Um fetiche tem diferentes conotações de um encantamento ou amuleto, é uma parte integral da feitiçaria tribal. Um fetiche pode ser visto como um reservatório de poder mágico o qual é erguido após um longo período de uso contínuo, sendo ativado e recarregado cada vez que é usado com uma poção mágica. Um fetiche é, em certos casos, o totem ou o deus da tribo. Ele seria construído para servir a um propósito exclusivo como a proteção das propriedades da tribo ou como fetiche[1] dos caçadores. Em certos casos um fetiche estaria sob custódia do poder do líder da tribo e mantido dentro da cabana ou palácio da pessoa líder. Fetiches desse tipo foram perdendo a utilidade, de uma geração de líderes para as seguintes. Um fetiche é muitas vezes adorado da mesma maneira que os deuses ou espíritos da tribo e também é dado normalmente um nome mágico. Esta é outra distinção de amuletos e encantamentos. Um fetiche pode ser construído para servir a vários propósitos. Estes incluem o fetiche sendo consultado para propósitos divinatórios, no qual o deus que o fetiche representa é evocado para auxiliar na evocação[2]. Outra função mágica inclui o fetiche sendo especificamente feito para guardar pós, líquidos e outros feitiços ou amuletos. Neste caso em particular o fetiche é análogo a um reator que irá guardar o poder relevante para carregar qualquer objeto contido dentro ou colocado ao lado dela.

Fetiches são construídos geralmente de qualquer tipo ou quantidade de combinações de materiais utilizados também para construir amuletos e encantamentos, como a madeira, metais, argila ou ossos. O fetiche Kuba-Ngongo de caça ´Tembo´ é uma figura de madeira gravada com uma cabeça humana com três cornos externos protrair. Tembo tem cintas de cobre pelos seus olhos, nariz e fronte, é circulado com curtas durações de rastejantes e a base é coberta com faixas de tecido. Ele tem quarenta e oito centímetros de altura. Os Kuba-Ngongo usaram este fetiche para auxiliar e os proteger em todos os aspectos da caça; a pessoa feiticeira da tribo também usou Tembo para responder questões durante adivinhações relatadas à caça, indo para um transe para contatar o fetiche do espírito astral.

As pessoas feiticeiras do caos podem construir fetiches para agirem como servidores e deuses ou deusas se preferirem. Uma vez construídos eles podem ser modificados para elevarem tua personalidade. Por exemplo, penas de aves assim como aquelas das águias ou corvos tornam o duplo aetérico do fetiche voar, a espinha de um peixe dará a habilidade de explorar as profundezas de qualquer oceano e ossos animais ou humanos darão a ele a habilidade de explorar as profundezas de qualquer oceano e ossos animais ou humanos podem ser esmagados, para serem guardados numa pequena garrafa  ou pote, e colocados ao redor do pescoço do fetiche o espírito do animal ou da pessoa morta, dando ao fetiche elevada força vital.

A tribo Mbala era, no início do século, uma das tribos mais primitivas a habitarem a região do Congo na África. Suas peças de feitiçaria eram similares àquelas usadas pelos homens pré-históricos, estes sendo dentes, chifres e ossos. fetiches eram gravados primariamente pelas madeiras e poderiam ser carregados e ativados somente pelos Kisi, uma argila vermelha obtida de locais sagrados e paradeiros dos quais eram levados de geração a geração como uma herança mágica, fosse incluído na criação de fetiches. Uma vez que este tenha sido gravado, ao menos que tenha sido coberto com Kisi, ele não contém poder. Assim o uso de Kisi era um segredo mágico fundamental destes primitivos e poderosos feiticeiros. As pessoas feiticeiras Mbala colocariam Kisi num pequeno buraco gravado no tronco de uma árvore, isto ativando o espírito da árvore e esta era então considerada um fetiche vivo. Canibalismo era também parte da cultura Mbala; eles eram divididos em duas seitas distintas, os Muri os quais não comiam carne humana e os Fumu que comiam.

Os Muri tinham privilégios especiais, estes incluíram direitos a certas partes de qualquer animal morto durante a caçada e eram custódia exclusiva do uso mágico de plantas, ervas e pós. Os Muri também usavam rituais mágicos às crianças em suas iniciações como pessoa adulta. Os Muri eram também dos sacerdotes / sacerdotisa das pessoas Mbala. Um dos maiores feiticeiros dos Ba-Mbala doi Mwana N’gombe. Ele tinha três amuletos, adquirido de seus ancestrais os quais eram usados em todos os momentos, estes eram os braceletes[3], um machado e um capuz. N’gombe acreditavam que até mesmo ver o reflexo dos amuletos os mataria. Ele era também um especialista no uso dos Kisi na preparação de fetiches, encanto e amuletos e eram considerados como anciãos e feiticeiros excepcionais entre a seita Muri dos Ba-Mbala. fetiches dos Mbala seriam consultados tanto por um feiticeiro individual como por um par masculino e feminino. Os fetiches tinham Kisi esfregados neles enquanto a pessoa feiticeira iria num transe, gnose, para adivinharem a resposta para a questão formulada pelos clientes, ou para os auxiliar a resolver um problema em mãos. O fetiche era normalmente uma figura humana cravada, mas sem as aplicações de Kisi estes seriam somente vistos como um simples ornamento. Este é um exemplo primitivo do uso e aplicação mágica do poder natural extraído da terra, neste caso na forma de argila vermelha Kisi.

