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Vamos a questão das drogas, este é um tema muito sério no caminho.
O uso de plantas de poder é uma coisa.
O uso de drogas químicas é outra coisa.
O uso de plantas de poder fora do contexto profundo do xamanismo é outra coisa ainda.
Precisamos começar delineando isso.
LSD, Cocaína, Heroína, Anfetaminas e outros produtos da
industria química são resultantes de construção química de
substâncias que interferem no funcionamento normal de nosso
cérebro e sistema nervoso. Provocam um colapso em nosso
sistema nervoso e isto pode levar o primeiro anel de poder e
interromper sua atividade ativando o segundo. Entretanto o
preço que se paga para isso, vale a pena?
 

Mas primeiro: Estas entradas fortuitas e descontroladas na
segunda atenção nenhum beneficio trazem, muito pelo
contrário, podem mesmo confundir uma pessoa e criar
patologias psíquicas e físicas da mais diversas. As pessoas
às vezes estão tão enfastiadas de seu dia a dia, tão perdidas
na confusão que se meteram que acabam procurando caminhos
de “esquecimento”.
É para isso que servem as drogas químicas e o uso da maconha
nos meios comuns, as pessoas querem “viajar”,
querem “esquecer os problemas”, querem ” ficar livres”, mas
só isso.

Notem que a proposta xamânica do uso de plantas de poder é
outra. Os (as) xamãs sempre usaram plantas de poder para
estar mais amplos, mais conscientes, para ir em busca de
visões e sinais, portanto nunca para “fugir” da realidade no
sentido de negá-la, mas sim ir além da realidade, no sentido
de ampliarem-se.
 

Segundo ponto inconveniente: Causam males enormes a saúde.
 

Ora, a prática de caminhadas constantes, de exercícios
físicos, de uma alimentação sadia, dos exercícios de
Tensigridade ou similares tem como objetivo fortalecer o
corpo, os(as) xamãs insistem que precisamos estar saudáveis
para o que vamos realizar no mundo do poder, que o corpo deve
estar forte e flexível, que precisamos de “vísceras de aço”.
 

É então total contra senso fazer uso de substâncias que
destroem a saúde com a pretensão de provocar estados
visionários, estados cheios de ilusão que servem aos que tem
preguiça e não querem de fato transcendencia, mas só
algum “agito” a suas vidas rotineiras.
Eu tenho uma pesquisa vasta sobre o tema, coisa que ainda
está em andamento e pretendo publicar um dia minhas
conclusões sobre esta questão que não é algo simples nem
superficial, pois o grau de consumo de álcool e drogas na
nossa sociedade é impressionante e o mais preocupante, grande
parte das pessoas que entram nesse caminho são justamente as
pessoas com mais energia e mais potencialidades num grupo.
Já notaram isso?
As pessoas mais brilhantes e interessantes de um grupo social
acabam entrando nestes caminhos e em grande parte acabam
tendo efeitos que mexem com toda a vida delas.
Vejam o número imenso de adolescentes e jovens que estão
fazendo uso desmedido do álcool, para grande parte
da “galera” sair fim de semana é se embebedar muito
e “travar” geral.
A pergunta é: Que futuro vão ter? Em termos de saúde psíquica
e física?
Dia desses estava caminhando nas cercanias de uma das
cidades onde fico e encontrei numa área de mata que circunda
a cidade um grupo “fumando um baseado” .
Quando me viram notei que se inquietaram, então alguém me
reconheceu (como dei aula durante algum tempo na cidade sou
conhecido como “professor” pela moçada), alguém gritou este
termo, eu respondi e ouvi ” beleza, o cara é limpeza” .
Me aproximei do grupo e quando me ofereceram para fumar
aleguei que já tinha “matado o meu” e “tava viajando”, assim
o grupo me aceitou como “igual”.
Coisa importante para quem lida com adolescentes, eles só te
ouvem se de alguma forma se identificam contigo, do contrário
podem até fazer de conta que tão te ouvindo, mas no fundo tu
és o “estranho” e mil barreiras se erguem.
A intimidade que consegui com meus alunos me revelou muita
coisa, especialmente porque na época tinha cabelo comprido e
era “o cara que morou com índios”, isto dava um tom
de “diferente” que me fez aproximar mais deste pessoal e
conversando com eles notei como é inócuo e quase ineficiente
toda a campanha oficial de combate as drogas, pois os que tem
a tendência para usar criar barreiras a quaisquer
doutrinações e cada pessoa que vem falar contra já é
catalogado com careta e os ouvidos se tornam moucos a seus
argumentos.
Fiquei muito tempo conversando com o grupo e notando o efeito
da erva sobre eles.
Ali, eram uns 8, estavam adolescentes de 14, 15 anos.
Qual o efeito da Erva?
Ela apenas os diluia ainda mais, ficavam rindo de bobagens
sem fim, enfim para poderem estar presentes sem as barreiras
e os medos precisavam fazer uso da erva, porque tudo que
faziam naquele estado era “viagem”, assim socialmente
justificável e aceito.
Os males que causam a seus organismos ainda em formação e
alguns, além de fumar cigarro, ainda me contaram que
fumam “crack” que é o lixo do lixo das drogas.
Qual o futuro deles?
Saí dali meditando sobre isso, sobre quantos grupos como
esses não existem espalhados só por este Brasil, onde cada
vez mais adormecidos e dopados pelo uso indiscriminado de
tais substâncias, vão condenando suas vidas e seus futuros,
num mundo que já é dificil e predador.
Ora, eles sequer tinham a personalidade formada, como
podiam “metabolizar” os efeitos de uma planta de poder?
 

