Cantinho do Titio

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 ALEISTER CROWLEY

Um homem cuja vida sempre esteve simultaneamente compartilhada por genialidade e loucura, por criação e destruição, amor e ódio, encanto e desafeto. Que mistérios estarão ocultos na vida e obra desse homem cujo propósito sempre esteve muito além de todo o dogma e de qualquer moral, além de todo êxtase, de toda vida e morte. Talvez poucos tenham as respostas e conheçam os motivos que moveram o pior homem do mundo a reviver o Culto das Sombras. 
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APRESENTAÇÃO

O ano de 1875 e.v.(1) certamente foi de grande importância para o estudo do simbolismo esotérico. Entre tantos e vários acontecimentos nesta época ocorridos, podemos destacar: a morte de Eliphas Levi, a fundação da Sociedade Teosófica e a primeira publicação de Ísis Revelada por Helena P. Blavatsky. Nesse mesmo ano nasceram Carl G. Jung e de Albert Schweitzer. Além disto, este mesmo ano testemunhou todo o movimento de grandes Ordens Ocultas que nos legaram boa parte, senão tudo, daquilo que hoje é conhecido como Tradição, esoterismo etc. 
Um outro fato porém, viria, depois, consolidar-se como um dos mais importantes relacionados à história do ocultismo mundial: o nascimento, na Inglaterra, de Edward Alexander Crowley (1875-1947), mais conhecido como Aleister Crowley. 

Mas quem é Aleister Crowley? 

Aleister_Crowley_Muito já foi escrito a respeito dessa singular figura que, considerando-se um Santo, foi tido o mais perverso homem da face da terra; desse homem, cuja vida sempre esteve simultaneamente compartilhada por genialidade e loucura, por criação e destruição, amor e ódio, encanto e desafeto; cujo propósito sempre esteve além de todos os dogmas, todo êxtase, além de toda vida e morte. Crowley, segundo suas próprias palavras, um Himog(2), paradoxalmente a este conceito, adotou, quando assumiu o Grau de Magus da A.’.A.’., o Mote TO MEGA THERION (A Grande Besta, ou, simplesmente, como passou a ser conhecido, Mestre Therion), que sintetizaria a razão de sua existência e o propósito de seu trabalho, sendo essa a divisa com qual viria a se tornar o maior Mago do século XX. Sim, muito já foi escrito sobre sua pessoa e existe tanto material de qualidade a respeito, quanto tolices e absurdos(3). Tanta é a variação de opiniões que, por vezes, o trabalho de pesquisa sobre sua biografia se revela difícil ao extremo. Entretanto, mesmo sendo imenso o volume de material disponível, curiosamente, em português, nossa língua natal, pouco, ou quase nada, consta referindo-se a Aleister Crowley. Tudo a respeito de sua biografia (ou hagiografia, como ele preferiria enfatizar), ou mesmo de sua obra, está à mercê de um não favorável crivo editorial que vem, insistentemente, negando espaço aos trabalhos dos estudantes da Lei de Thelema. Apesar dessas fortes resistências continuarem se antepondo à possibilidade de apresentar a Obra de Crowley, agora, após muito trabalho, já vislumbramos hipóteses contrárias… 
Então, aqui intentamos não só apresentar ao público interessado um resumo biográfico de Aleister Crowley, mas também mostrar como o trabalho desse Mago influenciou e continua influenciando diversos segmentos do ocultismo internacional. 

