A dica de hoje é “abra sua mente para enxergar as coisas importantes que lhe passam despercebidas”.

Para facilitar o entendimento, vamos chamar o processamento cerebral que ocorre fora da zona de consciência como “mente subconsciente” ou simplesmente “mente”.

Nossa mente está o tempo todo monitorando o ambiente ao nosso redor. Faz isso para nos preservar de situações potencialmente perigosas ou vexaminosas. Tal processo acontece na parte de baixo do cérebro, portanto, no modo automático – fora da zona de consciência, por isso não o percebemos.

Como atua a mente subconsciente

Pelo fato da mente ser resultante do conjunto das experiências de vida, ela assume importantes funções, tais como a de formadora e “guardiã” das crenças pessoais (aquilo que se pensa sobre si mesmo, sobre as pessoas, sobre o mundo e sobre o futuro) e a de executora dos movimentos mecânicos e dos hábitos – inclusive vícios.

Na maior parte do tempo, essa forma de atuação da mente é bastante eficaz e garante a nossa segurança, no entanto, às vezes, faz disparar alarmes falsos, indicando perigos inexistentes e colocando a pessoa em estados de alerta desgastantes e desnecessários.

Por que isso acontece? Como foi dito antes, as “decisões” da mente são baseadas em nossas crenças, que podem estar distorcidas (em Psicologia, essa condição é conhecida como distorção cognitiva) e, por isso, descartam informações preciosas, que poderiam trazer alívio às nossas preocupações e/ou acrescentam informações equivocadas que causam desconforto.

Crenças distorcidas

A Psicologia estudou e catalogou essas crenças. As mais comuns são essas:

Enfrentamento das distorções cognitivas

Para viver bem, é preciso identificar se estamos utilizando tais crenças distorcidas e, caso estejamos, desarmá-las. Existem técnicas específicas pra fazer isso e, se for necessário, o apoio profissional de um(a) psicólogo(a) que atue com Terapia Cognitiva pode ajudar a enfrentá-las.

Alguma dessas distorções lhe pareceu familiar? Em caso positivo, procure avaliar cuidadosamente o quanto elas são falsas. Uma maneira de fazer isso é utilizar o seguinte roteiro de enfrentamento cognitivo:

  1. Identifique a situação que lhe causou desconforto;
  2. Qual foi a emoção que prevaleceu (as emoções negativas básicas são tristeza, preocupação, raiva e nojo)?
  3. Qual pensamento passou pela sua cabeça um pouco antes da emoção (ou como você analisou a situação que lhe causou desconforto)?
  4. Identifique a distorção cognitiva acionada pela mente subconsciente (ver lista anterior).
  5. Quais são as evidências que confirmam esse pensamento (que provam que ele é verdadeiro)?
  6. Quais são as evidências que negam esse pensamento, ou seja, demonstram que ele é falso?
  7. Quais seria a explicação mais adequada para essa situação?

Vamos a um exemplo:

  1. Situação: cometeu um erro no trabalho
  2. Emoções: tristeza e preocupação
  3. Pensamento: “eu nunca faço nada direito. Deveria ter prestado mais atenção”
  4. Distorções cognitivas: autocobrança e generalização.
  5. Evidências de que confirmam o pensamento: não existe nenhuma prova de que eu NUNCA faço nada direito. Às vezes cometo alguns poucos erros por desatenção.
  6. Evidências que negam o pensamento: de vez em quando cometo erros, como todo mundo, mas na grande maioria das vezes meu trabalho está correto e com boa qualidade. Meu chefe nunca me criticou por eu errar “sempre”. Ele faz sim algumas críticas construtivas que ajudam no meu desenvolvimento profissional.
  7. Explicação adequada: cometi um erro pontual. Se receber uma crítica, será útil para o meu aprimoramento. Sou capaz de focar no trabalho, e meus sucessos anteriores provam isso.

Como ficaria a emoção após o raciocínio do item sete? Certamente, a tristeza e a preocupação cederiam lugar para uma emoção positiva e motivadora.

A importância de buscar apoio

O conceito que sustenta a prática da Terapia Cognitiva é o que afirma que na base das emoções e dos comportamentos estão os pensamentos (cognições), ou seja, antes de qualquer sentimento ou atitude, nós pensamos sobre o que está acontecendo, e esses pensamentos provocam emoções e reações. Assim, ao trabalharmos – enfrentarmos – nossos pensamentos, especialmente aqueles que se apresentam de forma distorcida, conseguimos alterar as nossas emoções, podendo invertê-las.

Você pode querer fazer esse exercício de enfrentamento cognitivo sozinho, mas destaco novamente: você pode encontrar dificuldades e, nesse caso, é importante buscar ajuda profissional. Priorize a qualidade de sua vida, busque apoio quando perceber que não dá conta sozinho. Essa regrinha vale para muitas coisas na vida, não apenas para apoio psicológico.

Luiz Eduardo Conti