Os mistérios das iniciações cristãs não reveladas nos evangelhos…

imageJU9Nem tudo o que Jesus fez e ensinou consta no Novo Testamento, onde os mistérios da iniciação não foram citados pelos evangelistas.

Ninguém questiona as passagens do Novo Testamento. Os ensinamentos são impostos sem uma explicação real pela Igreja e aceitos passivamente pelos fiéis. Assim, a maioria do povo cristão não sabe que o cristianismo possuiu uma doutrina secreta; mas há uma minoria de estudiosos a pesquisadores da Ciência Sagrada que reconhece o seu lado oculto.

Santo Agostinho chegou a afirmar que uma doutrina secreta existe no mundo “desde o começo do gênero humano”(1) e que o próprio Cristo fora iniciado nos mistérios antigos.

Do mesmo modo como lhe ensinaram, Jesus também aplicou o método iniciático, apresentando a verdade de duas maneiras: urna, como Sabedoria ou Ciência esotérica, secreta, que era passada para poucos escolhidos dentre a multidão; e outra, dirigida ao povo, onde era apresentada uma mensagem de esperança, de exortação por uma vida nova. Isso explica porque “muitos serão chamados mas poucos, os escolhidos” (Mateus 22:14) e prova que Jesus tinha discípulos particulares, seletos, pessoas essas que o procuravam espontaneamente, às quais ensinou muitas coisas que não constam no Novo Testamento. 

Em (Mateus 13:10:) “E, acercando se dele os discípulos, disseram Ihe: Por que lhes falas por parábolas? Ele, respondendo, disse lhes: porque a vós é dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas a eles não lhes é dado…” e assim por diante, repetido em (Lucas 8:10.)

Em (Mateus 11:1) consta: “E aconteceu que acabando Jesus de dar instruções aos seus doze discípulos, partiu dali a ensinar e a pregar nas cidades deles”. Mas Mateus não revela quais eram aquelas instruções.

Em outro versículo (Mateus 4:23): “E percorria Jesus toda a Galiléia, ensinando nas suas sinagogas a pregando o evangelho do Reino ….”

Jesus ensinava o quê?

Por que os apóstolos não registraram os ensinamentos que Jesus lhes transmitiu pessoalmente, como fizeram, na Grécia antiga, Platão e outros discípulos de Sócrates, deixando nos nos Diálogos uma boa visão dos pensamentos do seu mestre? Evidentemente porque os ensinamentos de Jesus eram transmitidos aos apóstolos “de boca a ouvido”, isto é, em voz baixa, e os discípulos respeitaram o compromisso iniciático de não revelar tudo o que apreenderam.

Jesus mesmo não escreveu nada. Suas preleções eram sempre orais, reservando aos discípulos mais próximos os ensinamentos esotéricos e advertindo os para que fizessem o mesmo: “Não deis aos cães as coisas santas, nem deiteis aos porcos as vossas pérolas; não aconteça que as pisem com os pés e vos despedacem” (Mateus 7:6). Este trecho fala de cães e porcos, em referência aos impuros, aqueles que não estavam preparados para receber as “coisas santas”.

Se Jesus conviveu com os “amigos”, estudando e compartilhando com eles a sabedoria e os mistérios da vida, é provável que esta sua estadia tenha sido registrada em algum lugar. As provas se acham nas tradições iniciáticas; esteve com os essênios (2) e foi conservada através dos séculos nas Ordens ou Fraternidades secretas. 

A verdade total sobre os ensinamentos esotéricos do cristianismo primitivo não se encontra num único livro. O que se encontra é uma parcela, não a verdade completa, mesmo assim sob chaves interpretativas que exigem preparo e estudo para a correta interpretação do conteúdo. É o caso da Bíblia e outros livros sagrados, onde a linguagem é cifrada, cheia de simbolismos e alegorias que o incauto toma ou interpreta ao pé da letra.

“…e nada se faz para ficar oculto, mas para ser descoberto” (Marcos 4:22), mas sem conhecer aqueles simbolismos a linguagens não é possível ter as chaves para interpretar o que está envolvido ou oculto nas palavras. Essas chaves obtém se através de longa iniciação. Finalmente, quando o discípulo está preparado interiormente, ele descobre o que antes estava oculto: a revelação.

