Nos dias atuais é difícil imaginar que a Bruxa já pode ser um dia a realidade de uma pessoa positiva e agente de harmonia . Nas remotas origens da Bruxaria, lá na aurora da humanidade, há aproximadamente 25.000 anos, a Bruxa era vista como uma mulher divina, uma sabia que era capaz de metamorfoses grandiosas nas vidas das pessoas de sua tribo.
Ao contrario do que se pensa, o cristianismo não foi imediatamente adotado pelo povo europeu depois de ser declarado religião oficial do Império Romano. Esta conversão dos romanos ao catolicismo teve vários motivos políticos e não conseguiu uma grande penetração fora dos centros urbanos. A grande massa da população permaneceu fiel aos antigos costumes. Tanto que os cultos antigos, receberam o nome de “pagãos” (de ‘pagani’ , plural de paganu, “morador do campo”) , pois o povo do campo, longe das cidades ensinava a seus filhos os ritos e magias de seus antepassados.
Em 785 era proibido se acreditar em bruxas, pelo decreto de Paderbor. Este decreto continuou válido até Carlos Magnos. No século IX , a bruxa se transforma em pura ilusão, e quem acreditava nelas era queimado.
No século XII a situação da igreja era caótica . E a maioria das pessoas desacreditava da igreja, pois muito se criticava a corrupção do clero, e com o aumento das seitas heréticas (heresia – palavra que deriva do grego ‘haerens’, que significa “um ato de escolha) questionava-se o poder espiritual do papa .
Neste momento da história, em 1227, Gregorio IX passa a ser o núcleo da futura inquisição, proclamando que a Bruxaria era uma forma de heresia, que existia em todos os lugares e que a maior heresia era não acreditar nas bruxas.
Em 1484, foi proclamada a Bula contra as Bruxas, pelo papa Inocêncio VIII, dando amplo poder ao recém criado “Tribunal da Santa Inquisição”, para torturar, maltratar e o que fosse preciso para obter a confissão.
A inquisição tornou-se uma válvula de escape para todas as neuroses da época.
Todos eram hereges e todas eram bruxas, bastava para isso ser velha, doente mental, homossexual, uma pessoa invejada por poderosos, uma mulher vivendo sem homem, ou ser mulher abandonada.
Devido a três séculos de perseguições, onde quase um quarto de milhão de pessoas, foram mortas e torturadas, a prática de bruxaria e da magia natural foi desaparecendo, e colocada na marginalidade a Bruxa torna-se pouco a pouco o inverso da fada, cristalizando em si os poderes negativos a ela imputados, mas preservando a marca de seu saber.
Porém cada pequena cidadezinha do interior, obedece e solicita os conselhos da velha solitária que colhe plantas, cuida do corpo, e respeitando a mãe natureza, ela passa a ser chamada de curandeira, parteira… Ela guarda os segredos relacionados à medicina e magia natural. Passa a ser “comadre“, e passa a contar histórias. É a mulher de bons préstimos, que transmite receitas e o jeito certo de fazer as coisas.Passa a ser à avó que brinca com os netos ensinando-os a magia do Sol, da Lua e das matas… Ensinando-as a amar a Mãe Terra.