Por que o Vampyro ou Vampyra?

 

Cartas foram embaralhadas,
por alvas e alongadas mãos.
Seu olhar paira sobre você…
Tudo realmente lhe é familiar,
Ele mesmo, parece ser teu reflexo…
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imageSVDDe forma bem sintética e prática, tudo o que fazemos no Circulo Strigoi tem relação com o caçar e saborear a Vida, principalmente aquilo que nos traz o Viver, a apropriação e o deixar de lado o contemplativo ou a sensação da vida da gente passar a nossa frente e nós a assistirmos como um espectador.Buscamos o vivencial, aquilo que foi experimentado ou acessado eas impressões que sorvemos e seus desenvolvimentos ematurações…até o momento que objetamos nossa consciência ou nos dedicamos a outras tantas apreciações e seus eventuais retornos…Achou metáfisico demais?

Então voltemos para o Ecossistema, lembra a última vez que foi realmente beijado, ouviu uma música, experimentou um evento ou saboreou um vinho digno?Pode lembrar como tal experimentação até hoje ecoa e somatiza no seu corpo?As vezes dá sede de mais…ou degustações posteriores levam a da “aquela vez”…Enfim, esta é a “Sede” e a “Vida”aquilo que a “Sacia ou Aplaca” a Sede. (Isso não tem nada a ver com ingestão de sangue orgânico, carrapatagem, parasitismo, bullying e outras tolices de gente que pensa que é “vamp”)

Usemos o termo “Vida” ou “Sangue” com iniciais maiúscula e “entre aspas” para diferenciar das associações confusas feitas por aí, dentro e fora da cena, sobre o que fazemos ou somos.A “Vida” é uma grande tonalidade de nuances aquareladas e diluidas em tons misturados…em constante sequenciamento, ininterrupta e infindável…a Vida está em nós e no meio-ambiente e relações sociais que nos circundam.Mas não somos a “Vida”, somos numa abordagem poética, as muitas máscaras que ela veste em suas loucas danças ao ditirambo.Seus fluxos, refluxos, canais, recifes, fontes, rios, córregos e afins, estão alí para serem vividos, encontrados, caçados e saboreados.Desde a antiguidade, os mitos alinhavados aos ritos que se perpetuam e apenas podem ser “reconhecidos” em ação nas ruas e campos de hoje, são os mapas e impressões a serem trilhadas em suas caçadas pelas encruzilhadas da vida…Cosmovisão Vampyrica não se trata de “revelar” (afinal, re-velar é velar duplamente) e sim “Reconhecer” acontecimentos simultâneos e suas consequências em diversas camadas simultâneas.Quando focalizamos uma, nem sempre vemos as paralelas ou anteriores, mas tudo continua acontecendo ali também…Vida ou Sangue…

Nestas letras bem amarradas entre sí, procuramos reconstruir de forma coloquial oferecendo ao leitor uma experimentação bastante coerente da forma de ver e de sentir o “cosmos” ou o ecossistema e as relações sociais que foram pertinentes aos antigos cultos de fertilidade da terra, baseados em processo extático e mitos da caçada selvagem que existiram no norte e leste europeu até meados do século XII da era vulgar.Segundo a moderna etimologia, a palavra “Uppyr” de onde descende atualmente a palavra “Vampire” ou “Vampiro” era um termo genérico usado pejorativamente para tais agrupamentos…Os outros “exageros” vieram do cristianismo do século XV em diante e foram consolidados no XVII.Mas esta história é explicada melhor aqui…

Em termos humanos.Quem doa a vida é o “Sol” ou o solar em nossa galáxia – ate aí nenhuma novidade.Quem dôa a vida na Terra é o Phallus ou o pênis masculino.A lua reflete a luz solar e seus ritmos e mudanças geram, formam, estabelecem, alimentam e destroem.A lua na terra é simbolizada no útero feminino, que determina os ritmos, começos, meios e fins com sua regularidade e infinitas possibilidades…Nesta dança cósmica temos a data em que o sol atinge seu auge e declina e no ponto oposto o sol declina e retoma aos poucos seu auge.Qualquer pessoa com relações sexuais regulares ou bem vivenciadas pode tecer lá suas próprias observações e histórias sobre isso.

