jordão. Na primeira geada ou vento frio que der, ele morre. Cada vegetal tem o seu lugar preferido, o seu habitat. Se ele cresce na base da montanha, por exemplo, e você quiser levá lo para a ponta da montanha, ele também não vai pra frente.

Alguns pesquisadores acreditam que plantas nativos da Amazônia seriam capaz de curar o Aids e o câncer, Existe no Brasil alguma pesquisa sendo desenvolvida nessa área?

Panizza:   Existe, mas nada concreto. Na verdade, não há vegetal capaz de combater um vírus. Nem na alopatia existe uma substância química que pode fazê-lo. O vírus tem uma capacidade de mudar muito grande   você o combate e daqui a pouco ele muda. O que se tem de fazer é aumentara resistência das pessoas, para isso é que nós trabalhamos. Então, o que eu faço com um indivíduo que vem com o vírus da Sida – sigla mais adequada para a Síndrome da Imuno Deficiência Adquirida? Nós vamos promover uma imunologia no doente pra ele mesmo se recuperar. Existe remédio para resfriado? Não, mas existe remédio para você promover uma recuperação imunológica do paciente. Essa é uma pesquisa que se verifica na Europa e no Brasil atualmente. Nós temos vários vegetais que promovem essa recuperação de forma muito rápida. Então, você tem de dar lhe um tratamento especial, na alimentação, nos vegetais. Você quer ver um vegetal bonito, que ajuda muito em problema de vírus? É o gengibre, um vegetal que promove uma recuperação de qualquer tipo de paciente.
Nós lançamos o livro “Plantas Que Curam   Cheiro de Mato”, que traz 142 vegetais, brasileiros e estrangeiros. Porque, na verdade, você não pode falar só de uma flora brasileira; existem aqueles vegetais que foram trazidos pelo colonizadores e que se adaptaram perfeitamente em determinadas regiões. Eu estive em Gramado e Canela (RS) e pude verificar que a colônia alemã e a italiana adaptaram ali vários vegetais provenientes de seus países de origem, como a celidônia, que é um dos melhores vegetais que nós temos pra corrigir o câncer hepático, uma hepatite; você recupera qualquer fígado com esse vegetal. Ele está adaptado na nossa região Sul, mas não adianta você levá-lo para o Nordeste. Cada região tem o seu equilíbrio, o seu vegetal que vai fazer a cura, vai mudar as pessoas a melhorar.

Ocorre hoje por parte do governo um controle rigoroso de produtos à base de ervas, para se evitar possíveis falsificações de remédios, por exemplo?

Panizza:   Existe um órgão que controla, mas como esse órgão pode funcionar? É difícil. O que precisa se ter é um pouco de honestidade no que se está fazendo, o que não existe. Há muitos desonestos no mercado e, quando a desonestidade impera, não adianta. Há atualmente na praça um produto que é para corrigir depressão, aumentar a resistência, o qual se diz que é feito com a erva de são João. Mas a erva de são joão européia não existe no Brasil. Aqui existe uma outra erva de são João, o Ageratum conizoydes. Como o nome popular de lá coincidiu com o nome popular daqui, eles estão vendendo como erva de são João, que é uma coisa completamente diferente. Por isso, o governo vem lutando para que, no rótulo, venha o nome genérico do produto; não se pode pôr o nome popular.

Em 1992, uma revista brasileira publicou uma nota afirmando que uma pesquisadora brasileira, a dra. Mariza Carlos da Silva, havia descoberto um composto fitoterápico capaz de curar o vitiligo. O senhor tem conhecimento disso?

Panizza:   O vitiligo é uma doença traumática, mais originária de um estresse, de um distúrbio neurológico, de um distúrbio neurovegetativo. Não há um vegetal específico pra curar o vitiligo, algo que vá pigmentar a pele do indivíduo. O que você tem de corrigir? Justamente os distúrbios neurológicos, os traumatismos do paciente. O importante no caso do vitiligo é o fígado; o fígado tem inúmeras funções, inclusive a de pigmentação da pele.

E é possível se conseguir uma volta da pigmentação?

Panizza:   Perfeitamente, desde que você promova o equilíbrio neurológico do paciente e ative a sua função hepática. Foi isso que aquela pesquisadora fez. Ela associou quatro ou cinco ervas: uma para o fígado, outra para os rins, uma calmante, etc.

De tempos em tempos, nós presenciamos o uso generalizado de uma determinada erva. Por exemplo, houve uma época em que se usava muito o ipê roxo; depois veio o confrei e, mais recentemente, tenho observado isso em relação ao ginseng. O que determina esse movimento de uso generalizado?

Panizza:   As ervas têm o seu valor medicinal, mas não é porque é uma erva que você vai utilizá-la. Por exemplo: você citou o uso de ipê roxo. Tem valor? Tem, e que valor medicinal espetacular, ele tem a sua indicação e não é todo mundo que pode utilizá lo; você pode ter uma certa alergia. O confrei também tem o seu valor medicinal, mas depende do paciente. Será que ele aceita o vegetal? É necessário saber se ele está precisando usar aquilo. Hoje, se fala muito da osteoporose. Colesterol é outro que vai matar todo mundo… Às vezes a gente está mal informada sobre o colesterol e a osteoporose. Quantas mulheres tomando cartilagem de tubarão, um monte de coisas…

E não resolve nada…

Panizza:   Não resolve nada porque ela não está precisando. Podemos fazer o teste. a gente coloca, por exemplo, a casca de ovo na mão do paciente e pergunta ao seu timo se ele precisa de cálcio (presente em grande quantidade na casca do ovo). Se o timo não abre, então ele não está precisando daquela substância; portanto, não adianta ele tomar cálcio.
Esse método chama se O Ring Test.

