Relatório do Departamento de Pesquisa da Universidade Rose-Croix

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por: George F. Buletxa, Jn, Ph.D., F.R.C., Diretor de Pesquisas;
Myron S. Allen, Ph.D., Cientista Visitante da URC;
Mike Bukay, M.S., Membro da Equipe de Pesquisa;
e June Schaa, F.R.C., Membro da Equipe de Pesquisa

Através de seu estudo da intuição, o Rosacruz atinge a culminância do poder intelectual e espiritual. Os Rosacruzes aprendem que todo progresso importante, na vida das pessoas, depende da liberação e utilização de poderes intuitivos. Nenhuma descoberta notável, nenhum “insight”, nenhum produto da criatividade, ocorreu exclusivamente como resultado de atividade mental objetiva. Experimentos de laboratório, bem como inúmeras entrevistas com cientistas, escritores, compositores e artistas, atestam o fato de que as soluções de problemas são obtidas somente após terem eles sido liberados para o subconsciente ou a função intuitiva da mente.

Claude M. Bristol e Harold Sherman, em seu livro: “T.N.T. O Poder Criativo Interior”, falam do costume de Thomas Alva Edison, de tirar uns cochilos enquanto trabalhava numa invenção. Quando ele se sentia bloqueado, após ter-se esforçado ao máximo, deitava num sofá e deixava-se adormecer. Dizia que sempre recebia mais algum esclarecimento sobre o seu problema

O psiquiatra alemão, Herbert Silberer, experimentou este processo, colocando-se num estado intermediário de consciência e tentando pensar num problema complicado, que não conseguira resolver no estado normal de vigília. Verificou que o problema complicado que estava considerando desaparecia de sua consciência e era substituído por um sugestivo conjunto de imagens simbólicas. Um problema contemplado por Silberer foi o seguinte: Se a intuição é universal, por que algumas pessoas têm a intuição de fazer uma coisa, enquanto outras têm a intuição de fazer outra coisa? Escreveu ele:

“Em estado de sonolência, contemplo um tema abstrato, como a natureza de critérios válidos para todo mundo . . . .Instala-se um conflito entre o pensamento ativo e a sonolência. Esta se toma suficientemente forte para desorganizar o pensamento normal e permitir, no estado de sono crepuscular assim produzido, a aparição de um fenômeno auto-simbólico. O conteúdo do meu pensamento imediatamente se apresenta sob forma de uma imagem perceptiva (por um instante, aparentemente real): Vejo um grande círculo (ou uma esfera transparente), no espaço, e pessoas com a cabeça dentro desse círculo. Este símbolo expressa praticamente tudo o que eu estava pensando. O critério (universal) é válido para todas as pessoas, sem exceção – o círculo inclui todas as cabeças. Sua validade deve repousar num atributo comum: todas as cabeças estão incluídas na mesma esfera homogênea. Nem todos os critérios são (universais): o corpo e os membros das pessoas estão fora (abaixo) da esfera, dado que elas continuam a viver na terra, como indivíduos independentes. Que teria ocorrido? Em minha sonolência, minhas idéias abstratas haviam sido substituídas, sem interferência consciente, por uma imagem perceptiva, por um símbolo.”
 

 

Silberer prossegue, afirmando que achou esse pensamento por imagens mais fácil do que a lógica racional. Realizou exaustiva experimentação naquele estado intermediário, contemplando complexos pensamentos abstratos e aguardando atentamente o aparecimento de imagens simbólicas. Verificou que seus pensamentos, nesse estado, sempre davam origem a imagens, fato que vinha demonstrar, para ele, que a mente automaticamente transforma informação verbal em unificadoras imagens simbólicas. Um outro exemplo apresentado por Silberer é o seguinte: “Meu pensamento é: devo burilar um trecho prolixo de um ensaio. Símbolo: vejo-me aplainando um pedaço de madeira”. Em função disto, Silberer passou a “podar” palavras desnecessárias de seu ensaio.

Do ponto de vista de nossos princípios Rosacruzes, o que Silberer fez foi colocar-se num estado receptivo, intermediário; introverteu um problema que já havia analisado e aguardou que surgisse uma resposta, sob forma de visualização. Os resultados de seus experimentos demonstraram que as visualizações para resolução de problemas são frequentemente simbólicas.

