Como resolver um conflito conceitual  entre duas correntes.

por: Adilson Marques

imageVC5Quando criou a expressão “espírita”, Kardec a utilizou em dois contextos: em um mais amplo, utilizava-a para identificar a manifestação dos espíritos e, em um mais restrito, para identificar o seguidor da doutrina espírita. No sentido mais amplo, Kardec classificou as famosas “mesas girantes” ou “mesas falantes”, fatos que chamou a atenção da comunidade européia do século XIX como manifestações espíritas e também escreveu um texto pouco conhecido chamado “o espiritismo entre os druidas”, onde comenta as manifestações de espíritos entre esse povo primitivo da Gália.

Hoje em dia, porém, com o fato do espiritismo ter se transformando, no Brasil, em religião (idéia que Kardec não compartilhava, pois via o espiritismo como ciência experimental), a expressão espírita perdeu seu contexto original mais amplo e passou a ser utilizada para identificar o seguidor da religião espírita.

Essa mudança de significado gerou confusões hermenêuticas (interpretação do sentido das palavras) no meio espiritualista. Citaremos um exemplo. Uma técnica de tratamento espiritual como a ‘Apometria’ que, numa interpretação kardequiana, poderia ser chamada de manifestação espírita, como Kardec se referiu às “mesas girantes”, aqui no Brasil gera enormes discussões para se saber se ela é uma prática espírita ou não. Aqueles que pensam o espiritismo como religião não a aceitam como uma “prática espírita”, apesar da manifestação dos espíritos. Aqueles que pensam com olhar científico, na linha proposta por Kardec, afirmam que a apometria é uma prática espírita, como também o foram as “mesas falantes”.  

Como o problema é apenas linguístico, basta abandonar o primeiro contexto da expressão “espírita” criada por Kardec e utilizar, em seu lugar, a expressão “espiritual”. O problema todo se resolve.  Assim, a apometria passa a ser um fenômeno espiritual, não importando se é espírita (religião) ou não. O mesmo pode ser dito em relação à Transcomunicação Instrumental, uma manifestação espiritual obtida, originalmente, por padres do Vaticano e hoje disseminada pelo mundo todo.

Assim, abandonando o contexto mais amplo da palavra espírita, restringindo-a somente para a identificação do seguidor ou do fiel da religião espírita, muito tempo deixa de ser perdido em discussões estéreis e cada um segue seu caminho em paz. O religioso faz sua pregação doutrinária tranqüilamente e o pesquisador das manifestações espirituais faz suas pesquisas com mais segurança, preocupando-se apenas com métodos e heurísticas, sem ter que prestar contas para o patrulhamento religioso.

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A transcomunicação instrumental é um recurso que permite a comunicação entre uma pessoa com um espírito por meio de aparelhos eletrônicos. Segundo os transcomunicadores, ela pode ser utilizada como prova científica de que realmente a morte não existe. Segundo Sonia Rinaldi, fundadora da Associação Nacional de Transcomunicadores –ATN-, o Brasil tem hoje os melhores resultados do mundo. Sonia passou a se interessar pelo assunto em 1988, quando freqüentava o Instituto Brasileiro de Pesquisas Psicobiofísicas –I BPP, dirigido então pelo falecido dr. Hernani Guimarães Andrade.

 

Adilson Marques
São Carlos, 22/01/2006
asamar@uol.com.br
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