Esse teste teria alguma coisa a ver com freiras que vivem em Manaus?

Panizza:   Sim. São elas que estão usando isso.
 

Parece que essa técnica dá bons resultados…

Panizza:   Lógico, isso é medicina do terceiro milênio.

E quem criou esse método? 

Panizza:   Ele é de um japonês que vive nos Estados Unidos, o dr. Yoshiaki Omura, e no Brasil foi introduzido por Renato Roque Barth.

Ao que tudo indica, muitos remédios alopáticos poderiam ser perfeitamente substituídos por medicamentos à base de erva. Até que ponto a indústria farmacêutica impede o crescimento da fitoterapia no Brasil?

Panizza:   A indústria farmacêutica não impede o crescimento de nada. Ela não quer é investir nesse setor; ela prefere pegar o produto alopático, embalar e vender. Porque o produto fitoterápico tem de ter sempre uma retaguarda de cultivo, de controle, de estabilidade e de preparações. Para eles, não é vantagem vender um produto que dá todo esse trabalho; é mais fácil chegar na Hungria, na Iugoslávia, na Itália, comprar um produto já pronto e vendê-lo no Brasil. Mas a fitoterapia tem a sua função, assim como a alopatia e a homeopatia; cada uma delas pode ser útil. A fitoterapia não pode dizer que a alopatia vai acabar; os produtos alopáficos vão existir sempre. Mas eu perguntaria: você prefere tomar um vegetal ou um produto químico?

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         Um vegetal…Panizza:   Claro… E quantas pessoas nós temos ajudado com a fitoterapia, mesmo no caso do vitiligo, da psoríase, que é outro traumatismo terrível. Hoje o que está tendo muito é o vírus hepático, a hepatite A, a hepatite C   tudo isso a fitoterapia trata melhor do que a alopatia. Então, cada vegetal tem o seu lugar.

Somos, com certeza, um dos países mais ricos do mundo em termos de biodiversidade, concentrada sobretudo na Floresta Amazónica e na Mata Atlântica. O senhor acredita que as nossas leis ambientais são suficientemente fortes para nos garantir, no futuro, a posição de potência fitoterápica?

Panizza:   Eu sou contra mexer com árvore, não é na árvore que você tem o melhor medicamento; os melhores medicamentos estão sempre naquilo que é baixinho. Onde é que está o melhor veneno? Nos vidros pequenos. Nós não temos muitas árvores que podem ajudar nesse sentido. Quais são as árvores mais utilizadas? A árvore do quinino, por exemplo, que é importante e não pode ser destruída. O quinino é usado para combater a malária e não pode ser feito de forma sintética, tem de ser natural. Os americanos perderam a Guerra do Vietnã porque a malária matava os seus soldados. Como os sintéticos alopáticos não estavam funcionando, eles tiveram de vir rapidamente na colônia em busca da substância e destruíram quase todas as árvores para obter o quinino. Pois bem, sou contra mexer com árvores; o índio não destrói nenhuma árvore; ele aproveita o fruto, a folha… Você não deve derrubar a árvore para obter nenhum medicamento; se for mexer em árvore, você deve tirar só um galho, só o que vai ser usado, porque o ano que vem você vai ter de novo; se cortá-la, a coisa vai embora. E, na verdade, os melhores remédios são sempre feitos de vegetais herbáceos, arbustivos, não precisa ser árvore grande. Eu estive em Alta Floresta (PA) e pude ver uma castanheiro de 60 metros de altura. Isso não é um monumento? Se você derrubar uma árvore dessas   foi o que eu falei para o pessoal lá  , o que vai dizer para o seu neto? Que existiu uma árvore… Deixa a árvore lá. Você não a viu? Deixa o seu neto vê-la, não derruba não.

Qual seria o melhor solo em termos de fitoterapia?

PANIZZA   Tem de ser sempre um solo adubado com materiais orgânicos da própria decomposição. Por isso a Mata Atlântica é importante, porque ali as folhas  caem e cresce embaixo uma vegetação que nós podemos aproveitar.

   

Professor Doutor Sylvio Panizza…”uma vida dedicada ao estudo e pesquisa das plantas medicinais.”
O Prof. Sylvio Panizza desde muito cedo dirigiu suas pesquisas para o estudo das plantas e seu poder curativo.
Como farmacêutico-bioquímico, tornou-se professor universitário na área de Plantas Medicinais e fez carreira até tornar-se Professor Titular pela Faculdade de Farmácia e Bioquímica da Universidade de São Paulo. Hoje é considerado uma das maiores autoridades brasileiras na área de farmacobotânica. 
  É autor de numerosos trabalhos científicos e publicações em revistas especializadas na área de saúde.
Muito conhecido e respeitado por seu profundo conhecimento sobre plantas medicinais, costuma proferir palestras em universidades e escolas de todo o Brasil.
Participa ativamente de congressos, simpósios e seminários sobre fitoterápicos e suas aplicações.
Tornou-se nacionalmente conhecido devido ao sucesso do quadro “Cheiro de Mato”, que é produzido e apresentado por ele desde 1989, transmitido através da Rede Bandeirantes de Televisão.

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