Imagens inspiradas, ou símbolos, que ocorrem espontaneamente à nossa percepção, provêm de níveis que transcendem nossa consciência objetiva. Ocorrem-nos de um nível interior, de uma faculdade intuitiva da mente. São gerados numa tentativa de associar o mundo interior ao exterior, o espiritual ao material, o invisível ao visível, o macrocósmico ao microcósmico, a imaginação à objetividade, a atualidade à realidade. Promovem a integração da mente.

Simbolismo é a arte de pensar com imagens, em vez de palavras. Uma imagem é usada como símbolo para comunicar um significado que transcende o óbvio, o alcance da razão. Devido à existência de inúmeras coisas que ultrapassam o alcance da nossa compreensão objetiva, constantemente usamos símbolos (como o símbolo matemático para infinito), para representar conceitos que não podemos definir ou apreender completamente. Portanto, o simbolismo é uma técnica de compreensão. O símbolo efetua a ligação entre o reino metafísico, em que a Mente Divina abrange o Todo, e o reino físico, do cérebro, dos sentidos, em que o Todo nunca pode ser perfeitamente conhecido. No reino físico; por mais poderoso que seja o telescópio ou o microscópio que o homem construa, sempre restará matéria que não poderá ser vista mesmo com o auxílio de instrumentos. Os sentidos físicos do homem, apesar de complexos e maravilhosos, são limitados em sua capacidade de percepção. Portanto, o conhecimento humano adquirido através desses sentidos nunca poderá ser perfeito.
 

Intuição e Razão

Contrariamente à idéia popular, o método científico associa intuição à observação experimental, para a aquisição de novo conhecimento. Novas idéias provêm da intuição, sem a qual a informação que reunimos por observação fortuita seria um acúmulo de fatos sem sentido. A intuição e a razão associam as observações fortuitas numa relação significativa, num sistema ordenado. A experimentação e a observação empírica são métodos para posterior verificação ou comprovação das novas idéias, já reveladas pela intuição, para inclusão dessas idéias no acervo do conhecimento novo.

Em pesquisa científica, a chave está em ter o indivíduo a perspicácia que o torne apto a formular a pergunta correta. A resposta precisa está implícita na pergunta correta. Isto só pode ser alcançado transcendendo-se os sentidos físicos. E é o símbolo – esse instrumento de compreensão – que nos permite transcender o alcance dos sentidos físicos. Disse Goethe: “No símbolo, o particular representa o geral. . . como uma viva e momentânea revelação do inescrutável”.

Símbolos intuitivos podem revelar a essência de verdades sutis, que não podem ser compreendidas somente pelo intelecto. Por sua natureza, os símbolos podem decifrar paradoxos e, da desordem, criar ordem. Em lampejos de compreensão, proporcionam conhecimento que integra fragmentos dispersos, díspares, numa visão unitária. Percebemos, mesmo que só por um instante, o grande esquema das coisas, a unidade do universo e o lugar que nele ocupamos. Apercebemo-nos da unidade através de imagens concretas do mundo objetivo que nos cerca (as únicas coisas suscetíveis de percepção visual), porém, vemos essas imagens concretas numa nova, insólita perspectiva.

A cognição intuitiva tende a ser duvidosa, a menos que seja precedida de um grande esforço para adquirir informação e seguida de aplicação e comprovação científica da idéia. O modelo simbolizado (ou hipótese) tem de ser comprovado pela experiência no mundo objetivo. Portanto, embora modelos simbólicos e hipóteses intuitivas possam ser obtidos seguindo-se passo a passo o processo Rosacruz de concentração-contemplação-me-ditação, temos de retornar ao estado objetivo de concentração, para verificar a validade do símbolo intuitivo.
 

 

O processo Rosacruz de pensamento é uma espiral ascendente: com o retorno à concentração, mais detalhes são novamente observados; o retorno à contemplação traz novas revelações quanto à eficácia da idéia que está sendo considerada; ao passo que o retorno ao estado intermediário ou meditativo pode demonstrar que nosso símbolo intuitivo original pode explicar mais e dar significado e relevância a mais aspectos do mundo objetivo do que percebemos a princípio. O retorno ao estado meditativo pode também provocar a transformação da percepção original num símbolo ou modelo mais poderoso. O símbolo transformado é mais poderoso no sentido de que tem potencial para explicar e predizer mais acerca da natureza.
 