Todo mito nasceu de histórias vivenciadas, experimentadas e transmitidas entre gerações.Algumas histórias falam sobre um sol que engravida a lua, este vem a morrer por traição e seu filho (o novo sol) vem para vinga-lo.Outras histórias, mais atraentes para vampyricos, falam sobre um sol ancião e jovial ao mesmo tempo, sempre a cortejar e seduzir a lua e devolver a vida…e apenas pode penetra-la pois conhece todo seu ciclo e ritmo.Os primeiros mitos do mediterrâneo versavam sobre eles…Enfim, a Vida é doada a tudo e todos a cada instante, tanto ao que você percebe e interpreta em seu mapa de realidade, como a aquilo que você ainda não reconhece.

A “Vida” é algo bem amplo e pouco amigável, pois Vida devora Vida para manter a Vida – tanto na Terra quanto no Céu…um vasto e infinito jardim-selvagem..Quanto mais tem mais terá. Apenas o Amor é algo que quanto mais se compartilha mais se têm…O mais habilidoso sempre vem a devorar o menos habilidoso, basta observar a savana ou os documentários sobre a vida animal.Ou ainda observe o gato que você tem em casa, quando ele está a caçar ou brincar…embora para o felino ambos sejam semelhantes. Poeticamente, a Vida age por suas “máscaras” os seres vivos – ou aqueles capazes de inferirem e interferirem com suas expressões – neste caso, falamos de “partes” ou de “Bios” – neste sentido, vamos apenas pontuar que a Vida anima a “Bios” – e o que atualmente tomamos efetivamente como biológico tomaremos como zoológico.A “Vida” ou potência é doada a ambos…

Nesta linguagem poética, afinal uso arte para provocar, somos “partes” ou “máscaras” da Vida, movimentos, expressões, discursos modelados com maior ou menor partes de sua diversidade.Tendo mais afinidades para algumas coisas e menos para outras.Nem vou entrar nos méritos culturais e como sua formação interferem em cada localidade e temporalidade.Mas é visivel que as formas, sensações, climas, modos de ver e de sentir a vida, apreciar determinados gostos em detrimento de outros é inegável – e uma verdadeira alucinação tentar pontuar a todos como “iguais” – exceto nos meandros legais.Mas isso é outra história.As receitas e componentes que nos formam sejam Bios, Zoo ou ainda Zoé (vou falar mais sobre estes termos adiante) e as múltiplas camadas ou véus simbólicos que estão dispostos, difusos ou misturados são vastas como a Terra.

Só permanece o que tem utilidade ou utilização.Logo a vastidão entre o que é Bios e Zoo que denominamos como sagrada, está a nossa volta e interfere diretamente aqui o tempo todo.Não há abismos entre o que pensa, como age, corpo e meio social.Tudo que emite e faz é resposta para alguma coisa…Fama, Intriga, Medo, Pânico, Calor do Confronto são sagrados e partes integrantes de você assim como virtude, amor(de muitos tipos), praticidade, vitalidade, articulação e muitos mais.O processo para desmisturar ou alinhar tais elementos é tarefa para uma vida toda.Mas a arte e suas representações são suportes bem eficientes para esta interação.Não admira que a arte em múltiplas formas pertencesse ao “Sagrado” na antiguidade – e aquilo que ela provoca a ação do espiritual enquanto expressão de valores…

É grotesco, eu sei…Mas a nós, enquanto máscaras da Vida, só nos é dada a opção do que faremos instante a instante e o colher as consequências…sustentarmos o que sentimos como verdades, caminharmos naquilo que prometemos…não temos tempo para bem ou mal…não temos tempo para perfeição…nem culpa, compaixão, pecado, redenção, sacrifícios e outros vícios…a “Vida” não tem partes, é um grande todo que desconhece a bricolagem, morte, restrição, castração, a falta ou afins.Como já disse a Vida é doada ao todo, seja ele reconhecido por você ou não.Mas no que interessa a este texto:”- Será que nós do Circulo Strigoi, inventamos isto?Será que copiamos isto de onde?”

