Hypolito León Denizar Rivail
(Lyon, França, 3 de outubro de 1804 – Paris, França, 31 de março de 1869)

   

 

 

 
Allan Kardec foi o codificador do Espiritismo. Organizador escrupuloso de um material que fundamentou a corrente espírita do século XIX, porém, não foi um escritor de ficção, nem tão pouco de estilo místico

Em 18 de Abril de 1857 publicou um livro que marcará o inicio do espiritismo “O Livro dos Espíritos”. Este livro já aparece publicado com o pseudônimo Allan Kardec, separando-o assim da vida de escritor e pedagogo de prestigio que tinha com o nome de seu nascimento (Hipolito León Denizar Rivail). 

Nos poucos anos que lhe restavam por viver escreveu todos os livros que completam a codificação espírita.

Hypolito León Denizar Rivail (Allan Kardec), nasceu em 3 de outubro de 1804, em Lyon, França. Filho de do juiz Jean Baptiste-Antoine Rivail e de Jeanne Louise Duhamel.O professor Rivail fez em Lyon os seus primeiros estudos e completou posteriormente sua formação em Yverdum (Suíça), com o célebre professor Pestalozzi, de quem rapidamente se tornou um de seus mais eminentes discípulos. Dedicou-se de coração à propaganda do sistema de educação que exerceu uma grande influência na reforma ducacional tanto na Francia como na Alemanha.
 

 

Pestalozzi e seus alunos

Muitas vezes, quando Pestalozzi era chamado por governos para fundar institutos semelhantes ao de Iverdum, confiava a Denizar Rivail o encargo de substituí-lo na direção de sua escola.

Lingüista insigne conhecia a fundo e falava corretamente o alemão, o inglês, o italiano e o espanhol; conhecia também o holandês, e podia facilmente expressar-se nesta língua. Membro de varias sociedades educacionais, em especial da Academia Real de Arras, foi autor de numerosas obras de educação, entre as quais podemos citar:

Plano proposto para a melhoria da Instrução Pública (1828)

Curso Prático e teórico de Aritmética, segundo o método de Pestalozzi, para uso dos professores e mães de família (1829)

Gramática Francesa Clássica (1831)

Manual para exames de Capacidade; soluções racionais de perguntas e problemas de Aritmética e Geometria (1846)

Catecismo gramatical da Língua Francesa (1848)

Programas de cursos ordinários de Física, Química, Astronomia e Fisiologia (1849)
 

 

Além da criação de obras didáticas, Rivail também fazia a contabilidade de casas comercias, o que lhe proporcionava ter uma vida economicamente tranqüila.

Seu nome era conhecido e respeitado e muitas de suas obras foram adotadas pela Universidade de França. No mundo literário, conheceu a professora Amélia Gabrielle Boudet, com quem se casou no dia 6 de fevereiro de 1832.
 

 

Amélia Gabrielle Boudet

Em 1854, por intermédio de um amigo chamado Fortier, o professor Hypolito ouviu falar pela primeira vez sobre os fenômenos das mesas giratórias, em moda nos salões Europeus, desde a explosão dos fenômenos espíritas em 1848, na cidade de Hydesville nos Estados Unidos, com as irmãs Fox. No ano seguinte, se interessou mais pelo assunto, pois recebeu novas informações sobre a intervenção dos Espíritos, informação dada pelo Sr. Calotti, que era seu amigo há já 25 anos. Depois de algum tempo, em maio de 1855, ele foi convidado para participar de uma dessas reuniões, pelo Sr. Patier, um homem muito sério e instruído.
 

 

As Irmãs Fox

O professor era um grande estudioso do magnetismo e aceitou participar, pensando que eram fenômenos relacionados. Depois de algumas sessões teve a necessidade de uma resposta lógica que pudesse explicar o fato de objetos inertes emitirem mensagens inteligentes. Ele se admirava com estas manifestações, pois lhe parecia que por trás delas havia uma causa inteligente responsável pelos movimentos. Resolveu investigar, pois sabia que ali estava a revelação de uma nova lei.

As “forças invisíveis” que se manifestavam nas sessões de mesas falantes dizia que eram almas de homens que haviam vivido na Terra.

O Codificador se intrigava mais e mais. Em um desses trabalhos, uma mensagem foi destinada especificamente a ele: “Daria vida a uma nova Doutrina filosófica, científica e moral.” Kardec afirmou que sendo ele o escolhido, tudo faria para desempenhar com determinação a missão recebida.
 

 

O fenômeno das mesas falantes

Allan Kardec iniciou sua observação e estudo dos fenômenos espíritas, com o entusiasmo próprio das pessoas maduras e racionais, mas a sua primeira atitude foi de ceticismo: “Eu acreditarei quando ver, e quando conseguira provar que uma mesa dispõe de cérebro e nervos, e que se pode tornar-se sonâmbula”.

Depois da estranheza e da incredulidade inicial, Rivail começa a pensar seriamente na validade de tais fenômenos e continua em seus estudos e observações, mais e mais convencido da seriedade do que estava presenciando. Ele nos relata: “De repente me encontrava no meio de um fato estranho, contrário, à primeira vista, às leis da natureza, ocorrendo na presença de pessoas honradas e dignas de fé. Mas a idéia de uma mesa falante ainda não cabia em minha mente”.

