A relação entre o mestre, o discípulo e os deuses.
Antes de tudo e de todos, onde o nada era a única certeza, da certeza da ausência da criação, surgiram as primeiras energias, das primárias às secundárias e assim por diante.
E assim formada a energia tomou forma, se materializou, criou o universo, a terra e os seres.
Tudo era nebuloso e hostil, as energias se completavam e assim o homem criou a simbologia, as palavras e tudo aquilo que lhe era sagrado em deuses ou em nome dos mesmos.
Assim criou-se o politeísmo, o homem respeitando todas as manifestações da natureza, cada rio, cada montanha, cada feito heróico e assim surgiram os filhos dos homens com os deuses, e assim homens se tornaram deuses.
Não existe uma lenda ao certo que conte o porquê da separação entre os homens e os deuses, alguns contos falam sobre as fraquezas dos homens, outros da ambição, outras por desrespeito das leis entre os mundos, mas uma coisa é certa, os oráculos, meios adivinhatórios, possessões surgiram para que o elo não fosse totalmente desfeito, pois tanto homens quanto deuses choraram a separação, e o céu se tornou turvo e desabou e assim muitas histórias de dilúvio, de problemas com as manifestações raivosas de deuses em busca dos culpados ou por, simplesmente, tristeza pelo rompimento entre os mundos.
Através dos métodos e sistemas de religação que depois do passar dos anos foram distorcidos e dogmatizados, os deuses se comunicavam com os homens, e assim nasceram as divinas sendas, a simbologia entre objetos, entre plantas, entre os sacrifícios e com uma dedicação quase que por integral a estas relações.
Os indivíduos que conseguiram se superar, ouviram os deuses e assim os honraram. Foram presenteados com grande sabedoria, pois o trabalho é sagrado e nesse caso de suma relevância. Muitos desses homens foram chamados de avataras, mestres, sacerdotes, etc…. não porque eles assim o desejassem, mas por conta de sua conduta.
Um verdadeiro mestre não é abalado pelo ego, não se submete ao poder, e sem dúvida já caminhou por grandes distâncias pelos sofrimentos da humanidade, conhecendo a dor e a solidão. Já fez de sua vida um grande conjunto de reflexões e simplesmente sabe que é um homem comum, que encontra inspiração entre os deuses e que o que o faz diferente é apenas a sabedoria, o conhecimento destilado em barris de carvalho por muitas e muitas interiorizações.
Todo mestre, sacerdote ou qualquer nome que se dê, sabe que ele é apenas um meio perante os que estão iniciando, que o caminho será solitário pois é íntimo a cada um. Ele sabe que o que separa o verdadeiro buscador dos deuses é a sabedoria, então o seu papel é ser um companheiro de viagem que independe de tempo de cavalgada, independente da jornada, o contato sempre será direto do homem, enquanto buscador, e dos deuses como criadores.