imageE8Vpor: Michele Curcio

        O magnetismo não é um poder excepcional reservado a privilegiados: todos possuem os fluidos magnéticos que fazem a fama de inúmeros curadores. Qualquer um, desde que acredite, pode aprender a liberá-los e a servir-se deles, bastando para isto um pouco de seriedade, vontade e treinamento. Neste artigo, Michele Curcio, ela mesma uma curadora, ensina como você pode desenvolver esta faculdade.

        Se de nossas mãos não emanasse um certo fluido, não nos preocuparíamos com a questão de sua existência e nem mesmo pensaríamos no assunto. Todos fomos levados a acreditar que os homens sempre deram-se conta do “magnetismo animal” que, depois de Mesmer, durante muito tempo recebeu a denominação de mesmerismo.

        Você tem um cachorro. Estenda acima dele, horizontalmente, uma de suas mãos com a palma voltada para baixo. Perceberá que ele faz um ligeiro movimento para colocar a cabeça na parte côncava da palma que assim se forma. Um gato fará o mesmo. Quando você abre as mãos com a parte côncava das palmas voltadas para cima, para o ar ou uma fonte de luz, nota uma pequena alteração que parece relacionada com a. temperatura delas. Entretanto, a temperatura não se modificou. Não houve uma alteração quantitativa, mas sim qualitativa. Ao abrir as mãos você liberou seu fluido, e ao voltá-las para a luz você recebeu um fluido cósmico: houve uma troca.

        Se seu temperamento é temeroso, sua tendência será manter as mãos, fechadas. Esta maneira propicia a formação de um circuito interno, uma recusa de contatar-se com o exterior e uma tentativa de concentrar o fluido necessitado. Quando você medita, o que faz com as mãos? Ou as une fechadas sobre si, os dedos entrecruzados para concentrar suas próprias forças, ou junta-as, com os dedos estendidos: suas forças concentradas elevam-se para o céu. Quando suas mãos estão abertas, com as palmas para o alto, você recebe energias. Sempre que alguma destas atitudes é tomada, mesmo inconscientemente, há uma utilização, da melhor maneira possível, do magnetismo animal.

        Este fluido, este magnetismo animal, todos nós o temos. Para conhecer este curioso poder a qualquer hora, em sua casa ou não, tranquilamente, você pode fazer algumas experiências.

        Uma delas é a seguinte: pegue dois vasos exatamente iguais e encha-os de terra. Semeie-os com sementes, postas num mesmo envelope, de alguma planta de crescimento rápido, para que também sua paciência não seja posta à prova (pode ser, por exemplo, grama). Coloque-os em idênticas condições de claridade e iluminação e você mesmo, sempre à mesma hora, deve aguá-los com quantidade iguais de água. Marque um deles, para distingui-los. No vaso marcado faça todo dia o seguinte tratamento: estenda acima dele, sem tocá-lo, suas duas mãos, relaxadas e descontraídas. Use um marcador, pode ser um relógio em um pêndulo, e fique assim por dez minutos. É o suficiente. Nunca interrompa o exercício antes ou depois do tempo: isto é muito importante.

        O outro vaso deverá ser conservado normalmente. A experiência deve ter uma duração de no mínimo dez dias. Você constatará, nas primeiras vezes, que manter as mãos pelo tempo determinado acima do vaso exige um certo esforço. Não faz mal. Concentre-se-e conduza voluntariamente todas as suas forças para a extremidade dos dedos. No sétimo ou oitavo dia não haverá mais necessidade de concentração: daí em diante o gesto será suficiente. A diferença começará a ser visível: a planta do vaso que recebe o fluido se desenvolverá mais rapidamente e de forma melhor que a outra. Quando a diferença entre elas for bastante evidente, deixe de tratar a planta desenvolvida e comece a cuidar da outra. Não demorará para que ela fique igual à primeira . . .

        Por meio desta experiência você vai notar que a desigualdade na vitalidade das plantas não pode ter outra razão senão seu fluido. Aí está uma prova que de nossas mãos desprende-se um fluido que favorece a vida.

        O fluido que emana de nossas mãos emana de todo nosso corpo. Porém, as mãos são mais fáceis de ser utilizadas. Este fluido favorece a vida: por isso cura e permite que todos sejamos curadores.

        Ao procurar desenvolver o fluido de suas mãos, o que exaltará forças desconhecidas em seu interior, você verá que não há necessidade de entregar-se a crenças ingênuas, aceitas pelos pobres de espírito. Na realidade, você adotará e acompanhará um método tão velho quanto a humanidade, que talvez tenha surgido quando a primeira mãe desejou aliviar a dor de seu bebê.

        Examinaremos, agora, como alguém pode tornar-se um curador.

        O essencial das regras a serem seguidas consiste numa higiene corporal perfeita, onde a água pura e o ar o menos poluído possível são absolutamente imprescindíveis. A hidroterapia descarrega-nos de quantidades extenuantes de eletricidade estática que recebemos ao longo do dia nas cidades, que são devidas a nosso modo de vida e aos tecidos sintéticos que utilizamos em nossas vestimentas. O segundo elemento importante desta preparação é de ordem dietética: é necessária uma alimentação sadia, de preferência sem outros produtos animais além do leite e do iogurte, nada de álcool e menos ainda de excitantes.

