Assim como o fogo, também a água tem seus mistérios, segredos, cultos.

imageENJPor que a água ferve a 100 graus centígrados?
E o físico soviético que descobriu uma água que só fervia a 200 graus?
Como as forças galáxias operam por intermédio da água?
Como conseguir que a água se torne fluorescente?
Assim como o fogo, também a água tem seus mistérios, segredos, cultos. Ela pode matar e  também pode curar, como na talassoterapia. As propriedades reais e lendárias da água sempre fascinaram os estudiosos. Principalmente agora que se fala na sua extinção, provocada pela destruição, cada vez maior, das áreas verdes do universo.
 

    Nenhum cientista ficou surpreso ao saber que Pauling pesquisava a água, fato que teria espantado provavelmente os leigos. Pauling recebeu duas vezes o Prêmio Nobel, uma vez pela paz, a segunda por seus trabalhos de químico. Ele fundou o grupo Pugwash, organização que reúne os maiores pesquisadores do mundo. Que diabo – pensa consigo o leigo – um cientista dessa estatura vai procurar nesse elemento super conhecido que é a água? Pauling indagava simplesmente por que a água ferve a 100″ centígrados: o ponto de ebulição dos corpos varia com seu peso molecular; o propano, por exemplo, cujo peso molecular é 44, ferve a 420, e a água, com seu peso molecular de 18, deveria ferver a 260.    Qual a razão dessa anomalia? Esse líquido honesto guardou durante muito tempo seu segredo. Para Tales de Mileto e Empédocles, a água era um dos quatro elementos da natureza. Outros autores antigos afirmavam – e provavam – que ela se transformava em terra após haver fervido. Isso decorria de um pequeno erro na experiência: eles ferviam a água em recipientes de vidro, de sorte que uma quantidade ínfima de silicato alcalino se dissolvia e permanecia no fundo do frasco após a evaporação. Esse resíduo era terroso. Lavoisier apontou esse erro experimental em 1773.

    Oito anos mais tarde, Cavendish obtinha água queimando o hidrogênio, e foi por essa razão que Watt imaginou que a água era uma mistura de hidrogênio e de “flogística” – uma substância hipotética que explicava. a combustão dos corpos. Finalmente, em 1783, Lavoisier descobriu que a água era uma mistura de hidrogênio e de oxigênio, embora tenha se enganado com as proporções. Guilhotinado durante a Revolução Francesa, ele não teve tempo para corrigir seus cálculos. Faltava resolver ainda o problema da ebulição anormal.

    Pauling porventura sabia, ao iniciar suas pesquisas, o que iria encontrar? Esse é o segredo da pesquisa científica quando a intuição – ou quem sabe, a adivinhação – lança experiências e deduções em caminhos desconhecidos. Não entraremos nos detalhes a respeito dos trabalhos de Pauling, base de uma nova ciência. Diremos apenas que ele descobriu que as cargas – positivas e negativas – de cada molécula de água não se neutralizavam. E que cada uma das moléculas possuía dois pólos.

    Foi nesse dia que o homem penetrou na intimidade da água. Finalmente tinha chegado sua vez. . .  Pauling demonstrou ainda que as moléculas da água, pelo fato de serem bipolares, reuniam-se em “grupos”. Foi Bernal quem realizou o estudo desses grupos.
 
 

O homem soube finalmente como era feita a água

    Alguns anos mais tarde, os austeros membros da Academia Real de Londres ficaram um tanto surpresos quando viram seu ilustre colega subir no estrado carregando alguns barris extremamente pesados. Bernal explicou-lhes que alguns barris continham objetos em forma de triedro, de octaedro, de tetraedro etc., e que o último barril estava cheio de objetos da mesma natureza, embora de forma pentaédrica (de cinco faces). Bernal abriu em seguida os barris e os inclinou.