O verdadeiro nome de Jesus era Jeoshua Ben Pandira. A respeito deste nome, Godgfrei Higgins, estudando dois comentários judeus sobre as Escrituras, o Midrash Joheleth e o Abodazara, encontrou a citação de que o sobrenome da família de José, o pretenso pai de Jesus, era Pantera. Nessas duas obras há um trecho dizendo que naquela época um homem foi curado em nome de Jeoshua Ben Pandira. Daí, portanto, a semelhança entre Pandira, Pantera ou ainda Panzera (3).
No livro O Verdadeiro Caminho da Iniciação, de Henrique José de Souza, lemos: “Jeoshua Ben Pandira é o verdadeiro nome de Jesus, o Cristo, como temos dito várias vezes”. Outro livro, Ocultismo e Teosofia, de autoria de Laurentus pseudônimo do mesmo autor há pouco citado), no capitulo intitulado Interpretações Necessárias, confirma aquela informação sobre o nome de Jesus, “o filho do Homem” (4).

A Enciclopédia Ilustrada Trópico, referindo se ao cristianismo, fala em Yeshu, do hebraico, que significa “o salvador”. Já na Bíblia Sagrada, tradução do padre Matos Soares, em Mateus encontra se a nota explicativa sobre Iehoshua, palavra hebraica que quer dizer “o deus que salva”. Dai surgiu o nome Jeoshua que, abreviado pelas traduções, passou a ser Jesus.

Interessante o que encontramos no Pequeno Glossário Ocultista e Teosófico, que arremata o livro Ocultismo e Tesofia: “JHS   chave cabalistica da qual se serviu Jesus, ou melhor, Jeoshua Ben Pandira (o Filho do Homem) para seu nome secreto”. Logo, a sigla JHS, que vemos em muitas igrejas, hóstia a nos paramentos dos padres, foi tirada do verdadeiro nome de Jesus. 

Quanto ao termo Cristo, também não é o segundo nome de Jesus. Ele define uma categoria superior a que pode chegar o Homem e não o nome de determinado ser, como julga erradamente a maioria, inclusive os mais letrados. Afirma o professor Henrique que tanto Buda como Cristo não são nomes individuais, como julga a maioria, a sim, um grau de dignidade a que podem chegar, tanto no Oriente como no Ocidente, aqueles que se sujeitarem a uma iniciação integral, capaz de lhes conferir uma autoridade espiritual muito superior à dos homens vulgares. Dai, entre os eubiotas, fazermos sempre questão de dizer: Gautama, o Buda; Jesus, o Cristo, na razão das iniciações oriental a ocidental.

Ainda a respeito do termo Cristo, ele procede do grego chrestus (ou krestus), que tem o significado de ungido, sábio, iluminado. Helena Petrovna Blavatsky diz em seu Glossário Teosófico que esta palavra foi empregada no século V a.C. por Esquilo, Heródoto a outros. Os termos cristo e cristão, escritos originalmente, crest, chrestians, foram extraídos do vocabulário dos templos pagãos e neles chrestos significava discípulo posto à prova (donde as provas iniciáticas da antiga Maçonaria a de outras ordens secretas), candidato que aspirava à dignidade de hierofante e que, depois de haver conquistado este grau, por meio da iniciação, através de duras provas e sofrimentos, a ser ungido (ou untado com azeite, como eram os iniciados e ídolos dos deuses, segundo a prática da última cerimônia do rito, que ainda hoje é usada pela Igreja nos batismos), transformava se em christos, o purificado, o ungido, o iluminado, em linguagem esotérica. Alias, se esta palavra foi tirada dos templos dos pagãos, isso mais uma vez indica que Jesus fez a sua iniciação em outros países, fora de sua pátria, como efetivamente dizem os evangelhos e como veremos adiante.

Os judeus preferiam o termo hebraico Mashiah, Messias, como título de honra do seu Salvador, o Consagrado.

Segundo o rito, para que Jeoshua se fizesse um christos só faltava o batismo, que completaria a sua iniciação. Por isso Jesus, encontrando se com João Batista, pediu lhe que o batizasse e, após essa cerimônia, João proferiu o seguinte: “E eu não o conhecia, mas o que me mandou batizar com água, esse me disse `Sobre aquele que vires descer o espírito e sobre ele repousar, esse é o que batiza com o Espírito Santo “‘. Em seguida: “E eu vi e tenho testificado que este é o filho de Deus” (João 1:33/37). Isto significava que tudo estava previsto e combinado: a orientação, o conselho e o sinal para a testemunha.

Sobre a infância de Jesus consta pouco nos evangelhos. Sabe se que aos doze anos de idade ele falava entre os doutores (Lucas 2:42 ate o 2:46). Depois disso, um longo silêncio. Sua reaparição nas páginas do Novo Testamento, com Lucas 2:23, acontece quando tinha quase trinta anos de idade.

Dos doze aos trinta anos, onde esteve Jesus?

A verdade vem surgindo aos poucos e com provas cada vez mais robustas. O escritor e pintor Nicholas Roerich, em sua obra O Coração da Ásia, afirma ter encontrado citações de que Jesus esteve em Srinagar e na cidade de Leh, na Índia. Esse fato acha se profundamente difundido na Ásia Central e na região de Ladak, Sinkiang e na Mongólia, como atestam vários outros autores.

