Akhenaton[1]Os ensinamentos de Amenemope aos poucos estavam perdendo a sua atuação sobre a mente egípcia, quando, por intermédio da influência de um médico egípcio salemita, uma mulher da família real adotou os ensinamentos de elquisedeque.Essa mulher convenceu o seu filho, Iknaton, faraó do Egito, a aceitar essas doutrinas de um Deus único.

Desde o desaparecimento de Melquisedeque na carne, nenhum ser humano, até aquele tempo, havia elaborado um conceito tão espantosamente claro da religião revelada
de Salém quanto Iknaton. Sob certos aspectos, esse jovem rei egípcio é uma das pessoas mais notáveis da história humana. Durante essa época de depressão espiritual crescente na Mesopotâmia, ele conservou viva a doutrina de El Elyon,
o único Deus, no Egito, mantendo assim o canal filosófico monoteísta; e isso foi vital para o suporte religioso da então futura auto-outorga de Micael. E foi em reconhecimento a essa bravura, entre outras razões, que o Jesus criança foi
levado para o Egito, onde alguns dos sucessores espirituais de Iknaton o viram e, em uma certa medida, compreenderam algumas etapas da sua missão divina em Urântia.

Moisés, a maior figura que surgiu entre Melquisedeque e Jesus, foi uma dádiva conjunta ao mundo da raça hebraica e da família real egípcia; e houvesse Iknaton possuído a versatilidade e a habilidade de Moisés, houvesse ele manifestado um gênio político à altura da sua surpreendente liderança religiosa, e o Egito se teria transformado na grande nação monoteísta daquela idade; e se isso houvesse
acontecido, é bem possível que Jesus pudesse ter vivido a maior parte da sua vida mortal no Egito.

Nunca, em toda a história, qualquer rei conseguiu metodicamente levar uma nação inteira do politeísmo ao monoteísmo, como o fez este extraordinário Iknaton.

Com uma determinação espantosa, esse jovem governante rompeu com o passado, mudou o seu nome, abandonou a sua capital, construiu uma cidade inteiramente nova e criou uma nova arte e uma nova literatura para todo um povo. Mas ele andou depressa demais; ele construiu demais, mais do que podiam suportar, quando ele fosse embora. E de novo, ele fracassou em prover a estabilidade material e a prosperidade do seu povo, o qual reagiu desfavoravelmente contra os seus
ensinamentos religiosos, quando as ondas subseqüentes de adversidade e de opressão abateram-se sobre os egípcios.
Tivesse esse homem de visão surpreendentemente clara, e extraordinariamente concentrado em um único propósito, a sagacidade política de Moisés, e teria ele mudado toda a história da evolução da religião e da revelação da verdade
no mundo ocidental. Durante a sua vida, ele foi capaz de refrear as atividades dos sacerdotes, dos quais ele desacreditava em geral, mas eles mantiveram os seus
cultos secretamente e se lançaram à ação tão logo o jovem rei faleceu, deixando o poder; e então não tardaram em atribuir todos os problemas subseqüentes do Egito ao estabelecimento do monoteísmo durante o seu reino.

Iknaton procurou, muito sabiamente, estabelecer o monoteísmo sob a aparência do deus-sol. Essa decisão de colocar a adoração do Pai Universal abrangendo todos
os deuses na adoração do Sol deveu-se ao conselho do médico salemita. Iknaton pegou as doutrinas generalizadas da crença então existente em Aton, a respeito da paternidade e da maternidade da Deidade, e criou uma religião que reconhecia
uma relação íntima de adoração entre o homem e Deus.
Iknaton era sábio o suficiente para manter a adoração exterior de Aton, o deus-sol, enquanto conduzia os súditos à adoração disfarçada do Único Deus, criador de Aton e Pai supremo de todos. Esse jovem instrutor-rei foi um escritor prolífico, sendo o autor da exposição intitulada O Único Deus, um livro de
trinta e um capítulos, que os sacerdotes, quando voltaram ao poder, destruíram totalmente. Iknaton também escreveu cento e trinta e sete hinos, doze dos quais estão agora preservados no Livro dos Salmos do Antigo Testamento, de autoria
creditada aos hebreus.

A suprema palavra da religião de Iknaton, na vida diária, era ‘a
retidão’, e ele expandiu rapidamente o conceito do reto proceder, de modo a abranger tanto a ética internacional quanto a ética nacional. Essa foi uma geração de uma
piedade pessoal surpreendente e foi caracterizada por uma genuína aspiração, entre os homens e as mulheres mais inteligentes, de encontrar Deus e de conhecê-lo.

Naqueles dias, a posição social ou a riqueza não davam ao egípcio quaisquer vantagens aos olhos da lei. A vida da família no Egito muito fez para preservar e aumentar a cultura moral e foi inspiração para a magnífica vida familiar posterior dos judeus na Palestina.

A fraqueza fatal da pregação de Iknaton foi a sua maior verdade, o ensinamento de que Aton era não apenas o criador do Egito, mas também do “mundo inteiro, dos homens e das bestas, e de todas as terras estrangeiras, mesmo da Síria e do Kush, além da terra do Egito. Ele coloca a todos nos seus lugares e provê a todos segundo as suas necessidadesâ€?. Esses conceitos da Deidade eram superiores e elevados, mas não eram nacionalistas. Tais sentimentos de  ternacionalidade
na religião fracassaram em aumentar o moral do exército egípcio no campo de batalha, mas deram aos sacerdotes armas eficientes para serem usadas contra o jovem rei e a sua nova religião. Ele tinha um conceito da Deidade muito mais
elevado do que o dos hebreus posteriores, mas era por demais avançado para servir aos propósitos do edificador de uma nação.

