A história de um caminho para o interior.
Acreditamos que poucos são os peregrinos de Santiago de Compostela que empreendem a sua peregrinação com a consciência integral do significado daquilo que estão executando. O “Caminho de Santiago” iniciou-se com uma “heresia”: a heresia espanhola de Prisciliano. O pensamento Nazareno divulgava a verdadeira religião de Jesus que já estava difundida na Síria e no Egito.
Os sírios levaram-na, juntamente com o seu comércio, para a Gália e a Espanha, então sob o seu controle.
Quando o cristianismo divulgado por Paulo chegou a estas terras, já encontrou consolidada a Igreja Nazarena. De uma família nobre espanhola, Prisciliano de Ávila foi o mais importante dos divulgadores do cristianismo espanhol primitivo, no final do século IV a.D. Prisciliano mantinha-se afastado da Igreja de Roma e empreendia um movimento amplo, divulgando a fé de Jesus, o pensamento nazareno, que deitou raízes e fez a sua sede na Galiza.
Lentamente, o movimento de Prisciliano escorreu para a Gália e tornou-se na forma de cristianismo da Aquitânia. Prisciliano continuava haurindo de todos os conhecimentos necessários para alimentar a sua fé, bem diferentes dos preceitos de Roma.
Nos anos de 381 e 384 Egéria, um dos bastiões de Prisciliano, mulher de força e dinamismo admiráveis, viajou para o Oriente Médio em busca dos textos não canônicos. Egéria instruiu-se com os ensinamentos de Tomé em Edessa, o centro tomasino por excelência e peregrinou pelas igrejas da Mesopotâmia onde acatava-se a sabedoria nestoriana e nazarena (Chadwick, Priscilian of Avila p.166-7). Com estes feitos, Egéria ajudou a implantar na Europa Ocidental uma forma de cristianismo contrária à forma ditada por Paulo e por Roma.
Prisciliano baseava-se no pensamento nestoriano e no maniqueísmo gnóstico, aceitando o pensamento judáico, a sua numerologia e a sua cabala, cujas fontes foram os essênios, os zadoquitas e os nazarenos. Aceitava, também, certos preceitos da lei judáica, respeitava o “sabá” e negava a SSma. Trindade. Era leitor assíduo dos “Atos de Tomé” e ensinava que Judas Tomé era “irmão gêmeo” de Jesus (Eisher, The Messiah Jesus).
Prisciliano e cinco discípulos seus foram executados como hereges no ano 336 a.D. Morreu em Trier e o seu corpo foi levado para a Espanha e queimado na Galiza, tornando-se mártir e tendo o seu túmulo transformado em santuário e local de peregrinação.
O professor Henry Chadwick – Oxford – afirma que o “Santuário de Santiago de Compostela” guarda o túmulo de Prisciliano, na realidade, Santiago de Compostela é a resposta nazarena à Roma. Paulo e Roma sempre desconsideraram Tiago, irmão de Jesus e chefe da Igreja Nazarena. O destino quis, entretanto, que o santuário dedicado a Tiago, em Compostela, depois de Roma, fosse o mais importante e celebrado centro de peregrinação na Idade Média. Santiago foi o ponto de origem da “Reconquista” da Espanha em poder dos mouros, Santiago instituiu a sua Ordem de Cavalaria – a Ordem de Santiago – à exemplo da Ordem Templária e dos Hospitalários.
Reza uma tradição (séc. VII) que São Tiago visitou a Espanha e que após a sua morte, o seu corpo foi transladado de Jerusalém para Compostela.
“Santiago de Compostela é a resposta do pensamento nazareno, da crença verdadeira de Jesus, às influências paulinas na Igreja de Roma”. – Assim alegam alguns dos especialistas e estudiosos das religiões.
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