Ao contrário da crença popular, os raios podem cair num determinado local não apenas duas, mas vezes sem conta – talvez até sobre a mesma pessoa.

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Ao que parece, existem seres e lugares que, por alguma razão ainda inexplicável, os atraem. E há quem tente, inclusive, utilizá-los.

Por Berthold Mazell

 

Alguns críticos afirmam que quem acredita no mundo invisível vê provas de sua existência em cada copo que cai, acreditando que esse lato simples e corriqueiro é mais um indício da presença de fantasmas. A coisa não é bem assim. Sobre os raios, por exemplo, não se pode dizer que um deles não cai duas vezes no mesmo local, não tendo sido encontrada ainda uma explicação para isso.

 

Em 1899, por exemplo, um raio matou um homem em seu quintal, em Taranto (Itália). Trinta anos mais tarde, seu filho foi morto da mesma forma – e no mesmo local. A 8 de outubro de 1919, Rolla Primarda, neto do primeiro homem e filho do segundo, morreu também no quintal, abatido por um raio.

 

Em março de 1952, a Revista Fate noticiou outro caso de estranho comportamento dos raios, que pode fazer-nos pensar que os elementos naturais têm uma espécie de senso de humor ou respondem a invocações humanas.

 

SummerfordO caso narrado é o do major Summerfold. Este bravo oficial foi ferido na Antuérpia (Bélgica), em 1918, não pelo inimigo, mas por um raio, que o derrubou de seu cavalo e o deixou paralisado da cintura para baixo. Ficando inválido para a vida militar, ele então se retirou para Vancouver, no Canadá, onde passava seus dias pescando.

 

Em 1924, este mesmo ex-soldado estava pescando com mais três amigos quando um raio caiu na árvore sobre a qual estava sentado e paralisou todo o lado direito de seu corpo.

 

Ainda assim, Summerfold conseguiu recuperar-se desses choques e voltou a caminhar nos parques de Vancouver, onde, no verão de 1930, durante uma tempestade repentina, ele foi novamente atingido por uma descarga elétrica natural.

 

raio xDessa vez ficou paralítico definitivamente, mas morreu apenas dois anos depois. Mesmo após o seu falecimento os problemas não cessaram: em junho de 1934 desabou uma outra tempestade sobre a cidade canadense, e um raio caiu sobre o cemitério e quebrou uma lápide. Era a do major Summerford.

 

Por mais absurdo que possa parecer, esse não é o único caso do gênero.

 

rcsu2lUm guarda do Parque Nacional Shenandoah, em Virgínia (EUA), Roy C. Sullivar, deve ter seu lugar em algum livro de recordes: ele é o único homem em todo o mundo que foi ferido por raios em cinco ocasiões diferentes e permaneceu vivo. Sullivan foi atingido em 1942, 1969, 1970 e 1972. Dessa última vez seu cabelo pegou fogo, e depois disso ele passou a carregar garrafas de água em seu carro. A 2 de agosto de 1973, o Washington Star-News noticiou o “quinto ataque de raios” a Sullivan – e mais uma vez ele sobreviveu.

 

Mas, se certas pessoas têm uma afinidade especial com os raios, o mesmo acontece com certos lugares. A Associação de Pesquisa de Eletricidade americana possui mapas que mostram locais onde a queda de raios é mais frequente, da mesma forma que tempestades e meteoros são mais comuns em determinadas regiões que em outras.

 

Com isso, mais uma vez – como quase sempre ocorre no estudo desses fenômenos ainda inexplicáveis  somos levados a suspeitar que as misteriosas propriedades do raio eram compreendidas no passado distante e que, talvez, os homens até mesmo fizessem uso desse conhecimento. Charles Fort sugeria que os homens primitivos devem ter usado a força dos raios e o poder de certas pessoas em atrair as tempestades e meteoros. Através desse poder, certas tribos teriam ascendência sobre outras.

 

baalEm seu livro Xamanismo, Mircea Eliade refere-se a um xamã esquimó que recebeu seus poderes depois de ser ferido por um meteoro. Além disso, é visível a conexão entre a invocação das tempestades e os monumentos ligados à ciência pré-histórica. Assim, muitos rituais com o fogo – como os atribuídos aos sacerdotes de Baal – eram realizados em determinados locais sagrados, provavelmente aqueles onde os raios habitualmente caíam.

 

Alguns santuários xintoístas, no Japão, estão situados em locais onde ocorreu a queda de raios. Alguns deles foram cercados e eram considerados sagrados por vários povos, como os etruscos e os romanos.

 

stonehenge_after_global_warming_wallpaper_e8ehpNa Grã-Bretanha, existem pontos considerados sagrados pelos druidas, locais onde caíram raios ou meteoritos. Há ainda evidências de um antigo conhecimento relativo a determinadas “pedras- trovão”, que serviam para a invocação de tempestades.