A maior descoberta de Roerich foi a de um manuscrito redigido em língua pali, encontrado em um dos mais herméticos mosteiros do Tibete. Segundo este manuscrito, Jesus, “o melhor e mais sábio de todos os homens”, veio da Palestina para estudar nos claustros tibetanos.

Alguns padres da Igreja reconhecem que há no cristianismo a influencia do budismo. Os padres Huc a Gabet, franceses, sendo o primeiro autor das obras Dans le Tibhet, Dans la Tartarie e Dans la Chine, demonstra que objetos como o turíbulo, a croça, o pálio etc., em uso nos rituais lamaistas (o budismo tibetano), são os mesmos da Igreja. Frei Domingos Vieira cita no seu Dicionário da Língua Portuguesa: “No cristianismo há muitos traços que revelam a influência do budismo na sua formação”.

Outro escritor, Andreas Faber Kaiser, escreveu a obra Jesus viveu a morreu na Caxemira, cujo titulo diz tudo.

Em 1947 um pastor beduíno descobriu nas proximidades do Mar Morto uma gruta cheia de jarros lacrados a dentro deles alguns rolos de manuscritos, os quais foram entregues a estudiosos. Estes rolos ficaram conhecidos por Manuscritos do Mar Morto. Deles surgiu a noticia sobre a comunidade dos essênios (seita judaica contemporânea de Jesus) e a mais importante afirmação ali contida era: “Jesus esteve… (trecho apagado) entre os essênios”. Deduziu se que no trecho apagado constava a palavra “aqui”. 

Helena Petrovna Fadeef Blavatsky, fundadora da Sociedade Teosófica e autora de A Doutrina Secreta e Ísis sem Véu, entre outros livros, afirmou, muito antes da descoberta dos manuscritos do Mar Morto, que quando descobrissem os referidos manuscritos “o mundo veria que a verdadeira história da vida de Jesus não é exatamente aquela conhecida nos evangelhos”.

O Vaticano, sendo informado do achado dos manuscritos, tentou contestá lo e desmentir as óbvias conclusões contidas nos textos que iam sendo aos poucos traduzidos pelos maiores especialistas do mundo. Mas a própria Bíblia aprovada pela Igreja, no Novo Testamento deixa entrever um fragmento da verdade através de Marcos 6:1 a Mateus 13:14: “E chegando à sua pátria, ensinava os na sinagoga deles”. Se Jesus não estava na sua pátria terrena, a Judéia (a Palestina de hoje), então onde esteve?

Jesus esteve certamente longe da sua terra natal, e por muitos anos, pois quando retornou para junto dos de sua família e dos amigos estes não o reconheceram: “Não é este o carpinteiro, filho de Maria, irmão de Tiago, e de Jose, e de Judas, e de Simão? E não estão aqui conosco suas irmãs? E escandalizaram nele” (Marcos 6:3). E Jesus lhes respondia: “Não há profeta sem honra senão na sua pátria, entre os seus parentes e na sua casa” (Marcos 6:4).

Pelo que percebemos naquela frase de Marcos, Maria não teve Jesus como filho único. Todos os apóstolos e pessoas que freqüentavam a sinagoga conheciam pessoalmente a sua família, de maneira que não estavam mentindo, nem enganados, quando se referiam aos irmãos de Jesus. Esta afirmação se repete nos quatro evangelhos. Certa vez o próprio Jesus, a uma referência acerca da sua família de sangue, questionou: “Quem é minha mãe? Quem são meus irmãos?”. E ele, que não fazia distinção entre a sua família e as outras, pois tinha renunciado a tudo para bem servir à Lei, estendendo as mãos para os discípulos explicou: “Eis aqui minha mãe e meus irmãos, porque qualquer que fizer a vontade de meu Pai que está no céu este é meu irmão, e irmã, e mãe” (Mateus 12:47 e 48).

Voltando ao assunto do retorno de Jesus à pátria, lembramos que o mesmo aconteceu com Blavatsky, com o prof. Henrique Jose de Souza e com muitos outros seres que a este mundo vieram para cumprir uma missão espiritual. Tiveram de se ausentar de suas casas e das suas famílias para uma espécie de preparação, iniciação, por um período mais ou menos longo, conforme a sua particular missão ou o grau anterior… de preparação.

No caso de Jeoshua, com 12 ou 13 anos de idade juntou se a uma caravana   acompanhado por seres ligados ao Governo Oculto do Mundo disfarçados de mercadores   que ia para as terras longínquas do Oriente, onde, adolescente e moço, foi instruído na sabedoria das diferentes escolas iniciáticas. Lá, como viria a acontecer também com o prof. Henrique José de Souza, teve instrutores que eram adeptos perfeitos, iluminados e não meros professores de ocultismo ou esoterismo.