E é esta a questão que levanto para muitos(as) que alegam
usar “plantas de poder” para “expandir a consciência”. Vem a
questão colocada por Gurdjieff: Temos que ter consciência
para ampliá-la.
 

Depois aquela planta que fumavam tinha sido plantada num
lugar ilegal, colhida por pessoas que tinham como única meta:
ganhar dinheiro; traficada por gente que usa da violência
como expediente normal.
Que energia estava impregnada nesta planta que usavam?
Assim o uso indiscriminado, para apenas “viajar” que muitos
fazem uso de tais substâncias revela que nestes casos não
estamos lidando com uma abordagem de “poder” de tal planta,
mas apenas mais um sintoma de uma sociedade em crise, em
desagregação, em decadência que corrompe tudo que toca.
Assim como esta sociedade mercantilista aproveita de
charlatães que fazem de conta que dão cursos e vivências de
xamanismo, quando apenas transmitem conceitos tacanhos, sem
nenhuma preocupação com os resultados de seu trabalho, apenas
vendo no que fazem uma “profissão”, o “dinheiro” também as
plantas de poder foram tornadas instrumentos de consumo e de
diluição numa ilusão já grande que o mundo vive.
 

Temos assistido o mesmo ocorrer com o Runipan, que chamam de
Ayuasca, com o cacto de São Pedro, com o Peyote e tantas
outras plantas de poder que agora são usadas por grupos de
pessoas que pretendem um “transe” coletivo, que anseiam por
sair desta realidade consumista e degradante , para a qual no
entanto voltam sempre que o efeito da planta passa. Se
olharmos com atenção para tais pessoas e grupos notamos que
apenas se enchem com mais ilusão e fantasia e assim tornam
ainda mais difícil o caminho da Liberdade.
Este o principal problema com o uso de plantas de poder, usá-las e não aproveitar nada o seu efeito, as experiências que
sob ela experimentamos.
 

E aí vamos mais longe.
É necessário o uso de plantas de poder?
 

A resposta não é simples, depende de cada pessoa.
Para algumas pessoas o uso é necessário, até indispensável,
para outras é completamente dispensável e existem aquelas que
nunca podem fazer uso de tais plantas, sob pena de se
confundirem ou mesmo ficarem muito doentes.
Cada caso é um caso e não podemos generalizar.
 
 

 

Mas estamos falando de xamanismo, portanto, vamos deixar
claro:
Que uso de substâncias químicas não tem nada a ver com
xamanismo, substâncias químicas são resultantes de
experiências desta época, que tentam imitar o efeito das
substâncias naturais encontradas nas plantas, mas sem
o “poder” .
Cocaína , por exemplo, é chamada por muitos de Maldição Inca,
segundo alguns xamãs a cocaína está atacando o próprio
sistema explorador que domina os povos, o número de
executivos que só vive a poder de coca é espantoso.
Para muitos é uma antiga maldição dos povos andinos atingindo
os modernos conquistadores.
O uso de remédios deve se enquadrar nesta classe de tóxicos.
Se tu trilhas um caminho xamânico e usa remédios químicos a
todo instante, um simples anador, um simples melhoral ou
aspirina, pode ter certeza que seu corpo está intoxicado e
que tu estás usando drogas.