ALEISTER CROWLEY – UM ESBOÇO BIOGRÁFICO 

Na última hora do dia 12 de outubro de 1875, em Leamington Spa, Warwickshire, Inglaterra, nascia Edward Alexander Crowley(4). 
Sua infância esteve marcada por rígidos padrões de comportamento impostos por seus pais, Edward Crowley e Emily Bishop, ativos membros de uma extremada seita Cristã chamada Irmandade de Plymonth (fundada por John N. Darby). Seu pai, um rico cervejeiro aposentado, e fanático Irmão de Plymonth, fez com que Crowley, ainda criança, freqüentasse a sua seita, forçando-o a diversas leituras da Bíblia Cristã e acostumando-o à vida religiosa da Irmandade. Este fato, muito embora viesse ser de grande valia bem mais tarde, quando da compreensão dos Mistérios com os quais esteve em contato, naquele momento apenas fez nascer na criança que se formava, uma intensa repulsa quanto a dogmas, em espécie aqueles de natureza “cristã”. Outro fator que, certamente, muito contribuiu para a formação moral de Crowley, não só em sua infância como também na juventude, teria sido aquele bem conhecido e tradicional jeito de vida inglês da época vitoriana. 
Em 1886, com o falecimento de seu pai, Crowley fica sob os cuidados de seu tio e tutor Tom Bishop. Tamanha era a crueldade de seu tio, que Crowley referiu-se a este período de sua vida como “A Infância no Inferno”. 
Em sua adolescência, a busca por aventuras o conduziu ao alpinismo. Praticou com afinco esse esporte, chegando a destacar-se no mesmo. Sua carreira de alpinista chegou ao ápice nos anos de 1902 e 1905, quando participou das primeiras tentativas de escalar o Chogo Ri (K2) e o Kanchenchunga, duas das maiores montanhas do mundo, situadas no Himalaia. 
Estudou, destacando-se em todas as disciplinas, em Trinity College, Cambridge, onde ficou no período de 1895 a 1898. Nesta época, Crowley, leitor voraz, estudou intensamente, incluindo tudo de importante que havia da literatura inglesa, francesa, além de diversas outras obras em Latim e Grego clássicos, inclusive filosofia e alquimia; se dedicou a canoagem, ciclismo, montanhismo e xadrez, atividade esta em que ganhou notoriedade e que exerceu por toda sua vida. Praticando o montanhismo, Crowley viria a conhecer um homem o qual passou a admirar profundamente: Oscar Eckenstein. Eckenstein, que, segundo Crowley, era um singular exemplo, sem igual em dignidade e nobreza, ensinou-lhe (por hora) o alpinismo. Alguns anos depois, Eckenstein demonstraria que seu conhecimento não se limitava apenas à conquista de elevadas montanhas. 
Em Cambridge, seu espírito, como era bem próprio à natureza da Besta, ansiando por um volume maior de conhecimento e aventuras, encontrava-se perturbado com a insubstancial perspectiva futura. Em 1898, antes de sua graduação, Crowley abandona os estudos para se dedicar a algo não comum e de maior profundidade do que o oferecido por uma promissora carreira acadêmica. 
Mas o que exatamente seria este algo mais profundo? 
Por volta de 1896, Crowley havia iniciado a leitura de alguns livros sobre magia(5) e misticismo. Algo começava a tomar forma dentro de seu inquieto ser; porém a leitura de Nuvem sobre o Santuário(6), obra lhe recomendada por Waite, é que faz com que Crowley decida dedicar sua vida ao estudo do Ocultismo e da Magia, e empenhar-se com afinco no sentido de encontrar a Grande Fraternidade Branca(7) mencionada no inspirador livro de Eckhartshausen. E aqui começa a carreira mágica de Aleister Crowley(8). 
Em 1898, através de dois amigos, Julian Baker e George Cecil Jones (respectivamente Frati D.A. e Volo Noscere, ambos membros da G.’.D.’.), Crowley é apresentado a Samuel Liddell “MacGregor” Mathers (1854-1918), Frater Deo Duce Comite Ferro, um dos lideres da Ordem Hermética da Aurora Dourada (The Hermetic Order of the Golden Dawn, mais conhecida pela sigla G.’.D.’.), uma das mais influentes Ordens do final do século passado, que proporcionou a Crowley sua primeira Iniciação e o contato com os primeiros mistérios mágicos que tanto procurava. 
A G.’.D.’. fora fundada pelo próprio Mathers, junto com William Winn Westcott (1848-1925), Frater Non Omnis Moriar, e William Robert Woodman (1828-1891), Frater Vincit Omnia Veritas, em 1887. Segundo seus fundadores, a existência da G.’.D.’. era devida à orientação e à ordem de uma alta iniciada alemã chamada Anna Sprengel (Soror S.D.A., Sapiens Donabitur Astris), que autorizara a abertura de uma Loja na Inglaterra que representasse a suposta Ordem ancestral a qual pertencia(9). Diga-se de passagem que, a G.’.D.’., mesmo levando em conta o possível conciliábulo de sua criação, constitui uma das mais importantes Ordens jamais inventadas pelo espírito humano, conseguindo reunir em seu corpo de iniciados a nata da intelectualidade inglesa e européia da época. Nomes como o prêmio Nobel de Literatura em 1923, Willian Butler Yeats, além de Gustav Meyrink, Florence Farr, A. E. Waite, Sax Homer, Bram Stocker(10), F. L. Gardner, Arthur Machen, o próprio Crowley e tantos outros, pertenceram a esta notável organização. 