        A terceira regra é de ordem física: você precisa observar se não tem problemas com seu grupo familiar, profissional ou social, pois se eles existirem você não poderá desejar curar os outros antes de proteger-se a si mesmo contra tensões iminentes. Finalmente, é necessário um desejo sincero de curar para que o fluido magnético que você emitir tenha valor para o paciente. Não deseje curar cheio de vibrações, de tensões e efeitos físicos, mas sim no interesse do doente. Você deve dirigir a ele, passivamente, o magnetismo que constitui sua própria força, e não se assustar, mas sim considerar natural, o enfraquecimento produzido em seu corpo pela transferência de energia.
 

 

 

        .

Como curar uma ferida sem remédios

        Um desejo vivo e sincero de acertar, auxiliar, paciência e constância são os elementos necessários.

        Depois, então, você poderá começar a exercitar-se. Pode-se dessecar porções de comida, desenvolver plantas, diminuir dores de dente em crianças pequenas, enfim: treinar-se. Os exercícios respiratórios com o objetivo de aprender a dominar os movimentos do corpo são muitos úteis.

        Digamos que você faça parte de um grupo em excursão e um dos participantes fere-se ligeiramente. Sem o estojo de pronto-socorro, seus serviços poderão evitar uma infecção: limpe o melhor possível a ferida e, sem cobri-la, passe suas duas mãos sobre ela. As extremidades dos dedos devem estar unidas e dirigidas à ferida. As mãos não devem tocar-se entre si e, principalmente, não devem tocar a ferida. Faça isto por cinco ou dez minutos. Instale-se comodamente e não em posições desajeitadas como às vezes o fazemos: dez minutos podem ser muito tempo! Depois, cubra o ferimento com uma pequena compressa esterilizada que pode ser feita, por exemplo, com um lenço fervido em um pouco de água. Se não houver maneira de se fazer uma compressa esterilizada, é preferível deixar o ferimento ao ar livre. Passada uma hora, recomece a magnetização. Faça isto por três ou quatro vezes e o ferimento começará a cicatrizar-se.
 
 

 

 

        Como aliviar a dor de uma fratura?

        Como explicar que a imposição das mãos possa curar um ferimento? Alguns falam num efeito destruidor sobre a flora microbiana, o que não é facilmente verificável. Eu mesma penso que o fluido produz uma calma, um apaziguamento, um equilíbrio fisiológico que permite ao organismo ferido defender-se e recuperar-se. Tratando-se de um corte, a dor deste diminuirá menos que a dor de uma queimadura quando tratados por métodos convencionais, pois são dois ferimentos diferentes. Já por meio da imposição de mãos, estas duas dores deverão desaparecer da mesma forma.

        Uma jovem mãe de temperamento não muito complicado, que não procura ser uma sábia mas que conserva seus instintos naturais, o que faz quando vê que sua criança chora devido a uma dor de dente, de cabeça ou a uma cólica intestinal? Instintivamente inclina-se sobre a criança, pega sua cabeça e encaixa-a entre as palmas de suas mãos. Em pouco tempo a criança se acalma. Certa vez, para minha própria surpresa, cicatrizei o ferimento de uma pessoa em apenas dez minutos, durante o percurso de uma estação a outra do metrô.

        De outra vez éramos umas dez pessoas, homens e mulheres, num bar onde tomávamos cerveja, café e descansávamos. Éramos todos conhecidos, uns mais, outros menos, nenhum inclinado às ciências ocultas, mais ligados a um cientificismo simplista. Uma elegante senhora de uns cinqüenta anos trazia um dos braços numa tipoia, preso por um lenço de seda. Ao vê-la, perguntei: “O que houve?”

– Meu pulso dói, – respondeu.

– Por quê? Um acidente?

– Cai no banheiro e bati o braço com força contra o chão. Penso que houve uma luxação.

        Sentei-me diante dela e tive uma idéia. “Você está sentindo-se mal?”

– Horrivelmente.

– Deixe-me ver o ferimento.

        O pulso estava muito vermelho e inflamado. “Você permite que eu tente melhorá-lo?”

– Claro.

        Fiz com que colocasse o braço sobre a mesa e estimulei-a a conversar com o resto do grupo, enquanto eu me ocupava de seu pulso. Comecei a fazer os passes. Deixei minhas mãos movimentarem-se alguns instante sobre seu antebraço e depois comecei a passá-las, em minha direção, sobre o pulso ferido e sua mão. Ao terminar de passar a mão, interrompia o magnetismo com um gesto vivo e desordenado e depois repetia o mesmo percurso. Ela falava o que sentia: “Sinto como se meus nervos estivessem sendo estirados. Como se eles se alongassem. Depois é como se você tirasse o mal pela mão e pela ponta dos dedos. É muito estranho, estranho mesmo”. Após dez minutos, disse: “Obrigada, muito obrigada. Já não me sinto doente, estou bem!”