Imaginemos um ser de um outro planeta bem mais evoluído do que o nosso. Se ele se dirigisse aos terráqueos, teria que se comportar como um adulto falando com crianças; teria que descer de seu nível mental e se adaptar às condições e limitações humanas. O mesmo acontece com os grandes guias espirituais da Humanidade enviados periodicamente pelo Governo Oculto do Mundo: antes de ministrar os seus conhecimentos, eles devem conhecer a fundo a cultura dos povos onde se manifestam, a fim de aperfeiçoá-la, a partir do patamar já alcançado. 

No seu exílio voluntário Jesus estudou a praticou muito. Quando, com 12 anos de idade, falou aos doutores do templo a demonstrou a capacidade de um adulto, entendemos que houve uma avatarização momentânea de uma consciência superior.

Se Jeoshua Ben Pandira não tivesse estudado nos Livros Sagrados da tradição hebraica   a Cabala, o Sepher Yelzirah, o Talmud, o Sepher Bereshid, o Zoar a outros   simplesmente não faria referência a eles, citando a todo instante os profetas hebreus, como está registrado que citou. De posse desse conhecimento, Jesus falava com autoridade e corrigia as más interpretações que os sacerdotes e doutores davam àqueles ensinamentos, que liam e seguiam ao pé da letra, ignorando que “a letra mata e o espírito vivifica” (11 Cor 3:6).

Como este estudo procura basear-se no puro conhecimento, dispensamo nos de comentar os chamados milagres de Jesus, mas sem desprezar as curas e os outros fenômenos paranormais provocados por ele. Ocorre que no momento a Lei exige que os Homens se esforcem por focar a consciência no estágio imediatamente superior ao emocional, a saber, o mental, como condição evolucional. Por isso, procuraremos o conhecimento através da análise dos fragmentos de frases do Novo Testamento, a que muitos não dão importância, mas que podem levar nos à Escola Iniciática, à Fraternidade Cristã ou Igreja de Jeoshua Ben Pandira, o Jesus bíblico. E veja que as frases a seguir são, em “espirito”, as que ouvimos durante a iniciação no colégio eubiótico; quando não, a mesma linguagem e os mesmos símbolos.

Onde funcionava a escola iniciática de Jeoshua?

Ele preferia os bosques, os jardins, os lugares desertos, os montes e as montanhas, tanto para o recolhimento espiritual quanto para a pregação.

Eis alguns versículos probatórios:
“E, despedida a multidão, subiu ao monte para orar à parte. E chegada já a tarde, estava ali só”(Mateus 14:23 ).
“E levantando se de manhã muito cedo, fazendo ainda escuro, saiu e foi para um lugar deserto e ali orava” (Marcos 1:35).
“Porém ele retirava se para os desertos e ali orava” (Lucas 5:16).
“Tendo Jesus dito isto, saiu com os seus discípulos para além do ribeiro de Cedron, onde havia um horto… E Judas que o traia, também conhecia aquele lugar, porque Jesus muitas vezes se reunia ali com seus discípulos” (João 18:01 e 02). 

Através desta breve leitura já podemos perceber que existiu um lugar onde se reuniam mestre e discípulos. Uns afirmavam que era um horto, bosque ou jardim; outro evangelista dizia que este local se chamava Getsémane; e ainda outro, Monte das Oliveiras.
E todos podiam estar com a razão, pois, como Jesus andava de um lugar para outro, tem se a idéia de que não existiu lugar fixo para as reuniões esotéricas.

Mas parece certo que o conhecimento era transmitido gradativamente, através de graus ou series de aprofundamento sucessivo, como em toda escola iniciática.

Como já sabemos, em todos os tempos os instrutores espirituais divulgavam seus ensinamentos de dual maneiras:
a) Uma, para o povo, apresentando as idéias gerais, sintéticas, através de parábolas;
b) Outra, para alguns escolhidos, aos quais era transmitido o Conhecimento, a Revelação, a Missão   práticas e exercícios estes que não constam na Bíblia.

Pela primeira maneira é preparado o povo simples para uma consciência ética mínima compatível com o novo ciclo. Pela segunda maneira, na época de Jeoshua, foram iniciados os poucos interessados capazes de sustentar o edifício em construção da Igreja   “Pedro, tu és pedra e sobre ti erigirei minha igreja.”

E o que quer dizer Igreja? Igreja é uma palavra derivada de ekklesía (do grego) a significa escola ou elite. Assim, entendemos que a verdadeira Igreja ou Obra é representada pela elite dos discípulos que entraram corajosamente pela “porta estreita”.