Crowley, iniciado por Mathers em 18 de novembro de 1898, ao Grau de Neophytus (0o=0), tomava, como Mote mágico, o nome de Perdurabo (eu perdurarei até o fim), iniciando, assim, seus estudos na G.’.D.’., tendo como primeiro Instrutor Frater Volo Noscere. Em dezembro do mesmo ano, Crowley atinge o Grau de Zelator (1o=10). 
Sua capacidade de assimilação de conhecimento e sua dedicação ao estudo e a prática do Ocultismo o conduziram, agora sob a instrução de Frater Iehi Aour (Allan Bennett), a ascender rapidamente aos Graus subsequentes da G.’.D.’.; assim, respectivamente em janeiro, fevereiro e maio do ano seguinte, em 1899, Crowley conquistou os Graus de Theoricus (2o=9), Practicus (3o=8) e Philosophus (4o=7). Bennett, considerado por Crowley um autêntico Guru, o ensinou várias técnicas mágicas oferecidas pela G.’.D.’., técnicas como Cabala e Magia Cerimonial, consagração de Talismãs, evocação de Espíritos, etc. 
Este período de sua vida foi fortemente marcado por duas atividades principais. Quando Frater Perdurabo não estava estudando ou praticando, Crowley, sob o pseudônimo de Conde Vladmir Svareff ou Aleister MacGregor, custeava as edições de seus escritos (normalmente algum tipo de pornografia ou poesia), além de cultivar uma intensa vida sexual, a qual escandalizou alguns membros da G.’.D.’.. Sua grande atividade e principal preocupação, no entanto, continuava a ser a Magia. 
Entretanto, e isto deveu-se menos aos escândalos promovidos por Frater Perdurabo do que ao ciúme e inveja de certos Adeptos londrinos, e mesmo Crowley tendo demonstrado capacidade e talento em magia, sua iniciação à Segunda Ordem(11) fora negada, em fins de 1899, pelos chefes da seção inglesa da G.’.D.’.. Nesta época, Mathers, agora único líder da Ordem, residia em Paris. 
Mesmo contrariando a opinião dos líderes londrinos, em 16 janeiro de 1900, em Paris, Mathers, fazendo valer sua autoridade dentro da Ordem, inicia Crowley ao Grau de Adeptus Minor (5o=6), sob o Mote Parzival. Talvez aqui tenha sido o inicio da ruína da G.’.D.’.. Pouco antes de sua iniciação, seu grande amigo e Instrutor, Allan Bennett, decide partir para Ceilão, e tornar-se monge Budista. 
A insatisfação dos membros da G.’.D.’. com Mathers já era mais que um fato nessa época. Provavelmente o caso Crowley tenha servido como impulso e álibi necessários para o grupo londrino, liderado por Yeats, entre outros menos conhecidos, declarar-se independente de seu mentor e líder, MacGregor Mathers. 
O que se seguiu após a rebeldia londrina resultou em histórias fantásticas de ataques mágicos envolvendo Crowley e uns demônios versus Yeats e, é claro, mais demônios. Depois o próprio Mathers teria entrado na briga, junto, evidentemente, com uma outra legião de encapetados amiginhos. Mas essa estória não escapa nem a mais tola crítica. O fato é que Crowley e Mathers ficaram praticamente sozinhos, e a outrora grande G.’.D.’., agora conduzida pelos auto-proclamados novos chefes, ia progressivamente implodindo, ou se esfacelando, resultando num sem número de Ordens Cristianizadas, sem o élan da G.’.D.’.(12) original. 
Crowley, que abandonara um importante trabalho mágico(13) para ajudar Mathers, vê-se só. Parte para Nova York e depois vai para o México. 
tumblr_lxy15qJseT1qglsqqo1_250A estadia no México constituiu um período bem produtivo a Crowley. Além de Tannhauser, escrito em ininterruptas 67 horas, conseqüência de uma bem sucedida opera Sexualis, esse período na América Central representou uma decisiva conquista no magista que se formava. 
Foi apresentado a Don Jesus Medina, um dos altos chefes da maçonaria local, Rito Escocês, que, de tão impressionado por aquele singular figura, não tardou em convidar Crowley para iniciar-se em sua Loja. Como hábito, Crowley rapidamente alcançou o mais alto Grau do Rito. 
Mas a chegada de seu amigo e mentor, Oscar Eckenstein, é que daria novos rumos a seu aprendizado. Eckenstein, revelando-se, para a surpresa de seu pupilo, um grande instrutor, demonstrou que Crowley não tinha controle sobre seus próprios pensamentos, qualificando sua atitude para com a magia como apenas mera fascinação romântica. A partir daí, Crowley decide dar um tom científico a seus experimentos, estudando com Eckenstein, uma série de métodos de controle mental. 
Após algum tempo de escaladas e treino mental, Crowley parte para o Oriente, para se encontrar com Bennett, seu antigo instrutor, no Ceilão. Antes, entretanto, combina, com Eckenstein, a escalada do K2, no Himalaia, a se realizar na primavera de 1902. 
Bennett, agora Bhikku Ananda Meteya, que aprendera Yoga e Budismo, instrui Crowley nestas disciplinas. 
No outono de 1902, após e expedição ao K2, Crowley retorna a Paris. Seu novo encontro com Mathers o decepciona a tal ponto que só lhe restou a boêmia vida parisiense. Retorna a Boleskine em 1903 e então, procurando algo suficientemente prosaico para si, intitula-se Lorde Boleskine. Neste mesmo ano, casa-se com Rose Kelly. 
