Os Evangelhos Apócrifos mostram uma versão diferente das enunciadas 
pela Igreja Católica na questão sobre Jesus Cristo em sua vida é em seus ensinamentos.
Manuscritos de Nag Hammadi

Numa pequena localidade, no Alto Egito, em Nag Hammadi, onde, em 1945, o camponês Muhamad Ali Salmman, encontrou um grande pote vermelho de cerâmica, contendo treze livros de papiro encadernados em couro. 

No total descobriram cinqüenta e dois textos naquele sítio.

Na primeira análise, para surpresa do Dr. Quispel, a primeira linha traduzida do copta foi: “Essas são as palavras secretas que Jesus, O Vivo, proferiu, e que seu gêmeo, Judas Tomé, anotou”.

Os manuscritos, hoje conhecidos como Evangelhos Gnósticos, ou Apócrifos (Apocryphom — literalmente livro secreto), revelam ensinamentos, apresentados segundo perspectivas bastante diversas daquelas dos Evangelhos Oficiais da Igreja Romana; como por exemplo, este trecho atribuído a Jesus, O Vivo: “Se manifestarem àquilo que têm em si, isso que manifestarem os salvará. Se não manifestarem o que têm em si, isso que não manifestarem os destruirá”.

Além dos Evangelhos (ensinamentos atribuídos a Jesus Cristo através de seus apóstolos) outros textos compõem o legado de Nag Hammadi, de cunho teológico e filosófico.

Os papiros encontrados em Nag Hammadi, tinham cerca de 1.500 anos, e eram traduções em copta de manuscritos ainda mais antigos feitos em grego e na língua do Novo Testamento, como constatou-se, ao verificar que parte destes manuscritos tinham sido encontrados em outros locais, como por exemplo alguns fragmentos do chamado Evangelho de Tomé. As datas dos textos originais estão estimadas entre os anos 50 e 180, pois em 180, Irineu o bispo ortodoxo de Lyon, declarou que os hereges “dizem possuir mais evangelhos do que os que realmente existem”.

Acredita-se que os manuscritos foram enterrados por volta do século IV, quando na época da conversão do imperador Constantino, os bispos cristãos, passaram ao poder e desencadearam uma campanha contra as heresias. Então, algum monge do mosteiro de São Pacômio, nas cercanias de Nag Hammadi, tomou os livros proibidos e os escondeu no pote de barro, onde permaneceram enterrados por 1.600 anos.

Os Evangelhos Apócrifos São:— Pseudo Epigrafo de Genesis; Primeiro Livro de Adão e Eva; Livro de Melquisedeque, Livro de Enoque, Evangelho de Filipe; Evangelho de Bartolomeu; Evangelho de São Pedro 1 e 2; Evangelho de São Tomé; Evangelho de Tiago; Evangelho de Madalena; Evangelho Segundo Judas; Evangelho Segundo Bartolomeu; Primeira e Segunda Carta de São Clemente aos Corintios; Evangelho — O Pastor de Hernas; Evangelho — A Natividade de Maria; Evangelho — O Apocalipse de Pedro; Evangelho de Agrapha; Evangelho de Nicodemos 1 e 2; Evangelho Gnóstico de São João; Evangelho de João — Passagem Santa Mãe de Deus; Evangelho Segundo Marcos; Epístola de Laodicenses; Epistola de Policarpo aos Filipenses; Epístola de Diognet; Epístola de Barbate; Atos do Apóstolo Tomé; Carta ao Rei Abgaro; A doutrina dos Apóstolos; a História do Universo; Carta de Publius Lentulus 1 e 2; Sophias de Jesus; Didaque; Salmos de Salomão; Apocalipse das Semansd de Enoch; Atos de Tecla; A Instrução dos Doze Apostolos; Orações Mágicas dos Essênios; Oração de Manasses; Declaração de José de Arimatéia, entre outros.  