“Entrai pela porta estreita porque larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela. E porque estreita é a Porta e apertado o caminho que leva à vida, poucos há que a encontrem” (Mateus 7:13 a 14).

“Porta estreita” é uma forma simbólica de se fazer referência ao verdadeiro caminho da iniciação, ao caminho do meio, aquele que nas palavras dos adeptos é mais fino que o fio de uma navalha, e muito fácil é cair para esquerda ou para a direita. Por isso que a porta é estreita, difícil de se passar por ela e, apesar dos obstáculos e perigos, também é o único caminho que conduz o discípulo à vida espiritual, ao aúto conhecimento, à realização e à iluminação.

Diz o prol. Henrique Jose de Souza na sua obra O Verdadeiro Caminho da Iniciação, “Jesus pregou uma doutrina secreta e naquele tempo, como hoje ainda, significa `Mistérios da Iniciação’, que foram repudiados ou alterados pela Igreja”.

Voltaire caracterizou em poucas palavras os benefícios dos mistérios, ao dizer que “entre o caos das superstições populares, existiu sempre uma instituição que evitou a queda do homem em absoluta animalidade: a dos mistérios”.

Dai percebemos naqueles versículos que Jesus fazia o convite ao público, a todos, mas sabendo de antemão sobre as dificuldades que o discípulo encontraria já avisava: “muitos são os que entram pela porta larga   o caminho fácil das vantagens ilusórias, e preferidas pela maioria dos fanáticos religiosos  , justamente a que conduz à perdição”. Se assim não fosse, Jesus não precisaria repetir a todo instante: “muitos são chamados, mas poucos os escolhidos” (Mateus 22:14).

Depois de ter explicado o que é a iniciação, alguém lhe perguntou:
“Senhor, são poucos os que se salvam?”, a ele respondeu:
“Porfiai por entrar pela porta estreita, porque vos digo que muitos tentarão entrar e não poderão” (Lucas 13:23 a 24).

Vejam que ele não respondeu se eram muitos ou poucos os que se salvavam, apenas sugeriu que insistissem no caminho mais difícil, estreito, para que, através da purificação e preparo nos níveis físico, emocional e mental, “nascessem de novo”.

Jesus dizia, concluindo seu discurso à respeito da iniciação, sobre a tal porta estreita: “quem não toma a sua cruz [o carma, a responsabilidade] e não segue após mim, não é digno de mim” (Mateus 10:38).

Disse ainda: “ninguém que lança mão do arado e olha para trás, é apto para o Reino de Deus” (Lucas 9:62). 

Porfiar significa teimar, insistir, lutar, disputar, questionar obstinadamente. Isto quer dizer que antes do candidato ingressar ou ser aceito na escola de Jesus, ele dava o direito, a liberdade de escolha àqueles que ainda estavam na dúvida, aquele que aparece na última hora. Antes do aspirante assumir o único e mais sério compromisso de sua vida frente à Lei, à sua consciência, é lhe dado o direito ao livre arbitrio, regra que é também seguida pela Eubiose, como verdadeiro colégio iniciático. O discípulo tem que decidir isto sozinho e é, em verdade, a sua primeira prova de fogo. Dizem a respeito os iniciados que este “é um caminho sem retorno”.

Assim, o aspirante, depois de consultar, no intimo de sua alma, sua própria consciência e, principalmente, chegado a um “acordo consigo mesmo”, sem pressa, ele está apto a ingressar no primeiro grau. Por outro lado, se não conseguiu chegar a conclusão alguma, é sinal de que ainda não está preparado. É preciso aguardar uma outra oportunidade de ser chamado … o tempo indicará quando estiver maduro.

Por isso que no Oriente se dizia: “Quando o discípulo está preparado o Mestre aparece”. No Ocidente, disse Jesus: “muitos primeiros serão os derradeiros e muitos derradeiros serão os primeiros” (Mateus 19:30).

Na obra Cristianismo Místico do iogue Ramacharaka, pseudônimo de Willian Walker Atkinson, encontramos: “Clemente de Alexandria, que viveu entre 160 a 215 d.C., um dos mais antigos e mais célebres, afirmava ‘os Mistérios da Palavra não deviam ser revelados aos profanos ‘”.

Mais adiante, escreveu: “A Igreja atualmente se dedica só à tarefa de produzir bons homens e aponta os santos como a sua gloriosa coroa e perfeição. Mas nos tempos anteriores afirmava poder fazer mais do que isso. Quando fizesse de um homem um santo, a sua obra nele apenas estava principiando, porque só então o homem estava apto para o treinamento e ensino que ela lhe podia dar então, mas não o pode agora, porque esqueceu a sua sabedoria antiga. Naqueles tempos a Igreja distinguia, no seu treinamento, três graus definidos: purificação, iluminação e perfeição. Agora se contenta com a purificação preliminar e não tem iluminação (conhecimento) para dar”.

