Em janeiro de 2006 fui convidada a palestrar da 3a. Convenção de Bruxas e Magos de Paranapiacaba. Junto comigo, amigos e outros irmãos do Tribos de Gaia participamos de diversas atividades, da apreciação de música, palestras, danças à uma deliciosa confraternização. Juntos, num fim-de-semana foi possível reunir muitas pessoas com diferentes crenças, porém com um foco comum: dividir e trocar experiências sobre crenças e práticas espirituais. Todos queriam ficar melhores e viver de uma forma mais ligada ao seu divino, a sua verdade.
E tudo isso me inspirou para escrever sobre o que na minha casa se chama O CAMINHO DO MÍSTICO.
Eu já conversei bastante com meu pai sobre as práticas que eu tenho e as que ele tem – que vale dizer, são distintas mas complementares. O interessante é que elas se convergem exatamente nesse caminho.
Quem é o Místico?
O místico é aquele que se guia em sua busca interior. Ele segura sua própria luz para andar seu caminho. É o Eremita do arcano 9. O místico compreende que o divino em sua totalidade de ser, de presença em tudo que faz parte da Criação, em que plano que seja. Ele percebe e divide com o mundo a multiplicidade de manifestações do divino e entende sua força criadora dentro de si mesmo.
O místico evoca “o deus de seu coração, o deus de sua compreensão”.
Sem dúvida, ele não aprende sozinho… aprende com todas as verdades, faz parte dos grupos, estuda profundamente as crenças e prática com esses, porém se encontra em sua própria iluminação e assim, segue seus caminhos, sem medo ou dúvida porque entende e experimenta o que ele tem a oferecer.
Por fim, o místico é um andarilho, um buscador que procura sua essência no que encontra e a traz para seu caminho. Como alguém que procura as melhores pedras, as que melhor se encaixam em sua estrada.
Eu me sinto e vejo assim meu caminho, minhas práticas. Dentro da minha vida de Bruxaria Italiana, eu percebo isso, como uma manifestação do que meus ancestrais fizeram e hoje me permitem fazer. Eles fazem parte da minha luz, me auxiliam a encontrar as melhores pedras para esse caminho… é uma linda estrada de pedras marrons.
Estar com as pessoas em Paranapiacaba me fez perceber isso com ainda mais clareza, pois estavam juntas muitas pessoas que estão muito certas do que querem e acreditam. Pessoas que podem, aos nossos olhos, pensar coisas que não existem ou estão incorretas. Pessoas que são literalmente “pixadas” numa roda ou outras por conta do que pregam. Sabemos que não é fácil lidar com o que não concordamos ou não conhecemos bem,mas é nosso dever enquanto caminhantes reconhecer os outros caminhantes e deixar que sigam com suas próprias luzes. Talvez pessoas me ouçam ou leiam meus textos e se identifiquem outras, encontrem total estranheza. Essa é a beleza do mundo, a compreensão como uma asa de borboleta… Cheia de cores e nuances e cada cor, única em sua presença, porém quando todas juntas tornam-se uma obra de arte da Natureza.
Precisamos mesmo aprender a assumir o que pensamos. Com o que concordo? Com o que não concordo? E, quando isso estiver muito claro, ouviremos o outro com ainda mais atenção, cuidado e respeito.
Finalmente, os outros praticantes de Bruxaria e Paganismo, são como eu e você, caminhantes que se tornam místicos. Seguros de suas práticas e livres para deixar que os outros sejam místicos também.
Carregamos nossa herança, nosso conhecimento e as nossas experiências dentro de nós e é com isso que contamos a medida com que o tempo passa. É a nossa viajem que requer paciência e aprendizado para que ela se realize em sabedoria e equilíbrio.
Que haja paz em todas as pontas do triângulo,
Stregheria – Vecchia Religione da Itália
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