Um conto Zen

imageK5JUma família da China do século XI tinha uma filha única, encantadora, Senjo. O pai, Chyo-Kan, de uma feita prometera a seu sobrinho Wanchu, diante do perfeito entendimento que unia os dois adolescentes desde a mais tenra infância, deixá-lo casar com sua filha assim que ele tivesse idade para tanto.

Mas o governador da província descobriu a beleza peregrina que se escondia naquela aldeia e pediu-lhe a mão ao pai, o qual, todo envaidecido, esqueceu a promessa de outrora.

Acabrunhados pela tristeza, os dois namorados não sabiam o que fazer. E Wanchu, todo roído de aflição, decidiu afastar-se daquele lugar de desgraça.

Uma noite, pegou o barco de pesca e deixou-o derivar ao longo da corrente do rio.

Por volta da meia-noite, à claridade do plenilúnio, divisa na margem uma sombra que corre. Um fantasma? Não, a sombra o chama, ele reconhece a voz, aproxima-se: era ela, Senjo.

__ Quero seguir-te __ declara a moça.

Instalam-se numa cidade a jusante. Cinco anos se escoam, Senjo dá à luz duas crianças. Wanchu, que tinha as mãos habilidosas, não encontra dificuldade para arranjar trabalho.

Um dia, porém, ela lhe diz:

__ Meus pobres pais devem estar muito preocupados comigo. O tempo passou. Vamos visitá-los.

Assim fizeram. Chegados à aldeia, Wanchu, primeiro, dirige-se sozinho à casa da família para evitar uma surpresa total. Para seu grande espanto, os pais o receberam com gritos de alegria e lhe anunciaram:

__ Desde que partiste, nossa filha não se levanta da cama, inconsciente, muda, imóvel. Vais salvá-la.

Wanchu, porém não compreendendo, responde-lhes:

__ Não é possível! Vossa filha está lá fora com as duas crianças nascidas da nossa união.

Vão todos para o quarto. A jovem mulher de tez pálida desperta e sorri.

Wanchu, estupefato, precipita-se para fora da casa à procura de Senjo.

Quando regressam, encontram os pais com a filha no limiar: dir-se-iam duas irmãs gêmeas que se defrontam e … brutalemte desaparecem uma na outra para formar apenas uma pessoa: a mulher de Wanchu, a filha de Chyo-Kan.

Diz, então, o pai:

__ Só o espírito de minha filha te seguiu, andaste acompanhado de um fantasma.

Senjo:

__ Não, o fantasma ficou aqui. Fugi para acompanhá-lo e meus dois filhos testificam a verdade do meu corpo.

Quem está falando a verdade?

O famoso conto referido no Mumonam transfez-se num célebre koan :

imageS0CEm nossa vida cotidiana estamos frequentemente em estado de dupla personalidade, a que sonha e a que é realmente.

Qual é o verdadeiro “eu”?

Existem um espírito e um corpo separados?

O céu e a terra têm a mesma raiz e são um mesmo corpo, sem limites, infinito, eterno em todas as existências.

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Assista ao vídeo:

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Palestra gravada em video ao vivo sobre os símbolos e a forma prática de orar “O Pai Nosso”.

Nesta palestra penetra-se nos significados dos símbolos que se encontram por trás das palavras e das formas ensinadas pelo Mestre Nazareno, dando ao espectador condições de, por si próprio, ir abrindo suas próprias janelas da compreensão maior.

Instrutor: Arsenio Hypollito Junior

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