Mas o ano seguinte revelaria a Crowley o mistério que o acompanharia até seu último momento: A Lei de Thelema. 
Casado com Rose Kelly, de acordo com Crowley, “uma da mais brilhantes e inteligentes mulheres do mundo”, viaja pela Europa e Egito. E no Cairo, após uma série de Rituais e Invocações, um ser, identificando-se como Aiwass, transmite a Crowley, nos dias 8, 9 e 10 de abril, o Liber Al vel Legis ou, como passaria a ser conhecido, O Livro da Lei(14). Àqueles que conhecem todo esse processo, é significativo saber que esse extraordinário livro foi o primeiro escrito de Crowley, de cunho místico-mágico. 
Entre tantos significados, Liber Al vel Legis proclama o fim de uma era, ou Aeon, marcada pelo sofrimento, pela intermediacão entre Deus e o homem, pelo deus sacrificado etc. Em seu lugar, nascia a época do deus de alegria, onde o homem teria a liberdade de realização de sua própria vontade. A epígrafe “Faze o que tu queres deverá de ser o todo da Lei”, contida em Liber Al e utilizada nos escritos de natureza thelêmica, sintetiza a própria regra de conduta a ser tomada como tônica do Aeon nascido. 
Essa experiência, levou Crowley a assumir o Grau de Adeptus Major, 6o=5 da G.’.D.’., sob o novo Mote de O.S.V.(15). 
De volta a Boleskine, Crowley imediatamente trata de expor sua experiência a Mathers, revelando ter, finalmente, feito contato com os Mestres Secretos que tanto havia procurado. Como costume, Mathers não aceita a revelação. Conseqüentemente, o mundo do esoterismo novamente, é palco para ataques mágicos de Mathers a Crowley e vice-versa(16). Mas o incontestável fato é que isso era o fim da convivência entre os dois magos. 
Em 1905, mais uma expedição ao Himalaia: desta vez o alvo era o Kanchenchunga. 
Cansado de suas birras com a G.’.D.’., em 1907, Crowley funda a A.’.A.’.; a Argenteum Astrum, Ordem da Estrela de Prata, que – segundo Frater O.S.V. – substituirira a G.’.D.’., herdando sua estrutura de graduação. Entre tantos significados possíveis, particularmente um inspirou Crowley na escolha desse nome para a Ordem. Segundo ele, o dourado amanhecer (Golden Dawn) é o que precede a Estrela Dalva (Vênus, ou Lúcifer), a prateada estrela da manhã que “anuncia” o Sol(17). Crowley, em 1909, dá início ao primeiro período aberto a Probacionistas a sua A.’.A.’. e, com a publicação da série The Equinox, “destrói” magicamente a G.’.D.’.(18). 
No período de 1907-1911, Crowley, consagrando seu tempo ao estudo, a prática e a escrita, publicaria cerca de uma dúzia de livros de cunho poético-mágico (excluindo a série The Equinox). Neste período também, após a morte de sua filha em 1906, Crowley separa-se de sua esposa, Rose Kelly, em 1909. Nesse mesmo ano, Crowley assume o Grau Adeptus Exemptus 7o=4(, agora da A.’.A.’., com o Mote OU MH. Em 3 de dezembro de 1909, durante uma a Visão do 14o Aethyr, toma o Grau de Magister Templi, sob o Mote V.V.V.V.V., 8o=3 da Ordem da Estrela de Prata19. Em 1911 Crowley escreve Liber CCCXXXIII, O Falsamente chamado Livro das Mentiras, que publicaria mais tarde, em 1913. 
Em 1912 porém, outro acontecimento daria novo rumo a sua vida. 
Crowley, como seu Livro das Mentiras, curiosamente, mesmo antes de sua publicação em 1913, chamaria a atenção de, nada mais nada menos, Theodor Reuss, membro do serviço secreto germânico, ocultista, Frater Merlin Peregrinus Xo, então O.H.O.(20) da Ordo Templi Orientis (O.T.O.). Reuss, tendo lido Liber CCCXXXIII, para seu espanto, lá identificara o segredo central da O.T.O.(21). 
A O.T.O. era uma organização de cunho maçônico fundada por Karl Kellner, em 1902. Kellner, segundo a lenda, teria viajado pelo oriente onde havia sido iniciado por um faquir árabe, chamado Solimam ben Aifha, e pelos yoguis hindus Bhima Shen Pratap e Sri Mahatma Aganya Guru Paramahansa, recebendo os mistérios da Filosofia e do Yoga da Mão Esquerda, a Magia Sexual(22). 
A O.T.O., que reivindicara para si a detenção do conhecimento outrora pertencente aos lendários Cavaleiros do Templo, assim como ocorreu com a G.’.D.’., reuniu entre seus Adeptos vários eminentes maçons e ocultistas da época, alguns dos quais, a partir dos fundamentes adquiridos nessa Ordem, ou fundaram ou em muito colaboraram em outros movimentos da época. A título de exemplo temos: Rudolf Steiner, fundador da Antroposofia; Franz Hartmann, um dos mais importantes colaboradores do movimento Teosófico; Krumm-Heller, responsável pela expansão da Fraternitas Rosacruciana Antiqua (F.R.A.); Gerald Gardner, considerado como o “pai” da Wicca; Karl Germer, sucessor de Crowley como líder da O.T.O.; Kenneth Grant, que depois lideraria um variação da Ordem na Inglaterra; H. Spencer Lewis, fundador de um bem conhecido movimento neo-rosacruciano denominado AMORC(23); além do próprio Crowley. 
O bizarro encontro entre Reuss e Crowley, definitivamente, marcaria o destino da Ordem alemã. Crowley, após ter sido acusado de divulgar abertamente este segredo, expõe a Reuss que este teria sido aprendido por ele quando de sua viagem ao Oriente(24) e que já o praticava há muito; sendo-lhe impossível saber ser este o mesmo Santo Segredo cultivado pela O.T.O. 
