Cantinho do Titio
ALEISTER CROWLEY
Essas são algumas das qualificações do britânico Aleister Crowley (1875-1947). Rotulado pela imprensa sensacionalista de sua época como “o homem mais perverso do mundo”, Crowley resistiu à morte e ao tempo e chega a 2012 intacto em sua aura de mistério e controvérsia.
O mago é um dos assuntos de maior destaque no filme “O início, o fim e o meio”, documentário de Walter Carvalho sobre Raul Seixas que estreia em março.
O filme, mais uma “biografia definitiva” (que saiu em setembro no exterior), um punhado de livros sobre sua “magia sexual” e seu tarô (lançados pela Madras, editora brasileira de obras maçônicas e holísticas) e até uma campanha fake à presidência dos EUA cuidam de reacender a chama de Crowley — e, também, de enfim redimi-lo.
Jogado ao ostracismo no fim da vida, Aleister Crowley voltou pela porta dos fundos da cultura pop.
Ao lado de Albert Einstein e Marilyn Monroe, ele é uma das celebridades cujas fotos figuram na capa de “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band”, clássico disco dos Beatles de 1967.
O filme “O início, o fim e o meio” lembra o tempo em que as ideias do inglês chegaram a um jovem brasileiro interessado em magia e ocultismo: Paulo Coelho, que apresentou Crowley a seu parceiro, o roqueiro Raul Seixas.
Sob sua inspiração, os dois compuseram a canção “Sociedade Alternativa” e planejaram torná-la uma realidade.
Paulo, que chegou a se filiar à Ordo Templi Orientis (O.T.O., ordem mística da qual o mago britânico foi um dos líderes), largou tudo depois de um suposto encontro com o Demônio e de sua subsequente prisão pela polícia da ditadura militar — episódio contado com detalhes na biografia “O mago”, do jornalista Fernando Morais.
“Esse foi um período negro na minha vida, a magia fora de qualquer ética, todos pagaram o preço”, conta Paulo Coelho no filme, que também deu voz ao mestre do escritor na O.T.O., Euclydes Lacerda (falecido no ano passado, de câncer).
Ele diz no depoimento que o escritor (parceiro de Raul no “Rock do diabo”) pode até ter renegado a Ordem, mas continua a ela filiado, já que o desligamento teria que ser feito por escrito.
— Crowley não adorava aquilo em que não acreditava. E ele não acreditava na figura que a Igreja define como “Satã”. Ele dizia que Diabo é o nome dado a qualquer deus de que o crente desgoste ou tenha medo. Ele se interessava bastante pelo processo histórico segundo o qual as autoridades religiosas puseram a realização sexual na esfera do diabo — e, com o sexo, também as mulheres. As crenças de Crowley eram positivas, libertadoras. E espirituais — diz.
Músico e escritor, tradutor e autor de “Aleister Crowley, a biografia de um mago” (lançado no ano passado pela Madras), o brasileiro Johann Heyss lembra que a imagem de satanista permanece, em muito por causa da cultura pop — há que se lembrar da canção “Mr. Crowley”, um dos grandes sucessos de Ozzy Osbourne, em que ele canta: “Você enganou a todos com mágica/ Você esperou o chamado de Satã.”
— Essa é uma canção bastante crítica. Mas eu também não sei se, nas condições em que Ozzy estava quando a fez (início dos anos 1980, auge de seu vício em drogas e álcool), ele tinha como criticar alguém — diz Johann, que lembra a ligação de Crowley com alguns dos maiores intelectuais do século, como o poeta português Fernando Pessoa, admirador com quem ele chegou a se encontrar em Cascais, nos anos 1930.
Um amante insaciável, que buscou a união entre sexo e misticismo. Um viciado que passou maus bocados com a heroína, mas que tinha um irresistível carisma — um talento para o relacionamento social que ele usou, segundo revela o livro, como espião nas duas grandes guerras.
— Aleister Crowley merece atenção em parte porque estava muito à frente do seu tempo (e do nosso também) e porque tem muito a dizer sobre humanidade. Ele pode ser apreciado como escritor, artista e ensaísta, como guia espiritual e como aventureiro. Ele reviveu algo cujas raízes são muito antigas e deu uma forma com a qual podemos trabalhar — diz Tobias.
Uma prova dessa amplitude do legado de Crowley é dada pela Madras Editora, de São Paulo (“Somos os únicos que editam as suas obras no Brasil”, informa o editor Wagner Veneziani Costa).
Por ela, saíram, nos últimos dois anos, desde a a biografia escrita por Johann Heyss até livros como “Tarô de Crowley”, “Aleister Crowley e o tabuleiro Ouija”, “A Goetia ilustrada de Aleister Crowley — Evocação sexual” e “Os livros de Thelema”.
Estudante de Física, o americano Joseph Thiebes foi além e lançou a “campanha” de Aleister Crowley para a presidência dos Estados Unidos em 2012 (http://ac2012.com/) com o lema “fazer o que tu queres será o todo da Lei”.
— Essa é a mensagem que eu espero que um dia todos os políticos conheçam. E outro dos objetivos dessa campanha é dissipar muitas das calúnias e dos mitos sobre ele perpetuados pela imprensa sensacionalista — conta Joseph, que publicou no site um texto sobre a Sociedade Alternativa de Raul Seixas e Paulo Coelho.
— É uma pena o que aconteceu com o Paulo (que abandonou as ideias de Crowley), mas é compreensível que, depois de ter sido preso e punido por suas crenças, ele tenha mudado seu ponto de vista. Gosto dos seus livros e desejo o melhor para ele — diz Joseph
O Globo – Cultura
Edição de 4 de janeiro de 2012
Textos escritos ou selecionados por: Zelinda Orlandi Hypolito
Psicóloga clínica com especialidade em regressão de memória;
em PKZ – Psyckorszem – A Reconciliação entre os corpos físico/emocional/mental;
e terapia de DBITP (Dessensibilização Progressiva de Incidentes Traumáticos Primários).
Criadora do Workshop: Despertar da Bruxa.
Fundadora do Instituto de Pesquisas Psíquicas Imagick.
e Pontifex Solaris do IIE (Imagicklan – a Irmandade das Estrelas)
Vice-Presidente do Instituto de Pesquisas Psíquicas Imagick;
Coordenadora de todas as atividades da Cidade das Estrelas;
Criadora de todos os cursos regulares promovidos por esta entidade.