Se vamos ser precisos em nossa avaliação temos que passar por
aí. Remédios químicos para o organismo tem o mesmo efeito que
a coca ou heroína para o campo psíquico.
As drogas farmacológicas viciam o corpo, quanto mais usam um
remédio doses mais fortes precisam ser usadas.
 

O xamanismo é um caminho natural, assim os(as) xamãs mantém
seus corpos saudáveis por efeito do uso de ervas e terapias
naturais.
Se tens um armarinho de remédios que deixa com inveja muitas
farmácias, se dependes de remédios químicos, quaisquer que
seja, estás no caso dos viciados em drogas químicas.
O uso sistemático de remédios químicos revela um problema
tão grande quanto o uso de drogas químicas.
Destroem as defesas naturais do corpo (crescem as correntes
entre epidemologistas que associam a AIDS a um problema muito
mais sistêmico que a simples presença do vírus, aliás em toda
doença o agente tido como infeccioso é sempre um
aproveitador, que entra quando o organismo por causas
diversas entrou em colapso)
 

Portanto, vamos aproveitar o tema “drogas” e definir muito
bem o que são drogas:
Drogas são todas as substâncias que agindo sobre o corpo
provocam alterações metabólicas que podem imitar o
comportamento natural do corpo, mas agem causando dependência
e destruição orgânica .
Existem as drogas que atuam sobre a percepção, chamadas de
psicodélicas, que os modismos da era hippie e a apologia de
certos escritores e artistas fizeram parecer ser “chique”,
da “moda”, ” moderno”, usá-las.
A necessidade do transe é comum a todas as culturas, os
cultos antigos sempre fizeram uso de plantas alucinógenas
para induzir estados de realidades não comuns aos
praticantes. Entretanto a forma pela qual isso era feito, a
maneira pela qual tais ritos são conduzidos muda tudo.
 

Fato: A maioria das pessoas que usam drogas se dão mal, mais
cedo ou mais tarde. Basta observar, ou estas pessoas “saem da
estrada” ou acabam se destruindo. Fora os casos que as
pessoas se destroem tanto enquanto singularidades que se
tornam incapazes de sair por si, engrossando as fileiras das
igrejas fundamentalistas, deixando de consumir drogas
químicas para consumir drogas ideológicas, que as tornam
dependentes, heterônomas, mas ao menos “produtivas para o
sistema “.
Aliás esse fator é muito sério.
O sistema tem uma relação muito dúbia com o problema das
drogas e só o ataca quando o consumo se torna problema para
a “produtividade” do indivíduo.
 

E aí chegamos no alcool.
O uso de bebidas alcoolicas é completamente liberado em nosso
país. Quem já esteve nos EUA por exemplo sabe como é dificil
um menor conseguir comprar bebida ali. Aqui, bebe quem quer.
O uso do alcool é uma questão séria em nossos dias.
Primeiro, idade.
Beber muito com seu corpo ainda em formação é completamente
imbecil.
Segundo, qualidade.
Cada porcaria se bebe por aí, vinhos que são pura tintura,
wisk que vieram do Paraguai e por aí vai. Os efeitos da
ressaca deixam claro a violência que o alcool faz em nosso
corpo, mas as propagandas de TV e revistas ainda associam
o “glamour” à bebida.
 

