Onde fica o cemitério dos deuses mortos?
Algum enlutado regará ainda as flores dos seus túmulos?
Houve uma época em que Júpiter era o rei dos deuses, e qualquer homem que duvidasse do seu poder era ipso facto um bárbaro ou um quadrúpede. Haverá hoje em dia no mundo alguém que adore Júpiter?
E que fim teve Huitzilopochtli? Em apenas um ano — há apenas cerca de quinhentos anos atrás — 50 mil jovens foram mortos e sacrificados por ele. Hoje, se alguém se lembra dele, só pode ser um selvagem errante perdido nos confins da floresta mexicana.
Por falar em Huitzilopochtli, vêm-me à memória o seu irmão Tezcatilpoca. Tezcatilpoca era quase tão poderoso quanto o primeiro: devorava 25 mil virgens por ano. Levem-me ao seu túmulo: prometo chorar e depositar uma couronne des perles. Mas quem sabe onde fica esta? (…)
Arianrod, Nuada, Argetlam, Morrigu, Tagd, Govannon, Goibniu, Gunfled, Odim, Dagda, Ogma, Ogurvan, Marzin, Dea Dia, Marte, Iuno Lucina, Diana de Éfeso, Saturno, Robigus, Furrina, Plutão, Cronos, Vesta, Engurra, Zer-panitu, Belus, Merodach, Ubililu, Elum, U-dimmer-an-kia, Marduk, U-sab-sib, Nin, U-Mersi, Perséfone, Tammuz, Istar, Vênus, Lagas , Belis, Nirig, Nusku, Nebo, Aa, En-Mersi, Sin, Assur, Apsu, Beltu, Elali, Kusky-banda, Mami, Nin-azu, Zaraqu, Qarradu, Zagaga, Ueras.
Peça ao seu vigário que lhe empreste um bom livro sobre religião comparada: nele encontrará todos estes deuses devidamente listados. Todos foram deuses da mais alta dignidade — deuses de povos civilizados —, adorados e venerados por milhões. Todos eram onipotentes, oniscientes e imortais. E todos estão mortos.
H. L. Mencken
Obs.: Este não é o pensamento oficial do Imagick, mas está aqui, porque nos leva a ponderar sobre a volatibilidade das importâncias pessoais que por vezes se julgam eternas… E daqui a 10.000 anos – uma insignificância em termos cósmicos – o que sobrará de nossas importâncias e vaidades?
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