AC_as_Baphomet3-204x300O desenvolvimento da conversa entre os dois Iniciados deixou Reuss tão bem impressionado que este nomearia Crowley líder da O.T.O. para os países da língua Inglesa. Essa tarefa foi exercida por Crowley através do Mote Baphomet. 
Crowley então, passaria a escrever (e também reescrever) os Rituais da O.T.O. sob a luz de seu Liber Legis. Em 1914, acompanhado de Mary d’Esté Sturges (Soror Virakam), escreve seu famoso Book Four(25). 
Em 12 de Outubro de 1915, em seu quadragéssimo aniversário, Aleister Crowley toma o Mote de TO MEGA THERION, 666, para o 9o=2, o Grau de Magus da A.’.A.’.. 
E como 666, Crowley concebe uma das mais belas páginas da literatura esotérica, Liber Aleph, The Book of Wisdow or Folly, uma Epístola de 666 a seu Filho 777 (Frater Achad, Charles S. Jones). Em 1919, publica o primeiro número do terceiro volume do The Equinox. 
Um dos mais curiosos feitos da Besta, teve lugar com a fundação, em 2 de abril de 1920, da Abadia de Thelema, em Cefalu, Sicília, Itália. Depois, Crowley, em secreto juramento, assume, em maio de 1921, o Grau de 10o=1 A.’.A.’., Ipississimus. A abadia funcionou até 1923, quando Crowley foi expulso da Itália por Mussolini. 
Mas, em 1925, com o falecimento de Theodor Reuss, Crowley é convocado para uma reunião internacional da O.T.O., onde os rumos dessa Ordem seriam traçados. Crowley é convidado a ser o Chefe Internacional da Ordo Templi Orientis. Aceita e toma o Santo Mote de Deus est Homo26. 
Durante os anos seguintes, Crowley viveu alternadamente na França, Alemanha e Norte da África. Nesta época ele viria a conhecer duas pessoas que, além de serem discípulos e amigos, seriam depois importantes personagens dentro da história de Thelema: Karl Germer e Israel Regardie(27). Expulso da França em 1929 sob acusação de ser agente alemão, Crowley retorna à Inglaterra. 
A publicação de suas Confissões, em 1930, proporcionou a Crowley um interessante encontro com um dos maiores gênios da literatura portuguesa. Estamos falando de Fernando Pessoa. Pessoa, que além de célebre poeta era um competente astrólogo, fascinado pelas ciências esotéricas, envia, neste mesmo ano, uma carta a Crowley, indicando erros em seu mapa natal. Crowley, entusiasmado com o conhecimento do poeta lusitano, contesta sua carta, dando-lhe razão, e expressa seu desejo de conhecê-lo. 
Pessoa, mesmo incomodado e receando tal encontro, recebe-o no porto de Lisboa. A lenda diz-nos que estranhos acontecimento tiveram vez naquela tarde, como um inexplicado nevoeiro que, descendo na cidade de Lisboa, atrasou o barco que conduzia a Besta ao encontro do criador de Álvaro de Campos. E tanto foi a admiração e fascínio de Pessoa para com o pior homem do mundo, que, no famoso caso da Boca do Inferno, onde Crowley simulou um trágico suicídio, Pessoa testemunhara, confirmando o que supostamente teria ocorrido a seu novo amigo. 
Pessoa, que vira naquele estranho inglês um irmão nos Mistérios, a partir do encontro e da amizade com Crowley, em muito mudou o tom de sua poesia. Adentrou-se no estudo do simbolismo, publicando obras de notável valor, até sua prematura morte, aos 47 anos, em 1935. 
Crowley segue e, entre casos amorosos, drogas, e causas judiciais, publica nos anos 30 uma série de ensaios e instruções que comporiam os números subseqüentes de The Equinox, iniciado em 1919. The Equinox of the Gods, relatando suas experiência no Cairo e a escritura de Liber Legis, é publicado em 1937. 
Trabalhando com Lady Frieda Harris, Crowley, ao longo de cerca de cinco anos, concebe um Tarot de modo que a imagem do Aeon fique registrada. O resultado final é o maravilhoso The Book of Thoth, onde a principal mensagem de sua obra está apresentada de forma sintética. Durante esse trabalho com Lady Harris, em 1942, na forma de um manifesto da O.T.O., Crowley publica Liber OZ, a Carta dos Deveres e Direitos dos homens e das mulheres. Algo muito parecido seria elaborado alguns anos depois pela ONU. 
Seus últimos anos, a partir de 1945, são vividos em Hastings, onde uma série de novos discípulos continuam recebendo instruções. E, assim, Kenneth Grant, John Symonds, Grady McMurty, conhecem a Besta. Desta época, vem sua última obra, consistindo numa coletânea de cartas dirigidas a uma jovem discípula, que foram publicadas bem mais tarde, após a sua morte, como Magick Without Tears. 
No primeiro dia de dezembro de 1947, aos 72 anos, Aleister Crowley, serenamente segundo alguns, exultante segundo outros, e ainda perplexo, segundo terceiros, falece, vítima de bronquite crônica e complicações cardíacas. 
Quatro dias depois, no crematório de Brighton, assistido por um reduzido número de admiradores e discípulos, é realizada a cerimônia que ficou conhecida como “O Último Ritual”, com a leitura de trechos da Missa Gnóstica, e de seu maravilhoso Hino a Pã. 
Realizara-se, assim, a última vontade da Besta. 