    Os primeiros conservaram obstinadamente seu conteúdo, que escorria lentamente do barril cheio de pentaedros…

    – Isso explica – disse Bernal – por que a água corre. Os “grupos” descobertos por Pauling formam sua simetria da ordem de 5, como a estrela de cinco pontas cujos cinco eixos da simetria se cortam. Esse “grupos” reúnem cinco moléculas numa pirâmide de base quadrangular…

    O homem sabia, agora, como era feita a água. Mas contam que no final dessa comunicação, alguns membros da Academia Real lembraram que nosso corpo contém 60% de água, que possuímos cinco dedos, que as flores apresentam uma simetria baseada no número cinco, que a estrela-do-mar tem cinco pontas, que não existe cristal cuja simetria seja baseada no número cinco, nem de núcleo atômico estável com cinco partes. Será que essa simetria da ordem de 5, presente em alguns casos, ausente em outros, não teria um significado muito mais geral?

    Foi então que os cientistas ficaram conhecendo as experiências de Piccardi. Esse pesquisador italiano, membro de importantes organizações científicas, autor de estudos muito considerados entre seus colegas, surpreendeu-se  ao constatar que o resultado de numerosas experiências variava segundo a data em que eram realizadas. Isso era algo absolutamente incompreensível, cientificamente inadmissível, uma vez que em todas as datas a experiência era realizada em condições rigorosamente semelhantes.
 
 

A descoberta de Piccardi

    Piccardi pesquisou durante 11 anos; realizou milhares de experiências, descobriu regularmente algumas diferenças aberrantes e formulou a seguinte hipótese de trabalho: “Uma vez que somente a data varia, é de supor que “algo” se produz em cada experiência, que uma força intervém, que não e a mesma em março e em setembro, e modifica os processos e os resultados de minhas experiências, realizadas, quanto ao mais, exatamente da mesma maneira”.

    Que força podia ser essa? Piccardi lembrou-se então que a Terra gira em torno do Sol que, durante esse tempo, dirige-se para a constelação de Hércules. Uma vez que ela gira em torno de um objeto – o Sol – que por sua vez se desloca, nossa Terra descreve necessariamente um movimento helicoidal através do espaço. Ao descrever esse movimento, ela se apresenta diferentemente, em diversas datas, em relação à Via Láctea.

    – Se existirem campos de força na Via Láctea – observou Piccardi – eles atingirão diferentemente a Terra em cada data, e sempre da mesma maneira todos os anos já que nosso movimento helicoidal é mais ou menos regular. A intervenção dessas forças, mais ou menos intensas, diferentes segundo o momento, explicaria as diferenças nos resultados das experiências realizadas exatamente nas mesmas condições – com exceção das datas.

    A hipótese era sedutora. Mas existiriam de fato esses campos de força da Via Láctea? Antonio Giao, reunindo as experiências de Piccardi e as equações de Einstein, provou posteriormente a existência dos campos de forças galáxicas… A hipótese de Piccardi, aceita cientificamente, era de qualquer modo a única explicação possível para as diferenças encontradas nos resultados das experiências . . .
 

    Restava saber como essas forças galáxicas operavam. Sem entrar em detalhes extremamente complexos, basta saber que de 1951 a 1960 mais de 250 mil experiências foram realizadas por diversos cientistas do mundo inteiro, que analisaram e compararam os resultados das experiências levadas a efeito de Madagascar às ilhas Kerguelen, do Japão, à Antártida, em toda parte onde operavam as forcas galáxicas recentemente descobertas… A resposta chegou finalmente: as forças galáxicas operavam por intermédio da água. Grosseiramente falando, elas fazem girar e deformam as pirâmides de cinco faces e base retangular que unem as moléculas bipolares e formadoras da água – conforme provaram as experiências de Pauling e de Bernal.

    Essa descoberta nos abre um domínio infinito. Porque nosso sangue, nosso organismo, os animais, as plantas da terra -tudo é feito de água. Se for comprovado que as moléculas dessa água onipresente se deformam em certas datas, quantos problemas novos não se apresentarão aos pesquisa

    Sem mencionar a influência hipotética das configurações astrais, devemos reconhecer que as pessoas nascidas sob o signo de Escorpião não foram influenciadas da mesma maneira pelas forças galáxicas que aquelas que nasceram sob o signo de Touro – isto é, no momento em que foram concebidas e durante a vida intra-uterina, período em que o organismo é especialmente sensível. Isso indica que os astrólogos primitivos já haviam suspeitado alguma coisa do invisível . . . Mais concretamente, toda a física, toda a química, toda a biologia e, mais longe ainda, todo o conhecimento humano, incluindo o de suas sociedades e da política, devem ser repensados levando em conta descobertas de Pauling, Bernal, Piccardi e Giao, os quais descobriram como a água era feita, que ela servia de intermediário entre as forças galáxicas e tudo que vive na Terra, que seus grupos pentaédricos, sensíveis a essas forças, tinham a capacidade de armazenar e transmitir sua energia.
 

