image20KCasanova é um personagem que sempre que surge na tela torna-se logo um sucesso de bilheteria. O filme de Commencini conta sua infância tumultuada em Veneza, e o de Felini transforma-o num amante da sedução, que fascina todo o mundo ocidental de seu tempo.

No entanto, além de suas proezas sexuais, a sua faceta de ocultista, frequentemente esquecida, era o que mais o caracterizava.

Casanova não foi apenas um ginasta do sexo, como o apresenta Felini, porém muito mais um representante do Século das Luzes, época em que o culto do demônio, a magia, a feitiçaria e as ciências esotéricas apaixonavam as cortes europeias. É, tendo em vista esse período histórico a que pertenceu, onde o enxofre tinha cheiro de heresia, que se deve colocar a fantástica vida deste homem.

Filho de atores de uma insignificante companhia de segunda classe, Giacomo Casanova nasceu em Veneza, em 1725, em uma sombria e pequena casa ao lado de um velho teatro.
 

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Desde pequeno demonstrou viva inteligência, motivo pelo qual seus pais o destinaram ao sacerdócio, único caminho então existente para os intelectuais pobres. Mas ao mesmo tempo era dotado de uma enorme fraqueza pelo sexo oposto e pelos jogos de azar, o que tornava o sacerdócio incompatível com suas inclinações. Assim, ao entrar para o exército, tornou-se músico menor e entregou-se à sua verdadeira vocação: aventureiro e sedutor.

Casanova era muito jovem quando começou a ter relações com a magia. Por ser de natureza frágil e sofrer de hemorragia nasal, sua avó o levou um dia a uma feiticeira que o fechou num baú, onde foi iniciado através de estranhas divagações e encantamentos. Desde então ele se entregou aos estudos da cabala e da astrologia, mais para aprender truques que o tornassem atraente, do que em função de uma educação espiritual. De fato, ele se transformou num jovem robusto e saudável.
 

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Sua primeira, experiência como mago foi em  I746, quando curou, através de estranhos tratamentos, um senador veneziano que havia adoecido subitamente. Desde então começou a usar seus dons sobrenaturais para abusar de seus contemporâneos.

O mais astuto de seus truques foi aplicado na famosa marquesa de Urfé, mulher apaixonada pela magia negra e que aos 50 anos tinha a idéia fixa de querer se reencarnar em um homem. Em suas memórias ele escreveu hipocritamente: “Se eu acreditasse que era possível devolver a razão a madame Urfé, penso que talvez tivesse tentado isso. Mas estava convencido de que sua loucura era irremediável e considerei que o mais prudente era entusiasmá-la com suas próprias loucuras e tirar proveito disso”.
 

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De fato, depois de ter se tornado um habitual visitante dessa marquesa, Casanova comprou uma luxuosa residência em Paris, onde vivia como um nobre, organizando constantes recepções.

Em outra ocasião levou um rico dono de terras a acreditar que ele era capaz de descobrir tesouros com a ajuda de espíritos. Para isso pediu a presença de uma virgem que deveria se submeter a certos rituais de banhos. Desta vez, entretanto. depois de tudo preparado, Casanova ficou paralisado dentro de um círculo de giz durante duas horas. Parece que a virgindade da jovem estava protegida. . .
 

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Todas essas práticas não podiam permanecer sempre impunes. Casanova teve inúmeros problemas com a polícia e a Inquisição. Em 1756 foi denunciado e preso. No entanto a incrível sorte que o acompanhava, mais uma vez tirou-o da prisão de uma maneira inédita.

A sorte de Casanova abandonou-o no final de sua vida, no momento em que seu êxito com as mulheres começava igualmente a declinar. Desde que a cortesã Chapillon resistiu a ser seduzida, Casanova começou a perder a imutável confiança que tinha em si mesmo. E, junto com a fé em si mesmo, o aventureiro perdeu também seus dons de mago.

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