Swami Yatiswarananda

Palavras de Sri : ‘É necessário que haja o despertar interno da alma para que se possa realizar a imperecível, imutável e única Realidade.’

Simplesmente ler e falar sobre verdades espirituais não é suficiente. Deve-se perceber diretamente a Luz interna. Como acontece esse primeiro despertar? Isso ocorre quando o discípulo é iniciado espiritualmente por um mestre iluminado.

Em todas as religiões existem ritos de iniciação que consistem em banhos, batismos, borrifos de água benta ou óleo, recitações de textos sagrados, rituais de culto, etc. etc. Essas práticas tornam os iniciados aptos para os privilégios especiais das comunidades religiosas, nas quais foram admitidos como membros. Essa iniciação formal é muito diferente da iniciação espiritual da qual estamos falando aqui.

Sobre a iniciação espiritual é que Jesus estava falando, quando disse: ‘Se um homem não nascer de novo, não poderá ver o reino de Deus’. Nascer novamente quer dizer experimentar um despertar espiritual; parar de se identificar com o próprio corpo e realizar-se como Espírito. ‘O que nasce da carne é carne; o que nasce do Espírito é Espírito.’ Mais tarde, São Pedro explicou o sentido desta passagem dizendo: ‘Nascer novamente, não de uma semente corruptível, mas da semente incorruptível, pela palavra de Deus, que vive e permanece para sempre.’ O guru é aquele que transmite a palavra de Deus. O poder de Deus vem através da palavra – que é o mantra, e pelo mantra vem o despertar do Espírito…

Na Índia temos o ideal do dvija, o nascido duas vezes. A palavra dvija também significa ‘pássaro’. Em primeiro lugar surge o ovo. Depois do ovo vem o filhote, que mais tarde se desenvolve em pássaro adulto. Nem todos os ovos são chocados, e nem todos os filhotes se tornam adultos. De modo similar, nem todas as pessoas atingem a realização espiritual. As pessoas estão em estágios diferentes de crescimento espiritual.

Um verso sânscrito diz: ‘Pelo nascimento natural um homem nasce como sudra – uma pessoa ignorante; através de ritos purificatórios ele torna-se um dvija – duas vezes nascido; pelo estudo e conhecimento das escrituras ele torna-se um vipra – erudito ou poeta; pela realização do Supremo Ser, torna-se um brahmana – conhecedor de Brahman’.

O propósito da iniciação espiritual é capacitar o indivíduo para que seja um verdadeiro brahmana – um conhecedor de Brahman. Diz o Upanishad: ‘Aquele que deixa este mundo conhecendo o Imperecível é um brahmana.’ Swami Shivananda, um grande discípulo direto de Sri Ramakrishna, disse-me certa vez: ‘Qualquer um que chegue a Sri Ramakrishna é um brahmana’.

A iniciação espiritual habilita o ser individual a se harmonizar com o Supremo Ser.

Um sábio chinês demonstrou o princípio da harmonia natural (Tao) deste modo: Ele apanhou dois alaúdes e afinou-os de maneira idêntica. Ele colocou um alaúde num quarto adjacente e então tocou a nota kung no instrumento que segurava.

No mesmo momento a nota kung soou no alaúde que estava no outro quarto. Quando tocou a nota chio no seu instrumento, a corda correspondente do outro alaúde vibrou, porque os dois instrumentos estavam afinados no mesmo tom. Ao mudar os intervalos em um alaúde os tons do outro ficavam dissonantes, fora do tom. O som estava lá, mas a influência da nota principal havia desaparecido. De modo similar podemos ler, pensar e falar. Mas tudo isso não terá valor algum a não ser que aprendamos a sintonizar nossas almas com a Alma Superior, Ser Supremo.”

(Extraído do livro: Meditation and Spiritual Life – Swami Yatiswarananda)

 

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