O LEGADO 

lashtal-1bDurante boa parte de sua vida, Aleister Crowley buscou incansavelmente, e isto de fato era uma gigantesca obsessão para ele, reconhecimento de seu trabalho. Sua vida, marcada pela excentricidade, drogas, excessos sexuais, nunca lhe permitiu reconhecimento do valor de sua Obra. Isto porém, e mesmo ele o soube quando de seu amadurecimento mágico, só viria a acontecer após seu falecimento. Aliás, Crowley dizia estar meio deslocado no tempo, e como diz seu Liber Al vel Legis, entendia ser o sucesso o seu grande ordálio, a grande prova de sua existência. Mas seu sucesso, de modo paradoxo, ocorrendo em vida, seria a cabal prova de seu fracasso, pois, segundo Crowley, o estado mental da absoluta maioria dos seus contemporâneos, ainda não suportando a revelação contida em suas obras, o rejeitaria por completo. A aceitação delas seria, então, o incontestável argumento de sua falha(28). 
Esta opinião poderia ter sido, muito bem, apenas mais uma jactância da presunçosa personalidade da Besta, ou simplesmente uma tola desculpa arquitetada como álibi a ser usado quando de seu fracasso, isto não fosse a imparcialidade da história demonstrando e confirmando a gabolice do pior homem do mundo. 
Alguns de seus discípulos diretos se tornaram os principais responsáveis pela maior parte do que se vê em termos de vanguarda ocultista internacional. Entre tantos dignos de nota, citaremos somente aqueles mais conhecidos29 cujo importante trabalho é apenas um aspecto da forte influência legada por Aleister Crowley. Personagens como Arnold Krumm-Heller (Fra. Huiracocha), Kenneth Grant (Aossic Aiwass), Austin Osman Spare (Zos vel Thanatos), Karl J. Germer (Saturnus), Louis Grady McMurty (Himenaeus Alfa), Cecil Frederick Russel (Genesthai), Charles Stanfeld Jones (Achad), Gerald Brosseau Gardner, entre outros, estiveram sob direta instrução de Crowley. 
Todos estes, cada um de acordo com a própria vontade, estabeleceram ou formaram novas Ordens, desenvolveram Ritos e criaram movimentos cuja base é a Lei de Thelema. Assim, Krumm-Heller herdou e estabeleceu a F.R.A., onde a palavra da Lei é (ou pelo menos era) Thelema; Kenneth Grant, tendo como base a Ordo Templi Orientis, funda a Loja Nova Ísis na Inglaterra(30), sendo ele um dos principais divulgadores da obra de Crowley; Austin Osman Spare, um talentoso artista plástico inglês, desenvolveu um culto totalmente pessoal denominado Zos Kia; Karl J. Germer, 8o=3 A.’.A.’., (Magister Templi), torna-se, por herança, o O.H.O. da O.T.O.; após Germer, Louis G. McMurty assume a liderança da Ordem, estabelecendo definitivamente a O.T.O., como a única Ordem thelêmica de expressão mundial. Cecil F. Russel fundou o Choronzon Club, grupo que mais tarde viria a ser conhecido como Great Brotherhood of God, a G.’.B.’.G.’.; Charles S. Jones, considerado o filho mágico de Crowley, descobriu a chave matemática do Liber Al vel Legis; e Gerald B. Gardner, a partir de Rituais escritos por Crowley, escreve seu Book of Shadows, concebe e funda a Wicca moderna(31). 
Mas a influência de Crowley não acaba aí. Uma interminável relação de Ordens poderia ser citada como, se considerando ou não seguidores da Lei de Thelema, fruto direto ou indireto de seu trabalho. Estas Ordens constantemente utilizam a farta obra de Aleister Crowley não só como referência, mas como sendo básicas a seus trabalhos e imprescindíveis ao desenvolvimento de seus Adeptos. 
Novamente aqui citaremos apenas as mais conhecidas(32) Ordens e movimentos que, de uma forma ou de outra, são frutos do trabalho do Lorde Boleskine. 
Desta forma, temos a própria Ordo Templi Orientis Antiqua, a O.T.O.A., movimento fundado no Haiti, como dissidência da O.T.O., por Lucien-Francois Jean-Maine em 1921(33). Um inovador e interessante movimento conhecido na Inglaterra como Kaos Magick e a curiosa IOT (Illuminates of Thanateros) de Peter James Carrol(34), baseados nas obras de Crowley e Spare, tiveram vez nos anos 80. Os membros da IOT consideram-se herdeiros da Tradição da A.’.A.’. e do Culto Zos Kia, têm em Liber Null and Psychonaut, um grupo de ensaios de boa qualidade, um de seus mais importantes escritos. 
A Ordo Templi Orientis(35), reestabelecida por Frater Hymenaeus Alfa (Louis Grady McMurty), atualmente dirigida por Frater Hymenaeus Beta, está fundamentalmente edificada sobre as obras de Crowley e muito tem feito para a divulgação de seu trabalho. Mas, como já dito, embora seja a única organização a difundir, em nível internacional, os preceito de Liber Al e Liber OZ, a Lei de Thelema não se resume a O.T.O., cuja sede hoje se encontra nos EUA. Atualmente existe uma enorme variação de Ordens menores espalhadas pelo mundo sob as mais diversas nomenclaturas. Cada uma a seu modo, na Inglaterra, Suíça, Espanha, Venezuela, França, Austrália, trabalham para a promulgação da Lei de Thelema. 
Devemos aqui, também, mencionar um interessante fenômeno dos anos 60, que até hoje permanece conquistando uma considerável gama de interessados em ocultismo. Trata-se da Igreja de Satã, movimento fundado na Califórnia, por Anton Szandor La Vey, que, muito embora não tenha uma direta ligação com Crowley, consiste numa espécie de simplificação de seus mais básicos escritos. Outro que adquiriu certa notoriedade, nessa mesma época, foi Alex Sanders, um discípulo de Gardner que se denominou Rei dos Bruxos, utilizou alguns rituais elaborados por Crowley, desenvolvendo seu próprio controvertido sistema de Witchcraft. 
Além destas, temos também algumas derivações da G.’.D.’. e da Stella Matutina que, embora “cristianizadas” por seus fundadores, utilizam a Obra da Besta como importante fonte de pesquisa: Society of the Inner Light, de Madame Violet Firth36, Servants of Light, de W. E. Butler e Basil Wilby (mais conhecido como Gareth Knigth). A Aurum Solis, liderada por Melita Denning e Osborne Phillipis, também consiste numa variação da Golden Dawn. 
images (1)À parte os movimentos mágicos e iniciáticos, Crowley também exerceu enorme influência sobre o trabalho de vários artistas, compositores e conjunto musicais; famosos grupos e cantores de rock como Black Sabbath, Led Zeppelin (Jimmy Page, guitarrista do Led, inclusive comprou o Castelo de Boleskine, onde Crowley morou por alguns anos), Rolling Stones, The Clash, Beatles (no álbum Sergeant Pepper’s Lonely Hearts Club Band, sua fotografia aparece como “uma das pessoas que gostamos”), Iron Maiden, Ozzy Osbourne, entre tantos outros; e artistas e escritores do quilate de H. R. Giger, Kenneth Anger, David Bowie e Aldous Huxley(37), têm no exemplo de 666 uma fonte de inspiração para seus trabalhos e vidas. 
Também na literatura encontramos vários romances que foram concebidos utilizando a imagem cultivada por Crowley, como exemplo: The Magician de W. Somerset Maugham (o mesmo autor de O Fio da Navalha), The Goat-Food God de Dion Fortune, Stranger in a Strange Land de Robert A. Heinlein, etc. 
Finalizando, não poderíamos deixar de mencionar o meio artístico brasileiro, que teve no memorável Raul Seixas, o grande arauto da mensagem de Crowley. Em especial as músicas A Lei e Sociedade Alternativa (ambas de Raul Seixas e Paulo Coelho), que têm como base Liber OZ. Outras notáveis obras de sua autoria são A Maçã, Tente Outra Vez (estas em parceria com Marcelo Motta(38) e Paulo Coelho) e Pedra do Gênese (de Raul Seixas e J. R. R. Abrahão), além de muitas outras canções do maluco beleza que apresentam, de um modo bem particular ao Raul, a Lei de Thelema. 