 O desenvolvimento da Codificação Espírita basicamente tem seu início na residência da família Baudin, no ano de 1855. Na casa havia duas meninas que eram médiuns. Tratava-se de Julie e Caroline Baudin de 14 e 16 anos respectivamente. Através da “Cesta”, um mecanismo parecido com as mesas falantes, Kardec fazia perguntas aos espíritos desencarnados, que as respondiam por meio da escritura mediúnica. À medida que as perguntas do professor eram respondidas, ele percebia que ali nascia o corpo de uma doutrina e se preparou para publicar o que mais tarde se transformou na primeira obra da Codificação Espírita.

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Cesta de comunicação mediúnica

A forma pela qual os Espíritos se comunicavam no início, era através da Cesta que tinha um lápis no centro. As mãos da médium eram colocadas nos bordos, de forma que os movimentos involuntários, provocados pelos espíritos, produziam os escritos. Com o tempo, a cesta foi substituída pelas mãos dos médiuns, dando origem a conhecida psicografia. Das consultas feitas aos Espíritos, nasceu o “Livro dos Espíritos”, lançado no dia 18 de Abril de 1857, desvelando para o mundo todo um horizonte de possibilidades no campo de conhecimento.

A partir dai Allan Kardec se dedicou intensivamente ao trabalho de expansão e divulgação da chamada Boa Nova. Viajou muito, visitou dezenas de cidades e assistiu há inúmeras reuniões doutrinárias de Espiritismo.

Por seu profundo amor ao Bem e a Verdade, Allan Kardec edificou um monumento de sabedoria, desvelando os grandes mistérios da vida, do destino, pela compreensão racional e positiva das múltiplas existências, tudo a luz dos postulados do Cristianismo.
 

 

Rivail quando jovem

Filho de Pais católicos, Allan Kardec foi criado no Protestantismo, mas não abraçou nenhuma dessas religiões, preferindo situar-se na posição de livre pensador e homem de análises. Assim, situado nessa posição foi uma pessoa de caráter livre e de saber profundo, desperto para o exame das manifestações, chamadas de mesas girantes.

Segundo Kardec, o Espiritismo não era uma criação do homem e sim uma revelação Divina para a Humanidade em defesa dos postulados deixados pelo Rabi da Galiléia, num momento em que o materialismo avassalador conquistava às mais brilhantes inteligências e os cérebros mais proeminentes da Europa e da América.

A Codificação da Doutrina Espírita colocou Kardec na galeria dos grandes missionários e benfeitores da Humanidade. Sua obra é considerada como um acontecimento tão extraordinário como a Revolução Francesa. Esta estabeleceu os direitos do homem dentro da Sociedade, aquela revelou as ligações do homem com o Universo, lhe dando as chaves do conhecimento da vida após a morte.
 

 

A missão do Mestre, como havia sido prognosticada pelo Espírito da Verdade, era de armadilhas e perigos, pois ela não seria apenas a de codificar, se não a de instruir e transformar a Humanidade. A missão lhe foi tão árdua que, no dia 1 de janeiro de 1867, numa anotação, Kardec se referia às ingratidões de amigos, aos ódios dos inimigos, às injurias e as calunias de pessoas fanáticas. Entretanto, ele jamais desfaleceu diante do embates e contratempos.

Seu pseudônimo, Allan Kardec, tem a seguinte origem: Uma noite, o Espírito que se autodenominava “Z”,a través de um médium em uma comunicação pessoal, lhe disse, entre outras coisas, o que lhe havia ocorrido em uma existência anterior, quando vivia com os Druidas na Gália, chamando-se nessa época: Allan Kardec. A amizade com o Espírito Zéfiro aumentava, prometendo-lhe ajuda-lo na tarefa transcendental a que era chamado, e que facilmente levaria à cabo. Na hora de publicar o Livro dos Espíritos, o autor ficou diante de um dilema: como assinaria as obras. O faria com seu nome Denizard Hipolyte León Rivail, ou com seu pseudônimo Allan Kardec. Sendo seu nome muito conhecido no mundo científico, em virtude de seus trabalhos anteriores, e podendo originar uma confusão, que viria a prejudicar o êxito da sua missão, decidiu adotar o nome de sua existência precedente “Allan Kardec”, de maneira definitiva.
 

 

Livros que codificou e escreveu:

O livro dos Espíritos (1857)

O que é o Espiritismo (1859)

O livro dos Médiuns (1861)

O Evangelho segundo o Espiritismo (1864)

O Céu e o Inferno (1865)

A Gênesis (1868)

Obras Póstumas (1890)

No dia primeiro de Janeiro de 1858 publicou o primeiro número da Revista Espírita, que serviu como poderoso auxiliar para o desenvolvimento de seus trabalhos, tarefa que realizou sem interrupção por 12 anos, até a sua morte.

Em Abril de 1858, Allan Kardec fundou a sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, que tinha por objetivo o estudo de todos os fenômenos relativos às manifestações espíritas e suas aplicações às ciências morais, físicas, históricas y psicológicas.

De 1855 a 1869, Allan Kardec consagrou sua existência ao Espiritismo. Representando ao espírito de Verdade, estabeleceu a Doutrina espírita e trouxe aos homens o Consolador Prometido.

O Codificador do Espiritismo desencarnou em Paris, no dia 31 de março de 1869, aos 65 anos. Em sua tumba está escrito: “Nascer, morrer, renascer e progredir sem cessar, esta é a Lei”.
 

 

Cartão recebido pelos fundadores do Imagick
do amigo e padrinho, Chico Xavier,
por ocasião do lançamento do selo comemorativo
dos 100 anos da morte de Allan Kardek