Uma explicação da homeopatia

    Ocorreu ao Dr. Ménétrier – as pesquisas se processavam ao mesmo tempo em diversas disciplinas, como costuma acontecer – diluir na água partículas de ouro e de cobalto ionizados. A solução era composta de partículas infinitamente pequenas, imperceptíveis.

    O dr. Ménétrier utilizou em seguida essa água como medicamento: ela curava! Temendo o efeito da auto-sugestão (é possível adormecer uma pessoa que sofre de insônia dizendo-lhe que a água pura que ela bebe contém um sonífero), ele recomeçou suas experiências. E constatou que os remédios que continham uma quantidade tão pequena de ouro e de cobalto ionizados, que a análise mais cuidadosa não conseguia descobrir, agiam realmente sobre o organismo! Será que essa experiência fazia justiça finalmente a Hahnemann, o médico que foi obrigado a fugir da Alemanha por ter inventado a Homeopatia e feito concorrência a seus colegas alopatas? Faltava ainda explicar o fenômeno. Foi o que Boivin e Jacques Bergier tentaram fazer: “É provável – pensaram eles – que essas pirâmides pentaédricas da água se orientem em torno da substância diluída em quantidades ínfimas, “copiam-na”, “imitam-na” e operam como ela. Isso explicaria as curas incompreensíveis”.

    Jacques Bergier realizou em seguida uma experiência para verificar sua hipótese: dissolveu substâncias fluorescentes na água, tornou a dissolvê-las e recomeçou o mesmo processo até chegar ao ponto em que a dose delas era tão fraca que pareciam inexistentes. Iluminou depois essa água com raios ultravioleta:. ela se tornou mais fluorescente do que a água de torneira ou a água destilada, que nunca tinham “visto”, essas substancias. Outras pesquisas estão sendo realizadas atualmente.
 

Um tubo de ensaio cheio de um líquido desconhecido

    Bernal, que descobriu as pirâmides pentaédricas da água, recebeu um dia em seu laboratório a visita de Boris Deryagin, físico soviético cujos trabalhos, com seus resultados surpreendentes, tinham sido freqüentemente contestados no Ocidente. O cientista russo trazia consigo um pequeno tubo de ensaio cheio de um liquido desconhecido. Bernal analisou o conteúdo: era simplesmente água, ou antes um líquido extraído da água. Mas essa substância tinha uma densidade muito superior (40% ) à da água comum, diferente da densidade da água pesada. Era necessária uma temperatura de 200° centígrados para fazê-la ferver; seu vapor, que podia ser aquecido até 800° não dava água comum ao se estriar, e ela não se transformava nunca em gelo; ela se tornava vidrosa à temperatura de apenas menos 50° centígrados.

    Bernal aprofundou sua análise: o peso molecular desta água não era 18, mas 72. Em outras palavras, cada uma de suas moléculas era a associação de quatro moléculas da água comum… Esse fato, que apaixonou os cientistas, interessa a todos nós. Sabemos que alguns cientistas estudam a possibilidade de congelar o homem, hiberná-lo à temperatura de menos 40° centígrados e, no momento propício, aquecê-lo e fazê-lo reviver . . .

    Infelizmente, essa operação é irrealizável no momento, devido aos 60% de água que contém nosso organismo: ao gelar, essa água ocupa um volume maior, arrebenta os vasos capilares e mata o paciente. Ora, a água de Deryagin não gela nunca… Se fosse possível, no entanto, substituir a água de um indivíduo pela água de Deryagin, nossa congelação seria praticável, seguida de um aquecimento posterior e de uma volta à vida. É fácil perceber os domínios que se abrem graças a essa descoberta…
 

Água pura ou água natural?