Segue Atkinson: “Quem foi purificado no batismo e depois iniciado nos Mistérios Menores (isto é, quem adquiriu os hábitos do domínio de si próprio e da reflexão) estará maduro para os Mistérios Maiores, para a Gnose, o conhecimento científico de Deus”. E ainda: “O saber é mais do que a fé. Fé é um conhecimento sumário das verdades principais, aplicável às massas; o saber, porém, é uma fé científica”.

O pequeno livro La Iniciacion, de autoria do Dr. Eduardo Alfonso, confirma que os graus da iniciação cristã eram três: purgativa, iluminativa e unitiva.

No artigo intitulado A Iniciação à Luz do Apocalipse, escreveu Antonio Castaño Ferreira, apelidado “o decano dos instrutores” da SBE: “O cristianismo possuía sete graus iniciáticos, dos quais somente três eram do conhecimento profano. Os três graus inferiores constituíam se, respectivamente, de ouvintes, companheiros e fiéis; e os quatro superiores formavam os sacerdotes iniciados. O clero obedecia a estes sete princípios, que se relacionavam com as cartas às sete igrejas do Apocalipse. O cristão comum no máximo atingia o terceiro grau. Dai para frente se afastava do povo, tornando se um dos condutores, chamados de sacerdotes, bispos ou vigilantes”.

Ferreira ensina ainda: “As cartas às sete igrejas da Ásia (sete templos iniciáticos) objetivavam avisá los de que as cerimônias que ali se praticavam eram para a formação de adeptos, santos e sábios”.

Quando lemos em São Clemente de Alexandria que “naqueles tempos a Igreja distinguia no seu treinamento três graus, etc.”, ele estava nos dizendo que o cristianismo de sua época já não era mais o mesmo. E ele viveu no século II. Portanto, a religião cristã começou cedo a se afastar da parte esotérica e dar maior importância à parte exotérica, aos dogmas, ao cultivo da fé sem o complemento do saber, que foi lentamente substituído pelo acreditar.

Estes escritos de um dos mais importantes sacerdotes dos primeiros tempos da cristandade certamente não são, ou não foram sempre desconhecidos do Vaticano. Sua biblioteca deve conter ainda hoje esses conhecimentos em livros raros, talvez empoeirados nas prateleiras, esquecidos, mas lá estão com certeza.

Com o rolar dos séculos, a religião se tornou apenas matéria de fé, imposta ou gratuitamente recebida por graça ou inspiração divina, sem demandar qualquer esforço consciente de superação por parte do crente. Mesmo depois da Inquisição, ninguém mais ousou pesquisar, estudar com visão crítica a doutrina. E assim, a verdadeira luz do Cristo esmaece, na medida em que as consciências se afundam no dogma.

Retomando a questão dos graus iniciáticos no cristianismo, respondia Jeoshua em Marcos 4:10:
“E, quando se achou só, os que estavam junto dele com os doze interrogaram no acerca da parábola. E ele disse-lhes: ‘A vós é dado saber sobre o Reino de Deus mas aos que estão de fora todas essas coisas se dizem por parábolas’.”

Mais adiante, em Marcos 4:34: “E sem parábolas nunca lhes falava; porém tudo declarava, em particular, aos seus discípulos”.

Do mesmo modo ensinava São Paulo aos coríntios nos 1:3 a 1:2:
“E eu, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a meninos [isto é, aprendizes] em Cristo. Com leite vos criei [quis ele dizer: com as primeiras lições, conselhos morais e regras sobre as coisas divinas], e não com o manjar [ou o mesmo maná, a revelação ou conhecimentos superiores] porque ainda não podíeis, nem tampouco ainda agora podeis, porque ainda sois carnais [profanos ou não preparados]”. 

Sobre este apóstolo, procure ler O livro que mata a Morte, de Mário Roso de Luna, no capítulo Paulo, o iniciado cristão.

Assim, os primitivos padres cristãos falavam e escreviam abertamente sobre os mistérios cristãos, como bem sabem todos os que estudaram a história da Igreja. São Clemente de Alexandria; Orígenes; Inácio, bispo de Antioquia; Policarpo, bispo de Smirna; Potemo etc., foram todos iniciados.
Conforme São Paulo aos coríntios 2:6 a 7: “Nós falamos sabedoria aos que são perfeitos, sabedoria de Deus [Teosofia?] em mistério, a sabedoria oculto que Deus dispôs antes do princípio do mundo e que é desconhecida ate aos príncipes deste mundo”.

