Juravam pobreza e caridade e foram cruelmente perseguidos pela igreja.

cataros_É fato estranho o conhecimento de que a Cruzada Albigense tenha punido tão cruelmente por “heresia” a comunidade cátara. Visitada por São Domingos e São Francisco de Assis, estes dois religiosos se impressionaram tanto com os métodos de evangelização dos cátaros que os empregaram através dos seus frades mendicantes, juntamente com os votos feitos pelos “parfaits”: pobreza e caridade.

São Bernardo, em 1145, meio século antes da Cruzada Albigense, visitou o Languedoc com o fito de pregar para os hereges. Entretanto, a corrupção dos sacerdotes da sua igreja foi o que o horrorizou mais. São Bernardo ficou muito bem impressionado com os cátaros: “Nenhum sermão é mais cristão que o deles e sua moral é pura”.

Os cátaros, apesar da sua teologia complicada, na prática, eram realistas e coerentes. Eles condenavam a procriação, mas sabiam que era necessária para a propagação da espécie. Faziam a diferença entre o “serviço do amor” e o da “propagação da carne”, que estava a serviço do REX MUNDI. O CONSOLAMENTUM foi a solução encontrada. Esta espécie de “sacramento” cátaro, que incitava à castidade, era administrado aos “parfait”, homens e mulheres sem família, mas não podia ser administrado à comunidade a menos que a pessoa que iria recebe-lo estivesse à beira da morte. A sexualidade era tolerada e ao que parece, os cátaros utilizavam o controle da natalidade e o aborto, segundo historiadores modernos.

Este credo foi a grande ameaça ao catolicismo, à “Igreja de Roma” no sul da França.

cataro11Os nobres o achavam atraente e o povo, além de anticlerical, estava revoltado com a corrupção dos sacerdotes representantes de Roma. Havia nobres que se tornavam “parfaits” na hora da morte e todos, conjuntamente, estavam revoltados com o sistema do dízimo exigido por Roma, tudo o que o povo colhia era tragado pelos cofres da Igreja de Roma.

O catolicismo entrou em regime de terror e Roma resolveu unir-se aos nobres do norte, que invejavam o fausto e o avanço do sul. Só faltava um fato significativo para acender a opinião popular e, consequentemente, iniciarem-se as represálias.

Em 14 de janeiro de 1208 o embaixador papal no Languedoc, Pierre de Castelnam, foi assassinado.Este crime atribuído aos cátaros, ao que parece, foi cometido por um dos grupos anticlericais lá existentes. Mas Roma usou deste pretexto para instituir uma cruzada, segundo a ordem do papa Inocêncio III.
Iniciou-se o período de perseguições aos considerados hereges contra os quais a igreja mobilizou todas as suas forças. Mandou reunir um grande exército e nomeou seu capitão o abade de Citeaux. Simon de Monfort encarregou-se das ações militares. Estava armada a cena para a extinção da mais alta cultura europeia da Idade Média.

cataros[23]Nesta altura surgiu um perigoso fanático religioso, Dominic Guzman, o criador da “Ordem Dominicana” em 1216. Mais tarde, em 1233, a sua ordem criaria a nefanda “Santa Inquisição”. Aceitos pela nobreza de Toulouse e Trencavel, os judeus se viram, de uma hora para a outra, perseguidos como os hereges.

Em um sítio feito à cidade de Toulouse, morre Simon de Monfort (1218). Por mais um quarto de século se estenderia esta guerra e em 1243 o arremedo de resistência da região havia cessado quase que completamente. Dentre os pontos que ainda resistiam, o mais importante foi Montségur. Sitiada durante dez meses e resistindo bravamente, capitulou em março de 1244.

Mesmo parecendo exterminado, o catarismo não morreu. Grupos isolados continuaram a exercê-lo influenciando vários outros grupos que depois chegaram ao Languedoc: valdenses, hussitas, adamitas, anabatistas e os camitas, que depois se refugiaram em Londres no início do século XVIII.
 

O Tesouro Cátaro

cataros[1]Os intelectuais modernos têm por hábito considerar os cátaros como sendo sábios, místicos ou “iniciados” detentores de segredos cósmicos. Isto fortalece o poder de uma lenda que diz respeito a um TESOURO CÁTARO. Entretanto, esta lenda parece ter foros de realidade.

Antes de debruçarmos sobre este mistério, avaliaremos um enigma ainda mais intrigante: Jean De Joinville, escrevendo sobre a sua amizade com Luiz IX durante o século XII diz – “O rei (Luiz IX) contou-me uma vez, que vários homens albigenses haviam pedido ao conde de Monfort para ir e olhar o corpo de Nosso Senhor, que havia se tornado carne e sangue nas mãos do seu sacerdote.”

Monfort sentiu-se ofendido (ou temeroso?) e preferiu fincar pé junto à doutrina da sua igreja, entretanto, liberou os seus homens para observar o “milagre”. Restou apenas o mistério: o que poderia ser o “corpo de Nosso Senhor?” Não há menções ao fato de que alguém, mesmo liberado pelo conde, tenha respondido a esta questão com o seu testemunho. Segunda pergunta: Seria este o Tesouro Cátaro?

Há precedentes para estas dúvidas serem respondidas com afirmativas, uma vez que corria a notícia, naquela época, de que os cátaros possuíam um fabuloso tesouro místico, muito mais importante do que a riqueza material.

cataros5No cerco de Montségur, isto é fato, se tem a notícia de que dois fugitivos, dois “parfaits”, desceram o monte na calada da noite, arriscando as suas vidas para salvarem um precioso tesouro. Foram bem sucedidos!

Presumia-se que este fabuloso tesouro estava escondido em Montségur e depois de salvo nunca mais se ouviu comentários a seu respeito. O fato é que pelo menos vinte, dos que vigiavam Montségur e que pertenciam à milícia invasora, tornaram-se “parfaits”, devido à impressão neles provocada por algo que presenciaram num festival organizado pelos cátaros, numa trégua que lhes foi concedida devido ao seu fornecimento de reféns, para que pudessem comemorar um certo dia 14 de março.

 

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