    Abandonando essas fronteiras da pesquisa, voltemos à água comum. Sabemos que, na natureza, ela segue um circuito complicado: ao sair da terra, torna-se um filete d’água, riacho, rio, açude, lago e finalmente, oceano. O sol a aquece, seu vapor sobe na atmosfera onde ela se carrega de ozônio, volta sob a forma de chuva, de neve ou de granizo, e o ciclo recomeça. Lembremos que Leonardo da Vinci havia pressentido esse fenômeno e que a água da chuva é um verdadeiro remédio.

    Mas nós vivemos hoje longe da natureza e bebemos água da torneira que não tem nada a ver com a água da chuva: é uma água regenerada, arejada, filtrada, tratada. Ela já serviu seis ou sete vezes. Foi limpa de suas substâncias tóxicas ou simplesmente nocivas e nós a absorvemos sem nos causar nenhum mal.

    Convém admitir, entretanto, que as opiniões variam a esse respeito. Alguns afirmam que a água clorada é prejudicial. Mas o contrário foi provado, a menos evidentemente que a quantidade de cloro não seja exagerada… Se Marselha, por exemplo, não sucumbiu ao tifo antes de suas novas instalações de tratamento da água, foi por que a quantidade de cloro da água potável chegou ao máximo tolerável. E essa medida era necessária: a água chegava à cidade por um canal aberto onde todos os rebanhos da Provença iam beber – o que não seria muito grave – e fazer ainda outras coisas, e os amantes da pesca não conheciam melhor pesqueiro do que a saída da antiga estação de tratamento. Podem imaginar qual era o alimento das carpas pescadas nesse local! O cloro salvou Marselha de suas águas poluídas e de suas águas de poço.

    Não há dúvida portanto que a água tratada das cidades é inofensiva ao organismo. Seu único inconveniente é de ordem psíquica: não são todas as pessoas que gostam de saber para que serviu a água que bebem… Um outro aspecto do problema é saber se temos necessidade de uma água quimicamente pura. Nosso organismo não necessita ingerir uma água que contenha alguns microrganismos?

    Os criadores de peixes vermelhos sabem disso por experiência: eles recolhem a água da chuva, envelhecem-na em frascos colocados em cima das janelas e depois a despejam nos aquários. Os peixes delicados vivem melhor com esse tratamento. A água envelhecida, que eles engolem e respiram, possui certamente animaizinhos microscópicos, micróbios inofensivos, e talvez oxidações necessárias à sobrevivência deles. Será que o mesmo não ocorre conosco?
 

    Todo o problema de nossa civilização depende disso. Foi provado que um indivíduo que só come produtos absolutamente assépticos, que só bebe água destilada, que só respira um ar isento de impurezas, é mais sensível às doenças do que seu avô, que tomava menos precauções para comer, beber e respirar. E isso por uma razão muito simples: seu organismo não produz os anticorpos indispensáveis à luta contra os micróbios portadores de doenças…

    Esse fato coloca, por sinal, um problema curioso, que foi admiravelmente exposto por Asimov no seu livro New Intelligent Manus Guide to Science, onde colhemos numerosas informações.

    Foi constatado que se colocarmos uma quantidade bem pequena de fluoretos na água que bebemos, ocorre um efeito de catálise que impede as cáries dentárias. Segundo os cálculos feitos, essa garantia absoluta custaria apenas 25 cents por americano por ano. Ora, os mesmos norte-americanos gastam todos os anos 500 milhões de dólares nos seus dentistas, o que é muito, sem falar nos incômodos e no sofrimento dos tratamentos dentários.

    O essencial, que é dramático, consumimos água em quantidades cada vez maiores, seja para nossas “necessidades domésticas”, seja em nossas indústrias, e muito em breve – num momento que pode ser calculado – não haverá mais água em quantidade suficiente na Terra.

    É verdade que algumas obras imensas de aproveitamento da água do mar já estão sendo realizadas em alguns países, como em Israel e no Koweit, por exemplo. Mas esse processo custa terrivelmente caro…

   É estranho constatar que, no momento em que o homem começou a descobrir finalmente os mistérios da água, surgem os primeiros sinais de sua falta…

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Publicado na Revista Planeta
Número 10 – Junho de 1973

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