 

  Mas, provavelmente, existiam dois tipos de cerimônia mágica na Antiguidade: uma, pacífica, que invocava as tempestades para a liberação do nitrogênio do solo, para a fertilização dos campos; a outra, guerreira, que devia atrair meteoros e raios contra o inimigo.

 

Em 1949, Charles Sappal, de Riverview, Flórida (EUA), foi ferido por um raio, que derrubou uma garrafa que estava em sua mão. A 22 de junho de 1950, este mesmo Sappal passava pelo mesmo local e foi mais uma vez atingido por um raio, que dessa vez o matou.

 

Curiosamente, verifica-se a queda de raios também de um céu claro e sem nuvens, surgidos não se sabe de onde. No jornal norte-americano Monthly Weather Review, números 28 e 29, de 1900, foi narrado o caso de dois homens que foram atingidos por um raio no meio de um campo, sem que houvesse qualquer nuvem no céu azul e límpido.

 

rioo raMas existem vários outros casos semelhantes a esse. Em 1893, dezenove soldados marchavam perto de Bourges (França) quando foram atingidos por uma “força desconhecida” e jogados ao chão; alguns deles morreram. O tempo estava claro e não havia nenhum sinal de tempestade nas proximidades.

 

  Outro caso similar ocorreu quando um homem foi morto em Mount San Gorgonio, na Califórnia (EUA), atingido por um raio que surgiu do nada. Dois dias mais tarde, o fato voltou a se repetir e mais um homem morreu pelo mesmo motivo, no pico do monte Whitney, a cerca de 300km do San Gorgonio.

 

  Estes últimos casos lembram o de Elias e a “carruagem de fogo” que o levou do topo da montanha, segundo a Bíblia, e o dos brasileiros Manoel Cruz e Miguel Vianna.

 

manoelA 17 de agosto de 1966, Cruz e Vianna – pesquisadores de eletrônica, ufologia e magia – subiram até o morro do Vintém, em Niterói (RJ.

 

Apesar de ser uma noite quente, eles levaram capas de chuva e máscaras que cobriam todo o rosto, inclusive os olhos.

 

Naquela noite, um objeto voador foi visto sobre o monte e, no dia seguinte, os homens foram encontrados mortos.

 

defNão apresentavam marcas em seus corpos e as mortes não puderam ser explicadas.

 

Foi encontrado apenas um pedaço de papel com as seguintes palavras manuscritas: “16:30 esteja no lugar. Engula a cápsula. Depois do efeito proteja o rosto com o metal e espere pelo sinal:” Sabe-se também que um UFO foi visto sobrevoando aquela região – e nada mais.

 

Essa moderna tendência de atribuir aos UFOs todos os fatos inexplicáveis que surgem do espaço é a repetição de uma velha crença segundo a qual os elementos naturais reagem a invocações humanas, como se a natureza possuísse inteligência ou uma espécie de emoção própria. Talvez, em sua linguagem sutil, os raios, meteoros, UFOs e todos os fenômenos desse gênero estejam tentando comunicar alguma coisa ao homem.

 

etruria_-_storie_e_segreti_di_mary_jane_cryanOs raios, por exemplo, parecem preocupar-se com as coincidências. Vejamos, por exemplo, a narrativa de Plínio sobre um monstro que devastou uma cidade da antiga Etrúria.

 

Os magos etruscos só conseguiram destruir o monstro através da invocação de raios. Curiosamente, o monstro era chamado de “Volta” – o mesmo nome do italiano que pesquisou a eletricidade e viveu séculos mais tarde.

 

   Os magos antigos sabiam beneficiar-se dos efeitos dos raios, e, ao que parece, mesmo no mundo moderno pessoas tentam utilizar essa terrível força em seu próprio interesse – e muitas vezes se dão mal.

 

   “Que Deus me mate se estou mentindo” é uma terrível imprecação, muito usada em certos círculos, mas às vezes seu resultado é desastroso. O dramático caso de Ruth Pierce é lembrado por um monumento em pedra, na praça do Mercado de Delvizes, Wiltshire (Inglaterra).

 

   Em 25 de janeiro de 1753, Ruth e mais três mulheres foram ao mercado. Cada uma dividiu igualmente o preço total da mercadoria, mas Ruth pediu a devolução do seu dinheiro, alegando que já havia pago, que não deveria pagar duas vezes, e afirmando que “preferia cair morta se estivesse mentindo”.

monRepetia ainda a frase quando, para espanto dos presentes, calou-se, caiu e morreu em seguida, “enquanto o dinheiro permanecia em suas mãos”.

 

Uma inscrição diz que o prefeito e a comunidade de Delvizes esperam, com a permanência do monumento, poder “transmitir para o futuro a lembrança desse estranho evento, esperando que esse caso possa servir de salutar aviso contra o perigo de impiamente invocar a vingança divina”.

 

   Seja quem ou o que for que controla esses fenômenos, pode-se dizer que há um certo senso de humor nesse “ser” ou “coisa”.

 

Fonte: Revista Planeta, número 164, de Maio de 1986

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