O homem atual encontra-se perdido.
É paradóxico, mas é assim.
Perdido para si mesmo como ser essencial e ontológico, sente se como asfixiado ao comprovar que muitas aspirações nobres do espírito são deixadas de lado por necessidades mais imperiosas. Isto o enche de mágoa e inconformismo, e é tão grande a insatisfação, que se torna preciso investigar suas causas com a intenção de superá–la.
Se avalizarmos o transcorrer de sua vida no mundo atual, verificaremos que ela se dirige totalmente para o aspecto exterior. O enorme avanço da ciência aplicada e da tecnologia impulsionou, preponderantemente, a atividade criativa humana para conquistas materiais. A nossa era apresenta um crescimento vertiginoso quanto à cibernética e outros campos científicos. O resultado é um incontrolado desejo de poder e domínio sobre a natureza, o qual libertou a humanidade do determinismo imposto pela mesma, pois que, ao criar objetos de cultura, conseguiu vencer a maior parte dos obstáculos que o meio vital opunha ao seu desenvolvimento. Podemos afirmar que, na última metade de nosso século, o homem conquistou seu meio, seu ambiente, mas é nessa conquista que está também a causa de encontrar se perdido.
Qual a razão desse processo? Qual a causa da situação presente?
Isto aconteceu por haver ele dirigido sua ação para o exterior a partir de um falso conceito de si mesmo, do universo e da vida. Concebeu se separado do mundo e de Deus, um ente limitado e finito que, portanto, necessitava exercer domínio sobre a natureza para afirmar se, demonstrar se que era poderoso e assim, superar fraquezas e impotências. Partindo, pois, de uma concepção dualista é que começou essa luta pelo poder, na qual, inexoravelmente, está sempre em inferioridade. Ao julgar que a natureza é sua inimiga, tem duas opções: deixar se vencer e, consequentemente, sentir se frustrado; vencer, e, ao dominá-la está perdendo, pois se aparta do meio natural ao qual pertence, sua vida torna se artificial, reprime seu instinto gregário e é privado de sua liberdade e de si próprio…
Urge, então, uma modificação profunda e radical da ideia homem/mundo/vida, que o conduza novamente ao seu SER. É imprescindível, para superar esse estado de angústia e descontentamento, deixar de sentir a natureza de maneira dual.
Como deve estar constituída esta ciência e como deve operar praticamente o processo de liberação do homem? Partirá do conceito da unidade de todo, devendo, com técnicas apropriadas, levar à concientização da dita UNIDADE, despertando a consciência do SER.
Gradualmente orientará o homem a fazer a diferenciação, no seu interior, daqueles aspectos falsos que provém do seu eu ilusório, num processo que irá do inconsciente ao consciente. Através da luz esclarecedora do Conhecimento, todos os temores, tensões e egoísmos desaparecerão, pois o Conhecimento é uma via de acesso ao Ser, isto é, ao próprio Ser, a captação de que “eu sou” e que “o Ser é em mim” .
O indivíduo que está unificado, que se conhece e se possui, pode empreender a segunda etapa deste processo: tomar consciência do Ser Universal e, por meio do amor, unir se com Ele. Por amor se desvanece a diferença; o amor une.
Eis aqui a verdadeira tarefa que uma psicologia metafísica deve pôr em execução, ajudando o homem a compreender sua unidade e a unidade de tudo. A fragmentação do eu é uma realidade de nosso presente; por isso, torna se uma necessidade imperiosa que psicólogos, pedagogos, filósofos, teóricos da educação e todos aqueles que sintam verdadeiro amor pela humanidade juntem seus esforços e desejos para que o caminho de reencontro ao Ser seja trilhado.
Seja mais um Cavaleiro da Luz
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