Às vezes algumas pessoas nos procuram dizendo:
“Fizemos TUDO o que podíamos mas parece que nada é o bastante”.
Realmente, se tudo foi feito e não é o suficiente, temos duas explicações plausíveis – ou nunca nada será o suficiente ou o que o “insatisfeito” espera é algo que não tem nada a ver com o TUDO que a outra pessoa pode ou quer oferecer.
Vamos à primeira hipótese, a do eterno insatisfeito – existem pessoas que realmente nunca irão se satisfazer, porque logo que conseguem o que almejam, o objeto conseguido (não importa se animado – como um namorado – ou inanimado – como um carro) já deixou de ser o seu foco e já existe um outro em seu lugar. Neste caso, não perca seu precioso tempo tentando alcançar o impossível.
Essa pessoa vai sempre se achar o “perseguido pelo destino”. Por mais que você faça, nunca vai conseguir deixá-lo feliz ou satisfeito porque o problema não está no que essa pessoa quer, mas no que ela ainda não tem…
Segunda hipótese – você está atirando no alvo errado.
Isto é muito comum em relacionamentos próximos – você poderá estranhar, porque, se o relacionamento é estreito as pessoas deveriam saber o que o outro espera dela – grande engano! Nós, seres humanos, temos uma grande dificuldade de ver o outro, ou melhor, temos facilidade em ver o outro através de nós mesmos, nossas vontades, nossos pontos de vista, portanto, nossas necessidades.
Esta postura tão normal, impede que vejamos o que realmente o outro espera de nós. É muito comum, nestes tempos estranhos, que os pais encham a criança de brinquedos na vã esperança de que ela fique feliz, satisfeita ou agradecida.
Quem alguma vez assistiu o saudoso filme “Mon Oncle”, de Jaques Tati, sabe que isso não é verdade.
A criança quer a companhia, o carinho, o tempo “presente” (às vezes o pai está mesmo fisicamente com a criança, mas o escritório ocupa toda a sua cabeça).
Como, nestes dias estranhos que vivemos, as pessoas dão mais valor ao TER do que ao SER, o pai é levado a se julgar um excelente pai se puder dar ao filho um tênis de marca ou um computador de última geração, e ele acredita nisso.
Com o tempo, essa crença vai passar para o filho que, no fim, passa a acreditar que o pai só gosta dele se der tudo o que ele quer…
Pronto… o círculo vicioso foi formado.
Com esta necessidade do TER para sentir-se aceito ou amado, o TER passa a ser a necessidade vital de sobrevivência em detrimento ao SER.
Você ficaria espantado se eu falasse quantas crianças chegavam ao meu consultório e mal sabiam o que seus pais pensavam, não conhecia a história deles, seus parentes, nem suas crenças ou religião. Como se pode amar o SER, se a criança nem ao menos o conhece? Resta-lhe amar o TER – assim se estabelece a distorção do amar.
Se esse é o seu caso, acredito que sempre há tempo para consertar o mal entendido. Acredito que, se você quiser, pode reconquistar seu filho oferecendo o seu SER para ser conhecido e amado.
e trabalha com regressão de memória.
tel: (11) 3813.4123