CONCLUSÃO: 

Certamente o legado da Besta (como passou a ser conhecida a influência de Aleister Crowley) surpreendeu aqueles que esperavam, e até mesmo ansiavam, seu esquecimento. Esses nunca poderiam imaginar que a quantidade de admiradores e discípulos da Tradição revivida por Crowley, o Culto da Besta, ou o Culto das Sombras, aumentasse de forma “assustadora, chegando mesmo a comprometer as bases morais, nas quais nossa sociedade está erigida”. Talvez esses tenham esquecidos que essas mesmas bases morais, nas quais tão solidamente foi estabelecido aquilo que hoje denominamos sociedade, são as únicas responsáveis pela obtusa condição em que se encontram centenas de milhões de homens e mulheres, massacrados que estão pelas inópias e não qualificáveis condições de vida, seguro retorno do bi-milenar investimento sócio-religioso e econômico, que é a miséria. 
Vontade fraca e entendimento nulo. A resultante desta insidiosa ação não poderia ser outra. E quando vontade e entendimento, dois dos princípios básicos que constituem o homem, operam sem harmonia, o espírito cai enfermo. O estudo e a prática da Lei de Thelema intentam fazer com que o conjunto Vontade e Entendimento, funcione devidamente, levando o Adepto a sua realização plena. 
Sim, a Lei de Thelema. Muito já foi feito, e também muito ainda resta por fazer. Aleister Crowley representou, tão somente neste sentido, o papel de Profeta, Vate e Apóstolo. Mas sua grande aspiração reflete a aspiração de todo ser humano, sim, o anseio do homem por Liberdade. Seu trabalho não é apenas resultado dos caprichos de uma controvertida personalidade, mas, principalmente, vem da necessidade humana de tomada de consciência, necessidade de Vontade, necessidade de entendimento. Este era todo o anseio de Crowley. Isto é liberdade, liberdade apenas para a realização de sua Vontade Verdadeira, nada mais. 
É a esta demanda por irrestrita Liberdade, munidos pela Tradição, que os Adeptos e Estudantes de Thelema dedicam sua Obra. E eles, certamente, estarão sempre acompanhados, como acontece com a própria história da Magia, pela lembrança do calvo semblante da Grande Besta 666, Aleister Crowley. 

aliester quNotas: 