Você pode adaptar estas técnicas primitivas de feitiçaria e as usar em conjunção com seu próprio fetiche. Argila cinzenta Bretã em sua forma natural, cavado do solo pela pessoa feiticeira, pode ser esfregado sobre o fetiche durante diferentes tipos de operações de feitiçaria, para ativar certas partes do corpo do fetiche. Durante atividades de adivinhação, esfregue a argila no terceiro olho do fetiche, este sendo situado entre os olhos no centro da testa, logo acima da linha das sobrancelhas. Isto ativará o fetiche, habilitando-o a obter informações necessárias e lhe retransmiti-las enquanto em transe, o qual deve acessar após aplicar a argila devidamente. Durante as operações de feitiçaria de uma natureza sexual, a argila pode ser aplicada sobre a área dos genitais do fetiche. A pessoa feiticeira caótica pode criar um fetiche vivo pela adoção da prática Mbala de colocar alguma argila num buraco esculpido de uma árvore. Após ter feito isto, a pessoa feiticeira ativará o espírito da árvore e estará apto a usar esta para proteger a área ao redor durante operações subsequente no mesmo local; um pinheiro é excelente para este propósito. Uma vez que um pinheiro satisfatório seja descoberto e ativado pela tua argila e magia, este lhe servirá da mesma forma, por pinheiros serem adorados neste país por milhares de anos, até mesmo antes dos Druidas; ainda que apenas os poucos pinheiros mantidos na Bretanha já são fetiches, adormecidos, esperando por aqueles que conhecem como acordar os poderes deles.

O povo Iban do Borneo decorou esqueletos humanos, os usando como fetiche para guardar a alma sagrada da pessoa morta e protegem seus ancestrais. Um exemplo no Museu da Humanidade em Londres tem uma mandíbula chibatada, nariz desajeitado e os buracos dos olhos decorados com cascas de conchas. Os povos Mistecas e Astecas da América Central e do Sul normalmente decoravam o esqueleto humano para representar Tezcatlipoca, o deus patrono dos feiticeiros. Este deus era também conhecido como ‘Espelho Esfumaçado’ e o ‘Senhor do Céu Noturno’. Sacrifício humano, tão prevalecente na religião asteca, era também levado com muita honra deste deus. Alguns dos esqueletos das vítimas eram decorados, adorados e considerados poderosos fetiches, auxiliando as pessoas sacerdotisas astecas nas subseqüentes operações de feitiçaria. Baphomet, um dos deuses amplamente usados pelas pessoas feiticeiras, usado e adorado pelos Cavaleiros Templários na forma de um esqueleto humano. Um esqueleto humano é um poderoso fetiche e a pessoa feiticeira caótica moderna pode decorar um para representar sua vontade e obedecer aos seus comandos.

A tribo dos Baluba do Zaire construiu  um fetiche de seis cabeças o qual tem uma vasilha no meio da cabeça contendo imitação de um chifre de antílope feito de madeira, cinta de cobre e pele animal. Este é um exemplo de um fetiche para múltiplos propósitos, contendo amuletos e encantos a serem usados pela pessoa feiticeira Baluba quando necessário. O povo do Rio Sankuru usava uma substância mágica poderosa conhecida como bwanga, a qual estava contida em alguns fetiches. Um destes fetiches tem dentes cravados em sua face, um chifre contendo remédios, penas colocadas atrás da cabeça e tecido grosso cobrindo a parte inferior do corpo, com vinte e cinco centímetros[4] de altura.

Você pode criar um fetiche de múltiplos propósitos mais do que muitos a diferentes propósitos. Um fetiche deve ser visto como um deus ou espírito e o seu mais familiar se torna maior em seu poder com o fetiche. Pessoas tribais iriam dançar e bater em percussão para ativar o fetiche, entrando num transe para habilitar a comunicação para ser alcançado com o espírito do fetiche. O fetiche iria ser colocado num local sagrado durante certos rituais e celebrações. Interdependência sexual também pode ser realizada para honrar e ativar o fetiche e oferendas de todos os tipos, incluindo sacrifícios de sangue, eram levados adiantes para que então o fetiche iria completar seus requisitos.

Pode dar um nome ao fetiche randomicamente puxando um número pré-determinado de letras escritas em pedaços de papel de um pequeno buraco cavado no solo, ou indo a um transe para descobrir seu nome. Se as letras forem usadas, elas podem ser feitas num sigilo pela combinação deles numa representação pictórica do nome, na maneira descrita por Austin Osman Spare. Este sigilo pode então ser gravado ou desenhado com sangue sobre o fetiche.

Use teu fetiche habitualmente, o respeite como se fosse um deus, mas o controle. A pessoa feiticeira é a dona do fetiche, não deixe o fetiche te controlar – este é um ponto muito importante e uma negligência seria pelo teu próprio risco.

[1] Deus.

[2] Aleister Crowley evocou o deus Hru para auxilia-lo quando ele usou o baralho de tarô de Thoth.

[3] Mwena.

[4] 18 polegadas.

 

Fonte: Estudo de Caos & Feitiçaria de Nicholas Hall