Embora o ideal monoteísta tenha sofrido com o desaparecimento de Iknaton, a idéia de um Deus Único perdurou nas mentes de muitos grupos. O genro de
Iknaton voltou, junto com os sacerdotes, à adoração dos velhos deuses, e mudou o seu nome para Tutancâmon. A capital voltou para Tebas, e os sacerdotes enriqueceram
com a terra, ganhando finalmente a posse de um sétimo de todo o Egito; e pouco depois, um deles, dessa mesma ordem de sacerdotes, ousou tomar a coroa.

Todavia, os sacerdotes não puderam vencer totalmente a onda monoteísta. Cada vez mais eles foram compelidos a combinar e a escrever hifenizando os nomes hebreus dos seus deuses; e cada vez mais a família dos deuses diminuía.

Iknaton havia associado o disco em chamas dos céus ao Deus criador, e essa idéia continuou a inflamar-se nos corações dos homens, e mesmo nos dos sacerdotes, muito tempo depois do passamento do jovem reformador.

Nunca o conceito do monoteísmo morreu nos corações dos homens, no Egito e no mundo. Ele persistiu, mesmo, até à chegada do Filho Criador daquele mesmo Pai divino, o Deus único, a quem Iknaton havia proclamado com tanto zelo para a adoração de todo o Egito.

A fragilidade da doutrina de Iknaton repousa no fato de que ele propôs uma religião tão avançada que apenas os egípcios educados poderiam compreender totalmente os seus ensinamentos. A massa dos trabalhadores da agricultura nunca
realmente alcançou os seus ensinamentos e estava, por isso, pronta para retornar, com os sacerdotes, à adoração antiga de Ísis e de seu consorte Osíris, que se supunha haver miraculosamente ressuscitado de uma morte cruel nas mãos
de Set, o deus da escuridão e do pecado.
 
O ensinamento da imortalidade de todos os homens era por demais avançado para os egípcios. Apenas aos reis e aos ricos era prometida uma ressurreição; por isso, eles embalsamavam e conservavam tão cuidadosamente os seus corpos em tumbas,
para o dia do julgamento. Contudo, a democracia da salvação e da ressurreição ensinada por Iknaton finalmente prevaleceu, em uma extensão tal que os egípcios, mais tarde, acreditaram na sobrevivência até de animais irracionais.

Embora o esforço desse governante egípcio para impor a adoração de um único Deus ao seu povo pareça haver fracassado, deve ficar registrado que as repercussões
do seu trabalho perduraram por séculos, tanto na Palestina como na Grécia, e que o Egito tornou-se, assim, o agente da transmissão da cultura evolucionária combinada do Nilo e da religião reveladora do Eufrates, para todos os povos
ulteriores do Ocidente.

A glória dessa grande era de desenvolvimento moral e de crescimento espiritual, no vale do Nilo, estava em vias de um rápido desaparecimento, na época em que a vida nacional dos hebreus estava começando, e, em conseqüência da sua
permanência no Egito, esses beduínos levaram consigo grande parte desses ensinamentos e perpetuaram grande parte da doutrina de Iknaton na sua religião racial.
 
A era pós-Melquisedeque. Embora Amenemope e Iknaton tivessem, ambos, ensinado neste período, o gênio religioso mais notável da era pós-Melquisedeque foi o líder de um grupo de beduínos do levante, o fundador da religião hebraica? Moisés. Moisés ensinou o monoteísmo. Disse ele: “Escutai, ó Israel, o Senhor nosso Deus é um só DeusNão há outro além Dele.

E, persistentemente, buscou ele desarraigar as remanescências do culto aos fantasmas junto ao seu povo, prescrevendo até a pena de morte para os seus praticantes. O monoteísmo de Moisés foi adulterado pelos seus sucessores, mas,
em tempos posteriores, eles retornaram a muitos dos seus ensinamentos. A grandeza de Moisés repousa na sua sabedoria e sagacidade. Outros homens tiveram conceitos mais elevados de Deus, mas nenhum homem teve jamais tanto êxito em
induzir grandes números de pessoas a adotar crenças tão avançadas.

A religião de Salém sobreviveu como uma crença entre os quenitas, na Palestina, e essa religião, do modo como foi posteriormente adotada pelos hebreus, foi influenciada inicialmente pelos ensinamentos morais egípcios; mais tarde, pelo pensamento teológico da Babilônia; e, finalmente, pelas concepções iranianas do bem e do mal. De fato, a religião dos hebreus fundamenta-se na aliança entre Abraão e Maquiventa Melquisedeque, mas, sendo evolucionária, ela cresceu de
muitas circunstâncias devidas a situações singulares, e, culturalmente, apropriou-se livremente das religiões, da moralidade e da filosofia de todo o Levante. É por intermédio da religião dos hebreus que grande parte da moralidade
e do pensamento religioso do Egito, da Mesopotâmia e do Irã foi transmitida aos povos ocidentais. 

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