Outra vez São Paulo, que repete na Epístola aos hebreus 5:13 e 14: “Porque qualquer que ainda se alimente de leite não está experimentado na palavra da justiça, porque é menino [neófito]. Mas o mantimento sólido [mistérios maiores] é para os perfeitos, os quais, em razão de costume, têm os sentidos exercitados para discemir tanto o bem como o mal”.

Essa linguagem que São Paulo usa indica que ele alcançou um alto grau iniciático, porque consegue transmitir sua mensagem tanto para os profanos como para os iniciados, abertamente. 

Seres dessa categoria falavam e escreviam abertamente sobre os mistérios cristãos, pois guardavam o conselho de Platão: “Havemos de falar em enigmas para que se o escrito vier às mãos a quem não foi destinado, o que o ler fique ignorando o”. Isto prova que entre os iniciados existe uma espécie de código de linguagem simbólica formada por alegorias ou parábolas que servem de veste, véu que encobre a idéia principal, enfim, a Verdade. Portanto, quem não tiver este conhecimento, essa chave, lerá mas não captará o essencial. Apenas algo superficial e que ás vezes não fará sentido.

Dai surgiu a palavra revelação, com duplo sentido, que tanto pode ser o de retirar o véu como o de recobrir com o véu.
 

Esta é a razão porque Jesus alertava para “a letra que mata” em oposição ao “espírito que vivifica”. Queria dizer para não nos apegarmos à letra ou seguir tudo ao pé da letra, mas procurar o sentido que está apenas sugerido no texto, a segunda intenção do autor.

São Paulo disse que “essa sabedoria só é transmitida aos que são perfeitos”, aqueles que alcançaram um determinado estado de consciência mais elevado do que o do comum dos seres humanos. Como podemos entender isto?  Através de uma comparação. Existem três tipos de Avataras: integral, parcial e momentâneo. 

O primeiro vem ao mundo com 100% de consciência divina; o segundo, com 75%; o terceiro, com 25% ou mais. Atualmente, os cientistas falam que o Homem não utiliza nem 10% do potencial de suas faculdades mentais. Logo, o ser humano que alcançar ou usar, por exemplo, 15 % de seu potencial ou estado de consciência está progredindo. Como disse São Paulo: “Está em razão do costume com os sentidos exercitados para distinguir entre o verdadeiro e o falso”.

Durante a iniciação o candidato recebe gradativamente, o conhecimento e os temas de meditação, as técnicas e os exercícios onde desenvolverão as faculdades superiores adormecidas, latentes que estão no interior de todo ser humano. O despertar destas faculdades o colocarão acima do nível comum de percepção das pessoas, sua visão de mundo será ampliada, suas idéias também.
Não se trata de uma lavagem cerebral, porque todo o esforço e progresso neste caminho vai depender exclusivamente de o aluno atingir a meta; e nem ele é obrigado a realizar o que suas forças não permitem. Ele pode começar com entusiasmo e depois, diante das dificuldades da vida e provas pode perder o entusiasmo, pode se frustrar e desistir.

Por isso ele recebe a Iniciação Simbólica. 

Algumas autoridades eclesiásticas fizeram este tipo de iniciação.

Vejamos:
Policarpo, bispo de Smirna, escreve a certos outros, considerando os bem versados nas Sagradas Escrituras e que nada lhes é oculto, “mas a mim [diz ele] esse privilégio ainda não é concedido”.
Inácio, bispo de Antióquia, declara que “ainda não é perfeito em Jesus Cristo (…) pois apenas começo a ser discípulo, falo-vos como sendo iniciado nos Mistérios do Evangelho, como São Paulo, o santo, o mártir”.

Perguntamos: como eles conseguiram chegar ao grau de bispo? A resposta é esta: iniciação simbólica!

Quem passou pelos quatro graus de Magus na Irmandade das Estrelas e está nos níveis mais avançados (Magister) não pode dizer que é perfeito, um hierofante, mas já recebeu conhecimento suficiente para sê lo. Ninguém faz um adepto: o discípulo é que se faz por si. 

No Pequeno Oráculo encontramos o seguinte conselho do Mestre: “O processo da evolução é longo. O estudante de ocultismo não deve sentir urgência na sua própria salvação. Pense no dever que assumiu perante a Lei, em ser digno dela. O resto virá, com ou sem urgência, mas virá”.

Quem eram e como foram escolhidos os primeiros apóstolos cristãos?

Vendo que o trabalho de evangelização era muito grande e que, só, não daria conta, Jesus disse aos discípulos: “A seara é realmente grande, mas poucos os ceifeiros. Rogai pois ao Senhor da seara que mande ceifeiros para sua seara” (Mateus 9:37 a 38).