        Pedi-lhe que procurasse um médico e, no dia seguinte, recebi um telefonema seu. Disse-me que o pulso estava fraturado, mas que até a hora em que o médico começou seu tratamento não havia sentido dor alguma e que passara a noite muito bem, sem necessitar de calmantes.

        Parta sempre do princípio que a dor caminha dirigindo-se às extremidades, mãos ou pés, e dirija-a sempre a um destes pontos para expulsá-la. Jamais suba as mãos rumo à cabeça ou ao coração.

        Coloque-se atrás do paciente e contorne sua cabeça com as mãos curvadas, nunca tocando uma na outra ou no doente. Diga-lhe que descreva o que sente. Tão logo ele perceba uma alteração, um calor ou um frescor, você deve fazer um movimento como se estivesse tirando, rumo á base do corpo, a dor. Suas mãos devem começar a descer, uma de cada lado, da testa às espáduas e aos braços, por exemplo, seguindo o corpo e terminando o movimento nas pernas. Provoque sempre o rompimento da corrente, antes de iniciar novamente. Para isto, agite ligeiramente as mãos.

        Penso que o amigo internáuta não esquecerá que eu ou qualquer outra pessoa, em qualquer caso, nunca dispensamos a intervenção do médico. Não fazer isto é imprudência, pois, afinal, somos amadores e não temos condições de assumir tamanha responsabilidade.
 
 

 

 

Conselhos para tratamento de moléstias comuns

     Dor de dente: nunca esqueça que uma forte dor de dente pode ser causada por excessiva agitação, nervosismo, ansiedade e fadiga da mastigação. Leve o paciente a um lugar calmo, não muito claro, ventilado e mais fresco que aquecido. Instale-o comodamente e sente-se diante dele. Tome-lhe os pulsos com as mãos e fixe o olhar no ponto entre suas sobrancelhas. Pense que ele não vai sofrer mais e que suas dores cessarão. Este é o método geralmente adotado. O meu é diferente. Não manifesto nenhuma gravidade particular e não dou ordens mentais. Apenas desejo intensamente que a dor cesse tão logo eu estenda minhas mãos curvadas, uma de cada lado de seu rosto.

        Logo você perceberá que, para utilizar o talento de curador que existe em cada um de nós, não é necessário saber demais. É suficiente fazer gestos necessários nos momentos adequados e desejar que o fluido passe de você para o paciente. Se não o desejamos, o fluido não é transmitido.

    Insônia: um de meus primeiros ensaios foi um triunfo. Minha mãe, na época, sofria demais e toda noite um médico, o doutor Van Ghi, aplicava-lhe um pouco de morfina. Certo dia, ele mandou avisar que naquela noite não poderia atendê-la. Minha mãe desesperou-se.

        Aproximei-me dela: “Você permite que eu te faça adormecer sem remédios?”

– Como?

– Diga-me se deseja, nada mais.

– Desejo, claro.

– Então tire o vestido e deite-se.

        Quando ela fez isto, coloquei cada uma de minhas mãos num dos lados de seu rosto, na altura das têmporas, e assim as mantive por dez minutos. Depois, retirei-as e disse-lhe: “Amanhã cedo você me dirá como passou a noite”. Ela mal compreendeu, já estava meio adormecida. No dia seguinte, quando perguntei-lhe, respondeu: “Dormi tão bem quanto com o remédio. Mas despertei com maior facilidade. De agora em diante, você precisa me fazer isto todas as noites”.

    Reumatismo lombar: ai está uma dor que faz muita gente sofrer. Peça ao paciente que se deite sobre o ventre e faça os passes ao longo das vértebras lombares, descendo pelas pernas até os pés.

    Dores reumáticas: foi uma jovem cantora do music-hall, com fortes dores, que me indicou como devem ser feitos os passes para aliviá-las. Disse-me que passasse as mãos acima de seus joelhos, pois assim sentia um “calor”. Foi um sucesso. Dois anos mais tarde, um amigo, jornalista como eu, sofria fortes dores nos joelhos. Decidi tratá-lo. Quando perguntei-lhe se sentia calor, respondeu-me que sentia um ligeiro resfriamento. Através disto, descobrimos que ele não sofria de reumatismo, uma dor que precisa de calor para cessar, mas de artrite, dor abrasante que necessita ser resfriada.

        Ou minhas mãos o sabiam, ou o equilíbrio ao qual sempre me refiro realizou o prodígio. Este é um poder que aumenta com o uso. Não é consumido, não se desgasta e substitui-se a si mesmo. Faça agora você mesmo o seu ensaio, e ponha em prática o célebre mesmerismo!
.

Michele Curcio
Agosto de 1979

.
Atenção: Sumir uma dor, muitas vezes, não representa cura. Portanto, a única pessoa credenciada para dizer que alguém está realmente curado de um desequilíbrio orgânico que estava acometido é o médico ou o terapeuta. Nunca abandone remédios, terapias e demais cuidados médicos sem a devida prescrição de alguém bem credênciado.