O será que aconteceu com os originais das escrituras sagradas?
Quando o cânone bíblico foi definido, as pessoas que determinaram o que deveria constituir as Sagradas Escrituras e permanecer como baluarte contra o paganismo e a heresia, tiveram suas razões para excluir alguns escritos e incluir outros. Tal mudança na organização e nos textos dos Evangelhos fizeram os ensinamentos (talvez por interesses da igreja) tomarem outros significados e outros valores como base, criando uma certa deturpação no que nos devia ser passado e pregado.
Em função dessa “organização” feita pela igreja, existem documentos manuscritos que seriam os “Evangelhos perdidos”, os quais derrubam a forma com que a igreja católica vem pregando a fé e a espiritualidade.
Veja abaixo alguns fragmentos desses textos que desafiam o modo com que a igreja vem desenvolvendo a religião:
O Evangelho de Tomás
“Eu sou a luz que está sobre todos eles. Eu sou o Todo e o Todo vem de Mim e o Todo se tornou Eu. Rachai a madeira e Eu lá estarei. Levantai a pedra e vós Me encontrareis”
A palavra grega “todo” é pan, que é também o nome do deus da natureza com pés de cabra. Jesus afirma aqui que apesar de, por sua natureza celestial, Ele estar acima do cosmos e da natureza, Ele é também uno com a natureza.
O emprego da palavra “Todo” pode ser compreendida como na definição que lhe foi atribuída no Caibalion, de Hermes Trismegisto: tudo é feito da mesma energia, todas as coisas são energia em baixa vibração que é proveniente da mesma fonte, o pensamento do Todo. Entendendo a palavra “Todo” como no Caibalion, Jesus, neste pequeno fragmento, pretende passar a idéia de que, em “Eu sou o Todo e o Todo vem de Mim e o Todo se tornou Eu”, a vida veio do próprio universo e o universo veio da própria vida em uma relação de reciprocidade. “Rachai a madeira e Eu lá estarei. Levantai a pedra e vós Me encontrareis” ressalta a idéia de que Deus e todos os seus ensinamentos estão em toda a parte, e não em templos de madeira e pedra.
“Os discípulos disseram a Jesus: ‘Contai-nos como será nosso fim’. Jesus disse: ‘Já sabeis o começo para que possais perguntar sobre o vosso fim? Pois onde está o começo, lá estará também o fim. Bendito aquele que ficar no começo; ele compreenderá o fim e não morrerá’ “
O significado da morte apresenta uma das mais assustadoras questões da vida humana. Jesus nos conta aqui que a morte, o fim, não deve ser vista como um fenômeno isolado, mas como parte de um processo. A idéia de que “onde está o começo, lá estará também o fim” afirma que o fim é uma espécie de novo início, a definição de reencarnação.
“Se dois se reconciliam nessa única morada, então eles dirão à montanha: ‘Move-te’ e ela se moverá”
A reconciliação dos opostos é a chave que abre o depósito de ilimitada energia psíquica. Milagres são realizados por aqueles nos quais “os dois se tornam um”. É interessante notar que a frase acima, com sua ênfase intrapsíquica, passou a ter, no Evangelho canônico de Mateus uma ênfase extrovertida: “Bem-aventurados os pacificadores, pois serão chamados filhos de Deus” (18:19)
“Quem quer que beba dos meus lábios se parecerá comigo e Eu serei ele e as coisas secretas lhes serão reveladas”
A boca é a porta da alma. Consequentemente, o beijo-alma é o sinal da iniciação gnóstica. O iniciado torna-se internamente unido com o iniciador e a partilha daquelas verdades que, até então, permaneceram ocultas.
O Evangelho de Tomé
“Aquele que blasfemar contra o Pai, será perdoado; aquele que blasfemar contra o Filho, será perdoado. Mas aquele que blasfemar contra o seu deus interior, este só será perdoado por si mesmo”
“Aquele que busca não para de buscar até que encontre, e quando encontrar perturbar-se-á, depois maravilhar-se-á e reinará sobre o Todo”
“O céu passará e também passará aquele que estiver acima dele, e os mortos não estão vivos e os vivos não morrerão”
“Reconhece o que é visível para ti, e o que te é oculto te será desvelado. Pois não há nada de oculto que não será manifestado”
“Eu conto meu segredo aos que forem dignos de meu segredo O que tua mão direita fizer não deixeis que a esquerda saiba”
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