1) e.v., era vulgari. Todos as datas deste artigo são referentes a era vulgar (i.e. era Cristã). 
2) Um Notarikon de Holy & Iluminated Man of God (Santo e Iluminado Homem de Deus). Uma brincadeira bem típica de Crowley. 
3) Sobre o assunto recomendamos The Eye in the Triangle de Israel Regardie, The Legacy of the Beast de Gerald Suster, e The Magical Word of Aleister Crowley de Francis King, as quais são consideradas boas obras de referência. Não podemos deixar de mencionar o volumoso The King of the Shadow Realm (edição revisada de The Great Beast) de John Symonds, uma das mais conhecidas biografias de Crowley; apesar de uma escrachada antipatia para com Crowley, Symonds, mesmo enfatizando as supostas bizarrias da Besta, não consegue refutar seu amor e admiração por seu biografado. Caso o leitor esteja disposto a dedicar seu tempo a obras não tão valiosas quanto as já citadas, indicamos a leitura dos sofríveis The Nature of the Beast de Colin Wilson, e também The Beast de Dan Mannix. 
4) Hora corrigida por Fernando Pessoa: 11:16 pm. 
5) Principalmente The Book of Black Magic and of Pacts de Arthur Edward Waite (1867-1940), norte-americano, maçom, erudito e autor de diversas obras sobre Cabala, Maçonaria, Rosacrucianismo, etc. 
6) Der Wolke vor dem Heiligthume (1802), de autoria de Karl von Eckhartshausen (1752-1803), bibliotecário, místico e autor alemão (Baviera). 
7) Devemos lembrar que isto ocorreu ao final do século passado, quando o termo “Grande Fraternidade Branca” de fato significava algo mais interessante do que se vê hoje. 
8) Aleister é apenas a forma gaélica de Alexander, e não, como muitos pensam, uma oculta referência a algum tipo de terrível demônio. 
9) Para maiores informações sobre a trama e a história da G.’.D.’., ver The Magicians of the Golden Dawn de Ellic Howe. 
10) Sax Homer, autor de Dr. Fumanchu, e Bram Stocker, autor de Drácula, segundo consta no best-seller de Louis Pauwels e Jacques Bergier, Le Matin des Magiciens, pertenceram a G.’.D.’. (essa informação, entretanto, é refutada por Howe). Em relação a Gustav Meyrink, sua participação na G.’.D.’. também é negada por alguns pesquisadores. 
11) A G.’.D.’. era dividida em três sub-ordens: a primeira consistia dos cinco primeiros Graus (de Neophytus a Philosophus), a segunda de Adpetus Minor à Exemptus, a terceira e última comportava os Graus de Magister Templi e Magus. Uma excelente explanação sobre a G.’.D.’.( é dada por Israel Regardie, em seu memorável The Complete Golden Dawn System of Magic. 
12) Exemplos: Stella Matutina de Waite, Inner Light de Dion Fortune, Servants Of Light de W. E. Butler e Gareth Knight, além das diversas “Golden Dawns” espalhadas pelo mundo afora. 
13) A Operação de Abramelin. 
14) Para uma descrição detalhada do ocorrido com Crowley e Rose, bem como a respeito de Aiwass, ver The Equinox of the Gods, do próprio Crowley. 
15) O.S.V. são as iniciais de “Ol Sonuf Vaoresagi”, parte da Primeira Invocação Enoquiana, e que significa “Eu Reino sobre Ti”. 
16) Crowley, segundo se afirma, enviou o Sr. Beelzebub e seus 49 “comparsas” para rechaçar um ataque mágico desferido por Mathers. 
17) Isto é apenas um sentido poético. Existindo outros, inclusive de natureza tântrica, associado com o trabalho interno da Ordem. 
18) Isso apenas se constituiu em mais um glamour. A G.’.D.’., nessa época, já se encontrava em processo de fragmentação e em nada poderia ser mais prejudicada com a publicação de suas Instrução na série The Equinox. Diga-se ainda que, o fato de uma Organização qualquer, ver publicado seus próprios Rituais não significa, em hipótese alguma, que seus trabalhos tenham deixados de ser válidos. Pensar assim seria o mesmo que supor estarem há muito invalidadas as várias posições sexuais contidas no Kama-Sutra, visto ter ele sido publicado. Resumindo, a experiência, prática e pessoal, sempre valerá. 
19) Como resultado da operação temos o Liber CDXVIII, The Vision and The Voice. 
20) O.H.O, do inglês Outer Head of Orde, ou Chefe Externo da Ordem. 
21) Não se sabe ao certo como Reuss teria adquirido o Liber CCCXXXIII, antes de sua publicação. Supõe-se que isto poderia ter sido um ardil, preparado por Crowley, para impressionar Reuss. 
22) A jornada pelo oriente, e o contato com os altos iniciados, é a versão oficial da criação da O.T.O. Porém não há conhecemos registros que Kellner, aliás, assim como Reuss, agente do serviço secreto germânico, tenha estado engajado numa viagem de tal tipo; sendo possível que estes “segredos” tenham sido obtidos quando de sua passagem, em Paris, através da Brotherhood of Light, a qual pertencera Pascal B. Randolph. 
23) Para melhor explanação sobre H. Spencer Lewis e a criação da AMORC, sugiro a leitura do ótimo Os Mistérios da Rosa Cruz, de Christopher Mcintosh (Edições Ibrasa). 
24) Que, diferindo da viagem de Kellner, de fato ocorrera. 
25) Mais conhecido como Magick, ou ainda Liber ABA. 
26) Segundo o curioso The Magical Revival, de Kenneth Grant. 
27) O primeiro, como já dito, sucedeu Crowley como O.H.O. da O.T.O., e o segundo tornou-se seu secretário particular. 
28) Crowley expõe isto em John St. John, em The Equinox, vol I número I. 
29) Estes “mais conhecidos” são mundialmente reconhecidos como grandes autoridades em ocultismo atual. Infelizmente isto não se passa em nosso país, pois quase tudo que escapa ao óbvio não escapa do veto editorial, levando os “mais conhecidos” a continuarem desconhecidos por aqui. Consilium Sceleris! 
30) Não confundir com a versão brasileira que se utiliza do mesmo nome. Está em nada se relaciona com o movimento Tifoniano, assim como desenvolvido por de Kenneth Grant. 
31) Existe movimentos Wicca, por exemplo a assim chamada Wicca Francesa, cuja origem não está nem em Gardner nem em Crowley. 
32) E novamente aqui fazemos valer a nota de número 29. 
33) Apenas em 1973 a O.T.O.A., tendo Micheal Bertiaux como um de seus líderes, aceitou a Lei de Thelema. Atualmente esta Ordem também é dirigida por Courtney Willis, Frater Tau Ogdoade-Orfeo, sendo que no Brasil ela foi representada, até 1995, por J. R. R. Abrahão, Frater Potens. 
34) Carrol lidera esta, mais curiosa do que caótica, ordem sob o título Frater Stokastikos 127, 0o Magus Supremo IOT, Nossa Pestilência (sic) Papa Pedro I do Caos! 
35) No sentido de se evitar atropelos causados pela irresponsabilidade de determinados grupos que, mesmo sem um devido preparo, se apresentam como sendo de natureza thelêmica, alertamos que os estudantes interessados em fazer parte de tais grupos deverão, no mínimo, se certificar da representividade dos mesmos. A Ordo Templi Orientis por exemplo, Ordem responsável pela divulgação da Lei de Thelema, em nível mundial, se encontra funcionando regularmente no Brasil. Os contatos poderão ser feitos atraves da Homepage do Oásis Sol no Sul, da Ordo Templi Orientis, sediado no Rio de Janeiro. 
36) Mais conhecida como Dion Fortune. 
37) Em especial suas obras Portas da Percepção e Céu e Inferno. 
38) Marcelo Ramos Motta (1931-1987) – também conhecido como Frater Parzival – que nunca obteve Iniciação regular na O.T.O. (ou em qualquer ramificação desta), teve como Instrutor na A.’.A.’. Karl J. Germer. Na mesma época Germer já era líder da O.T.O.. Marcelo Motta é erroneamente considerado como sendo o responsável pela vinda de Thelema para nosso país, fato que ocorreu nos anos 30, com a chegada da F.R.A. no Brasil. Motta foi, no início dos anos 70, um dos instrutores de Raul Seixas e Paulo Coelho.
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Fonte: Biblioteca Alexandria Virtual
de criação de Jose Roberto Abrahão.
WebSite: http://www.supervirtual.com.br

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Textos escritos ou selecionados por: Zelinda Orlandi Hypolito
ze666Psicóloga clínica com especialidade em regressão de memória;
em PKZ – Psyckorszem – A Reconciliação entre os corpos físico/emocional/mental;
e terapia de DBITP (Dessensibilização Progressiva de Incidentes Traumáticos Primários).


Criadora do Workshop: Despertar da Bruxa.
Fundadora do Instituto de Pesquisas Psíquicas Imagick.
e Pontifex Solaris do IIE (Imagicklan – a Irmandade das Estrelas)
Vice-Presidente do Instituto de Pesquisas Psíquicas Imagick;
Coordenadora de todas as atividades da Cidade das Estrelas;
Criadora de todos os cursos regulares promovidos por esta entidade.
Telefones: (0xx) (11) 3031.3076 – Celular: (11) 962333.1777