 

Quando a mente humana considera problemas básicos, como a natureza da matéria, suas observações proporcionam apenas dados superficiais, como pontos de partida. As observações não contêm em si mesmas os conceitos com que os dados podem receber ordem e significado. Por exemplo, uma pedra, ou um bloco compacto de madeira, não sugerem as partículas dinâmicas de matéria em função das quais é o átomo concebido. A concepção da teoria atômica não está na madeira, mas, na mente da pessoa que a interpreta. É uma imagem derivada da intuição, que demonstra seu valor em sua utilidade para a interpretação prolífica de dados superficiais. Em última análise, o teste da imagem assenta em fatos oriundos da observação, assim como a imagem do universo contida na teoria geral da relatividade, de Einstein, exigiu um eclipse para validar sua penetração.

Mesmo quando uma imagem simbólica, como uma teoria, é comprovada num caso específico, por provas externas, ela continua a ser um símbolo operacional, cuja “verdade” não é absoluta, mas, relativa e metafórica. Um símbolo é uma realidade e, não, uma atualidade. Fica definido pelas premissas simbólicas da imagem global, como na concepção do átomo. É com este sentido que Einstein afirma: “A Física é uma tentativa de apreender conceptualmente a realidade, tal como ela é imaginada, independentemente de que ela seja observada”. O resultado deste critério, seguido pela Física, é uma versão lógica da realidade, caracterizada pela estrutura dos símbolos que ela está empregando. Em certos pontos, essa versão da realidade é testada por meio de observação externa, porém, a essência repousa na lógica interna de seu sistema simbólico. “É neste sentido”, escreveu Einstein, “que falamos de realidade física”.

A realidade física, conforme Einstein define esta expressão, não é a realidade palpável do mundo físico. Não é a pedra em que damos uma topada. Antes, é o acervo lógico de conhecimento representado pela estrutura simbólica da Física moderna. É uma realidade definida pela sua estrutura de imagens. Não se pretende que o retrato da “verdade”, na imagem, seja mais do que relativo e parcial; não obstante, ele expande enormemente o conhecimento e a sabedoria do homem. Por meio de símbolos, o Rosacruz aprende a dirigir as forças da natureza.

Assim como a Física Atômica abriu caminho para uma dimensão da realidade que jamais fora conhecida e pós à disposição do homem quantidades fantásticas de uma nova energia, a ampliação e a evolução de nossas realidades pessoais e concepções simbólicas produzem novas fontes de eficácia pessoal, e liberam formidáveis e novos poderes da personalidade. Para o Rosacruz, toda forma, cor, ação, todo objeto, do mundo, é uma forma visível de um nível vibratório da consciência primordial que transcende a mente sensória. Essas formas visíveis de níveis vibratórios, quais símbolos, são suscetíveis de infinitas combinações e redistribuições, que dão origem às inúmeras nuanças de conhecimento. Se deste modo encaramos o mundo dos nossos sentidos, tornamo-nos sensíveis a todas as manifestações análogas, ou correspondentes; no âmago da nossa experiência Transcendemos as limitações do mundo físico e penetramos no reino do Absoluto. A verdadeira base do simbolismo intuitivo, portanto, é a correspondência que associa todos os níveis da realidade, ligando-os uns aos outros, e, consequentemente, estendendo-se da ordem natural, como um todo, para a Ordem Cósmica. Por força dessa correspondência, toda a natureza é apenas um símbolo: O sentido da natureza se evidencia somente quando ela é encarada como um indicador capaz de nos tornar cônscios da Verdade Cósmica.

O paralelo que existe entre a Física e a filosofia Rosacruz da mente está em que ambos utilizam conceitos simbólicos para liberar energia; mas aí cessa o paralelo. A natureza de sua aplicação é diferente. Cada qual leva a um acervo de conhecimento relativo ao seu particular setor da realidade, mas a concepção Rosacruz da mente e da realidade psíquica produz mais do que o conhecimento intelectual. Leva às nossas disciplinas Rosacruzes para o desenvolvimento de maior potencial pessoal para a experiência e maior participação em dimensões da realidade que transcendem o indivíduo.

imageAJCExtraído da revista: O Rosacruz
Agosto de 1978
Para saber mais sobre rosacrucianismo:
www.amorc.org.br

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