A resposta do parágrafo anterior é simples. A idéia de “Vida” provêm do conceito de Zoé, originário na Grécia e nos berços da cultura e civilização ocidental.A mesma idéia com outros sabores, especificidades e temperos foi conhecida dos nórdicos, hindus, africanos, celtas e muitos outros como Önd, Prana, Awen, Axé e etcs).Alinhavando no jargão do Circulo Strigoi, a “Vida” tem a ver com o “Entusiasmo”.

Quanto mais “Vida”, mais oportunidades, mais experimentações, mais brilho no olhar, sorte inesperada, boa companhia, bons encontros, prosperidade, expressão, movimentos fisicos seguros, mais atenção dos outros, gestualidade ampla e plenitude – só para ficarmos com termos acessíveis.Quando conseguimos vivenciar, saborear, administrar ou “cavalgar” tais sequenciamentos e orientarmos para nossos objetivos – temos um aspecto estruturante.Quando não conseguimos, temos o aspecto desestruturante ou “negativo” – que eventualmente nos tomba do “cavalo”. Embora o aspecto estruturante também o possa fazer…não há uma segurança ou um estado fixo…é algo constante como quando cavalgamos, você pode cair…quando caímos, atingimos a “melancolia”.
 

Melancolia não é depressão.Melancolia é usada aqui como um estado de introspecção e até de uma nostalgia, ausência ou saudade de algo ou alguma coisa que não sabemos claramente o que vem-a-ser.O tom de utilidade e apropriação para a melancolia é dada pela sua forma de ver e de sentir o mundo.Ela é tão sacra quanto o entusiasmo.No entanto, é mais subterrânea, limitada, mais silenciosa mas não por isso menos expressiva ou eficaz no cotidiano.Melancolia versa sobre término, sobre fim, saudades.Ela é a responsável pela “Sede” ou que nos revela o que temos a ser saciado ou aplacado…A melancolia é a suave linha que delineia o que é preenchido e alimentado pelo entusiasmo.Quando em desarranjo leva ao distanciamento (ver a vida em terceira pessoa), ao esfriamento pessoal, deixar de lado o que traz sentido, pertencimento e outros pontos interessantes.

“Entusiasmo” ou “Melancolia” – não vivemos apenas em um no outro.Temos pontos reconhecidos e modelados que pendem mais para um ou o outro – mas de nenhuma forma são estáticos neste jogo pendular.Ambas ão aspectos constantes seja enquanto Bios ou Zoo.Ppodemos acessar e vivenciar a qualquer instante em maior ou menor quantidade. Nestes dois pontos, podemos atrair, podemos conquistar, podemos seduzir – mas também podemos fingir que estamos em uma ou outra, roubar ou fazer de conta que acessamos e vivenciamos cada uma delas em nosso cotidiano.A “justa-medida” entre entusiasmo e melancolia que previne a presunção é a vivência, reclamar teu gênio emocional em aliança com tua fisicalidade – e o defender suas conquistas simbólicas ou de propriedade física.Ainda que o real só esteja onde estiver dirigido sua presença e naquilo que pode ter vivenciado e reconhecido ali…pois ao final também és uma máscara da Vida…e será assimilada pela Vida mais tempo ou menos tempo…

“Um Deus ou uma Deusa, pode não ser aquilo que escrevemos sobre ele.Mas ainda assim, são bem mais do que aquilo que nos é revelado por seus Draconares Daemons.” 
Lord A:. 

 

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