– Tudo se manifesta no universo como polaridades.
a mulher é o mais sublime dos ideais. Deus fez para o homem um trono,
para a mulher um altar:
o trono exalta e o altar santifica.
O homem é o cérebro,
a mulher é o coração:
o cérebro produz a luz,
o coração produz o amor.
A luz fecunda, o amor ressuscita.
O homem é o gênio,
a mulher é o anjo:
o gênio é imaculável, o anjo é indefinível.
A aspiração do homem é a suprema glória,
a aspiração da mulher é a virtude extrema:
a glória promove a grandeza, a virtude a divindade.
O homem tem a supremacia,
a mulher a preferência:
a supremacia significa a força,
a preferência representa o direito.
O homem é forte pela razão,
a mulher é invencível pelas lágrimas:
a razão convence, as lágrimas comovem.
O homem é capaz de todos heroísmos,
a mulher de todos os martírios;
o heroísmo nobilita, o martírio purifica.
O homem é um código, a mulher um evangelho: o código corrige, o evangelho aperfeiçoa.
O homem é um templo,
a mulher é um sacrário:
ante o templo nos descobrimos,
ante o sacrário nos ajoelhamos.
O homem pensa, a mulher sonha: pensar é ter uma láurea no cérebro, sonhar é ter na fronte uma auréola.
O homem é o oceano,
a mulher é o lago:
o oceano tem a pérola que adorna,
o lago a poesia que deslumbra.
O homem é a águia que voa, a mulher é o rouxinol que canta: voar é dominar o espaço, cantar é conquistar a alma.
O homem tem um farol: a consciência,
a mulher uma estrela: a esperança.
O farol guia, a esperança salva.
Enfim, o homem está colocado onde termina a terra,
a mulher onde começa o céu…
Claro que entre os pares mais expressivos da manifestação estão o homem e a mulher, o sol e a lua, o dia e a noite, a luz e a sombra, e assim por diante.
Assim, o texto de Victor Hugo pode ser lido de 2 maneiras: o modo linear-discursivo, que chamo de modo “horizontal”, que se refere a realidade mais explícita e óbvia para o senso comum, realidade essa que os místicos qualificam como “ilusão”.
O outro modo é o comparativo-analógico, que eu chamo “vertical”.
Por analogia, vamos atingir planos e significações superiores, abstratas. Então, quando falamos do aspecto complementar da polaridade homem/mulher, não queremos nos referir a “realidade” estereotipada, mas antes à dualidade expressa no próprio ser individual, aspectos masculino e feminino dentro da mesma pessoa.
Bem no sentido das teorias de C. G. Jung, que nomeia essas forças interiores como “animus” e “anima”. Portanto, essa nossa colocação nada tem a ver com machismo ou feminismo.
Ao contrário, se fôssemos personalidades integradas, seriam completamente desnecessários esses tipos de conflito.
Outro modo de expressar essa dualidade seria enfocar a questão dos hemisférios direito e esquerdo do cérebro. A pessoa que rejeita sua dualidade ao invés de integrá-la jamais poderá encontrar a serenidade (ou mesmo a felicidade) neste plano de manifestação.
Giancarlo Salvagni
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