Um grande sábio disse certa vez que arrancar uma flor na terra afeta uma estrela distante. Essa afirmação poderia parecer improvável, mas é verdadeira e refere-se à unidade inata de toda existência e sua íntima conexão em todos os níveis. Uma harmonia infinita na natureza estende-se das menores formas de vida, ou microrganismos, aos maiores sistemas estelares e galáxias do universo. Essa ordem natural assegura que cada forma de manifestação de vida tem seu lugar e papel apropriados na evolução da vida até sua plenitude.
De modo semelhante, o biólogo vienense do início do século XX. Raoul France, afirma que todo o mundo vegetal vive responsivo ao movimento da terra e de seu satélite, a lua, e ao movimento dos outros planetas do nosso sistema solar. Diz, ainda, que será provado que as estrelas e outros corpos cósmicos do universo afetam o reino vegetal. Toda a vida está unida por sutis laços de afinidade, e, portanto qualquer movimento numa extremidade do espectro afeta a outra extremidade. Os campos mórficos de Rupert Sheldrake fazem eco a esse tema antigo de interconexão, sugerindo que experiências artísticas são realizadas no inconsciente de toda humanidade.
As muitas espécies de vida evoluem na terra e agem de acordo com as limitações de suas formas e de seus instintos naturais. Quando o leão mata sua presa, ele o faz em busca de alimento e não devido a malícia, e uma vez cheio o estômago, não tem razão para matar até a próxima refeição. Existem, no entanto, casos excepcionais n reino animal, de animais comportando-se contrariamente à sua natureza instintiva. Nos parques de caça do Quênia, havia uma leoa que recebeu o nome de “Kumunyak”, que significa “abençoada” no idioma Masai, pois ela repetidamente adotava jovens cervos e lhes dava proteção. A leoa não os feria, e eles andavam com ela daqui pra ali sem mostrar qualquer sinal de medo. Esse é um exemplo de consciência animal que progrediu muito além de sua espécie, manifestando amor e compaixão.
Existe uma harmonia natural entre as muitas espécies, assim sendo, elas se auxiliam umas às outras, basta para isso procurar o bem, que é o divino, nas pessoas e coisas, deixando o restante para Deus.
O professor J.C.Bose, grande cientista do século XIX, citando os antigos sábios da Índia, disse com relação a isso: “Aqueles que veem apenas o Um em todas as multiplicidades cambiantes deste universo pertencem à Verdade Eterna, e a ninguém mais.” Como disseram os antigos sábios da era dos Upanishades, em seus escritos, “a Natureza sussurra-nos de muitas maneiras e através de muitos meios.” O cultivo da sensibilidade para se experienciar a vibração e a harmonia da vida é a estrada que leva à percepção
O princípio da fraternidade universal sem qualquer distinção, não apenas como ideal pelo qual se deva aspirar, mas como uma realidade na natureza, precisa ser compreendido. A afirmação de que “ o arrancar de uma folha afeta uma estrela distante” pôe em foco a responsabilidade que assumimos por todas as nossas ações.
A mente humana divide e diferencia entre o que ela identifica como o eu de um lado, e os outros de outro. Ela acentua e perpetua as diferenças, em vez de ver a unidade inerente da existência. A percepção permite à pessoa observar suas (da mente) verdadeiras operações.
O precondicionamento da mente faz com que o processo de pensar funcione ao longo de sulcos preestabelecidos. Ela categoriza e diferencia de muitas maneiras. Ao lidar com outras pessoas introduz a separação e também funciona com autoimportância, depreciando os outros como não sendo importantes. O movimento na mente é tão sutil, que, a não ser que a pessoa desenvolva atenção e percepção, não é notado. Ela possui habilidade para convencer de que está livre de qualquer tipo de distinção como raça, religião, sexo etc, mas a observação atenta põe em foco as motivações por trás de suas ações. O eu se manifesta de muitas maneiras ao lidar com o mundo ao seu redor. Com a percepção surge a aceitação de que as distinções existem na mente e que têm que ser enfrentadas.
Existe uma necessidade de se reavaliar os valores da sociedade materialista atual e reverter a um modo mais natural de vida que permitiria ao homem religar-se a natureza, onde se possa ouvir o som das folhas que se abrem na primavera, ou o som do zumbido da asa do inseto; da apreciação da flor, do rio, da montanha e etc, restabelecendo os elos perdidos.
Perceber a vibrante energia oculta, o desabrochar da consciência, nos animais, nas plantas e até mesmo nas pedras, aparentemente inertes e inconscientes, é a estrada que leva à percepção. Compreender os modos infinitos de expressão da natureza e ver a consciência manifestando-se em tudo é harmonizar-se com toda a vida.