São Lucas relata em 6:12 a 13: “E aconteceu que naqueles dias subiu ao monte a orar, e passou a noite em oração a Deus. E quando já era dia, chamou a si os seus discípulos a escolheu doze deles, a quem deu o nome de apóstolos”.

Apóstolos significa enviados; mensageiros, portadores da boa mensagem. Eles eram em número de doze: Pedro, André, Tiago (filho de Zebedeu), João, Felipe, Bartolomeu, Tome, Mateus, Tiago (filho de Alfeu), Tadeu, Simão e Judas Iscariotes. Muitos deles eram pescadores. Disse lhes: “Vinde após mim e eu vos farei pescadores de homens”. Outras vezes dizia apenas: “Vem a siga me”.

Nesta passagem nota se a aparente facilidade com que os homens aceitaram este convite. Afinal, o que eles viram em Jesus que imediatamente largaram redes, barcos, o próprio pai e o seguiram?
No principio de suas pregações Jesus não era assim tão popular, tão conhecido como imaginamos hoje. O tom de voz, o olhar, a presença, suas palavras ficavam marcados profundamente nos discípulos. Ele tinha um carisma que logo os convencia, como relata o evangelista: “Então, eles, deixando logo as redes, seguiram no”.

Para conhecê-lo melhor tiveram que ouvir seus discursos, palestras, ver suas curas, que foram um dos grandes fatores para conseguir a atenção e posterior arrebatamento de seguidores no inicio de seu trabalho, como foi também nos primeiros anos do movimento eubiótico.

Os apóstolos já eram seres de hierarquia, manifestados a propósito na face da Terra! Essa afirmação se confirma com São João 10:1 a 16: “Aquele, porém, que entra pela porta é o pastor de ovelhas. A este o porteiro abre e as ovelhas [ou seja, os discípulos] ouvem a sua voz e chama as suas ovelhas pelo nome, e as traz para fora [do curral humano]. E quando tira para fora suas ovelhas [liberta as] vai adiante delas [como faz o manu, o condutor, guia e mestre] e as ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz. Mas de modo nenhum seguirão o estranho”. 

E mais adiante São João recorda o que disse o meigo nazareno: “Ainda tenho outras ovelhas que não são deste aprisco; também me convém agregar estas e elas ouvirão a minha voz e haverá um rebanho e um pastor”.

Quem seriam estas “outras, ovelhas”? Seriam aquelas almas que estavam sendo preparadas, as quais ouviriam a voz do Cristo interno?

As ovelhas do aprisco eram os doze apóstolos. Aquelas que estavam de fora do aprisco estavam em vista de o serem, no futuro.

Para confirmar a presença daquela hierarquia auxiliar, posteriormente disse Jesus: “Se vós fosseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas porque não sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos aborrece”.

Mas, sendo seres de hierarquia, eram os apóstolos perfeitos? Não, estavam apenas prontos para receber a iniciação correspondente ao ciclo evolucional que se iniciava.

O objetivo principal da iniciação cristã era que os discípulos se tomassem “perfeitos” ou iguais ao Mestre, o Cristo. Dai ele insistir nesse ponto:
“Sêde vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus”. (Mateus 5:48)
“Se queres ser perfeito, vai, vende tudo… “. (Mateus 19:21)
“Não é o discípulo mais do que o mestre, nem o servo mais do que o seu senhor. Basta ao discípulo ser como o seu mestre, e ao servo como seu senhor”. (Mateus 10:25)

NOTAS:
1) Santo Agostinho disse, textualmente: “o que se chama de religião cristã existiu entre os amigos e nunca deixou de existir desde o começo do gênero humano até a vinda de Cristo em carne”. Foi neste tempo que a verdadeira religião, que já existia, começou a ser denominada cristianismo.
2) Seita monástica fundamentalista judaica à qual Jesus pertenceu, na categoria dos nazar, isto é, membros leigos autorizados a viver no mundo e liberados dos rigores do celibato e os votos de pobreza e castidade a que os internos estavam adstritos. 
Daí ser chamado de Nazareno, não porque fosse natural da cidade de Nazaré, que nem existia na época, e até porque, todos sabem, era natural de Belém. (N. da R.)
3) Os dois comentários judeus encontram se em Evidências esotéricas na vida de Jesus de Nazaré, de Antonio Carlos Boin, revista Dhâranâ.
4) Aqueles que não sendo eubiotas ae que, portanto, jamais se dedicaram ao estudo comparado das ciências, filosofias, religiões e línguas, tanto do Oriente como do Ocidente, terão sempre que interpretar as coisas “debaixo da letra que mata”.

Por Manoel Neivas
Revista Dhâranâ – Setembro de 2001 – Número 239

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