A grande discípula de Mestre Nazareno…
A santa que dá nome a uma igreja. Madalena transporta uma cruz, e tem aos seus pés um crânio. Na sua mão esquerda tem o vaso de alabastro cheio de óleo que usou nos pés de Jesus. O evangelista S. Lucas faz-nos o relato deste episódio:
“Um dos fariseus pediu-lhe que fosse comer com ele. Tendo entrado em casa do fariseu, pôs-se à mesa. Uma mulher, que era pecadora na cidade, quando soube que ele estava à mesa em casa do fariseu, levou um vaso de alabastro cheio de bálsamo. Colocando-se a seus pés, por detrás dele, começou a banhar-lhe os pés com lágrimas, e os enxugava com os cabelos da sua cabeça, os beijava, e os ungia com o bálsamo. Vendo isto o fariseu que o tinha convidado, disse consigo: «Se este fosse profeta, com certeza saberia quem é e qual é a mulher que o toca: uma pecadora». Então, respondendo Jesus, disse-lhe: «Simão, tenho uma coisa a dizer-te». Ele disse: «Mestre, fala». «Um credor tinha dois devedores: um devia-lhe quinhentos dinheiros, o outro cinquenta. Não tendo eles com que pagar, perdoou a ambos a dívida. Qual deles, pois, mais o amará?». Simão respondeu: «Creio que aquele a quem perdoou mais». Jesus disse-lhe: «Julgaste bem».
Em seguida voltando-se para a mulher, disse a Simão: «Vês esta mulher? Entrei em tua casa, não me deste água para os pés; ela com as suas lágrimas banhou os meus pés, e enxugou-os com os seus cabelos. Não me deste o ósculo; porém ela, desde que entrou, não cessou de beijar os meus pés. Não ungiste a minha cabeça com com bálsamo, porém esta ungiu com bálsamo os meus pés. Pelo que te digo: São-lhe perdoados muitos pecados, porque muito amou. Mas, ao que pouco se perdoa, pouco ama». Depois disse à mulher: «São-te perdoados os pecados». Os convidados começaram a dizer entre si: «Quem é este que até perdoa pecados?» Mas Jesus disse à mulher: «A tua fé te salvou; vai em paz».” – Lucas 7, 36-50.
Esta mulher “pecadora” é tida como sendo Maria Madalena, a mesma que segundo os Evangelhos acompanharia Jesus até à sua morte e ressurreição. O próprio Lucas conta um pouco à frente que Jesus caminhando na companhia dos apóstolos, foi agrupando à sua roda um grande número de pessoas, entre elas pecadoras como “Maria, chamada Madalena, da qual tinham saído sete demônios (…)” – Lucas 8, 2.
Seguidamente Jesus teria contado a parábola do semeador à população que se reunira à sua volta. A personagem de Maria Madalena está associada tão intimamente com a história de Saunière que é difícil ver nela uma simples pecadora perdoada, como o Novo Testamento a descreve. A sua proximidade de Jesus chega algumas vezes a ser evidenciada de modo flagrante.
Quis a providência divina que o olhar de Madalena se cruzasse com o olhar sereno de Jesus. Pela primeira vez lhe veio a compreensão de que outra coisa, que não a sensualidade, era capaz de tocar o coração humano: o amor divino. A conversão efetuou-se durante um banquete na casa do fariseu Simão.
Diante de Jesus e do espanto de todos, Madalena prostra-se, lavando os pés de Cristo com suas lágrimas de arrependimento e secando-os com seus cabelos.
“Teus pecados estão perdoados. Tua fé te salvou. Vá em paz”, diz Jesus. Foi a Madalena que Jesus escolheu aparecer após a ressurreição.
A liturgia romana faz uma única comemoração dessas três mulheres como se fossem todas uma só, mas a liturgia oriental, as festeja separadamente.
Maria Madalena estava juntamente com a Virgem Maria aos pés da cruz, na agonia da crucificação foi ela também quem primeiro viu o Cristo ressuscitado. Daí por diante, há um silêncio sobre seu nome. A tradição diz que ela ficou com a Virgem Maria e São João Evangelista, acompanhando-os a Éfeso. A Igreja Católica a venera como santa e sua festa é em 22 de julho.
A vida de Maria Madalena só é possível ser traçada através das fontes que nos foram deixadas pela tradição cristã. Estas fontes são os textos canônicos e os chamados apócrifos, principalmente os de cunho gnóstico. Estas fontes eram orais e únicas desde os primeiros tempos do cristianismo, até que no Concílio de Nicéia, em 325, houve a separação do o que era oficialmente aceito pela Igreja de Roma, os textos canônicos.
Maria Madalena é, com certeza, uma das personagens mais enigmáticas do Novo Testamento. Existem poucas citações diretas sobre ela nos quatro evangelhos, porém ela está nominalmente presente nas passagens mais marcantes na vida do Cristo, como a Paixão e a Ressurreição. Ela é a discípula que ama o mestre acima de tudo e é testemunha da Sua Ressurreição, sendo a portadora da Boa Nova. Por isso ela pode ser considerada a primeira apóstola.
Apesar disso, ela teve toda uma simbologia gerada em torno de si, que acabou velando o verdadeiro significado de sua participação na vida e na obra de Jesus Cristo, e ocultando o real arquétipo que ela representa.
A imagem que foi sendo formada através dos séculos foi a da mulher pecadora, provavelmente uma prostituta, que foi purificada pelo Cristo, e como prova de seu amor espiritual, lavou os pés do Senhor e os enxugou com os próprios cabelos.
Uma das mais importantes figuras femininas dos evangelhos, Maria Madalena acabou tendo adulterado o significado de seu papel e de sua obra, sendo relegada a um segundo plano dentro da tradição cristã católica romana.
Contar a sua história é resgatar a profunda história de amor espiritual ao Cristo e aos Seus ensinamentos, representado pelos atos de Sua discípula mais amada.
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