Aí vem o cigarro.
Pra mim, fumar é o atestado mais evidente de que saber
intelectualmente de uma coisa não quer dizer nada para mudar
o comportamento.
Já notaram que todo maço de cigarro vem com aviso sobre o mal
que causa? E os fumantes continuam fumando. Os males do vício
anunciados no próprio pacote que o traz, com a esperteza dos
donos das industrias que avisam: “tá te matando, se queres
continuar é por tua conta e risco”, claro que fazem isso
apenas para se livrarem de futuros processos, nem um pouco
preocupados com a saúde de quem quer que seja.
E as propagandas de cigarro estão, ao lado das propagandas de
bebida, entre as que mais glamour evocam. E sempre no final
de propagandas alucinantes, evocativas, que mexem
profundamente com os desejos e o simbólico de quem assiste um
rápido e insonso aviso: O ministério da saúde adverte” e lá
vem um elencar dos males que fumar causa.
Mas proibir nunca foi forma de resolver nada, será que não
aprendemos nada com a história? Proibir é sempre uma forma de
criar uma aura em torno do que foi proibido que mais atiça a
curiosidade.
Eu sou a favor da discriminalização da maconha justamente por
isso.
É como o caso da carteira de motorista com 16 anos.
Todo mundo dirige com esta idade, mas o fato de proibir cria
um problema ainda maior, tenho vários casos conhecidos de
acidentes até fatais, com menores dirigindo, que se
acidentaram ao fugir da polícia. Negando o fato, que menores
pegam o carro e dirigem, estamos apenas criando um problema
maior.
A maconha como está hoje colocada, como crime, acaba levando
os usuários a se identificarem com a marginalidade. Isso é
muito sério, temos que tomar cuidado com esta aura ainda
meio “romântica” que cerca o submundo do crime organizado. É
muito perigoso o que está acontecendo, quando o traficante se
torna herói e a polícia se parece tanto com o criminoso que
julga combater que fica difícil saber de quem correr.

Quantos jovens são chantageados, levam tapas, apanham mesmo,
são desmoralizados por policiais quando flagrados usando
maconha? Isto acontece todo dia e isto cria uma maior
identificação destes jovens com o mundo do crime que com o
mundo do contrato social que vivemos.
E viver em sociedade exige um contrato social.
A lei e a justiça tem seus defeitos, tem seus problemas, mas
vivemos num estado de direito e isto é deveras importante de
ser mantido.
Vá viver numa favela, em guerra entre gangues, para saber o
quão é inconsequente toda idéia que toda autoridade é vã e
deve ser suprimida. Quando estamos no mundo do crime
organizado não há lei, a vontade caprichosa de alguns se
impõe, a vontade imposta pela força, pelo poder e a morte de
quem não concorda.
Não vamos ser ingênuos e crer que nosso sistema legal é algo
bom e puro, mas ao menos, no estado configurado, no estado de
direito, temos instrumentos para uma ação politica e a
política é o espaço público nas conformidades da lei, uma lei
que é gerada pela necessidade da sociedade, onde a vontade
caprichosa de grupos ou individuos não podem ser mais fortes.
Sabemos que ainda não estamos dentro disto 100%, mas o
caminho é por aí.
 

Temos que notar que quando falamos de xamanismo estamos
lidando com uma abordagem completamente diferente da
realidade, uma abordagem que nada tem a ver com os
paradigmas dessa sociedade na qual estamso inseridos.
Lidar com outros estados de consciência não faz parte do que
a sociedade cotidiana aceita ou lida.
As linhas psicológicas e psicanáliticas ortodoxas tratam
todos os estados diferentes de consciência como patológicos,
excessão para psicologias mais arrojadas, porém pouco
aceitas, como a transpessoal.
Ainda temos alguns resquícios da inquisição em nosso tempo,
os hospícios são um deles.
Assim entrar em outros estados de consciência não é algo que
pode ser encarado de forma superficial como tudo o mais que
acontece nesta sociedade.
É um tema amplo e sério, mas é bom começar a distinguir que o
xamanismo é um caminho de liberdade, assim tudo que limita,
que escraviza, que gera dependência, que destrói não pode ser
um caminho xamânico.

 

 

Nuvem que Passa
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 Obs.: O Imagick respeita entidades que usam drogas alucinógenas para atingir estados alterados de consciência que lhes permitam realizar com mais facilidade suas missões e cumprir melhor seus objetivos altruístico.
Porém, como trata basicamente de expansão da consciência é contra qualquer coisa externa que provoque estados alterados. A nossas técnicas induzem a estes estados usando apenas os recursos que o próprio corpo e mente possuem naturalmente.
 

Arsenio Hypollito Junior
Fundador do Imagick
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