No coração de um dos maiores enigmas da Arqueologia, o Egito, perto das ruínas “ciclópicas” de Tebas (Cidade das Estrelas) levantam-se as formidáveis estátuas conhecidas com o nome de “OS COLOSSOS DE MEMNON” visíveis a quilômetros de distância. Pertenciam, outrora, ao templo que os gregos e Romanos chamavam MEMNORIUM. Já nesta época, encontrava-se em ruínas e, segundo alguns autores, estava dedicado aos mortos, aos “MANES” ou Homens Primitivos. Porém, o deus Memnón, que ali se adorava, simbolizava, no antigo panteão egípcio, o Sol Nascente, senhor dos discípulos e da juventude.
Suas origens são incertas, alguns estudiosos asseguram que Amenófis III, faraó da XII dinastia.
Possuem uma altura de mais de 15 metros e quando foram erigidos, existia o mesmo clima, terrivelmente quente, que ainda hoje perdura. Há vários séculos que estão irreconhecíveis, não permitindo saber quem representavam, se bem que parecem figuras masculinas sentadas. Seus tronos estão flanqueados por figuras menores, presumivelmente femininas, mas não é pela grandiosidade de suas dimensões, nem por suas obscuras origens que ganharam o caráter de maravilhas, e sim porque o monumento do lado norte encheu séculos de história com certos sons misteriosos que emitia quando o sol nascente feria seus lábios de rocha.
se nada houvesse acontecido. Dizem outras antigas crônicas, pelo contrário, que a ruptura da estátua aconteceu em virtude dos efeitos telúricos de um terremoto. Eusébio, Josefo, Dionísio, o Periegota, Luciano, F’ilóstrato, Estrabón e o grande Plínio dedicaram a ela, – como muitos outros autores clássicos – numerosas páginas referentes a este fenômeno sem que nenhum deles se aventurasse a uma explicação.
Tácito, historiador sério e de prudência reconhecida diz que: “Em sua viagem ao Egito, Germânico admirou a imagem de pedra de Memnón que emite um som semelhante à voz humana (Vocalem sonum)tão logo caem sobre ela os raios do Sol”.
Juvenal caracteriza a estátua com estas palavras: “Ali ressoam as mágicas cordas do mutilado Memnón”.
E Filostràto: “. . . a estátua de Memnón fala cada vez que um raio de Sol cai sobre sua boca”. Segundo Eustásio “a estátua recebeu uma consagração mágica…”.
No “Diálogo sobre a amizade” (Toraxis) diz Luciano: “Eu escutei, não como tantos outros, emitindo um som sem sentido, mas um oráculo de sete versos…”
O arqueólogo Letronne recompilou setenta e duas inscrições que viajantes gregos e romanos esculpiram no enorme pedestal da estátua, como testemunha de ter ouvido a “Voz de Memnán” e se o espaço nos permitisse, reproduziríamos algumas delas por seus extraordinários aportes na elucidação
deste enigma
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Historicamente não conhecemos nenhum terremoto que afetasse esta zona. No ano 24 A.C., um pequeno movimento telúrico afetou o lugar, mas sem causar nenhum dano em nenhum templo. Entretanto, a maioria dos arqueólogos afirma o contrário, sem estabelecer data ou algum indício certo (para evitar explicações difíceis), pois se Cambises foi o autor da semi destruição, é evidente que o som emitido pelo colosso não era um simples som produzido pela dilatação de pedras em condições de temperaturas diferentes, mas algo enigmático e maravilhoso.
Assim podemos dizer:
1) Das duas, a estátua falante era a do Norte.
2) Não se sabe quem a construiu nem quando começou o fenômeno sonoro.
3) O canto foi ouvido por alguns como simples som de cítara e por outros como versos inteiros – concordando a maioria, em que expressavam notas, palavras ou estrofes.
4) Destruída parcialmente até a metade do corpo, o colosso seguia ressonando tanto ou mais fortemente.
5) No século III da presente era foi restaurado com grandes tijolos de argila, pedras e destroços do original, talvez por ordem do Imperador Adriano ou Antonino.
6) Dois séculos depois calava a voz da estátua até nossos dias, se bem que alguns viajantes afirmam ter ouvido sons musicais em meados e fins do século passado.
Durante a Idade Média, muçulmanos e cristãos mutilaram as estátuas até serem reduzidas ao seu estado atual, testemunhas solitárias em meio de um campo arado. Os descendentes dos construtores, misturados hibridamente com seus destruidores, olham-nos sem compreender a razão de sua existência… Os lábios da Sabedoria permanecem calados à espera de tempos propícios.