Manuscritos do Mar Morto

A doutrina que João pregou no deserto já era conhecida dois séculos antes. Alguns judeus particularmente piedosos (os Hassidim) admitiam estar próximo o fim do mundo, por acreditarem no que dizia o livro dos Macabeus (I. Mac. 1,2). 

Os judeus tiveram sempre pouca sorte com os estrangeiros. Depois do exílio da Babilónia vieram os Persas. Alexandre venceu-os em 333 a.C. e repartiu o Império. Duzentos anos antes da era cristã os Sírios conquistaram o poder na Judéia. 

Os Hassidim protestaram contra a impiedade do seu tempo. Perseguidos, abandonaram as aldeias e refugiaram-se no deserto, entre Jerusalém e o Mar Morto, num local chamado Qumram. São os antepassados dos Essénios.

Alguns desses Essénios separaram-se do movimento, cheios de cepticismo. Deram origem à seita dos Fariseus. 

O estudo comparado dos manuscritos do Mar Morto, como ficaram conhecidas as produções literárias dos Essénios, e do Novo Testamento, estabelece a existência, não de simples coincidência, mas de uma evidente dependência direta deste, no que toca às palavras, às idéias e às próprias doutrinas. 

Estes manuscritos, descobertos entre 1947 e 1956 foram, na sua maioria, escritos antes da era cristã e guardados em rolos, dentro de vasilhas de barro. Só alguns foram redigidos depois da morte de Jesus. A maior parte dos manuscritos do Mar Morto foram escritos com tinta sobre pele de carneiro. Geza Vermes, um estudioso bíblico da Universidade inglesa de Oxford, considera ser “Um escândalo académico que aproximadamente 300 rolos, dos cerca de 1000 que foram descobertos, ainda não tenham sido revelados”. 

Muitos destes manuscritos estão guardados em diversas universidades, em Israel, Estados Unidos, França e Inglaterra.   

A língua usada nos manuscritos é o aramaico, uma língua morta.

A crescente ansiedade dos estudiosos bíblicos relaciona-se com a desejada prova da ligação de Jesus à Ordem dos Essénios, particularmente depois dos 13 anos, a identificação histórica de Jesus e a confirmação da dependência do Novo Testamento desses manuscritos. A sua divulgação tem sido dificultada por razões não exclusivamente técnicas. 

O ano originalmente combinado para a divulgação do conteúdo dos manuscritos era 1970. Depois, os israelitas prometeram a sua publicação para 1997. As justificações para esta demora são essencialmente três:
 
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1.Conteúdo espetacular para a fé judaico-cristã, abalando eventualmente as estruturas hierárquicas religiosas. O escritor americano Edmund Wilson fundamentava esta hipótese referindo a conhecida tentativa de minimizar a importância dos manuscritos. 
2.Interesse das várias universidades (israelitas, francesas, americanas e inglesas) em monopolizar o estudo destes documentos. 
3.Dificuldades financeiras. 
    
Os Evangelhos Apócrifos mostram uma versão diferente das enunciadas pela Igreja Católica na questão sobre Jesus Cristo em sua vida é em seus ensinamentos.

Os Evangelhos Apócrifos eram aceitos por diversas comunidades católicas de todo o Império Romano e a definição dos evangelhos  que seriam verdadeiros e os tidos apócrifos começou com o Imperador Constantino (272-337) e terminaram com o Decreto Gelasiano (492-496).   

O Fundamentalismo religioso da Igreja Católica varreu e queimou grande parte destes evangelhos tidos como apócrifos e perseguiu  implacavelmente no decorrer dos séculos os ensinamentos que eram contra a Cúria Romana. 

Acredito que as palavras do Nazareno foram sufocadas pelo imediatismo ou pela política dos poderosos de todas as épocas, aonde a bíblia e seus escritos tinham que se amoldar a Teologia dominante da Igreja Católica, mas os ecos da verdade que são representados pelo Sermão da Montanha, representam a essência das palavras de Jesus Cristo de Nazaré.

Manoel Carlos Buzzo 
é assessor parlamentar em Pitangueiras.