No dia em que levar meu corpo morto
não penses que meu coração
ficará neste mundo.
Não chores por mim,
nada de grito e lamentações:
– Lembra que a tristeza é mais
uma armação do demônio.
Ao ver o cortejo passar
Não grites:
” Ele se foi “
Para mim,
será esse o momento do reencontro.
E quando me descerem ao túmulo,
Não digas Adeus!
A sepultura é o véu diante da
reunião no paraíso.
Diante da visão do corpo que desce
pensa em minha ascensão.
Que há de errado com o declínio do Sol e da Lua!
O que te parece declínio é tão somente alvorada.
E ainda que o túmulo lhe parece uma prisão,
é ele que liberta a alma:
Toda semente que penetra na terra germina,
assim, também a de crescer a semente do homem.
O balde só se enche de água
se desce ao fundo do poço.
Por que deveria o José do Espírito
reclamar do poço em que foi atirado.
Fecha a tua boca deste lado
e abre-a mais além.
Tua canção triunfará no alento do não-lugar.
Por
José Cantos Lopes Filho
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